terça-feira, 31 de março de 2009

IRÃ



Roberto Rillo Bíscaro

Ontem vi Bacheha-Ye aseman (1997; Filhos do Paraíso, no Brasil), do diretor iraniano Majid Majidi, do qual tornei-me instantaneamente fã quando vi Rang-e khoda (1999), fácil fácil um dos filmes visualmente mais sublimes a que já assisti!

Filhos do Paraíso centra-se nos irmãos Ali e Zahra. Ali é incumbido de ir buscar os sapatos da irmãzinha Zhara, que estavam no conserto. Os sapatos são roubados no caminho e ele teme contar ao pai, extremamente pobre. Com a cumplicidade da irmã, as 2 crianças passam a compartilhar o mesmo par de tênis surrados de Ali pra ir à escola. Zahra vai de manhã, sai da escola correndo, volta para casa, o irmão calça os tênis e sai correndo pra escola. Isso tudo sem que os pais saibam de nada. A premissa - enganadoramente "simples" não o é. Sapatos são signos importantíssimos na cultura islâmica. Lembrem-se que aquele jornalista iraquiano poderia ter atirado outra coisa no Bush, mas escolheu atirar seu próprio sapato.

O filme é de partir o coração de tão lindo e triste. Não que seja aquele dramão que te chuta a canela pra te fazer chorar, mas, convenhamos, a premisa de compartilhar um único par de tênis surrados já é de cortar o coração!

Após várias tentativas frustradas de obter um par de sapatos novos, aparece a grande chance de Ali. Uma corrida de 5 kms, que tem como prêmio para o terceiro lugar, um par de tênis. Não contarei o final, mas esqueça todos os clichês de Hollywood, os quais, na verdade, estão usados de forma invertida no filme.

Os 2 atores-mirins são fantásticos, cheios de expressividade, emoção. Aliás, o diretor já extraíra atuação estelar dum garoto no outro filme dele que vira.

Enfim, é uma verdadeira maravilha! Pra quem lê em inglês e tem boa conexão de internet, não há desculpa para não ver porque existe versão integral legendada no U2B.

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