segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

CAIXA DE MÚSICA 88


Roberto Rillo Bíscaro

Redimindo-me da bronha comida com Oasis de Bethânia, ouvi As Mulheres de Péricles, recém-lançado pela Joia Moderna. Cantoras da nov(íssim)a lapidagem da MPB regravam Péricles Cavalcanti, compositor que já trabalhou com meio mundo: de Gil a José Celso Martinez Correia, de Regina Casé a Augusto de Campos.
Das 17 Aspásias escolhidas por Nina Cavalcanti, filha de Péricles e curadora do álbum, conhecia Céu e Blubell e ouvira falar em Tulipa Ruiz e Tiê. Boa chance pra me sintonizar na vibe atual. Embora essas canções tenham sido gravadas por grandes como Caê Velô, Gal e Calcanhoto, não me lembrava/conhecia nenhuma, então não tenho parâmetro de comparação com os originais (mas tenho com outras cantoras, óbvio). Bom, assim não fiquei esperando que tal menina fizesse igual ou superasse ninguém.
De modo geral, gostei de Mulheres de Péricles, cujas faixas foram produzidas pelas cantoras, conforme quiseram. Nina Cavalcanti escolheu o repertório e deu pras cantoras trabalharem em cima.
Minha favorita é o pop assobiável e intoxicante da marota Tulipa Ruiz. A helênica Porto Alegre integrará minha trilha sonora pra viagens, caminhadas etc.


O Céu e o Som, de Nina Becker, funciona como vingança de Marisa Monte: há 20 anos tinha quem dissesse que ela fazia o que Gal fizera 2 décadas antes. Agora Becker faz agradavelmente o que Monte fez há 18 anos com Carlinhos Brown em Verde, Amarelo, Anil, Cor-De-Rosa e Carvão. Não é decalque, mas tem Marisa nessa cadeia de DNA. E isso não é defeito.
Bluebell canta em inglês e injeta fraseados de jazz, provando que tem fôlego...pra cantora pop.E isso nãop é defeito. Fofa, Bossa Nova é twee MPB.
Ode Primitiva, de Bárbara Eugênia é baião com tecnobnrega?  Longe de novidade, e isso não importa, curti a sonoridade modernosa que algumas cantoras deram a ritmos “tradicionais” tipo o reggae de Clariô. Iara Rennó, com Nossa Bagdá, mescla clima “árabe” com um pouco de drill’n’bass.
Musical, de Ava Rocha, me pregou peça. Na primeira audição, não gostei da voz e achei meio chato, exceto pela guitarra jazzificada. Agora vivo cantarolando “tudo discorda em harmonia universal/tudo é assim, musical”.
Sabem o que é mais maravilhoso? Podermos baixar Mulheres de Péricles aqui, sem incorrer em contravenção. A Joia Moderna disponibiliza-o pra download num site criado pro projeto. 

domingo, 30 de dezembro de 2012

'ALBINOS' NA HOLANDA

O sensível trabalho fotográfico que Gustavo Lacerda realiza com pessoas albinas segue sua trilha de merecido reconhecimento além-mar. Este mês, a publicação holandesa Linda Magazine trouxe matéria sobre o projeto, com muitas fotos.

SUPERAÇÃO MUSICAL

Paraguai cria orquestra com instrumentos feitos de lixo
A Orquestra de Instrumentos Reciclados, de Cateura, no Paraguai, reúne jovens músicos de uma favela que se valem das toneladas de detritos jogados em uma lixeira na região onde vivem.
O criador da orquestra, Favio Chávez, afirma que a música faz com que as crianças locais se mantenham distantes de potenciais problemas.
''Aqui há muita droga, consumo de entorpecentes, álcool, violência e trabalho infantil. Ninguém imaginaria que num lugar desses crianças pudessem aprender valores, mas que a orquestra é como uma ilha'', comenta Chávez, que criou a orquestra há cinco anos.
Eles intrepretam desde clássicos até canções pop, utilizando violinos, violoncelos e instrumentos de sopro feitos a partir de materiais como tambores de metal, tubos galvanizados e latão.
Agora, a orquestra se prepara para excursionar pelos Estados Unidos e também será tema de um documentário.

sábado, 29 de dezembro de 2012

ALBINO GOURMET 80

Receitas pra ceia/almoço de Ano Novo.

“RECURSOS E POSSIBILIDADES PARA TODOS”

A comunidade Albinos do meu Brasil e do Mundo é um espaço no Facebook, onde pessoas com ou sem albinismo trocam experiências e informações.
Ontem li o relato de Nereida Santos, residente no ensolarado Rio de Janeiro, mãe de 2 filhos, um sem e outra com albinismo.
O texto é tão rico que pedi autorização pra publicá-lo. Como podem ver, obtive-a. Obrigado, Nereida.  

Sou mãe de um casal, a caçula é uma criança com albinismo, o mais velho não.
Antes da chegada da filhota, somente com o filho mais velho, tivemos seis anos de novidades, aprendizados, surpresas, certezas, medos, acertos e erros, com muito amor. A cada ano na escola, nas atividades esportivas etc., passamos por ansiedades e expectativas; e ao longo do processo, tudo está se acertando. Hoje, ele é um garotinho de 8 anos que adquire confiança a cada dia, supera os medos de cada idade e produz muita vida e alegria por onde passa; parece, que dos erros e acertos de pais, no seu aprendizado de o sermos, estamos fazendo alguns acertos.
A filhota, hoje com 4 anos, é uma alegria nas nossas vidas, energia em movimento! Ama esportes, faz capoeira e natação, adora correr, é uma explosão de VIDA e AMOR!
Quando soubemos do albinismo, a primeira reação foi a de que tudo seria superado, depois, tivemos alguns receios mais intensos, o que nos levou a nos cercarmos de um time de profissionais de saúde (que hoje nos acompanha), e de informação, tanto sobre o albinismo, quanto sobre os direitos das pessoas com albinismo.
Inseri-me no Benjamin Constant para conhecer outras crianças e mães, fui para a Bahia para o II Encontro das Pessoas com Albinismo; acessamos a internet, que nos ajuda muito; lemos livros, artigos científicos, blogs (como o do Roberto Biscaro, o Albinos(as) do Nosso do Nordeste etc.), o site da APALBA; entramos para a comunidade do FACE, onde cada post nos serve de ferramenta; discutimos com as crianças (nossos filhos) sobre albinismo, inclusive com a ajuda do livro da Patrícia Prado (Pedrinho o menino albino), não paramos...
Assim como com o mais velho, acertamos e erramos, mas não deixamos de seguir em frente, a cada dia são produzidas possibilidades de independência e crescimento para a nossa filha, para a nossa família, e não fazemos disso sofrimento, transformamos as dúvidas e receios na nossa possibilidade de superação, aprendizados e conquistas.
Quanto ao cotidiano da infância, por exemplo, na quarta-feira (27/12), dia carioca mais quente dos últimos 97 anos, fomos para a praia, foi ótimooooooo. Chegamos lá às 17h, e brincamos sob a brisa do mar e da sombrinha da barraca até o sol sair de cena, e depois.... muito banho de mar, foi maravilhoso!!! Claro que não faltaram os protetores solares, bonés e óculos escuros!!!
Ontem, pracinha!! Bicicleta, muita areia, e alegria. Amamos o final do dia!! Nos adaptamos à rotina de lazer vespertino, e tudo está se ajustando. Inclusive, os amigos e parentes que querem nossa companhia, já fazem suas programações em lugares e com propostas que possamos participar, passeios no final do dia, lugares arborizados, viagens para lugares com sombrinha etc.
Na escola, não temos tido problemas. Por certo, ainda não estamos na fase da alfabetização ou do bullying, mais característico da adolescência, mas começamos a nos preparar para isso. Até agora, com as orientações da TO, e com a construção de parceria com a escola, ressaltando nosso direito à educação de qualidade, sem descriminação e preconceito, e que inclusão é mais do que matricular as pessoas com “diferença”, é formar uma cultura de que não há normal e diferente (pois, afinal, o que é normal??), e que existem recursos e possibilidades para todos, caminhamos nas parcerias e aprendizados, pois todas as vidas merecem ser construídas com respeito aos seus direitos de igualdade, já que independentemente de formas e critérios, sempre valem a pena!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A LUTA DE NICOLE

Nicole, de um ano, tem albinismo e não pode ser exposta ao sol. Os médicos da rede pública não fizeram o diagnóstico do distúrbio após o nascimento. A mãe tenta tratamento há um ano pelo SUS, sem sucesso.

http://videos.r7.com/mae-procura-tratamento-para-filha-com-albinismo-no-rio/idmedia/50dc7f5be4b052d0bd54c952.html

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

VOCÊ NÃO ESTÁ FAZENDO ISSO DIREITO

1 em cada 5 homens fazem uso inadequado de estimulante sexual

Levantamento inédito divulgado nesta quinta-feira pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo aponta que jovens de 20 a 35 anos utilizam medicamentos para disfunção erétil de maneira irregular, devido ao desejo de melhorar o desempenho sexual. Isso porque fazem uso do remédio sem consultar um especialista. 
A pesquisa foi feita com base nos atendimentos do Centro de Referência em Saúde do Homem, na zona sul da capital paulista. A unidade atende mais de 300 homens por mês com problemas sexuais e cerca de 20% deste total afirma já ter feito o uso de estimulantes sexuais, pelo menos uma vez, sem prescrição médica. Na hora da consulta, as explicações são sempre as mesmas: curiosidade, vontade de aprimorar a “performance” sexual e, claro, o receio de falhar na “hora H”. No entanto, o médico chefe do serviço de urologia do hospital, Joaquim Claro, explica que os comprimidos não apresentam resultados para grande parte dos homens. “A medicação não é instantânea e muito menos mágica como acreditam os pacientes. Se o indivíduo já é saudável, o pênis dele não vai ficar ainda mais rígido após o consumo. Portanto, não vai haver mudança no desempenho”. 
Segundo o médico, os estimulantes sexuais podem causar dores de cabeça e musculares, diarreia, alergias, visão dupla e, em casos mais severos, até cegueira. Os pacientes cardiopatas também não podem ingerir este tipo de medicamento, considerado um vasodilatador, principalmente sem supervisão médica. Somente o especialista pode diagnosticar a necessidade de uso e, ainda, o melhor método, conforme critérios como idade, histórico familiar e condição financeira.
“Os efeitos colaterais são perigosos, mas há ainda o risco da dependência psicológica. O homem passa a supervalorizar a droga e liga o seu próprio desempenho sexual ao uso do remédio. Esta atitude gera um grau elevado de ansiedade e o paciente fica com medo de não ter mais relações satisfatórias se não contar com a ajuda medicamentosa”, destaca Claro.  
A prática de atividade física é uma maneira saudável e eficaz de melhorar a atuação na hora do sexo, segundo os médicos. Os exercícios contribuem com o condicionamento físico, melhoram a circulação sanguínea e aumentam resistência trabalhando as regiões do peito, ombros, braços e pernas, além de elevar a autoestima. 
Conheça outras atitudes importantes para manter  uma vida sexual ativa e segura, segundo sugestões de especialistas do “Hospital do Homem”:
- Proteja o seu corpo
Use camisinha nas relações sexuais e evite o contato com as doenças sexualmente transmissíveis. Não deixe de visitar o médico pelo menos uma vez ao ano para realização de check-up e dos exames preventivos. 
- Converse sobre sexo
Tenha um bom diálogo com o seu parceiro. A confiança é importante para que o sexo satisfaça plenamente o casal. 
- Prepare o ambiente
A pressão psicológica e os problemas do dia a dia podem atrapalhar o desempenho. É importante escolher o local e o momento ideal propício para a relação.  
- Esqueça as lendas
Segundo estudos, o tempo médio de uma relação é de 15 a 20 minutos. Saber disso é um dos primeiros passos para que o casal consiga diminuir as suas próprias expectativas. 

http://br.noticias.yahoo.com/1-em-cada-5-homens-fazem-uso-inadequado-de-estimulante-sexual.html

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

SUPERAÇÃO NATALINA



Um garotinho de quatro anos no Reino Unido correrá pela primeira vez com seus amiguinhos graças a um inesperado presente entregue a tempo para o Natal. Rio Woolf  (foto), que é amputado da perna direita, foi equipado com uma nova prótese que lhe possibilita correr, uma das atividades prediletas de garotos na mesma idade. Segundo noticiou o jornal britânico Daily Mail, Rio perdeu a perna aos 14 meses de idade devido a uma anomalia congênita rara conhecida como “Aplasia Tibial”, que geralmente deforma joelho, tíbia e articulação do tornozelo, sendo indicada a amputação.
Mesmo sem as novas próteses, o pequeno Rio Woolf nunca desistiu do sonho de correr, mesmo que a atividade representasse um grande esforço com a prótese antiga, que era completamente rígida, pesada e sem qualquer articulação. Após assistir aos Jogos Paralímpicos de Londres e ver seu ídolo Jonnie Peacock (na foto abaixo), também amputado, faturar a medalha de ouro nos 100m T44 do atletismo masculino, ele pediu a seus pais como presente de Natal uma nova prótese que lhe proporcionasse o mesmo feito.

Após conhecer a história de superação do garoto ao ver um vídeo de corrida de Rio na internet, o paratleta britânico Jonnie Peacock se ofereceu para ajudar, colocando os pais do garoto, Juliette e Trevor, em contato com especialistas de uma renomada clínica de reabilitação do Reino Unido. A lâmina – um modelo Flex-Rum Júnior, da Ossür – foi confeccionada de graça para o corredor aspirante pela Dorset Orthopaedic, em Ringwood, Hampshire, que poderá agora saltar, correr e jogar com seus amiguinhos.
Segundo informações do Daily Mail, a prótese custa £ 4.000 no Reino Unido (o equivalente a R$ 13,4 mil), é feita a partir de uma lâmina em fibra de carbono – mesmo material das próteses usadas por paratletas – e pesa pouco mais de 1,6 quilo. “É um sonho tornado realidade para o Rio e é o presente de Natal perfeito”, afirmou a mãe do garoto, Juliette Woolf, acrescentando que o menino não conseguia parar de saltar para cima e para baixo desde que o equipamento fora montado. “Ele ficou tão encantando ao observar aquelas pessoas correndo nas Paraolimpíadas com suas ‘pernas especiais’ e agora ele pode fazer a mesma coisa”, relatou.
De acordo com o diretor da Dorset Orthopaedic, Bob Watts, a prótese confeccionada para o Rio é 150g mais leve do que as pernas convencionais. “Por ser feita de fibra de carbono, que é um material muito leve, as molas devolvem ao usuário até 95% da energia colocada sobre o equipamento durante a corrida”, explicou. A lâmina tem garantia para durar pelo menos um ano, mas como uma criança cresce, a substituição do encaixe deverá ocorrer após seis a nove meses de uso.
“Meu marido e eu estamos incrivelmente gratos a todos que deram ao Rio esta incrível oportunidade”, afirmou a mãe do garoto que, juntamente com o marido, tem agora a missão de angariar fundos para levantar dinheiro para que o Rio possa continuar usando a lâmina doada, pois como ele precisará de novos encaixes à medida em que for crescendo, eles terão de arcar por conta própria com os custos dessa manutenção.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

ZOOFILIA SUL-AFRICANA

Esse casal albino de ouriços sul-africano encantou os leitores do Daily Mail em julho. Eles estavam sendo preparados pruma feira de animais de estimação, bastante tradicional em Joanesburgo.
http://www.dailymail.co.uk/news/article-2170132/Im-white-white-Rare-pair-albino-hedgehogs-prepared-pet-show.html

TELINHA QUENTE 64

Roberto Rillo Bíscaro

No começo do ano, passei quinzena em Washington. Na bagagem, a segunda temporada de Downton Abbey, coqueluche entre telespectadores da PBS, rede mais “culta” dos EUA.
Meu anfitrião copiou os arquivos e disse que começaria a assistir de noite. Dia seguinte, vi Brian apenas ao anoitecer, após um dia explorando os museus da capital estadunidense. Brinquei que a noitada anterior provavelmente fora muito boa, uma vez que não o vira pela manhã. Ele confessou que varara a noite vendo os 8 episódios; não conseguia parar, porque a série era viciante.
Downton-dependente, reservei dias de folga pra atacar a terceira temporada. Não fui radical como o amigo, mas vi 5 episódios numa noite e os 3 restantes na seguinte.
A segunda temporada apresentara ligeira queda na qualidade/dramaticidade, devido a certo desencontro entre conflitos pessoais e o tema social da guerra. Alguns trechos não tinham o interesse da primeira temporada brilhante.

A terceira vinda dos Crawley e de seus empregados traz de volta o drama e conflitos pessoais por que ansiávamos. A década de 1920 começa com Lord Grantham ficando sem fortuna e a ameaça de perder Downton Abbey. Como a série é novelão, seu genro Mathew está em vias de talvez receber inesperada herança, à qual anuncia que não aceitará, por motivos éticos. Durante 3 capítulos fingimos nos preocupar com o destino da vasta mansão. Como acreditar na perda da propriedade que batiza o show?
Faz parte de nosso papel de telespectador crer nas tramas; aos escritores cumpre nos manter ocupados, entretidos e, sobretudo, acreditando. E nisso, somos muito bem servidos, fingindo-nos de Crawleys de nossos “empregados” Julian Fellowes e demais roteiristas.  
Muita coisa acontece nos 3 capítulos iniciais. A trama desacelera um bom bocado no capítulo 4, mas, de repente, um choque muito bem bolado. Os roteiristas se livram duma personagem querida, mas cujo papel não se encaixava mais muito bem ao quadro dramático. A partir daí, a ação acelera-se de novo. Críticos marxistas poderiam escrever laudas sobre o preço pago pela personagem por “trair” sua classe e a cooptação de seu esposo. E estariam sendo pertinentes.

Alguns pontos desinteressantes: a chata personagem da Shirley "Insossa" Mclaine. Ainda bem que foram só 2 capítulos, decerto pra agradar ao público maduro ianque.
A permanência de Mr. Bates na cadeia esticou-se um pouco demais.
Também acho que exageraram na aceitação que Lord Grantham demonstra com relação ao incidente homossexual envolvendo Thomas. Reconheço que conservadorismo/liberalidade individual não é algo homogêneo, mas tamanha tolerância não combina com a personagem. Aliás, o ponto alto entre os empregados foi a guerra entre Mrs. O’Brien e Thomas, antes aliados. O’Brian rules!
Downton Abbey continua sendo uma absorvente história bem contada, onde o grupo é mais importante do que personagens individuais. Por exemplo, com o casamento, Lady Mary perdeu muito de sua função dramática, mas não nos ressentimos tanto porque ela segue integrada àquele pequeno coletivo, tão importante que a temporada termina em atividade grupal e com a defesa dum de seus membros.
Como não continuar Downton-dependente? E, à moda da trágica Amy Winehouse, se quiserem me mandar pra  rehab, a resposta será: NO NO NO!
(Ah, hoje à noite rola o especial de Natal, na ITV inglesa, extravaganza de 2 horas, na Escócia. Não vejo a hora de chegar amanhã!) 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

NATAL COM ZOOFILIA

Vem da Inglaterra, nossas fotos de Feliz Natal este ano.
Um ouriço albino, chamado Bola de Neve, saiu em tabloides, conquistando corações da nação.
Snowball foi encontrado debilitado e com problemas no pulmão e levado prum centro de proteção animal. Lá, ele se recuperou e ganhou muito peso.
Agora, está vestido de Papai Noel. Vejam a fofura:


http://www.dailymail.co.uk/news/article-2251819/What-Animal-sanctuary-cares-albino-hedgehog--Snowball.html

CAIXA DE MÚSICA 87

Ouvi o jorro de Mel, de Maria Bethânia, lambuzando incessantemente as estações de rádio, nos idos de 78, 79. Canto a faixa-título quase toda, de cor, de tanto que tocou na época. Ela foi a primeira cantora brasileira a ultrapassar o milhão de cópias vendidas. Com Mel.
E não é que em março, a baiana lançou seu quinquagésimo disco e demorei quase uma gestação humana pra descobrir? Não me julgava mal informado com relação aos grandes da MPB dos anos 60 a 80, afinal, sei que Gal, Caetano, Djavan, todos lançaram trabalhos recentes. Mas, o Oásis de Bethania passou batido. Vergonha. 

10 faixas intimistas, cada uma sob a batuta dum arranjador, que atendeu à ordem de Bethania de fazer arranjo pra instrumento único ou pouco mais que isso. A sonoridade esparsa realça a voz da intérprete, soberana nesse oásis de controle e idiossincrasia autorais numa época em que muita gente quer soar moderno/padronizado pra agradar. Bethania faz como lhe apetece.
Oasis abre com a seresta minimalista deprê de Lágrima, cuja letra afirma que “não há ninguém feliz”. O álbum capricha na melancolia, como na saudosista Casablanca, simpática, mas uma das mais convencionais  dum álbum, que, ao contrário do que alguns acusaram, traz novidades: um Fado, tocado em viola e uma versão energética e talvez definitiva d’O Velho Francisco, aquele idoso em asilo, cuja memória lhe prega peças, criação de Chico Buarque.
Minha favorita é Vive, composta por Djavan especialmente pra Oasis de Bethânia. O maestro toca violão no bolero que temsua marca inconfundível. Antes da primeira audição, lera que uma das canções era de sua lavra, mas não sabia qual. Quando Vive começou, pensei “essa é a dele”, pelo modo do violão, pela melodia e pela letra.
Bethania confessou que escreve muito e queima a maior parte, como ato purificador. São dela os versos declamados da impressionante Carta de Amor. Em mais de 7 minutos entre declamação e samba, a cantora entoa um rosário de entidades terrestres ou não, que a protegem. Sincrética e com assustadores vocais em falseto, onde diz pra não mexerem com ela que ela não anda sozinha, a carta é pura ameaça. 

A letra de Barulho parece daquelas da Era do Rádio, mas é do século atual, composta por Roque Ferreira, autor da também antiquada Casablanca. Ao som de piano, o eu-lírico diz que releva e tolera infidelidade e mentiras do(a) parceiro(a), menos que este(a) lhe levante a voz. Completa dizendo que mesmo que quisesse jamais poderia ser infiel, porque “nasceu pra amar direito”. Terapia já, pra (re)construir a autoestima!
O álbum traz citações de canções em algumas faixas e não tem participação do mano Caetano em qualquer capacidade. Equacionei essas informações e a letra de Barulho e fantasiei: será que se o modernete Caê – que injetou funk carioca no último álbum de Gal Costa - tivesse produzido Oasis, teria convencido a irmã a cantar um trecho do “clássico” de MC Beth, Um Tapinha não Dói, junto com Barulho?
Pândega à parte, Oasis de Bethânia é outro belo trabalho na carreira dessa intérprete elegante e independente, uma das mais respeitáveis de sua geração. Demorei pra achar o Oásis de Bethânia, mas dele não saio mais.

domingo, 23 de dezembro de 2012

BELDADE ALBINA


Russa é considerada a albina mais linda do mundo

No meio de tantas classificações inusitadas, surge mais uma: a albina mais linda!
Seu nome? Nastya Zhidkova. Sua idade é um dos grandes segredos de sua carreira como modelo. Não apenas a idade, mas também informações pessoais e familiares são extremamente resguardadas.
  Ela é conhecida na Rússia como a “Rainha Elfo”, termo dado por sua aparência de fada com traços bastante delicados.
Confira abaixo algumas de seus trabalhos fotográficos:

sábado, 22 de dezembro de 2012

ESCOLHIDO SEM CENSURA


Olhem que honra, minha entrevista de novembro no Sem Censura foi escolhida pra compor o programa especial de véspera de Natal!

Sem Censura especial desta segunda-feira (24/12) será dedicado a boas histórias.

O programa recebe o maestro João Carlos Martins para falar sobre sua vida e carreira.

O jornalista e publicitário José Luiz Tejon vai falar sobre o livro “O Código da Superação”.

A atleta velocista Terezinha Guilhermina e seu atleta guia Guilherme Santana falam da participação nas Paraolimpíadas de Londres 2012.

O livro “Lições de garra” será o assunto do lutador de MMA Vitor Belfort..

O economista Eduardo Moreira vai falar sobre seu livro “O encantador de vidas”.

O programa recebe ainda o professor de inglês Roberto R. Bíscaro para falar do livro “Escolhi ser albino”.

http://tvbrasil.ebc.com.br/semcensura/episodio/historias-que-fazem-a-diferenca

ALBINO GOURMET 79

Natal, não quero fugir do especial gastronômico típico da época. Às vezes, é bom ser convencional. Mas, dá pra inovar um pouco, com uma receita de peru com pinga, farofa mais natureba, rabanada menos calórica. 

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

PAPIRO VIRTUAL 43

Finalizei minha leitura das obras de Ésquilo, com a Oresteia. Seu valor é inestimável: a única trilogia de tragédias gregas sobrevivente. Nos festivais em louvor ao deus Dioniso, cada dramaturgo competia com uma trilogia e uma peça satírica. Essa última lastimavelmente se perdeu no caso em questão.
Ésquilo tratou dos desastres envolvendo a Casa dos Átridas após a Guerra de Tróia. Recentemente, escrevi sobre temas correlatos, ao viver a fase de filmes baseados em tragédias. Quando necessário, colocarei links nesta resenha pra essas postagens.
Contrariamente à maioria das peças sobreviventes do autor, a Oresteia não tem valor mais literário do que cênico. O tragediógrafo demonstra maestria, intercalando falas ricas com ação dramática, além do uso de adereços e simbologias.
A primeira peça é Agamenon, chefe do exército grego contra Troia, que teve que sacrificar sua filha Ifigênia a fim de que os deuses soprassem o vento pra mover a armada de mil navios argivos.

A peça trata de sua volta pra casa. Uma convenção trágica exigia que a ação no palco não excedesse 24 horas. Por isso, temos a primeira cena onde um guarda vê a fogueira que avisava a vitória dos gregos e poucas horas mais tarde Agamenon já de volta.
Traz consigo a cativa Cassandra, princesa troiana, filha de Hécuba. Clitemnestra, a esposa do comandante, que jamais perdoara o marido pela imolação de Ifigênia, ira-se ainda mais quando vê a concubina de Agamenon. Se já nutria o plano de assassinar o marido, a presença da profetisa em quem ninguém acreditava a faz ter mais um motivo pra vingança.
A essa altura, Clitemnestra já dividia a cama com Egisto e em se tratando duma cultura onde a mulher praticamente não era considerada gente, a rainha tem toda a antipatia do coro. Um dos estratagemas pra “desqualificar” a rainha é reclamar que suas atitudes e procedimentos são “masculinos”.
Agamenon traz algumas cenas famosas, como quando o prócer desce de sua carruagem e a esposa lhe oferece um tapete carmim para caminhar. Representação cênica do banho de sangue que seria seu retorno à amaldiçoada casa átrida.
Devido à sobrecarga de fim de ano, demorou pra eu ler As Coéforas, segunda peça da única trilogia grega íntegra.
Alguns anos se passaram desde o assassinato de Agamenon. Com medo de vingança, Clitemnestra enviara o filho Orestes, ainda bebê, pra ser criado longe de casa. À filha Electra reserva uma vida de semiescravidão.


Um dia, Electra e o coro de escravas vão fazer oferendas no túmulo do finado rei. Não sabem que antes delas, o jovem Orestes regressara do exílio com a missão de vingar a morte do pai, ordens do deus Apolo. O príncipe deixara um cacho de seus cabelos sob a sepultura. Comparando o formato das pegadas e a cor dos cabelos, Electra conclui que o irmão está cerca. Orestes sai do esconderijo e revela-se à irmã, numa linda cena.
Esse reconhecimento de personagens desaparecidas ou misteriosas é elemento comum nas tragédias e recebe o nome de anagnorese. A das Coéforas é hilariante – mesmo grandes autores deslizam – e o bilioso Eurípedes não desperdiçou munição: em sua Electra, tira sarro da desajeitada anagnorese esquiliana. Bitch slap na Grécia Clássica, gente! Tenso, mas, Ésquilo mereceu. Usar um cacho de cabelo de alguém que não se vê há anos e o formato duma pegada, tão diferentes os pés de homem e mulher? Me deixa, Ésquilo!
Como o olho por olho impera no mundo trágico, sabemos que Clitemnestra morrerá sem escapatória.  Que situação a do amaldiçoado Orestes: Loxias (Apolo) incumbiu-o de matar a própria mãe. Nas Coéforas, o herói trágico titubeia por alguns segundos, mas cumpre o fatídico destino.
Como os átridas são danados, o jovem sairá no prejuízo de qualquer jeito. Se não eliminasse a mãe, incorreria na ira de Apolo. Ao apunhalá-la, enfurece as Erínias, deusas da vingança, especialmente dos crimes de sangue. 
Não adianta esperar “bondade” das divindades gregas, personificações de sentimentos, fenômenos físicos e naturais etc. Também não se deve acusa-las de “más”.Poseidon é o mar, pronto. E o mar traga inocentes e culpados; homens, mulheres e crianças indistintamente.

Esse beco sem saída de Orestes ressalta seu valor como digno herói trágico, que tem uma missão e a cumpre, nesse caso, titubeando uns segundinhos.  Ótima lição pros que dizem que o herói trágico NUNCA tem dúvida.
As Coéforas é poderosa verbalmente. Imagens perturbadoras de víboras mamando na teta materna, misturando sangue e leite. Belíssimos diálogos ente os irmãos, mãe e filho e majestosas falas do coro. Tirando a anagnorese desajeitada, era Ésquilo em seu esplendor.
E, claro, prum diretor criativo mesmo os cachos e pegadas de Orestes renderão um espetáculo cenicamente belo até nos dias de hoje. E texto de teatro é pra ser encenado. Não adianta ser uma explosão de artifícios linguísticos se não tem fôlego pra palco. 
A trilogia encerra-se estupendamente com As Eumênides, reviravolta de 340º na religião e forma de justiça. A cultura pré-Clássica grega do talionismo – que garantiria banhos de sangue infinitos – é substituída pela da justiça do Areópago. Ao tematizar o julgamento de Orestes por um tribunal presidido pela deusa da sabedoria, Atena, Ésquilo está falando sobre a gênese da grandeza ateniense – no auge à época dos grandes tragediógrafos, mas, em perigo também – e sobre uma mudança de mentalidade que é uma das bases da civilização ocidental.   
Ésquilo batizou o epílogo de sua trilogia com o nome das eumênides, portanto, há que se prestar atenção a essas divindades e em seu significado. Elas nada mais são do que o novo nome das Erinias, após o julgamento de Orestes. Vejamos.
As Erinias, deusas da era pré-olímpica, representavam a cultura da vingança violenta. Quando Palas Atena, representante da nova ordem olímpica, instaura o tribunal que inocenta Orestes, as divindades vingadoras ressentem-se e ameaçam amaldiçoar Atenas. Afinal, perderam o poder com a invenção do tribunal humano. Palas, então, oferece-lhes o posto de protetoras da cidade, tornando-as deusas do bem e não mais antipáticas vingadoras. Daí a mudança de nome de Erinias para Eumênides. Os deuses antigos não podem ser mortos, porque imortais, mas, podem ser abafados ou alocados pra novas funções. Quer dizer, Ésquilo está realmente falando sobre a passagem duma Grécia tribal pra versão então moderna do século V AC.

Mas, como sou chato, não esqueço de que quem pediu os sacrifícios todos da casa dos átridas foram os deuses da tal nova ordem...
Cenicamente, como as 2 primeiras peças, as Eumênides oferece muito pra diretores criativos. Imagine a aparição do espectro de Clitemnestra pedindo vingança. No radical patriarcalismo grego, uma mulher pró-ativa como ela tinha que terminar mal. Não que esteja defendendo uma assassina, mas nos termos esquilianos, a morte de Agamenon merecia mais punição do que o matricídio orestiano, porque, segundo Apolo, mãe não era parente. O pai semeava a mulher, mera hospedeira do filho.    
A grandeza temático-cênica da Oresteia frustra. Dá vontade de construir uma máquina do tempo, voltar pra Atenas de Péricles e salvar outras trilogias.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

FACEBOOK PARA TODOS

Crean un adaptador de Facebook para no videntes

La autora de este trabajo, que todavía se encuentra en una fase experimental, es Josefa Molina López, tutelada por Nuria Medina Medina, miembro de un grupo de investigación, perteneciente al Departamento de Lenguajes y Sistemas Informáticos de la Universidad de Granada. La autora explica que, hasta la fecha, solo existían "redes sociales virtuales creadas específicamente para personas con discapacidad visual, como Blindworlds, pero no existe ningún otro software que permita la adaptación, y por tanto, la mayor usabilidad de este tipo de redes sociales a través de lectores de pantalla".
Antes de llevar a cabo esta investigación, sus autoras demostraron la baja accesibilidad de Facebook a través de una batería de tareas llevada a cabo por medio de tecnología asistiva (un lector de pantalla), informa la UGR en un comunicado. Estas tareas fueron realizadas por tres tipos de usuarios: usuarios sin ningún tipo de discapacidad visual, usuarios con discapacidad visual severa y conocimiento avanzado en lectores de pantalla y, por último, usuarios con discapacidad visual severa, y principiantes en el uso de lectores de pantalla. Para cada usuario midieron el tiempo empleado en llevarlas a cabo, las dificultades encontradas y, si no pudieron finalizarlas de manera satisfactoria, el motivo del fracaso.
A partir de los resultados obtenidos en la ejecución de las distintas tareas, las investigadoras analizaron varias maneras de mejorar la accesibilidad de la aplicación web de Facebook a través de una secuencia de refactorings atómicos (modificación del código fuente sin cambiar su comportamiento esencial). En todos los casos lograron disminuir el tiempo empleado por los invidentes para realizar estas tareas, y estos incluso pudieron finalizar algunas otras que, a priori, les resultaba imposible llevar a cabo.
Josefa Molina destaca que, en la actualidad, el uso de la web 2.0 ha venido acompañado de muchas aplicaciones "que no cumplen las normas básicas de accesibilidad, lo que provoca una info-exclusión de las personas con discapacidad visual severa".
http://www.elcisne.org/ampliada.php?id=2696

E KALLIL VAI LEVANDO


Discriminação existe, diz mãe do primeiro aluno com Down da UFG

ANGELA CHAGAS
Em fevereiro deste ano, o Terra contou a história de um jovem que, aos 21 anos, tornou-se o primeiro estudante com Síndrome de Down aprovado no vestibular da Universidade Federal de Goiás (UFG). Passados 10 meses, o fato inédito transformou-se em um exemplo de superação para professores e alunos da instituição. Kallil Tavares está no segundo semestre do curso de geografia no campus de Jataí (GO) e contou, em entrevista por telefone, que está "feliz e com muitos amigos".
A pedagoga Eunice Tavares Silveira Lima, mãe de Kallil, concorda que ele foi bem recebido tanto pelos professores quanto pelos colegas. "Claro que a discriminação existe em todos os lugares, na universidade não é diferente. Algumas pessoas ficam olhando de lado, não se manifestam, mas, em compensação, tem muitos amigos especiais, que participam, ajudam".
Apaixonado por mapas, Kallil decidiu fazer o vestibular para geografia no ano passado, após concluir o ensino médio em uma escola privada de Jataí. Incentivado pela mãe, ele conseguiu a aprovação, sem correção diferenciada - concorreu em condições iguais a todos os demais candidatos.
No primeiro semestre, Kallil conseguiu aprovação em cinco das oito disciplinas. "Em maio eu percebi que ele estava tendo dificuldades em algumas aulas mais teóricas, então resolvemos trancar uma disciplina. Em outras duas ele acabou reprovando", afirma a mãe. Apesar disso, Eunice se diz "surpresa" com o desempenho do filho na faculdade. "A universidade é outro ritmo, bem mais corrido. São muitos textos, conteúdos mais complexos do que ele estava acostumado na escola. Mas estamos muito felizes por ele estar conseguindo acompanhar", afirma ao ressaltar que o filho não tem nenhum tipo de privilégio nas avaliações. "Ele faz a mesma prova que todos os outros".
Questionado sobre o que mais gosta na universidade, Kallil não vacila em afirmar: "astronomia, geologia e dos mapas". Segundo a mãe, as aulas práticas despertam mais interesse do filho. "É mais fácil para ele quando consegue aprender com algo concreto, como vídeos e imagens. Em geologia, por exemplo, ele participou de uma aula de campo e voltou para casa cheio de rochas que coletou", conta.
No começo do curso, Kallil teve auxílio de uma monitora, uma colega de curso que auxiliava o jovem na leitura dos textos e explicava os conteúdos passados pelos professores. No entanto, no segundo semestre ela acabou desistindo da bolsa paga pela universidade e agora a UFG tenta conseguir outro monitor. A mãe espera que o problema seja resolvido logo, já que sem a monitoria fica mais difícil garantir o aprendizado.
De acordo com o professor da Faculdade de Educação e coordenador do Núcleo de Acessibilidade da UFG, Ricardo Teixeira, a faculdade de geografia está empenhada em conseguir, o mais breve possível, um novo monitor para Kallil. Para Ricardo, a história de superação do estudante é um exemplo para a universidade, que tenta incluir cada vez mais alunos com deficiências físicas e intelectuais.
Neste ano, outro jovem com Síndrome de Down ingressou na UFG, mas não pelo vestibular. O estudante do curso de matemática, cujo nome a universidade não divulga a pedido da família, conseguiu a aprovação pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), por meio da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "Há quatro anos tínhamos apenas 10 alunos com algum tipo de deficiência na UFG, hoje são mais de 100. Esse movimento a gente espera aumentar ainda mais, com exemplos como o do Kallil", diz o professor.
De acordo com ele, não houve resistência por parte dos professores em dar aula para um aluno com Down. "Essa resistência ao novo é algo comum, mas surpreendentemente não enfrentamos isso com os professores da geografia. Não houve nenhuma rejeição e todos tentam se empenhar ao máximo para garantir que ele tenha um bom aproveitamento", afirma. No entanto, Teixeira lembra que a estrutura física e o acompanhamento oferecido aos alunos com alguma deficiência ainda precisa melhorar. "Isso é algo que estamos em constante construção".
Para Eunice, contudo, a família não cria expectativas e não pressiona o jovem para ser aprovado e concluir logo o curso. "Se for em quatro ou em 10 anos, tanto faz. O importante é que ele se sinta feliz".
Planos para o futuro
Na conversa com o Terra, Kallil disse que seu sonho é ser professor de geografia. Ele ainda tem uma longa jornada pela frente, já que as aulas do segundo semestre começaram faz pouco por causa da greve dos professores. Mas determinação e vontade de vencer não faltam, mesmo que alguns ainda duvidem.
"A sociedade tem dito historicamente para essas pessoas (com Síndrome de Down) que elas não são capazes, mas essas pessoas estão mostrando que sim, que são capazes. O exemplo do Kallil é muito importante para termos consciência que qualquer pessoa que tenha oportunidade, que é estimulada, consegue", afirma o professor da UFG.
Eunice sempre acreditou que o seu menino era capaz de chegar a universidade e de alcançar muito mais. Mas hoje ela diz que a maior alegria da vida é ver o sorriso no rosto do filho todos os dias enquanto se prepara para a aula. "Ele está feliz, não tem nada melhor para uma mãe que ver um filho feliz".

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

POR PREÇOS MAIS JUSTOS

Qualidade de vida e dignidade para pessoas com deficiência
Wiliam Machado
Alguma notícia sobre o desfecho da PEC 221/00, aquela que propõe isenção de impostos para aparelhos, equipamentos, produtos e medicamentos destinados ao tratamento de pessoas com deficiência? A Comissão de Constituição, Justiça e de Redação, da Câmara dos Deputados, já havia aprovado a proposta, o que mais é preciso fazer para tornar viável seu teor?

Pois é, não há o que justifique os altos preços praticados no comércio brasileiro para venda de produtos indispensáveis à saúde física, mental, emocional, reabilitação, inclusão social e promoção da qualidade de vida de pessoas com deficiência. Universo diversificado de produtos que variam de cadeiras de rodas sob medida, manual ou de comando elétrico, a almofadas especiais, aparelhos auditivos, sensores eletrônicos, sintetizadores sonoros, entre outras mercadorias de seminal relevância no cotidiano e cuidado dessas pessoas.
O que não se pode conceber justa é a lógica empregada para se sobretaxar de impostos produtos dessa natureza, elevando sobremodo o preço pago pelo consumidor, como se estivesse consumindo supérfluos. Embutir impostos como IPI, ICMS, IOF, ISS etc, no preço de cadeira de rodas, meios auxiliares de locomoção e equipamentos indispensáveis aos paraplégicos e pessoas com severas limitações funcionais, sugere no mínimo distorção, ou total desconhecimento acerca do que representam para milhões de brasileiros, segundo Censo 2010, usuários de cadeiras de rodas no Brasil.
Evidente a importância e abrangência dos programas públicos de doação de órteses, próteses (incluídas cadeiras de rodas), sobretudo, o implementado pelo Ministério da Saúde, no Programa Nacional de Protetização, voltado para atender necessidade e demanda de pessoas das camadas de menor poder aquisitivo da população. Nesses casos, a intermediação de políticas municipais é determinante para que essas pessoas sejam encaminhadas às Oficinas Ortopédicas credenciadas pelo SUS, munidas de laudos médicos e demais exigências protocolares, para que tenham acesso ao básico.
Ocorre que o disponibilizado pelo SUS não corresponde às necessidades dos cadeirantes que trabalham e permanecem sentados por longos períodos, ou outros em seus compromissos escolares, entre tantas possibilidades que exijam atenção e cuidados com a preservação da integridade cutânea e mucosas, alinhamento postural etc. O que não desmerece papel importantíssimo da Campanha Nacional de Protetização, coordenada pelo SUS, na oferta e distribuição gratuita de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção para quem precise e não disponha de recursos próprios para compra.
Há também de se empenhar para solução de situações que requerem cadeiras de rodas mais estáveis e resistentes, além de almofadas ergométricas, especiais. Peças geralmente de fabricação estrangeira, por isso, muito mais caras no Brasil e cada vez menos acessíveis a quem delas necessite. Afinal, pessoas com deficiência e reabilitadas para o trabalho ficam ausentes de casa boa parte do dia, a depender da jornada de trabalho contratada, bem como outros matriculados no ensino regular em seus diversos níveis, que precisam permanecer nas escolas para cumprir calendário escolar e suas atividades. Se usuários de cadeiras de rodas, inevitavelmente, precisarão de cadeiras mais reforçadas para suportar imprevistos impostos pela urbanidade inadequada, além de almofadas mais resistentes e dotadas de recurso s de tecnologia assistiva.
Apenas a guisa de exemplo, não consigo entender porque uma almofada Jay Xtreme, fabricada nos Estados Unidos, seja comercializada naquele país por cerca de 0.00 (duzentos e oitenta dólares), o equivalente a cerca de R$ 588,00 (quinhentos e oitenta e oito reais), quando importadas e vendidas por empresas brasileiras custem R$ 1.490,00 (um mil, quatrocentos e noventa reais). Curioso constatar que a nota fiscal emitida por empresas do nosso país não traz referência a impostos brasileiros. O que sugere vigorar ágio absurdo de quase 300%, sem que nossas autoridades se manifestem. Que se convoquem os distribuidores brasileiros para uma conversa séria. Que se tomem medidas para acabar com esse abuso!
Reconheço grandes avanços da indústria nacional de próteses, órteses e meios auxiliares de locomoção, mas, seus preços para produtos com maior valor agregado em termos tecnológicos estão muito elevados, longe dos praticados em países mais desenvolvidos para venda direta de produtos similares, porém, muito melhor elaborados. Para justificar a distorção dos preços, os empresários brasileiros atribuem à política tributária do nosso país, como gargalo da sobrecarga de impostos em toda rede produtiva.
É importante registrar que no momento em redigia essa matéria, aos 15 de dezembro de 2012, a arrecadação de tributos pelo governo federal, ultrapassa a casa de um trilhão, quatrocentos e tantos bilhões de reais. Medidos a cada fração de segundo seu fluxo intenso, acelerado, atropelador, incessante. Como se criam e implementam processos dinâmicos no setor público, quando imperam grandes interesses, hein! Sabe-se lá quanto mais arrecadará até 31 de dezembro.
Exato por essas razões, enquanto que não se vislumbre reforma tributária com efetiva diferenciação entre joio e trigo, nós, pessoas com deficiência que precisamos adquirir produtos que nos assegurem bem estar, saúde e plena inclusão social, aguardamos ansiosos implemento de medidas políticas emergenciais voltadas para a desoneração do que para nós represente liberdade, dignidade, vida com melhor qualidade. Longe de nos parecer acomodados, ao contrário, reiteramos estar dispostos e vigilantes para contribuir e fazer valer a máxima “nada de nós sem nós”.
Ninguém melhor para definir o que é prioritário para nossa qualidade de vida do que nós mesmos. Quaisquer mudanças que possam nos afetar carecem ser compartilhadas conosco. Não abrimos mão do direito à liberdade, igualdade, equivalência proporcional na equiparação de oportunidades e pleno exercício da cidadania.

Prof. Dr. Wiliam Machado
Pesquisador da Saúde e Qualidade de Vida de Idosos e PcD.
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.