sábado, 27 de janeiro de 2024

SERÁ QUE É?



Possível caso inédito de albinismo em saguis é registrado em SP

Animal branco foi avistado em bando de saguis-de-tufos-pretos. Estudos serão necessários para confirmar albinismo na espécie, diz primatólogo.

Por Guilherme Ferraz, Terra da Gente


Um sagui-de-tufos-pretos (Callithrix penicillata) com pelagem branca, pele rosa e olhos claros foi flagrado pelo biólogo Hatus de Oliveira Siqueira, às margens do rio Pardo, próximo a uma usina de cana-de-açúcar, na zona rural de Serrana (SP).
“Durante um trabalho de levantamento de ictiologia (ramo da zoologia que estuda os peixes), no final do ano passado, avistei um indivíduo todo branco em meio ao bando”, conta Hatus.
Siqueira afirmou que nunca ter visto um animal com tal característica em ambiente natural até então. “Fiquei muito surpreso, empolgado e feliz em ver um sagui-de-tufos-pretos possivelmente albino. Peguei a câmera na hora e fiz vários registros”, relembra o biólogo.
O primatólogo e professor do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Fabiano Rodrigues de Melo suspeita que o indivíduo seja albino, porém, segundo ele, serão necessárias pesquisas que possam comprovar tal expectativa.
“Estamos diante, potencialmente, de um caso inédito de albinismo em saguis, porém maiores estudos precisariam ser feitos para podermos cravar”, explica Fabiano.

Albinismo

Conforme o docente, albinismo é uma característica genética conhecida por “estar em homozigose e ser recessiva”, ou seja, só vai aparecer quando dois alelos - em outras palavras, duas amostras dela - vierem juntos no mesmo indivíduo.
“Porque quando ela vem misturada, o que chamamos de heterozigose, ela não se expressa, por isso fica escondida entre as gerações. Ela vai aparecer quando a amostra de um indivíduo que é heterozigoto cruzar com uma fêmea heterozigota e o filhote nascer homozigoto (com duas amostras dessa característica), que é o que a gente chama de homozigoto recessivo”, detalha.
O cientista afirma que dificilmente um animal albino vai gerar um filhote também albino. “É um recessivo de baixa frequência, possivelmente escondido em heterozigose, ou seja, passam gerações sem ter albinos e de repente aparece um, pois a mutação está ali 'escondida'", acrescenta.
As condições leucismo e melanismo recessivo também seguem a mesma lógica. Segundo ele, animais com essas peculiaridades não são excluídos ou abandonados pelo bando, pois os bichos se baseiam muito mais em odores do que em cores.
“Até porque eles não enxergam plenamente em cores. Somente algumas poucas espécies de primatas neotropicais apresentam tricomia”, pontua.
Por ter coloração que difere tanto da vegetação brasileira, os animais albinos e leucísticos acabam sendo mais vulneráveis a predadores. Para Fabiano, esse indivíduo sofre menos risco por habitar ambientes urbanos, com menos predadores e suporte alimentar humano, o que ele ressalta ser uma atitude inadequada da parte das pessoas que fornecem.


Diferenças entre animais albinos e leucísticos

Conforme o estudioso, no leucismo os pelos dos animais ficam incolores e, consequentemente, mais brancos, pois não possuem melanina. Porém, a pele continua com pigmento melânico, então o animal não fica com a pele rosa e nem com os olhos claros, características vistas no albinismo.
“Como o próprio nome diz, albinismo quer dizer branco puro, ou seja, é a perda total da melanina no corpo todo do bicho. No leucismo, basicamente, são os pelos que ficam sem melanina e aí o animal fica com o pelo branco, mas com a pele normal”, ensina Fabiano.

Importância dos registros

Ainda segundo ele, é fundamental que as pessoas que observam a fauna, mesmo não sendo especialistas, registrem esses encontros, pois muitos artigos científicos surgem a partir de flagrantes. Tão importante quanto isso, é manter distância dos animais silvestres, principalmente não oferecendo comida para evitar a transmissão de doenças aos bichos e vice-versa. “É de importância crucial nesse processo de ciência cidadã. Se todo mundo que tiver câmera, celular, puder registrar, sempre sem interação física, sem dar comida, sem importunação, é fundamental. E as pessoas que estão fazendo esses registros estão colaborando muito com o conhecimento que a gente tem sobre a ocorrência do fenômeno nas espécies", finaliza.

ASSASSINOS DE ALBINOS DE MOÇAMBIQUE


Detidos cinco indivíduos acusados de matar jovem com albinismo

Quatro indivíduos são acusados de assassinar um jovem com albinismo e tentar vender suas ossadas por 15 milhões de Meticais.

No princípio de Novembro do ano passado, cinco indivíduos, detidos pela Polícia, na cidade da Beira, terão confessado o assassinado de um jovem com albinismo no distrito de Vandúzi, província de Manica, com o objectivo de, posteriormente, vender as ossadas por 15 milhões de Meticais.

Um dos supostos autores do crime contou que aliciaram a vítima, que era amigo de um dos assassinos, com bebidas alcoólicas, e, quando este já estava embriagado, fingiram que queriam acompanhá-lo até à sua residência e, pelo caminho, estrangularam-no.

“Fomos enterrar o corpo num cemitério local. Trinta minutos depois, retornámos ao cemitério, exumámos o corpo e retiramos os ossos que nos interessavam, nomeadamente dos braços e das pernas, segundo orientações da pessoa que pretendia comprá-los.”

O suposto mandante e comprador estava na cidade da Beira, para onde os autores do crime foram, ao seu encontro. Este, que reside em Maputo, nega que seja o mandante.

“Não sou mandante. Apenas fui contactado por um amigo, denominado Domingos, que me perguntou se eu conhecia alguém que pretende comprar ossos de pessoas com albinismo. Liguei a um amigo que responde pelo nome de Helton a lhe perguntar. Esta foi a minha participação neste crime.”

O SERNIC disse que os indiciados foram detidos em flagrante a tentarem negociar os ossos e que está a reunir outros elementos para depois encaminhar todos os supostos envolvidos para o tribunal em Manica, onde ocorreu o crime hediondo.

domingo, 7 de janeiro de 2024

APOIO MATERNO

 


Mãe revela como ajuda filha a enfrentar preconceito associado ao albinismo


"Sempre conversamos abertamente sobre isso e reiteramos que ela pode fazer qualquer coisa que quiser. O albinismo é algo bonito e não é algo do qual nos envergonhamos”, disse Megan McMorri

Quando descobriu que sua filha era albina, Megan McMorri ficou muito preocupada, principalmente em relação ao julgamento que a filha poderia sofrer de outras crianças. Na época, a família passou por um momento muito difícil. "Eu já estava com meu marido há muitos anos, mas foi a primeira vez que o vi chorar", disse ela em entrevista a revista norte-americana Newsweek.

A pequena Louise, hoje com 9 anos, nasceu com Albinismo Oculocutâneo, que afeta a cor dos olhos, cabelos e pele, conforme informações da Associação Americana de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo (AAPOS). A garotinha também tem uma condição conhecida como nistagmo, que faz com que seus olhos se movam involuntariamente. “Quando ela era bebê, lembro-me de ficar triste porque ela nunca fazia contato visual comigo, essa foi uma das coisas mais difíceis”, lembrou Megan.

Devido ao albinismo, Louise tem que tomar algumas precauções, principalmente com o sol. No entanto, para Megan, uma das principais preocupações da família é quanto ao julgamento das pessoas em relação às condições da filha. Ela relata que uma vez ume menino chamou os olhos da pequena de "malucos" por causa do nistagmo. O albinismo também é uma condição muito estigmatizada no mundo. “A aparência física das pessoas com albinismo é frequentemente objeto de crenças e mitos errôneos influenciados pela superstição, que promovem a sua marginalização e exclusão social”, relata a Organização das Nações Unidas (ONU). “Isso leva a várias formas de estigma e discriminação. No mundo ocidental, incluindo a América do Norte, a Europa e a Austrália, a discriminação consiste frequentemente em xingamentos, persistentes provocações e intimidação de crianças com albinismo", a entidade destaca.

Infelizmente, as pessoas com albinismos também sofrem ataques físicos. Na última década, foram registrados centenas de casos de assassinatos de pessoas com albinismo em 28 países da África Subsaariana, afirma a ONU. Um cenário que deixa Megan muito preocupada em relação à segurança da filha. “O que acontece em outras partes do mundo às pessoas que têm albinismo é simplesmente horrível”, disse ela "É difícil de engolir. As pessoas que têm albinismo já passam pelos seus próprios desafios, e adicionar assédio, brutalização e assassinato à mistura por causa de crenças de bruxaria é incompreensível."

Megan conta que ainda não conversou com a filha sobre a situação de pessoas albinas no mundo, porém, admite que não quer varrer a condição da filha para debaixo do tapete. "Sempre conversamos abertamente sobre isso e reiteramos que ela pode fazer qualquer coisa que quiser. O albinismo é algo bonito e não é algo do qual nos envergonhamos”, a mãe destacou. Apesar do apoio dos pais, Louise ainda reconhece que é diferente de muitas outras crianças. “Quando ela está chateada ou frustrada, às vezes, ela diz 'Eu não quero ser albina!' Mas então, ela percebe que tem uma plataforma incrível que construímos para ela através da mídia social e ela quer ser um modelo para outras meninas ou meninos que também estão vivendo a vida com o albinismo. Sim, existem desafios, mas Louise é uma lutadora e geralmente consegue se adaptar a qualquer situação em que se encontra."