segunda-feira, 30 de abril de 2012

CALÇA INCLUSIVA

Mulher paralisada completa um terço de maratona com 'calça robótica'

Claire Lomas durante a Maratona de Londres
Claire Lomas espera completar os 42 km do percurso em mais 2 semanas
Uma ex-amazona que perdeu o movimento das pernas após um acidente com um cavalo há cinco anos completou neste domingo o primeiro terço da Maratona de Londres após caminhar por uma semana com a ajuda de "calças robóticas".
Claire Lomas, de 32 anos, começou a testar o equipamento especial, chamado ReWalk, há apenas quatro meses, e até algumas semanas atrás conseguia dar apenas 30 passos de cada vez.
Mas com um progresso rápido, ela espera terminar em mais duas semanas o percurso de 42 quilômetros da maratona, concluído em pouco mais de duas horas pelos competidores de ponta no domingo passado.
Durante uma competição em maio de 2007, o cavalo que Lomas montava colidiu com uma árvore, deixando-a com fraturas em seu pescoço, na coluna e nas costelas.
A fratura na coluna a deixou sem movimentos nas pernas, e os médicos a alertaram que ela nunca mais poderia andar e passaria o resto da vida em uma cadeira de rodas. Mas ela não se deixou abater e diz fazer o possível para recuperar a independência.

'Calças trocadas'

O equipamento utilizado por Lomas, comparado por ela às "Calças Trocadas" usadas pelo personagem da série Wallace & Gromit na animação de mesmo nome, custou 43 mil libras (cerca de R$ 132 mil), pagas com a ajuda da família e de amigos.
Ela afirma, porém, que o uso de seu equipamento não é tão simples como o usado por Wallace no desenho animado. "Não sentir meu corpo torna tudo mais difícil. Não sei o que meus pés estão fazendo", disse ela à BBC.
Lomas depende de sensores de movimento para ajudá-la a movimentar e levantar as pernas. Segundo ela, uma das partes mais difíceis foi reaprender a se apoiar novamente sobre os dois pés. "No começo tinha que redescobrir meu balanço", diz.
Ela está aproveitando sua participação na Maratona de Londres para pedir doações para a organização de pesquisas sobre paralisia Spinal Research. Até a tarde deste domingo, ela já havia arrecadado 42,3 mil libras (R$ 130 mil).
"Há muita gente que está em uma situação pior do que a minha e não tem o apoio que eu tive, então quero arrecadar o máximo de doações possível para ajudá-las", disse.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/04/120429_paralisia_calcas_roboticas_maratona_rw.shtml?print=1

CAIXA DE MÚSICA 69

Roberto Rillo Bíscaro

Ano passado, o álbum The Queen is Dead, do The Smiths, completou 25 anos. A data é tão importante que a imprensa musical soltou fogos de artifício celebratórios. O New Musical Express – revista inglesa – teve edição especial apenas sobre o grupo e o disco.
A justificativa pra tanto foguetório: os Smiths são tão importantes quanto os Beatles. A diferença é que enquanto os rapazes de Liverpool se gabavam de haver fumado maconha em Buckingham Palace, os pós-punk de Manchester detonavam a monarquia. Daí a diferença na visibilidade da influência dos 2 grupos. Os Smiths estenderam seus tentáculos de forma subterrânea, mas não menos forte.
Morrissey (voz e letras), Johnny Marr (guitarra), Andy Rourke (baixo) e Mike Joyce (bateria) inventaram um sub-gênero, o indie rock. Quando apareceram, em 82, a música pop era dominada por sintetizadores e personagens maquiados. Morrissey veio com suas letras lúgubres e ambíguas e Marr com seus riffs intoxicantes, numa sucessão vertiginosa de canções memoráveis. O número de carreiras musicais inspiradas pela banda continua a multiplicar-se até hoje.
Quando adquiri um notebook, ano passado, transferi alguns gigas de canções pra servirem como estação de rádio particular. Peguei apenas coisas amadas ardentemente. Na hora de inserir Smiths, a quantidade foi enorme; The Queen Is Dead foi copiado na íntegra. Amo e sei de trás pra frente todas as faixas, que ouço há um quartel de século e jamais enjoarei.
O álbum abre com a faixa-título, virulento, irônico e intelectualizado ataque à monarquia. Um coro de crianças cantando uma canção da época da Primeira Guerra Mundial dá lugar à bateria tribal de Joyce e em alguns segundos a metralhadora de Morrissey atira contra a rainha e a igreja em versos como “querido Charles, você às vezes não sente vontade de aparecer na primeira página do Daily Mail usando o véu de noiva de sua mãe?”. Típico Morrissey, a letra mistura preocupações sociais com a impossibilidade de discuti-las na chuva, pra não estragar o cabelo. Os Smiths nunca estiveram tão próximos do heavy metal quanto nesta faixa. E a conclusão, em meio à guitarra pesada: “a vida é longa demais quando se é solitário”. Frankly, Mr. Shankly é uma pérola de acidez music hall. Uma melodia brejeira traz a história dum empregado que detona o patrão metido a poeta. A ambiguidade morriseyana resplandece ora dizendo que quer entrar pra história da música, ora bombasticamente afirmando que preferiria escrever cartões de Natal com deficientes mentais a ser célebre. Dizem que a letra é “homenagem” ao presidente da Rough Trade, gravadora do grupo. I Know It’s Over é uma das letras mais lancinantes e sinceras sobre solidão já escritas na música pop. O verso inicial diz ”oh mãe, sinto a terra caindo sobre minha cabeça” ao que se seguem alusões a suicídio, amores não-correspondidos ou inventados e questionamentos amargos sobre solidão: “se você é tão divertido, por que está só esta noite?/se você é tão esperto, por que está só esta noite?”. O instrumental inicialmente esparso avoluma-se seguindo o aumento do desespero e culmina na massa sonora acompanhando os berros de Morrissey, repetindo o verso de abertura. Sublime. A barra continua pesada com Never Had No One Ever, onde o protagonista bate à porta de alguém pra confessar que jamais teve ninguém e está sozinho, desesperadamente só. “Tive um pesadelo que durou 20 anos, 7 meses e 27 dias”. Uma vida. Sons de pranto juntam-se a uma melodia arrastada com instrumentação compacta. Cemetery Gates traz uma melodia adorável com violão dedilhado e uma letra muito intelectualizada sobre plágio. Num “horrível dia ensolarado” 2 pessoas visitam um cemitério e leem as placas nos túmulos, discutindo sua autoria. Alguns críticos acusaram Morrissey de plágio, por usar trechos de outrem em suas letras, coisa que jamais ocultou ou negou. Seu ídolo Oscar Wilde fora acusado do mesmo pecadilho na sistemática campanha ao longo de décadas pra diminuir sua genialidade. O vocalista dos Smiths elege o escritor irlandês como santo padroeiro e compõe uma letra muito inteligente alfinetando detratores. A lindíssima Bigmouth Strikes Again abre com um mortífero solo de violão dedilhado, que continua por toda a canção, que ainda traz baixo e bateria pulsantes e guitarra cortante, tornando-a uma locomotiva dançante. Morrissey recebera o epíteto de desbocado pela imprensa britânica e, quando um atentando á bomba num hotel matou membros do gabinete de Margareth Thatcher, mas não a Dama de Ferro, Mozz manifestou seu pesar por ela não ter voado aos pedaços. Face ao ultraje desencadeado pela declaração, o letrista destilou seu fel em versos como “doçura, eu estava apenas brincando quando disse que queria quebrar todos seus dentes/doçura, eu estava apenas brincando quando disse que você deveria ser coberta de porradas em sua cama”, para, em seguida, comparar-se a uma Joana D’Arc de walkman e aparelho de surdez derretendo enquanto as chamas consomem seu corpo. É o Desbocado atacando outra vez! The Boy With the Thorn in his Side talvez seja a canção dos Smiths mais conhecida no Brasil. Influenciada pelos Beatles, a letra funciona em diversos níveis, podendo ser lida pela via do homoerotismo abafado pela sociedade, que cria monstros em potencial, mas também como questionamento sobre o porquê a banda não fazia mais sucesso. Amo muito, mas sempre tenho a impressão de que os vocais estão meio desconectados da melodia. Talvez conseguir que essa aparente desconexão forme um todo adorável seja marca da genialidade da banda. O clima rockabilly de Vicar in a Tutu, com sua guitarra totalmente jangle e sua letra divertida sobre um ladrão que vê um vigário vestindo saia de balé e no dia seguinte pregando moral no púlpito é ataque corrosivo á hipocrisia. Quando Morrissey apresentou-se no Brasil, em março, a platéia cantou o refrão de There’s a Light That Never Goes Out em uníssono. A canção é indubitavelmente um clássico entre os fãs, embora a maturidade me tenha feito superar o refrão. Não considero prazer ou privilégio morrer esmagado por um ônibus de 2 andares ou um caminhão de 10 toneladas, nem que seja ao lado da pessoa amada. Mas, não há como não se emocionar com o arranjo de cordas e a letra sobre desejo de viver plenamente, mas não poder fazê-lo por medo, timidez ou opressão. Dramaticidade digna do Romantismo. Só mesmo os Smiths pra se darem ao luxo de não usarem a faixa anterior pra fechar o álbum em clima de estratosfera lírica. Ao invés, o encerramento se dá com a melodia circular e de começo falso de Some Girls Are Bigger Than Others, com (outro!) achado guitarrístico de Johnny Marr. A letra é a mais leve de The Queen is Dead, sobre um cara que acaba de descobrir a única preocupação da humanidade desde o começo dos tempos: o tamanho dos seios. Pobre de quem não consegue perceber o banho de ácido sulfúrico candidamente cantado. Os Smiths alcançaram seu pico de criatividade com The Queen is Dead e um par de singles subsequentes indicava que a usina de boas idéias ainda geraria muita energia.
Ledo engano. Menos de um ano depois, os Smiths se separaram. Quando Strangeways, Here We Come saiu em setembro de 87, a banda já não mais existia. Talvez tenha sido melhor assim, visto que o canto do cisne não alcançou a qualidade do material anterior.
Seguiu-se feia e sangrenta batalha judicial por direitos autorais. Frustrações, exaustão, drogas, alcoolismo, falta de empresário mais competente foram algumas das razões dadas por diferentes membros pra explicar o fim de uma era.
Quaisquer que tenham sido as razões pro fim dos Smiths, o que realmente importa é que é deles o Sgt. Peppers do indie rock. Realizando o desejo expresso na letra de Frankly, Mr. Shankly, Morrissey, Marr, Rourke e Joyce entraram pra história da música.

domingo, 29 de abril de 2012

DISCRIMINAÇÃO EM ANGOLA


Angola: Albinismo sinônimo de discriminação

Crenças e superstições estão na base da maioria parte dos tensões sociais por que passam os albinos no contexto africano.
Por exemplo, na Tanzânia, há relatos de que os albinos possuem poderes mágicos, o que origina  situações de mortes, torturas e pretensa comercialização de órgãos humanos de indivíduos desse grupo desde já marginalizados socialmente. 

Outros relatos chegam-nos de países como Burundi, Ruanda e República Democrática do Congo, onde muitos albinos são hostilizados, linchados  e mortos sob o olhar silencioso das autoridades públicas e cumplicidade da sociedade.

Entretanto, em Angola o preconceito e a discriminação contra indivíduos desse grupo social são cada vez mais acentuados. Recentemente, um jovem albino,  foi expulso num estádio de futebol por alegado pacto com forças ocultas. Há quem acreditasse que a sua presença  no local favoreceria a vitória de uma  determinada equipa em detrimento da outra.

A Federação Angolana de Futebol (FAF) prometeu pronunciar-se publicamente sobre o episódio. De momento, ainda não se registou qualquer posição pública das autoridades na responsabilização criminal de tais agrupamentos desportivos e seus principais dirigentes.  É prática corrente no futebol a nível mundial a condenação de qualquer ato discriminatório.

Diante de tais acontecimentos, a nossa reportagem saiu à rua para contactar alguns cidadãos angolanos visados.  E Yolanda é uma destas pessoas, a jovem conta-nos que a metade da infância viveu quase que escondida das outras crianças. Na escola era  frequentemente alvo de  insultos e  ameaças por partes dos seus colegas. 

Hoje aos 25 anos, Yolanda disse que a maior parte das vezes é tratada nas ruas   de Luanda por “quilombo”, um termo pejorativo usado para designar as pessoas pertencentes a esse grupo social. 

Ao que tudo indica, nenhum albino escapa  a este  tipo de insultos e hostilidades. Guilherme, outro cidadão angolano com quem conversamos, recorda que recentemente, depois de muitos anos,  reviveu na igreja um episódio desagradável de discriminação. 

De acordo com Guilherme, muitas vezes a discriminação por meio de estereótipos surgem no próprio seio familiar.   

No entanto, Guilherme Santos disse-nos que de maneira geral encontra maior  protecção e apoio dos familiares e amigos. Guilherme falou ainda do preconceito construído psicologicamente que ainda persiste na sociedade angolana. 

Guilherme lançou alguns desafios que podem ser ultrapassados se todos estiverem envolvidos em dar apoio psico-social aos familiares de pessoas com estes casos e disse acreditar ser possível acabar com a exclusão social dos albinos particularmente em Angola.

Actualmente, Guilherme Santos é presidente da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), cargo que para ele prova que os albinos são tão capazes como qualquer outra pessoa. 

No entanto, Yolanda também luta para demonstarar à sociedade às suas capacidades. Aos 25 anos, Yolanda tem uma filha, à qual receava que apresentasse também  ausência completa ou parcial de melanina na pele.

Viúva e órfã de pai, Yolanda tem passado por imensas dificuldades, como a falta de emprego e dinheiro para terminar a formação de licenciatura em serviço social.

Optimista, Yolanda Alfredo, disse não associar a falta de emprego e, consequentemente, de dinheiro ao facto de ser albina, mas sim porque o país não oferece oportunidades de trabalho aos jovens de maneira geral. 

O albinismo é causado por uma insuficiência de melanina na pigmentação. A discriminação contra albinos é um problema social actual em África.  Neste contexto, Angola enfrenta igualmente o desafio da discriminação desse grupo social ante o silêncio da sociedade e das autoridades. 

SUPERANDO A FALTA DE BRAÇOS

Vejam o que uma mulher sem braços é capaz de fazer.

sábado, 28 de abril de 2012

EPIDERMÓLISE BOLHOSA

Doença de pele rara limita vida de britânica de seis anos
Ciara Paczensky | Foto: BBC
Menina britânica precisa se proteger com bandagens para evitar feridas na pele
Uma menina britânica de seis anos que sofre de uma rara doença cutânea conhecida como Epidermólise Bolhosa lida diariamente com o medo de que batidas ou tropeções levem a feridas ou descamações completas de sua pele.
Ciara Paczensky, de Dartford, precisa usar faixas para proteger-se de qualquer contato.
Seu pai, Grant Paczensky, diz que a doença "afeta uma em cada 17 mil crianças e restringe as coisas que Ciara pode fazer".
O problema "limita sua habilidade de interagir com todos os outros porque temos que ficar alerta quanto a batidas, quedas e hematomas. O mais leve toque pode fazer com que toda a sua pele descame".
"Imagine a ferida mais dolorida que você já teve, e agora multiplique essa dor por dez e aumente o tamanho da ferida para o mesmo de uma bola de tênis, e você terá uma ideia do que Ciara enfrenta todos os dias", acrescenta o pai da garota.

Doença rara

De acordo com o Serviço Público de Saúde da Grã-Bretanha, a Epidermólise Bolhosa é uma doença rara que afeta cerca de 5 mil pessoas no país.

Ciara Paczensky | Foto: BBC
Ciara Paczensky é uma de 5 mil pessoas que vivem com a doença na Grã-Bretanha
Tanto o pai quanto a mãe de Ciara tinham em seus DNAs o gene responsável pela doença, embora não tenham desenvolvido os sintomas.
Segundo os médicos que tratam a menina, há mais chances de uma pessoa ganhar na loteria do que um homem e uma mulher com os genes para o problema se conhecerem e terem um filho com a doença.
Atualmente não há cura para a Epidermólise Bolhosa e os tratamentos baseiam-se em prevenção de acidentes e cuidado com as feridas.
"Não acho que exista um 'não posso' no vocabulário de Ciara – ela tenta qualquer coisa", diz a mãe da menina, Maggie Paczensky.
O site Dermatologia.net traz algumas informações sobre a epidermólise bolhosa:
O que é?
A Epidermólise bolhosa adquirida é uma rara doença autoimune da pele que forma bolhas e cicatrizes em locais de trauma. É crônica (de longa duração), afeta principalmente adultos e ocorre devido à formação de anticorpos contra o colágeno tipo VII, que participa da ancoragem da epiderme com aderme.
A Epidermólise bolhosa adquirida também é associada a outras enfermidades como diabetes, lupus eritematoso sistêmico e, principalmente, a doença de Chron (doença inflamatória intestinal).
Manifestações clínicas
Na maioria dos pacientes, o início da doença costuma ser lento e a evolução arrastada. A natureza da enfermidade provoca uma fragilidade da pele, levando à formação de vesículas (bolhas pequeninas), bolhas e erosões que surgem principalmente nas áreas da pele mais sujeitas a traumas, como a superfície extensora dos cotovelos, joelhos, tornozelos, mãos e nádegas. As bolhas podem ser hemorrágicas.
As lesões costumam cicatrizar deixando cicatrizes significantes que podem acarretar a restrição de mobilidade da pele nos locais afetados. Também é comum o surgimento de milia (micro cistos epidérmicos) após a cicatrização das feridas.
Apesar de atingir primariamente a pele, as mucosas também podem ser afetadas. Nestes locais, as bolhas rompem-se facilmente e, o mais comum, é encontrar apenas feridas erosadas. Alguns pacientes podem apresentar alterações nas unhas.
Existe uma forma inflamatória da epidermólise bolhosa adquirida com vesículas e bolhas distribuídas de forma generalizada e não apenas nas áreas de trauma. Alguns pacientes podem apresentar vermelhidão, placas semelhanantes às da urticária e coceira. As cicatrizes desta forma são menos relevantes.
Tratamento
O tratamento da epidermólise bolhosa adquirida visa controlar o caráter autoimune da doença e é feito com corticosteróides e drogas imunossupressoras. Em alguns casos, a dapsona também pode ser associada aos corticosteróides. O médico dermatologista é o profissional capacitado para o tratamento e acompanhamento dos pacientes.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A CIÊNCIA PONDO ORDEM NA CASA

Orca branca não é tão surpreendente, diz especialista


Em entrevista exclusiva para a NATIONAL, pesquisador brasileiro comenta o registro fotográfico de uma orca branca no litoral russo



A imagem correu o mundo. O primeiro registro fotográfico de uma orca branca na história foi feito no litoral russo, na Península de Kamchatka, no extremo oriente do país. Por mais espanto que o animal pouco avistado possa causar, ocorrências de cetáceos e outros grandes animais marinhos com suspeita de albinismo são relativamente frequentes. No final do ano passado, em Santa Catarina, uma toninha (um tipo de cetáceo) branca foi fotografada. “Há muitos casos na literatura científica”, afirma Mario Rollo, especialista em cetáceos e professor do Campus do Litoral Paulista da Unesp, localizado em São Vicente. Na entrevista a seguir ele fala com exclusividade para a NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL ONLINE da ocorrência de orcas – brancas ou não – na costa brasileira e de como a ciência encara a suspeita de albinismo nas profundezas do oceano.
NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL: É a primeira vez que uma orca branca é registrada na natureza?
Mario Rollo: Não. Existem vários outros registros na literatura científica desde pelo menos 1942.
O registro fotográfico foi surpreendente?
Não tanto. Existem registros de tubarões-baleia e raias albinas, para falarmos de outros grupos de vertebrados marinhos. É questão de incrementar o esforço de observação em termos globais para se registrar mais espécies portadoras desta anomalia.
Outros cetáceos albinos já foram vistos antes?
Até o momento, existem registros de indivíduos albinos (ou leucísticos, brancos na maior parte do corpo, ainda que com olhos normais) em pelo menos 20 espécies de cetáceos, de golfinhos a baleias.
O que significa para a ciência comprovar a existência de uma orca branca?
Significa simplesmente constatar que o albinismo é de fato disseminado em quaisquer grupos de mamíferos e que as orcas não fogem à regra.
Já houve registro de algum cetáceo albino na costa brasileira?
Sim, temos dois casos de albinismo (ou, repito, leucistismo, pois não foi possível observar a cor dos olhos) para duas diferentes espécies de golfinhos costeiros: o boto-cinza, no Rio Grande do Norte, em 2008, e a toninha, em Santa Catarina, no final do ano passado.
Peixes e mamíferos marinhos enxergam cores?
Ao que tudo indica, possivelmente não, embora a acuidade visual fora da água seja muito boa na maior parte das espécies.
A orca albina avistada tem uma nadadeira de 2 metros de altura. É possível imaginar o comprimento do corpo desse animal?
Sim. Um macho adulto com esta altura de nadadeira dorsal possui aproximadamente 9 metros de comprimento. Tampouco é o primeiro animal adulto da espécie registrado com essas características (um macho adulto com estas proporções pode pesar até 9 toneladas; as fêmeas são um pouco menores e quando adultas pesam até 6 toneladas).
É possível dizer quais vantagens e desvantagens uma orca branca pode ter no oceano?
Ainda é difícil dizer se o albinismo confere algum tipo de desvantagem específica da perspectiva da acuidade e da sensibilidade visual, exposição a predadores, limitações termo regulatórias ou taxa de sobrevivência. Faz-se necessário aumentar o número de registros e acompanhar mais de perto e por mais tempo esses animais.

As orcas frequentam a costa brasileira?
Os registros são mais comuns do que aparentam e muito próximos da costa em alguns casos. Somente no estado de São Paulo, temos registros de grupos de orcas desde Cananéia, passando pela Laje de Santos, Canal de São Sebastião, Ilhabela e Ubatuba. No Rio de Janeiro, tem sido comuns observações de grupos de orcas na Barra da Tijuca em pleno verão.
Elas representam algum perigo para o ser humano na natureza?
Tanto quanto qualquer animal silvestre de grande porte pode representar, mais pela presença física do que propriamente pela agressividade.
Quais são as espécies de baleias brancas?
Existem várias espécies de cetáceos cuja pigmentação é clara, por vezes praticamente branca. O exemplo mais típico é a beluga dos mares temperados e árticos, mas temos algumas espécies de golfinhos de coloração muito clara, como os golfinhos do Irrawaddy e australianos (gênero Orcaella), os golfinhos corcundas do Indo-Pacífico (gênero Sousa) e ainda alguns com matizes de preto e branco, como os golfinhos de Commerson, de Peron e o Ampulheta.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

CONTANDO A VIDA 77

Nada mais apropriado do que escolher época em que nosso cronista encontra-se na terra de São Jorge pra publicar sua declaração de amor á lua.

COM A CABEÇA NAS LUAS...
José Carlos Sebe Bom Meihy

Uma de minhas melhores lembranças de professor remete ao momento de estreia profissional.  Dava aula de Geografia e ao falar dos planetas para uma turma da quinta-série, afirmei que a lua era o único satélite da Terra, que cumpria sua órbita girando em torno de “nós”. Explicava tudo dizendo que ela era atraída pela força dos movimentos combinados de rotação e translação. De forma teatral, articulava ensinamentos com curiosidades e assim explicava que seu tamanho era 49 vezes menor que o do nosso planeta. Confesso que fazia parte de meu esforço didático encantar os alunos e não media esforços para tanto. Ilustrava afirmação com projeções e até apelava para a literatura infantil. Enfim, estava no processo dessa sedução didática quando fui interrompido por uma menininha suavemente impertinente, daquelas que se sentam na primeira fileira. Ela, com voz de anjo caído do altar, perguntou-me: “professor, me diga quem mediu o tamanho da lua para fazer a comparação.” Fiquei atônito. Precisei responder “te explico na próxima aula”. Tive que estudar complicadas regras de avaliação de corpos celestes, massas em movimento... Mas, de todo jeito, a lua sempre me encantou. Vivi a fase “a lua é dos namorados”, do “banho de lua”, da “lua de São Jorge” – ah! como gosto de pensar que São Jorge existe e está lá com seu cavalo matando o dragão. Devo também dizer que meu soneto favorito é aquele de Alphonsus de Guimarães, anunciando  certa Ismalia que enlouqueceu ao ver “uma lua no céu e outra no mar”. Entre meus filmes favoritos está “Feitiço da Lua” (Moonstruck) do diretor Norman Jewison, com Cher e Nicolas Cage que conta a história de uma viúva às voltas com súbita paixão pelo futuro cunhado que acabou por leva-a, suburbana que era, à ópera. 

Além de inspirações outras, lunares todas, sempre me vêm à mente uma referência que volta e meia convoca minha perplexidade analítica: por que será que próximos meus ao ouvirem comentários sempre sentenciam “você vive mesmo com a cabeça na lua”. Sabe? É verdade! Meditando sobre a insistência disso, filtrei as duas melhores lendas sobre o fascínio dela em minhas noites pessoais. Uma decorre da tradição árabe das “duas luas”. Dizia-se que um dia há de chegar quando, ao mesmo tempo duas luas, lindas e cheias, derramando brilhos excessivos, gerarão novas constelações que vão repontar no céu. Os fundamentos desse desbaratado devaneio remetem à suposição de que uma segunda lua, advinda de outro planeta, vai se despregar dele para tanger nosso céu. Segundo tal preceito, as duas luas disputarão os olhares dos povos que ficarão divididos entre explicações complicadas, maldição ou benção, e haverá até espaço para os loucos que, em delírio poético, ficarão em êxtase absoluto.  A outra referência, lindíssima, diz do mito do “quinto quarto”, ou seja, de um instante de feitiço pleno, de caso em que tudo é inversão da rotina. Nesse instante único, tempo de uma fase que aconteceria de milhões a milhões de anos, a paz, harmonia e felicidade se transbordariam em plenitudes.  Seria essa ocasião mágica, telúrica, que marcaria a memória de gerações que passariam a esperar tal evento a ser recebido como graça.
Por certo, há avessos dessas menções poéticas. A lua dos lobos maus, dos boitatás, dos sacis assustadores, dos sedutores botos, das almas do outro mundo também atormenta. De todas, porém, a que mais aterroriza é a lua dos vampiros que, perdidos nas escuridões, nas noites de plenilúnio, saem à procura de vítimas. Valho-me do sucesso dessa combinação para pensar na eternidade da ligação da lua mandingueira com a alteração do perfil dos agentes do mal. Na pendular relação entre o bem e o mal, os vampiros pós-modernos têm insistido na alternativa do antídoto, ou seja, em vez de arrastar amados para o mundo misterioso dos contaminados pelo vírus da fatalidade, eles se apaixonam pelas vítimas e tendem a se humanizar. Lindo, não? Certamente, a metamorfose do status dos vampiros é mutante, mas, o que não se altera é a relação com a lua. Pensando nessas tolices todas, entre as luas inspiradoras e as que atormentam, faço minhas escolhas. Gosto das luas boas que iluminam noites e, principalmente, conforta-me saber que há ciclos que cumprem rotas. É bom garantir que a sucessão de fases sempre há de regenerar a lua cheia de nossos sonhos.

terça-feira, 24 de abril de 2012

O BLOG DO GUILHERME

Dia 20 de março, postei o relato duma mãe inglesa sobrea luta pra criar dois filhos que têm adrenoleucodistrofia, doença rara e degenerativa.
Ontem, recebi email de Priscila, de Suzano (SP), divulgando um blog que criou para informar e desabafar sobre seu filho Guilherme, diagnosticado com a doença em março de 2010.
Guilherme, Portador de Adrenoleucodistrofia traz fotos do menino e, acima de tudo, uma descrição muito humana das esperanças, temores e perplexidades de Priscila, que teve que se adequar a esse desafio que a vida pôs em seu caminho.
Ótima leitura pra entender melhor o dilema dos outros, pra parar de reclamar de bobagens e pra se informar sobre essa enfermidade.
Força, Priscila e Guilherme!

MENTIRAS EDUCACIONAIS

As mentiras convencionais de nossa educação

Lincoln Secco *

Todo mundo apresenta ideias para a escola, mas a maioria delas está ancorada em alguma de muitas mentiras.
No final do século XIX o escritor Max Nordau publicou uma obra chamada As mentiras convencionais de nossa civilização. Uma adaptação deste título tão feliz pode ser feita para a educação brasileira a partir de duas notícias salvacionistas para a escola.
Primeira notícia: o Governo do Estado de São Paulo vai investir em lousas digitais. Dessa forma, afirmam os especialistas, o aluno terá mais interesse nas aulas. De acordo com as pesquisas sobre uso de tecnologia na educação (Folha de São Paulo, 5 de abril de 2012), a modernização tecnológica não melhora o aprendizado.
Segunda notícia: o governo paulista não está só. O MEC prometeu distribuir 600 mil tablets para professores. Trata-se de uma prancheta eletrônica que permite acesso à internet, entre outras coisas (como desenhos, jogos e entretenimentos). É possível que a maioria dos professores sequer saiba o que é isto e talvez fosse mais fácil o governo ter usado o termo português “tablete”. Outra ideia do ministro da Educação (Veja, 19 de março de 2012) é alfabetizar as crianças mais cedo e aplicar uma prova aos oito anos de idade para observar seu grau de alfabetização.
Bem, escolhi duas notícias ao acaso já que todo mundo apresenta ideias para a escola. Mas a maioria delas está ancorada numa das mentiras convencionais desmentidas abaixo:
1. Não é verdade que alfabetização até os oito anos seja indispensável. Várias pesquisas (mas a história também) mostram que alfabetizar mais cedo pode até ser prejudicial e que é preferível brincar a estudar antes daquela idade. Cada criança tem um ritmo próprio de aprendizado e a escola deveria respeitar isso.
2. Não é verdade que tecnologia facilite o aprendizado por torná-lo mais atraente. Ninguém deseja que a escola volte aos padrões rígidos de um século atrás. Mas jogar pedra na casa do vizinho ou fazer sexo sempre será mais atraente do que fazer análise sintática ou resolver equações de segundo grau. A escola tem uma dimensão disciplinar inescapável e sem ela não podemos aprender.
3. Não é verdade que a escola pública era boa porque era para poucos e hoje é ruim porque atende a todos. Ela se tornou ruim porque o Estado preferiu investir somente na sua expansão física e passou a gastar proporcionalmente menos com professores e equipamentos tradicionais (livros, laboratórios, bibliotecas, piscinas e anfiteatros). Massificação com ampliação de recursos não seria problema algum. E de onde viriam os recursos? Bem, o Estado optou por construir Brasília, sustentar a corrupção da Ditadura Militar e gastar com pagamento de juros.
4. Não é verdade que a redução da idade de ingresso na escola atendeu critérios pedagógicos. Como as creches se tornaram um direito reivindicado pelas mães e custa mais barato abrir um turno na escola fundamental, os governos reduziram a demanda por creches fazendo as crianças saírem mais cedo delas.
5. Não é verdade que aumento salarial substancial não melhora a educação. O problema é que um professor carece de salário e status. A relação pedagógica é baseada principalmente na autoridade conferida ao docente pela avaliação, idade, conhecimento e respeito social. Como vivemos numa sociedade capitalista, é claro que a maior parte desses atributos depende da renda. Ou seja: do salário!
6. Não é verdade que o investimento dos governos em tecnologia educacional tenha por escopo melhorar a educação. Na verdade este tipo de investimento é adotado porque é mais barato e aparece mais.
7. Não é verdade que determinar novos conteúdos para o currículo escolar melhore a cidadania. Mas é verdade que pode piorar o estudo de conteúdos já tradicionais como Matemática, História ou Língua Portuguesa. O problema do trânsito, a religião, atividade sexual, prevenção de doenças, ecologia, direitos humanos, criminalidade, drogas etc., são sempre problemas que os políticos deixam para a escola resolver. Basta um congressista ter uma ideia e já temos uma nova obrigação para os professores. Perguntar se uma lei é exequível em função do orçamento é algo comum, mas ninguém se pergunta se os novos conteúdos obrigatórios “cabem” no currículo e no tempo de aula. É que todos esquecem que a educação não se dá apenas na escola. Só uma parte da educação juvenil é escolarizada porque na maior parte do tempo o aluno está submetido a outros educadores: amigos, família, polícia, deputados, más ou boas companhias, namorados etc. Por isso, pouco adianta ensinar ética se o Congresso Nacional perdoa seus parlamentares corrompidos.
É preciso dizer que a instituição escolar está em crise (como a família, as Forças Armadas, a Igreja e os partidos). As relações entre jovens e velhos, filhos e pais, chefes e subordinados mudaram. Impotentes, todos esperam que a escola seja a única a resolver uma crise civilizacional. É possível que a escola não exista mais num futuro longínquo. Afinal, a escolarização em massa é muito recente na história.
Mas por enquanto precisaremos dela. Quando um ministro diz que os alunos estão no século XXI e a escola no século XIX, esquece que em alguns lugares (como o Brasil) nós passamos diretamente de um país ágrafo para outro que assiste televisão e manipula ícones no computador. Não tivemos (como no Velho Mundo) a fase do livro e da leitura. Ainda precisamos um pouco de século XIX: professores respeitados, giz, quadro negro, alunos na sala de aula e livros à mão cheia.

* Professor de História Contemporânea na USP. É autor, entre outros, de História do PT (2011).

TELINHA QUENTE 41


Roberto Rillo Bíscaro

Na era do compartilhamento de arquivos e sítios onde se baixam filmes, séries, documentários e programas de TV, espanta-me a falta de iniciativa e criatividade dos que se queixam da escassez de boas opções televisivas.
Terça passada vi uma pequena pérola produzida pela rede norte-americana CBS, em 1966: uma adaptação de Death of a Salesman, obra-prima de Arthur Milller. Teleteatro como não havia há anos. Será que ainda se produzem coisas assim?
Miller demole a ideia do Sonho Americano através do sexagenário Willy Loman, que viveu acreditando que o mais importante era “ser gostado” e se dando importância que não possuía. O trágico Loman jamais percebeu ser peça pequena e facilmente substituível do jogo/jugo capitalista. No processo, cria os 2 filhos enchendo tanto suas bolas que o mais jovem se torna mulherengo e quase cópia do pai e o mais velho, Biff, uma espécie de perdedor crônico. Entretanto, é o primogênito o único a ter consciência da desimportância dos Loman na ordem das coisas.
A Morte do Caixeiro-Viajante permite muitas abordagens e os críticos frequentemente preferem olvidar o veneno destilado por Miller contra a selvageria capitalista, desviando o foco pra relações pai e filho, adultério e sei la mais qual detalhe.
Realismo-psicológico com sobretons de tragédia grega, Death of a Salesman não achincalha o pobre Willy Loman, em processo acelerado de desintegração mental, a qual se manifesta formalmente na estrutura temporal da obra. Linda, a esposa devotada, é quem nos chama a atenção pro fato de que, embora antipático, Loman é uma vítima dum sistema incompreensível ao homem comum. “Atenção deve ser prestada”, diz ela, na maestria milleriana de fazer a frase na voz passiva. A última fala é dela e sintomaticamente repete “não entendo, não entendo”, aos prantos.
Triste e comovente, a versão da CBS pra Death of a Salesman traz Lee J. Cobb como Willy Loman. O ator conhecia o papel de cor, uma vez que o interpretara na Broadway, na estreia da peça, em 1949. O já veterano Lee não deixa pedra sobre pedra: há horas que dá vontade de abraçar Willy e consolá-lo, em outras, dá ganas de torcer-lhe o pescoço. Mãos, expressão facial, tons de voz, velocidade de fala, tropeços vocálicos; Cobb ganhou lugar no paraíso dos tespianos.
Claro que a excelência do trabalho não seria possível sem os demais ótimos atores e a produção, que é de teleteatro e não de telefilme.
Saber outro idioma e otimizar o uso dessa ferramenta fantástica que é a internet é a solução pro seu tédio frente à telinha. 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

ORCA ALBINA?

Orca branca adulta é vista 'pela primeira vez' na natureza

Uma orca branca adulta foi vista pela primeira vez na natureza, segundo cientistas de universidades em Moscou e São Petesburgo.
O cetáceo macho, provavelmente albino, foi fotografado perto da costa de Kamchatka, na Rússia, e recebeu o apelido de Iceberg.
Ele parece ser saudável e vive em uma família com outras doze orcas.
Cetáceos brancos de várias espécies são vistos eventualmente, mas as únicas orcas conhecidas eram jovens, incluindo uma com um problema genético raro, que morreu em um aquário canadense, em 1972.
E Lazareva/Ferop/E Lazareva/Ferop
Orca branca adulta é vista pela primeira vez na natureza, segundo cientistas russos
Orca branca adulta é vista pela primeira vez na natureza, segundo cientistas russos
Nadadeira de 2 metros
O encontro com Iceberg aconteceu durante uma expedição de pesquisa com um grupo de cientistas e estudantes russos, co-liderada por Erich Hoyt, renomado cientista especializado em orcas, que agora faz parte da Sociedade de Preservação de Baleias e Golfinhos (WDCS, na sigla em inglês).
"Já vimos duas outras orcas brancas na Rússia, mas elas eram jovens, enquanto esta é a primeira vez que vimos um adulto maduro", ele disse à BBC.
"Ele tem a nadadeira dorsal de 2 metros de um adulto macho, o que significa que tem pelo menos 16 anos de idade. Na verdade, a nadadeira está um pouco desgastada, então ele pode ser um pouco mais velho."
As orcas - que também são conhecidas como baleias-assassinas, apesar de não serem tecnicamente baleias, mas animais da família Delphinidae, a mesma dos golfinhos - atingem a idade adulta aos 15 anos e os machos chegam a viver 50 ou 60 anos, apesar de 30 ser a expectativa de vida mais comum.
"Iceberg parece estar bem socializado. Sabemos que essas orcas que se alimentam de peixes ficam com as mães a vida inteira e, pelo que podemos ver, ele está bem atrás da mãe com supostamente seus irmãos ao lado", disse Hoyt.
Moby Dick
A causa da pigmentação incomum é desconhecida. A orca branca que vivia em cativeiro, Chima, sofria de síndrome de Chediak-Higashi, uma doença genética rara que causa albinismo parcial, assim como diversas complicações de saúde.
É possível que se tente fazer uma biópsia em Iceberg, mas os cientistas relutam em fazer isso a não ser que haja uma justificativa importante para a preservação da espécie. Eles esperam, no entanto, observar o animal mais de perto para, entre outras coisas, identificar a cor dos olhos do cetáceo.
O projeto co-liderado por Hoyt, o Far East Russia Orca Project (Ferop), foi o pioneiro no monitoramento visual e acústico nos mares de Kamchatka e produziu diversos estudos sobre a comunicação das orcas.
As pesquisas podem ajudar a entender melhor a complexa estrutura social das "baleias assassinas", que inclui clãs familiares matriarcais, grupos formados por diversas famílias ou até em "supergrupos".
Um projeto relacionado busca estudar e preservar o habitat para todas as baleias e golfinhos na costa da Rússia.
Nos últimos anos, uma baleia-jubarte branca apelidada de Migaloo gerou grande interesse na Austrália, enquanto a beluga do Ártico é naturalmente branca.
A mais famosa baleia branca, no entanto, é a cachalote ficcional Moby Dick, que levou o capitão Ahab à morte no livro de Herman Melville.

CAIXA DE MÚSICA 68

Topônimos 80’s – IV
Roberto Rillo Bíscaro

Topônimos são nomes ou expressões para designar lugares. Selecionei grupos e canções da década de 80, que contenham referências de cidades, estados, países ou continentes nos nomes 

Panama (1984), do Van Halen, na verdade, nada tem a ver com o país centro-americano. A canção é sobre um automóvel. Entretanto, o exército norte-americano usou a canção como parte da “trilha-sonora” tocada a alto-volume pra expulsar o governante panamenho Manuel Noriega, em 89. Os produtores ingleses Stock, Aitken e Waterman dominaram as paradas de boa parte do globo na segunda metade dos 1980, com seu pop grudentamente pré-fabricado. Em 86, inventaram o nome Mondo Kane e lançaram o samba de laboratório New York Afternoon. Várias fontes na net creditam a cantora polonesa Basia (do Matt Bianco) como backing vocal. Mentira. Brasil, que denuncia nossas inúmeras mazelas, fez parte do álbum ideologia de Cazuza (1988). Gal Costa a regravaria e a canção foi tema de abertura da novela Vale Tudo. Ao invés de fingir que os EUA são o modelo perfeito de democracia, o punk Dead Kennedys desce o pau nas ditaduras orientais, mas também ataca a complacência de seu país. Safra 1980. Demais! A inglesa Kim Wilde foi sucesso no comecinho dos anos 80. Em 81, seu single Cambodia – sobre um piloto da força aérea britânica desaparecido no Camboja – vendeu muito bem em diversos países. A multirregravada Kids in America (1981) é uma delícia dançante e new wave. Kim Wilde, te amo! Em 81, Japanese Boy alcançou o topo das paradas britânicas. Aneka era uma espécie de mistura bizarra de Kate Bush com Blondie na Ásia. Cantora de um único sucesso, Aneka voltou pra Escócia onde segue cantando música tradicional com seu nome verdadeiro: Mary Sandeman. Trash 80s. Sucesso em certos países da Europa continental, Paris Latino é eurodance trash, gravado pelos suíços do Bandolero. Gravada em 83, lembro-me de tê-la ouvido muito por aqui em 86 ou 87. Já detestei mais, agora nem tanto, mas ainda não gosto. Em 1984, o britânico Murray Head lançou um álbum cinceitual, como trilha sonora pro musical Chess. Sucesso em diversos países, One Night in Bangkok foi criticada pelo govrno tailandês como desrespeitosa.