segunda-feira, 29 de julho de 2019

CAIXA DE MÚSICA 374

Roberto Rillo Bíscaro

O segundo álbum da diva negra canadense mergulha fundo na black music dos anos 60/70 

Sobre o álbum de estreia de Tanika, cheque: 

quinta-feira, 25 de julho de 2019

TELONA QUENTE 298


Roberto Rillo Bíscaro

Tantas trilogias fizeram-me recordar de uma, perdida nos recônditos B dos anos 1950. Não foram 3 filmes com aventuras em sequência, porque o conceito Star Wars ou Desejo de Matar ainda estava um quartel de século distante. Aventuras seriadas restringiam-se aos agonizantes serials ou à engatinhante TV.
A trilogia rememorada foi a do produtor independente Ivan Tors, que fez trinca de baixos-orçamentos estrelados pelo Office of Scientific Investigation (OSI), grupo de cientistas que usava geringonças, conceitos e ideias altamente tecnológicos pra salvar o planeta. Talvez nem à época o público se tocou que havia elo entre The Magnetic Monster (1953), Riders To The Stars e Gog (ambos de 54). Mesmo Richard Carlson tendo estrelado os 2 primeiros, seus respectivos cientistas tinham nomes distintos.
The Magnetic Monster otimiza seus ínfimos dólares de produção, de maneira espetacular, porque o Monstro Magnético, conforme título no Brasil, não precisa aparecer e uns 15 minutos dos 76 de duração são imagens de arquivo ou reutilizadas de produção sci fi alemã dos anos 30. Demonizar personagem alemã ainda era comum no cinema, mas usar coisas de lá sem que o público soubesse tudo bem.
Os doutores do Escritório de Investigações Científicas recebem chamado duma loja de ferragens, onde mercadorias estavam misteriosamente magnetizadas. Investigações concluem que isso foi obra dum cientista que brincou demais com radiação, por isso, além de morrer, criara monstrengo radioativo, que transformava energia em matéria ao comer a primeira e crescia em progressão geométrica, mas ainda cabia num container qualquer. Mas, se não fosse detido, destruiria o planeta. O único local onde havia esperança de detê-lo era num laboratório sob o mar, na Nova Escócia.
The Magnetic Monster é repleto de diálogos pseudocientíficos e boa parte de sua exibição é gasta em mostrar em operação, máquinas complexas pra época, além de muita imagem de espectrômetro ou seja lá como se chamam essas maquininhas físicas. Também abundam os barulhinhos tecnológicos, já aludidos pelo narrador como “música da nova era tecnológica”. A então molecada do Kraftwerk e os nem nascidos synthpopers inspirar-se-iam nesses sons. E olhe que The Magnetic Monster nem tem musiquinha ainda, são apenas bips e blips de vários tons. Mas é tudo bem legal, hoje curiosidade de arqueologia cibernética, mas nem por isso menos fascinante pra fãs de ficção-científica e vida vintage.
E como não aplaudir a criatividade do roteiro, que cria monstro sem precisar gastar dinheiro confeccionando-o, porque é energia ainda baby, então dá pra mostrá-lo como luminosidade em visor dalgum aparelho.
Malgrado o estratagema malandro pra fazer filme sem grana, The Magnetic Monster acaba demonstrando a relação quase de fetichização erótica para com o maquinário high tech da década, que inundou os lares afluentes da classe-média ianque com aparelhos domésticos fabricados a partir de avanços do esforço de guerra quarentista.
A molecada nerd e geek da época deve ter amado tanto botão e papo cabeça de ciência de botequim.

Em Riders to the Stars, o Office of Scientific Investigation sequer é mencionado, apenas aparece numa placa. Anos 50 definitivamente ainda não era tempo de franquias.
Riders é bem menos fascinante hoje do que The Magnetic Monster, porque seu roteiro precisaria de mais verba. Talvez se ficasse na casa dos 70 minutos e não nos 81 ajudasse também.
Pra poder estabelecer uma base orbital, era necessário compreender como os metais se comportavam, quando extraídos diretamente do espaço, sem a interferência da fricção causada pela brutal entrada na atmosfera terrestre dos meteoros, até então única maneira de coleta de minerais submetidos às condições espaciais. Monta-se então programa supersecreto que mandará 3 foguetes pro espaço, numa rápida missão pra colher asteroides. Mandar mais de um é bom pro roteiro, porque dá pra explodir um e dramatizar algo com outro. Quantos vocês acham que conseguem retornar à Terra?
Mais de dois terços são gastos na seleção dos candidatos e em treinamento de astronautas, tornando Riders bem lento, mas também avô dos atuais docudramas. Como no monstro magnético, engenhocas de treinamento são mostradas, além de telescópios e afins.
Apesar de na equipe selecionadora dos candidatos a pegar asteroides haver uma cientista, apenas homens são escolhidos. Isso, porque na convenção desses filmes sci fi dos 50’s, a participação feminina na ciência era quase ilusão de ótica. O que o roteiro necessitava mesmo era duma mulher pra parear romanticamente com o galã-protagonista. Ser cientista apenas facilitava encaixá-la na trama.
Com imagens de arquivo dos famosos ratinhos desesperados pela falta de gravidade e enorme pressão a que foram submetidos, também usadas em Spaceways, e sem mostrar o momento em que a espaçonave abocanha o asteroide, Riders to the Stars só vale se você quiser constatar algumas técnicas de treinamento usadas no programa espacial nos 50’s. 
O que melhor equilibra exposição de maquinário tecnológico com ação é Gog, que deve ter saído por uns 250 mil dólares, então deu pra caprichar um pouco mais.
Mortes misteriosas pela tecnologia sofisticada começam a ceifar cientistas e funcionários duma base militar subterrânea ultrassecreta, onde estação espacial está sendo construída pra vigiar o planeta mediante satélite com câmera. A conclusão do porquê as mortes ocorrem, não apenas justificam o big-brotherismo do projeto, mas fazem de Gog vovô simplificado de Black Mirror.
Em cores, hoje a gente dá risada de quando o temido robô ataca, porque a rigor ele fica parado apenas mexendo os braços, mas na época deve ter sido absolutamente divertido ver mortes tão “científicas”, sem contar os experimentos e cientificices da exposição da trama, que ocupa boa parte do filme. Pra molecada que devorava quadrinho sci fi e o público que se cria cientista lendo revistas como Popular Science, Gog deve ter sido o máximo.

quarta-feira, 24 de julho de 2019

CONTANDO A VIDA 276

O PIOR DO (MUITO) PIOR.

José Carlos Sebe Bom Meihy

No dia 17 de abril de 2016, tomei decisão aguda: guardaria minha tristeza na gaveta mais escondida de meu silêncio político, e resignado lançaria a chave imaginária no oceano das tais ilusões perdidas. Era demais enfrentar novo impeachment – dois em uma geração que começou votar para presidência com mais de 40 anos de idade. E inventariava minha tristeza considerando prematuro supor que a longa noite de 21 anos, a sutil, mas não menos cruel ditadura, havia passado. Confesso que foi alentador viver os fátuos mandatos de esperança que se seguiram ao declínio militar. Mesmo com limites, não há como negar as benesses de mudanças e a ventilação de possibilidades de se ter um país com menor número de pessoas abaixo da linha de pobreza, com respeitos, menos misógino e mais acolhedor. Os dias que se seguiram àquela fatídica sessão da Câmara - as semanas e anos - foram acentuando diferenças entre o que viam ameaças à democracia em contraste com discursos populistas baseados em fatos fabricados. Eu calado assim, no fundo das mágoas contidas, não conseguia acreditar nos ecos crescentes e entoados de tantos queridos: amigos, parentes, vizinhos. Tristíssimo, não me autorizava pronunciar contraditório algum, até porque a corrente avassaladora que ganhava força me era incompressível e expressa em manifestações capazes de misturar piadas com ações patrioteiras, ataques nutridos de fake news.
E veio o governo Temer. E veio o embalo das novas eleições. E ampliaram-se as manifestações radicais que jogavam uns contra outros, tudo com muita raiva e sede de vingança. As ruas se encheram das cores da bandeira, bateu-se panela, os hinos cívicos e os ditos excludentes se fizeram berros. Qualquer um que não marchasse na cadência das ordens daquela exalação seria considerado bastardo, traidor da moral e defensor de bandidos. Tudo em nome do combate à corrupção, à moral familiar ofendida pelo louvor às diferenças. Agigantava-se um produto de uma versão religiosa fundamentalista que se vangloria de ser “terrivelmente cristã”. Terrivelmente... Mas, na medida em que o ódio se naturalizava como virtude cívica, fui sentindo que precisa fazer alguma coisa. Precisava, mas não tinha forças suficientes até que se aproximaram as últimas eleições, e então busquei escafandro e mergulhei no encalço da chave perdida e, de posse, ousei abrir discretamente a tal gaveta. Falei um pouco, talvez menos do que deveria, mas bradei o suficiente para reafirmar Cecília Meireles no verso Punhal de Prata: “A maior pena que eu tenho/ punhal de prata, não é de me ver morrendo/ mas de saber quem me mata”. Entre os que “me matavam” estavam amigos queridos, irônicos, tão auto sonantes em desprezos.
A realidade dos fatos, vagarosamente foi mostrando que eu não estava tão equivocado. Vendo os verbos presidenciais sendo conjugados fora das gramáticas políticas e da decência, novamente, percebia a graça da história. Definitivamente, pela escrita, deixei o pacto de silêncio e recuperei a crença popular garantidora de que o peixe presidencial morreria pela boca. Mas não foi sem dor que fui vendo desbotar os devaneios contrários. Sofria pelo preço pago por todos. Tudo seguia seu curso, diria. Aconteceu, porém, esta semana uma série de absurdos que me obrigam a constatar os percalços e ver que há esperanças. Como resposta a um eloquente “não dá mais”, somaram-se impropérios que, em conjunto, animam pensar que o avesso da sensatez está promovendo a longa virada. Vejamos alguns lances que dignificam o que penso:
“Se não puder ter filtro, vamos extinguir a ANCINE”
“(Miriam Leitão) estava indo para a guerrilha do Araguaia quando foi presa. E depois conta um drama todo, mentiroso, que teria sido torturada. Mentira”
“Daqueles governadores de... paraíba, o pior é o do Maranhão”;
“Já mandei ver quem está a frente do INPE para que venha a Brasília explicar estes dados que foram enviados à imprensa”, e, não bastasse, declarou suspeitar que o Diretor do INPE estaria “à seviço de alguma ONG”;
 “falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não se come bem, aí eu concordo. Agora passar fome, não. Você não vê gente, mesmo pobre, pelas ruas com o físico esquelético como se vê em outros países pelo mundo”
No primeiro caso, trata-se de censura impensável em qualquer democracia. Não cabe ao mandatário do estado definir o que é correto para a moral pública. Além disso, existem os “filtros legítimos” permitidos pelos limites de idade. E seria tão recomendável que o emissor de tal bobagem soubesse o que é e o que não é pornográfico.
A frase sobre Miriam Leitão além de ser falsa, mentirosa, dimensiona o esforço de limitação da opinião pública. Replicando a censura, o dizer presidencial quer acabar com a opinião crítica e impor o pensamento único (desde que o pensamento único seja o dele). Convém lembrar que isto foi dito em resposta a um questionamento feito em ato oficial, frente à imprensa estrangeira.
O ataque deferido contra o governador do estado do Maranhão é gravíssimo, não apenas pela discriminação àquele estado, mas a todo o bloco do Nordeste. A agravar tudo, a depreciação contida no termo “paraíba” revela a carga indisfarçável de preconceito que, expresso pelo presidente da República, derruba os limites do suportável.
Além de contestar dados oficiais, emitidos por agência do próprio governo, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, orgão do Ministério de Ciência e Tecnologia), foi sugerido que haveria uma série de ONGs interessadas em forjar informações a favor de interesses estrangeiros. Lembremos que isso foi dito no momento em que alguns países patrocinadores de ajuda a Amazônia (Noruega e Alemanha) questionam o andamento das políticas de meio ambiente.
Também como resposta, a referência ao número de pessoas que passam fome, revela o despreparo e a desinformação do mandatário. Os totais revelam aumento assustador de contingentes famélicos desde 2017. Convém notar que as estatísticas são oficiais e dão conta que 5,2 milhões de pessoas no Brasil passaram um ou mais dias sem consumir alimentos, segundo levantamento feito por agências da ONU.

Se, contudo, me fosse dada a tarefa classificatória do pior emitido pelo presidente, a campeã não seria nenhuma destas pérolas. Acima de todas as demais, desdobramento da absurda nomeação do filho, o tal 03, para a embaixada brasileira nos Estados Unidos, ganharia o troféu: “se eu puder dar filé mignon para o meu filho, eu dou”. Sei que o caminho é longo. Em igual proporção estou ciente que serei chamado de esquerdista, comunista ou petista. Mas tudo vale a pena para acolher os democratas, aqueles que acreditam que vamos soltar a voz democrática.

terça-feira, 23 de julho de 2019

VERMELHO LETAL

Raro jacaré albino morre nos EUA após infeção o tornar vermelho

Um dos jacarés mais emblemáticos do mundo morreu na Carolina do Sul depois de apanhar uma infeção que começou a transformar sua pele pálida em uma com tonalidades de vermelho.

O Aquário da Carolina do Sul, localizado na cidade de Charleston, anunciou ontem (19) a morte do jacaré albino chamado Alabaster.
A instituição não revelou muitos detalhes sobre o que teria matado o crocodilo, os sintomas incluíam perda de apetite, informa Charlotte Observer. 

"Na semana passada, o Alabaster começou a mostrar sinais de infecção, o que era visível através de uma descoloração vermelha da sua pele", informou a publicação do Aquário.

"Os veterinários começaram de imediato a ministrar tratamentos para ajudar o corpo de Alabaster a combater a infeção, incluindo fluidos, antibióticos, vitaminas e suplementos de nutrição [...] Apesar dos nossos esforços, o Alabaster morreu esta manhã", diz a publicação.

O réptil veio para o aquário em 2009 e era "um dos cerca de 50 jacarés albinos que se sabe existirem no mundo", de acordo com jornal The State. Alabaster tinha 22 anos e era considerado uma das maiores atrações turísticas.

TELINHA QUENTE 370


Roberto Rillo Bíscaro

Se as mirabolantes tramas Nordic Noir glamurizam e, de certo modo, anulam os problemas sociais escandinavos, mediante exageros fetichistas, algumas produções suecas têm esborrifado sal em feridas do bem-estar social nórdico. Racismo, ascensão da extrema-direita, falhas no propalado programa de integração étnica, isso e mais têm sido tematizado em ótimos shows, como Blå ögon e Midnattssol.

A meia dúzia de capítulos de Areia Movediça (2019) adota perspectiva bem mais psicologicamente perscrutadora, mas também indica que não é só no reino da Dinamarca que há algo apodrecido. Além disso, é mais acessível, porque pertence ao catálogo da Netfliix, inclusive com dublagem.

Meio na estrutura da temporada primeira de The Sinner, Störst av allt, desvenda através de flashbacks, um massacre ocorrido em escola de bairro elitista de Estocolmo. De início, ouvimos tiros por detrás de porta cerrada, que, logo percebemos tratar-se de sala de aula. A jovem Maja parece ser a única vítima sobrevivente, mas o estatuto de vítima passa ao de perpetradora em um átimo. Acontece que em Areia Movediça ninguém é apenas culpado ou inocente.

Maja é suequinha privilegiada, que, felizmente, não tem os dentes artificiais de suas congêneres ianques. Ótima aluna, irmã dedicada, filhota de ouro, Maja começa a namorar o algo careca Sebastian. Sonho de consumo pra quaisquer pais, o jovem leva Maja pra passear no iate do pai, no Mediterrâneo, onde o abastado Claes diz à adolescente, que agora ele tinha esperança de que Sebastian tomasse juízo. Aos poucos, nos damos conta da toxicidade do bad boy Sebastian, que engole Maja em seu redemoinho de drogas, autopiedade e ódio.

Como Maja não se recorda direito do que aconteceu nos momentos preliminares ao tiroteio, os capítulos intercalam cenas do presente – interrogatórios, reconstituição do atentado, julgamento – com o desenvolvimento do relacionamento Maja-Sebastian e sua imbricação com algumas outras personagens, especialmente Amanda e Samir, o filho de imigrantes, que vive num apartamento bem distinto à opulência de seus colegas de classe média-alta/alta, cheios de problemas. Claro que o foco é Maja e Sebastian, mas uma explosão fascista deste, indica a barra que Samir também enfrenta (mas nosso dó é direcionado mais aos suecos branquinhos...).

Insegura pela idade, pressionada pelos pares, com dó de Sebastian, Maja não consegue escapar da letalidade do relacionamento. Areia Movediça alerta que bondade demais não compensa: se afeta sua vida, deixa o outro se estrepar sozinho, afinal, você tentou. Mas, escrever isso da distância fria de uma telinha de notebook, sem estar vivendo a situação, é bem fácil. E é isso que pede a minissérie: empatia.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

CAIXA DE MÚSICA 373

Roberto Rillo Bíscaro

Os britânicos pegaram seus sucessos dos anos 80 e os estenderam, no novo álbum, Inflight: The Extended Essentials

quinta-feira, 18 de julho de 2019

TELONA QUENTE 297


Roberto Rillo Bíscaro

Roger Corman é um daqueles cineastas B, que qualquer culturete deslumbrete pode gostar, porque desde os anos 60, a Cinemateca Francesa e o Instituto de Cinema Britânico incensam seu talento, também reconhecido pela Nouvelle Vague e que iniciou diretores e atores famosos, de Jonathan Demme a Diane Ladd. Mestre em fazer filmes interessantes com orçamento baixo, Corman fez as adaptações mais climáticas de Edgar Allan Poe.
Como todo mito – Corman sim o é! – tem um início, resolvi checar o primeiro filme produzido pelo norte-americano, Monster from the Ocean Floor (1954), que na melhor das hipóteses teve orçamento de 30 mil dólares. O empreendedorismo do cinema como indústria de linha de produção braçal, começou dando certo economicamente. O filme foi vendido pra Lippert Pictures por 110 mil dólares e já apresenta todos os elementos da fileira de filmes independentes, baratos, oportunistas (no bom e mau sentido) e com gente desconhecida, que enfeitam a longa carreira de Roger.
“Quickie” e/ou “cheapie” designavam filmes baratos feitos nas coxas (quickie também é uma foda rapidinha) bem velozmente. Monster from the Ocean Floor durou menos de uma semana pra rodar e tem apenas 64 minutos de duração. Exato pra não gastar muito na produção e pra poder passar em sessão dupla nos drive ins.
O monstro do título não aparece nem por 4 minutos; o resto do tempo fica em conversas e gente nadando. Corman fez parceria com o fabricante dum minissubmarino individual, que pôde ser usado grátis em troca da publicidade. É a geringonça que mata a ameba gigante, inclusive. Ah, não reclame de spoiler! Você não acha que nos 50’s o monstro não morreria, né? Ou que já havia o difundido conceito de deixar possibilidade de sequência....
A trama é o usual. Uma veranista norte-americana no México ouve histórias sobre monstro marinho que atacava a comunidade. Ela conhece um biólogo marinho também norte-americano (ajudar latinos até vai, mas o herói tem que ser ianque, mesmo fora dos EUA, yeah!), que não crê no sobrenatural. Mas as investigações de Julie a levarão a ficar cara-a-olho com a criatura. Cara-a-olho, porque o monstro é tipo uma superbola com um baita olhão, sustentada por tentáculos pequenos. Supostamente isso seria uma ameba agigantada pelos testes atômicos no arquipélago de Bikini, em 1946. Tudo isso deduzido em segundos.
Dá pra perceber claramente que os diálogos foram dublados em estúdio, o monstro é pífio e o roteiro é sutil como um trator: a moça que jamais mergulhara, em 3 tomadas já está investigando pistas de monstros-marinhos em recife de corais! E claro, apesar de ajudados, os mexicanos são supersticiosos, esses “primitivos”, viu!
Mesmo não tendo sido dirigido por Roger e certamente por sermos deslumbrados pelo paparico crítico de seu trabalho, Monster From The Ocean Floor já apresenta aquela “estranheza” minimalista de seu trabalho, que, claro, é pura falta de dinheiro, mas que ele sabe administrar tão originalmente bem.

terça-feira, 16 de julho de 2019

TELINHA QUENTE 369


Roberto Rillo Bíscaro

Mesmo que o The Guardian tenha decretado a morte do Scandi Noir – in agora é curtir coisa belga ou israelense – os países nórdicos seguem exportando cada vez mais sua TV e ainda criam tendências.
Em 2011, a fenomenal Bron/Broen apresentou trabalho conjunto de policiais da Suécia e Dinamarca. Sem contar as diversas releituras, a série deflagrou séries de trabalhos colaborativos, como The Team (tá estocada, mas a fila é longa demais!) e a aguada Crossing Lines (tem na Netflix; não tive saco pra ver muitos episódios).
Em 2016, TVs da Suécia e França uniram forças pros 8 amalucados capítulos de Midnattssol, internacionalmente conhecida como Midnight Sun, por se passar no extremo norte sueco, fronteira com a Finlândia, onde, no verão, o sol não se põe durante semanas. Não é só no deserto que se consegue enjoar de tanta luminosidade; mesmo sobre gente encapotada, a perene luz castiga em alguns momentos.
Se Blue Eyes apresentou Suécia fascistoide, com mulher levando bofetada do macho, Midnight Sun (MS) nos leva à Lapônia sueca, onde a idealizada política de integração social não abranda o preconceito do sueco viking pelos nativos samis, os “índios” da Escandinávia, chamados de ratos lapões mais de uma vez. Os samis, por sua vez, guardam rancor histórico do invasor loiro, que tomou suas terras e sequer o considera como cidadão sueco. Sobrepostos ao cenário deslumbrante da natureza nórdica, gente da Suécia sem dente e vivendo em muquifos.
Midnight Sun abre com um dos assassinatos mais espetacularmente criativos que já vi – e olha que vejo inúmeros! Como o defunto é francês, a detetive Kahina Zadi vem da cosmopolita Paris pra insular e nanica Kiruna, onde trabalhará com o simpático Anders Harnesk. Ambos estão em regiões étnicas fronteiriças: Kahina tem ascendência argelina e Anders é parte sami.
Embora muito viciante, inverossímil e tresloucada – o último capítulo termina com um massacre – Midnight Sun só é consumo e diversão, não espere a alta qualidade “artística” do Nordic Noir; é roteiro de quem descobriu que marca dá dinheiro e foi atrás aproveitar.
Estetizando a violência no último – repare a beleza das gotas de sangue caindo em câmera lente sobre superfícies aquosas prateadas – MS não se envergonha de usar clichês surrados, como atribuir sabedoria mística aos nativos samis. Alguns falam com aquele jeito cifrado de quem sabe tudo e possuem certos poderes místicos (então, porque perderam tudo e vivem numa miséria desgraçada?).
Como todo policial contemporâneo que se preze tem que ter demônios pessoais que fazem o espectador imaginar como o Recursos Humanos da polícia deixou passar, o par de MS também os tem. Acontece que nada servem à trama, na verdade, só a atrasam, Dava pra ser meia dúzia de capítulos tranquilamente.
Em resumo, Midnight Sun acerta no atacado, mas no varejo tem muitas imperfeições. Não admira que o The Guardian tenha usado a série como exemplo pra declarar o óbito do Nordic Noir. Mas, é exagero, dá pra se divertir de boa.

domingo, 14 de julho de 2019

ALBINO HOMENAGEADO

Ator do filme ‘Filhos da Lua na Terra do Sol’ é homenageado na Câmara

Na noite de 2 de julho, durante sessão na Câmara Municipal de Cuiabá, o vereador Marcrean Santos (PRTB) homenageou, com Moção de Aplausos, Hélio Simião de Almeida. Ele tem distúrbio de Albinismo Oculocutâneo e superou o problema de visão, causado pela síndrome, através do estudo, do trabalho e projetos que desenvolve na capital.
Hélio é biólogo e desenvolve trabalhos em escolas, creches e CMEIs municipais onde apresenta para crianças e adolescentes os riscos que o mosquito Aedes aegypti, vetor das doenças dengue, zika vírus, febres amarela e chikungunha representa para a população.
A forma que Simão enfrentou os problemas e limitações decorrentes do albinismo chamou a atenção de produtores e cineastas, em 2016 ele recebeu o convite para participar do Filme ‘Filhos da Lua na Terra do Sol’, em um documentário de 15 minutos, foram abordados questionamentos inusitados sobre o que é ser albino em Cuiabá? Como pessoas que devem viver longe do sol conseguem sobreviver em uma cidade quente como Cuiabá?
O vereador Marcrean procura com a homenagem valorizar ações como a de hélio e combater o preconceitos e duvidas quanto o albinismo.
“Fiquei emocionado com a história de Hélio, sem duvida várias pessoas se sentem motivadas com o trabalho que ele desenvolve principalmente aquelas que nasceram com albinismo, por isso a moção é uma justa homenagem”, frisa o vereador.
FILHOS DA LUA NA TERRA DO SOL
O documentário tem 15 minutos e foi rodado entre junho e agosto de 2016, em Cuiabá e Chapada dos Guimarães. São três personagens que ilustram o filme: Laudisseia, servidora pública do TRT Hélio, agente de endemias e Marcelo, professor de música e atualmente com cargo no Instituto dos Cegos.
PRÊMIOS
Melhor Filme Mostra Sesc de Cinema (Etapa Estadual – abril/2017)
Destaque Melhor Fotografia Mostra Sesc de Cinema (Etapa Estadual – abril/2017)
Destaque Melhor Desenho de Som Mostra Sesc de Cinema (Etapa Estadual – abril/2017).

Elizangela Tenório | Câmara Municipal de Cuiabá

sexta-feira, 12 de julho de 2019

PAPIRO VIRTUAL 139

Roberto Rillo Bíscaro

Em uma Helsinki caótica pelos danos do aquecimento global irreversível, um homem busca por sua esposa desaparecida.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

TELONA QUENTE 296

Roberto Rillo Bíscaro

Juliana deixou a cidade natal para trabalhar como inspetora de combate à dengue. Com a mudança, ela embarca numa jornada inesperada rumo à independência.

terça-feira, 9 de julho de 2019

TELINHA QUENTE 368

Roberto Rillo Bíscaro


Ao herdar uma casa de um desconhecido, Lisa logo percebe que existe um universo paralelo atrás das paredes, que leva a uma casa sem fim. 

segunda-feira, 8 de julho de 2019

CAIXA DE MÚSICA 372

Roberto Rillo Bíscaro

Em seu sétimo álbum, os ingleses mantém a criatividade e incorporam elementos ao seu synth pop.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

TELONA QUENTE 295

Roberto Rillo Bíscaro

Nas paisagens gélidas da Noruega, Roos faz sua visita anual à casa de sua mãe. No entanto, a visita desta vez não é uma visita comum: esta é uma visita para trazer más notícias.

terça-feira, 2 de julho de 2019

O PRÓ-ALBINO ANGOLANO

Movimento Pro-albino de Angola defende inclusão social


O Movimento Pro-albino de Angola defende o surgimento de iniciativas governamentais em prol da sua inclusão nas políticas sociais públicas, na política nacional de acção social e do cadastro social único cuja variável albinismo já está prevista.


O Programa Nacional de Combate a Pobreza e a municipalização da acção social, diz o movimento, na voz do seu líder, Guilherme Santos, deveriam ser instrumentos de políticas públicas concretas para inclusão social dos albinos afectados por factores de vulnerabilidade.

Por sua vez, a Associação de Apoio aos Albinos de Angola “4As” enaltece os esforços do Ministério da Saúde em benefício das pessoas com albinismo, reforçando os serviços de dermatologia nas províncias da Huíla, Luanda, Uíge e Zaire.

A Associação de Apoio aos Albinos de Angola reconhece por outro lado o abraço à causa do albinismo dada por entidades empresariais e diversas individualidades nacionais e internacionais. Por isso, Daniel Vapor, responsável da organização, entende que mais apoio é necessário.

“A criação de um fundo para complementar a iniciativa das próprias famílias é fundamental”, considerou o activista.

Para a Secretária de Estado dos Direitos Humanos, Angola tem todos os instrumentos legais para elaboração das políticas de protecção e apoio às pessoas com albinismo. Ana Celeste Januário cita no capítulo legal a Constituição da República e vários outros diplomas que garantem a inclusão social.

“Pensamos que são instrumentos importantes para ajudar na elaboração das políticas do Estado relativamente as pessoas com albinismo. Outras referências podem ser a lei relativa as pessoas com deficiência, as lei das acessibilidades, as diferentes legislações e programas quer sejam de saúde como de inclusão de todos”, disse Ana Celeste.

Cadastro

O Ministério da Acção Social Família e Promoção da Mulher afirma que já há algum trabalho a ser feito, sobretudo no que respeita ao cadastramento, todavia, reconhece que muitas outras acções ainda são necessárias desenvolver.

“Estamos agora a fazer o trabalho em três províncias-piloto, nomeadamente Uíge, Bié e Moxico. E todas as pessoas com albinismo que estejam nas províncias citadas e nos municípios que estão a fazer parte deste piloto, também estão a ser cadastrados”, disse Ruth Mixinji, Secretária de Estado para Família e Promoção da Mulher.

“Todos sectores devem trabalhar para que o cumprimento da lei seja efectivo. A sociedade civil deve continuar a trabalhar no sentido de se reforçar as parcerias e criarem mecanismos de integração no seu quadro de pessoal pessoas com albinismo”, exortou.

Discriminação

A discriminação é outra preocupação do sector responsável pela Acção Social e a Família em Angola. Vários são os relatos que apontam para a rejeição em casos de solicitação de emprego, aceitação social e outros que em nada contribuem para a integração das pessoas com albinismo.

“Já sofri discriminação sobretudo quando mais pequeno. Actualmente, directa ou indirectamente continuo a sofrer discriminação por causa do tom da pele. No meu caso pessoal, a família ajudou-me a ter uma auto-estima muito elevada”, conta Maningue Manuel, activista e funcionário administrativo de uma unidade hospitalar em Luanda.

A Secretária de Estado da Família e Promoção da Mulher chama atenção para importância de se desenvolver um trabalho conjunto, uma vez que nalgumas circunstâncias a discriminação é promovida no seio familiar.

“Se não trabalharmos na defesa e protecção dos direitos das crianças vivendo com albinismo, em particular, não estaremos a garantir que elas possam exercer as suas actividades para construção de uma Angola próspera e coesa”, disse.

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    TELINHA QUENTE 367

    Roberto Rillo Bíscaro

    Drama sobre a avó da atriz Ruth Wilson, que é a produtora executiva e protagonista, e a interpreta. 
    Passada entre os anos 1940 e 1960, conta a história verídica de Alison Wilson, que considera ter um casamento normal e feliz. No entanto, quando Alec, o marido, morre, Alison vê-se confrontada com o aparecimento de uma mulher que diz ser a verdadeira Mrs Wilson, abrindo um novo mundo de intrigas e segredos.

    segunda-feira, 1 de julho de 2019

    CAIXA DE MÚSICA 371


    Roberto Rillo Bíscaro


    O duo norte-americano faz um eletro fascinante, com vocais que transmitem depressão e desejo ao mesmo tempo.