quinta-feira, 30 de setembro de 2021

TELONA QUENTE 377

Em MALIGNO, Madison sente-se paralisada por visões chocantes de assassinatos horríveis, e tudo piora à medida que descobre que estes sonhos acordados são, de fato, realidades aterradoras.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

CONTANDO A VIDA 359

 COVIDIOMA, A LÍNGUA PANDÊMICA!


José Carlos Sebe Bom Meihy

Lembro-me com clareza do tempo em que se combatia com vigor tudo que vinha “de fora”. No colégio interno onde estudei, os padres alertavam contra estrangeirismos: anglicismo, galicismo, espanholismo. Bom mesmo seria o português castiço, algo achegado a Camilo Castelo Branco, Eça de Queiros e Júlio Diniz. Ah, os tempos em que se aprendia latim no ginásio, e tínhamos que falar corretamente sem erros ou marcas de expressão. Décadas mudaram e tivemos que nos adaptar à “democratização do uso da língua”. As grandes matrizes colonizadoras, responsáveis pelas “superações” das falas nativas também se viram abaladas. De todas – inglês, francês, espanhol e português – a nossa foi a mais afetada. Fosse pela força do tupi, resistente até o século XVIII, ou pelo patrimônio africano, incorporamos um vastíssimo vocabulário, e junto criamos entonações que nos distinguem.

A recente modernização urbana, capitalista e industrial, carreou novos desafios que, de modo sutil, sugere o inglês como espécie de vírus linguístico, que se infiltra de maneira quase natural em nosso corpo linguístico. O advento do computador, por seu turno, nos impôs verbos incômodos, mas perfeitamente naturalizados, e assim “deletamos”, “printamos”, “twitamos”, ficamos “on line”, incorporamos o “WhatsApp”, o “fotoshop”, e no lugar de mandar mensagens, enviamos “e-mails” (que, aliás, já estão meio fora de moda).

Diria que tudo seguia curso estranhamente progressivo quando, não mais que de repente, uma enxurrada de novos termos nos acomete de maneira avassaladora. De tal forma o fenômeno cresceu, que chamou a atenção dos atualizadores do grupo responsável pelo “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa” (VOLP), mecanismo regulador da fala nacional, órgão ligado à Academia Brasileira de Letras. Imaginemos: dos 1 600 verbetes inseridos na nova versão do Dicionário, mais de 5% se relacionam diretamente com o Covid 19 (sim, Covid é usado no masculino). E respeite-se também as decorrências, algo do tipo “home office”, “teletrabalho”, “lockdown”, “videoconferência”. Sugere-se, inclusive, uma nova área de estudos reconhecida como “covidioma”, pode? É bem provável que tudo tenha sido decantado durante o “blursday”, sentimento dominante em quantos, no confinamento, não percebiam mais a mudança do tempo, algo como se todos os dias fossem iguais.

A justificativa para tanta reverência a essas novidades vocabulares justifica a criação de um campo de estudos que passa a interessar à medicina pediátrica e à psicologia, o “coronababy”, estudo do comportamento de crianças geradas ou nascidas na vigência do Corona. E por falar em “covidioma”, não se pode esquecer do “covidivórcio”, prática posta em uso durante a fase de reclusão a que casais que não sabiam que o convívio intenso lhes era insuportável. É verdade que se deu também o oposto, ou seja, casais que viveram o “covidilove”, aqueles que se (re)apaixonaram, e (re)descobriram o significado do “até que a morte nos separe” durante a pandemia.

Ainda que ache muito criativo e curioso o processo como um todo, confesso que alguns novos verbetes me assustam, mas, mais que qualquer outro o “nomofobia” ganhou disparado. Para quem não sabe o que é isso, explico: é o medo patológico, alucinante mesmo, de ficar sem contato com o mundo, de se sentir esquecido. Este grave pânico se manifesta pelo pavor de ficar sem conexão via internet. Ah! Há também o “covidamigo”, ou seja, a descoberta de um melhor amigo feito na fase da reclusão, claro, mediado pelo celular ou computador. E têm o “apaixonavid”, aqueles que, mesmo sem contato diretor, físico, se enamoraram por meio da eletrônica.

A par de tantas tolices, um termo tem merecido carinho especial, o “coronaplauso”, ou seja, o agradecimento aos cuidadores dos adoecidos que, mesmo à distância, são dignos de tanto respeito. No mais, na contramão dessa saudação, ressalto outro termo, o “covidiota” que, aliás, explica o “covidioma” que no máximo é catarse esdruxula... mas até que diverte.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

TELINHA QUENTE 365

Centenas de jogadores sem dinheiro aceitam um estranho convite para competir em jogos infantis. Lá dentro, um prêmio tentador os aguarda - com apostas altas e mortais.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

CAIXA DE MÚSICA 472

Roberto Rillo Bíscaro

Na veia de letristas engajados como Chico Buarque, André Mussalem
apresenta um álbum ritmicamente variado e que denuncia, mas sem perder a esperança.

domingo, 26 de setembro de 2021

RESPONSABILIDADE

Homem albino que teve câncer de pele por exposição ao sol no trabalho será indenizado em BH

Publicado em 21/09/2021 às 18:36



Uma instituição de ensino técnico de Belo Horizonte foi condenada pela Justiça do Trabalho a indenizar um ex-empregado que adquiriu câncer de pele por exposição intensa ao sol. O trabalhador que é albino e exercia a função de office-boy alegou que ainda foi demitido após o diagnóstico da doença.

À Justiça, o homem contou que foi contratado por meio do Programa PCD (Pessoa com Deficiência). Ele disse que diariamente fazia entregas a pé, debaixo do sol, e sem nenhuma proteção oferecida pela empresa.


No processo, a defesa da instituição negou que a doença fosse consequência do trabalho exercido pelo profissional. Mas a perícia técnica apontou que o diagnóstico de câncer de pele teve como motivação a intensa exposição solar.


Agora, a instituição terá que pagar R$ 10 mil ao ex-funcionário, quantia correspondente ao valor gasto por ele com a manutenção do plano de saúde.
Testemunhas confirmam exposição

Testemunhas ouvidas durante o processo relataram que o ex-empregado fazia serviços externos de forma habitual, com exposição ao sol, e sem o fornecimento dos equipamentos necessários. Uma delas confirmou que o trabalhador só passou a receber o protetor solar depois do diagnóstico de câncer de pele.


Outra testemunha relatou que o encontrou, por algumas vezes, “bem vermelho”, por trabalhar externamente. Um funcionário, que também exerce a função de office boy, relatou que os dois faziam entregas de correspondência.

Segundo ele, o autor saía entre as 8h30 e 9h e só retornava à unidade por volta de 11h e que, por regra, fazia as entregas a pé. Somente após o laudo médico, que comprova o diagnóstico de câncer de pele, ele foi orientado a trabalhar internamente.

Demissão discriminatória

Na visão do juiz Henrique Alves Vilela, ficou provado que o funcionário possuía limitações. “O trabalhador é portador de moléstia que o incapacita para exercer atividades que demandem exposição ao sol, o que pode causar estigma ou preconceito”, pontuou.

Ainda assim, o juiz acredita que não havia um motivo razoável para a dispensa do empregado. “Não foi demonstrada a necessidade de demissão em razão de fato objetivo como, por exemplo, diminuição de trabalho ou encerramento de determinado setor”, disse.

Por isso, no entendimento do julgador, essa dispensa transmite aos demais empregados a mensagem de que os trabalhadores com deficiência não são aceitos na empresa. “Especialmente quando diagnosticados com moléstia que é vista, no geral, como grave, no caso o câncer de pele, a qual causa inconvenientes para o empregado”, disse.

O que é albinismo?

O albinismo é uma condição genética caracterizada pela ausência total ou parcial da melanina, proteína responsável pela coloração e proteção da pele. Por esse motivo, pessoas albinas possuem a pele muito branca e sensível, além dos cabelos, cílios e demais pêlos do corpo também serem muito claros.

A doença não possui cura, por isso, pessoas com albinismo devem tomar uma série de cuidados e evitar exposição ao sol.

TRISTE INSPIRAÇÃO ALBINA

Mocha Dick, a baleia que inspirou Moby Dick




A cerca de trinta quilômetros da costa central do Chile, há uma pequena ilha, um destino turístico chamada Mocha, e habitada pelos indígenas mapuche. A ilha era bem conhecida entre os marinheiros, especialmente piratas e corsários, que usavam a ilha como base de suprimentos, trocando produtos de metal e outras quinquilharias por gado, milho e batatas com os indígenas.

Ilha de Mocha na Costa do Chile | Crédito da foto

Os corsários ingleses e holandeses frequentemente paravam na ilha, carregavam seus navios com suprimentos e, após uma breve estada, navegavam pela costa do Pacífico, saqueando navios e portos espanhóis pelo caminho. O mais famoso deles foi Francis Drake (1540 – 1596), e suas façanhas eram lendárias, tornando-o um herói para os ingleses, mas um pirata terrível para os espanhóis, a quem ele era conhecido como El Draque.

Foi em torno das águas desta ilha que a baleia macho Mocha Dick foi descoberta pela primeira vez em 1810, e foi uma das duas baleias que inspiraram o romance Moby Dick, romance de Herman Melville. Originalmente, o livro de Melville se chamava La Ballena, mas foi mudado para Moby Dick por sugestão de seus editores, uma vez que a história de Mocha Dick era conhecida pelo público leitor de Boston e Nova Iorque, nos Estados Unidos. Dick incorporado ao nomes das baleias é sinônimo de pênis, macho ou garanhão.

A baleia que foi homenageada como o nome da ilha era famosa entre os baleeiros ingleses e americanos de Nantucket, ilha da costa de Massachusetts, de onde saiam a maioria dos baleeiros. O enorme e albino cachalote era na verdade bastante dócil e às vezes, visto nadando ao lado dos próprios navios projetados para matar sua espécie.

Mas uma vez que o caxarréu fosse atacado, ele retaliava com ferocidade e astúcia, e era amplamente temido pelos arpoadores. Quando estava furioso, jorrava água de sua narina de um modo peculiar e saltava para o ar tão agressivamente que todo o seu corpo, às vezes saia completamente da água.


Representação da ilha Mocha do livro que narra as aventuras do pirata holandês Joris van Spilbergen.

A capacidade de Mocha Dick de ludibriar até mesmo ao mais experiente capitão baleeiro lhe rendeu reverência, e à medida que sua notoriedade aumentava, “Seu nome era usado frequentemente, nas saudações que os baleeiros tinham como hábito de trocar, em seus encontros ao largo do Pacífico“. Escreveu o explorador e escritor americano Jeremiah N. Reynolds, num artigo sobre Mocha Dick em 1839, intitulado “Mocha Dick or the white whale of the Pacific“, da revista The Knickerbocker. “Alguma notícia do Mocha Dick?“, perguntavam um baleeiro ao outro nos portos.

Ilustração da captura de Moby Dick | Crédito da foto

Jermiah descreve Mocha Dick como uma aberração da natureza – “branca como a lã” e com a cabeça coberta de cracas, o que lhe deu uma aparência robusta. De suas costas projetava não menos de vinte arpões – “lembranças enferrujadas de muitos encontros desesperados.” A baleia também tinha um método peculiar de jorrar:

“Em vez de projetar sua cabeça obliquamente para a frente e soprar com um esforço convulsivo e curto, acompanhado por um ruído de bufo, como de costume de sua espécie, ela arremessava a água da narina num volume alto, perpendicular e expandido, em intervalos regulares e um tanto distante; sua expulsão produzia um som contínuo, como o de um vapor lutando contra a válvula de segurança de um potente motor a vapor.“

Mocha Dick acabou sendo morta em 1838. Sua carcaça foi medida e descobriu-se ter 21 metros de comprimento. Segundo relato do escrito Jeremiah, ao longo de vinte e oito anos, Mocha Dick ganhou a reputação de ser uma das baleias mais astutas e temidas dos oceanos. Durante esse período, ela atacou mais de 100 navios baleeiros, supostamente matou mais de trinta homens e afundou cerca de vinte baleeiras.

Ilustração de como seria Mocha Dick | Crédito da foto

Mocha Dick não era, aparentemente, a única baleia branca no mar nem era especialmente hostil. Na verdade, as cachalotes são conhecidas por serem agressivas em relação aos navios. Em 1820, um cachalote gigante, com cerca de vinte metros de comprimento, atacou um baleeiro chamado Essex, fazendo-o afundar.

Sua tripulação ficou à deriva em três pequenos barcos a milhares de quilômetros da terra. Um a um, os homens sucumbiram à fome e à desidratação até restarem apenas oito dos vinte homens originais, que foram resgatados pelo baleeiro norte-americano Delfim, perto da costa do Peru. Eles foram resgatados mais de três meses depois. Sete deles tinham desistido de suas vidas para que os outros pudessem comer seus corpos para se manterem vivos. É uma história de dificuldades insondáveis e extremo desespero.


Capa da revista com o artigo de Jeremiah N. Reynolds, de 1839, intitulado “Mocha Dick or the white whale of the Pacific”, da revista The Knickerbocker.

Quando Herman Melville ouviu a história, ele se encontrou com o capitão do Essex e foi inspirado a escrever seu romance clássico Moby Dick, habilmente interligando fatos com ficção, juntamente com sua própria experiência como marinheiro. A baleia branca notoriamente difícil de capturar no romance de Melville é baseada em Mocha Dick.

A lenda de Mocha Dick continua viva entre os habitantes da Ilha Mocha. Segundo a mitologia mapuche, vivem quatro mulheres idosas na ilha, que se transformam todas as noites em quatro baleias. As baleias, chamadas Trempulcahue, levam as almas dos mortos para “Ngill Chenmaywe” (lugar para a reunião das pessoas), de onde as almas começaram sua jornada para o oeste. Acredita-se que a ilha Mocha seja Ngill Chenmaywe.

Aproximadamente metade da ilha hoje é protegida pelo programa da Reserva Nacional. Por causa de sua população esparsa, a ilha tem uma grande população de aves marinhas e uma exuberante floresta virgem. As águas ao redor da ilha também estão repletas de inúmeros naufrágios históricos.


Ilustração da captura de Moby Dick | Crédito da foto


Escultura de Mocha Dick feita por Tristin Lowe | Crédito da foto


Escultura de Mocha Dick feita por Tristin Lowe num museu em Massachusetts, EUA | Crédito da foto


Ilustração para a revista de história em quadrinhos Mocha Dick, La Leyenda de La Ballena Blanca | Crédito da foto

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

PAPIRO VIRTUAL 194

Alphonsus de Guimaraens, pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães, foi um escritor, cuja poesia é marcadamente mística e envolvida com religiosidade católica.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

TELONA QUENTE 376

Depois que o filho desaparece em um passeio pelas montanhas, um oficial da reserva não se detém por nada e arrisca tudo para encontrá-lo.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

CONTANDO A VIDA 358

 BURCA

José Carlos Sebe Bom Meihy

Sem dúvida, a burca é um dos itens mais perturbadores da experiência contemporânea. Peça simbólica, a roupa usada por seguidoras da leitura radical do Alcorão obedece ao purdah, mandamento que prescreve a cobertura do corpo feminino, por entender que o rosto constitui parte íntima da mulher. Como polo de tensão, essa veste capitaliza conflitos que se extremam entre o oriente e o ocidente. A par das propostas oferecidas pela indústria da moda no circuito ocidental, criou-se discussão mais profunda, relativa ao uso da burca e suas relações sociopolíticas. O mesmo se diz sobre julgamentos que anulam explicações de usuários que a defendem. Antes, cabe dizer que a burca é usada principalmente no Afeganistão que, aliás, nem sempre foi o que se mostra hoje.

Convém lembrar que até a segunda parte do século passado, Cabul foi uma cidade atraente, compondo inclusive o roteiro do turismo exótico. Nos anos da contracultura ocidental, os afegãos conviveram com hippies psicodélicos, que buscavam as cidades místicas da Índia ou do Nepal. Cabul era parada obrigatória e nesse circuito, aliás, vale citar o famoso Magic Bus, que saía da Amsterdã lotada de entusiastas da cultura “paz e amor”, com muito rock e maconha. Esse período correspondia à culminância da abertura para o ocidente, proposta por Mohannax Zahir, Xá (1914 – 2007) que estudou na França e que, ao assumir o comando do país em 1933, foi o primeiro a se opor publicamente aos haréns e à poligamia masculina.

Naquele então, mulheres podiam andar livremente sem companhia masculina, viajar, ir à praia, ter negócios e estudar. As lojas de Paris e Nova York difundiam a marca afegã “Biba”, famosa pelas minissaias, botas e muitos bordados estravagantes, com linhas coloridas e chapéus espalhafatosos.

Tudo isso viu fim em 1973, graças a disputas de fundamentalistas islâmicos que, em plena Guerra Fria, se investiram de poderes para refutar o que não fosse islâmico, inclusive dominação política. Convém lembrar que o Afeganistão tem posição estratégica entre a China, Paquistão, Índia e Irã sendo, portanto, geopoliticamente importante. Entre sanhas tribais, os talibãs distinguiram-se desde 1996, fundando o Estado Islâmico do Afeganistão, impondo regras que incluíam códigos de roupas que exigiam absoluto recato e austeridade.

Tudo prescrito pela sharia, lei islâmica que proibia influências ocidentais: música, cinema, televisão, refrigerantes, perfumes, sabonetes, e, claro, roupas variadas. É sabido que a burca é anterior, existindo desde o século XIX, mas seus usos sofreram variações no mundo árabe onde se exercita o uso do hijab ou seja, a cobertura que tem diferentes concepções.

A burca, que se tornou tradução do radicalismo talibã, sempre na cor azulada, é peça única com uma rede que permite a respiração e o olhar. Há casos ainda mais extremos, onde recomenda-se o uso de luvas para que nada seja exposto. Uma variação menos rígida é o nikab, popular veste preta, que permite exposição dos olhos da usuária. Há variações de usos bem mais leves como o chador, abaya, al-amira e até as mais comuns como o hijab e a shayka, lenços que deixam o rosto livre.

O interessante dessa história é a interpretação das mulheres islâmicas, que, ao revés da perplexidade ocidental, apresentam versões escandalizadas da nossa moda. Percebendo-nos como escravizadores, os olhares islâmicos radicais notam formas de submissão das mulheres ocidentais exatamente pela exposição do corpo, facilitação sexual e pela competição vaidosa de roupas que se atualizam no ritmo consumista. O tema, contudo, ganha novas dimensões na medida em que muitos países da Europa têm proibido o uso da burca, por razões de segurança, pois atentados foram perpetrados em várias regiões por pessoas “escondidas” em burcas ou nikab. Além disso, alguns problemas de saúde também valem como argumentos condenatórios por impedir a produção de vitamina D, favorecer câncer de pele, e por questões de ventilação do corpo. Enfim, os problemas causados pela simbologia da burca são polarizados, mas, a questão complexa deve ser discutida e não vista na simplicidade do fanatismo e da condenação.

terça-feira, 21 de setembro de 2021

O SALSICHA ALBINO

Cachorro albino faz sucesso depois de ter sido rejeitado

Por: Amaury Almeida Costa em 11 de setembro de 2021




Um dachshund albino, rejeitado pela ausência de cores, faz sucesso e está vivendo uma boa vida.

Duke é um adorável dachshund – o popular cachorro salsicha – que lutou muito tempo para encontrar um lar. Tudo porque Duke é albino, uma condição genética rara na qual o organismo não produz melanina (ou produz pouco). Em função da pele e dos pelos totalmente brancos, Duke foi rejeitado, mas agora ele tem uma boa vida e faz muito sucesso.

A página de Duke no Instagram é seguida por milhares de pessoas e coleciona dezenas de postagens. Nas páginas das redes sociais, Duke se apresenta como “apenas um salsicha albino espalhando amor por toda a parte. Amo minha família, amigos, brinquedos, arranhar coisas e comer cenouras”.
Duke, o albino

O albinismo é uma condição rara e hereditária, que pode ocorrer em diversas espécies animais, de insetos a mamíferos. Ela é provocada por uma mutação genética que afeta a produção de melanina e compromete a pigmentação (e também a proteção contra a radiação solar).


Independente da raça, os cães albinos se caracterizam pela pele branca ou levemente rosada, focinho, pálpebras e lábios despigmentados, olhos muito claros e pelagem branca. Os animais podem ser total ou apenas parcialmente despigmentados.

Duke pode ser descrito assim. O seu pelo é totalmente branco e as cores aparecem apenas nas unhas e no focinho rosados e nos olhos azul-claros. Ele é parcialmente surdo e cego e extremamente sensível à luz do Sol – ele precisa usar bloqueador solar mesmo em ambientes fechados.

Este dachshund albino tem oito anos e foi abandonado ao nascer. Cães albinos não devem ser empregados em acasalamentos e, em caso de comercialização, o preço cai bastante, em função das necessidades especiais. Nada que justifique o abandono e a negligência, mas o tutor original não pensava assim.

Depois de um começo ruim, logo nos primeiros meses de vida, Duke foi adotado por Mercedes Andrade, uma contadora americana que mora em San Antonio, Texas. A tutora afirmou ao The Dodo, site especializado em histórias sobre animais de estimação, que “foi um caso de amor à primeira vista”.


A contadora disse que, ao visitar o canil em que Duke foi abrigado, ela não pretendia adotar um cachorro. Ela pretendia apenas passar um dia com “animais fofinhos”. Mas o dachshund mexeu nos sentimentos de Mercedes. Quando ela foi informada de que pouca gente se interessava por Duke, por causa das limitações, ela tomou a decisão de levá-lo para casa imediatamente.

Mercedes sempre foi admiradora da raça, mas confessou à reportagem nunca ter visto um dachshund albino. Ela já conhecia cães negros, black and tan, bronze, azuis, de pelo longo e curto, liso e de arame, mas um animal totalmente branco a impressionou.

A tutora conta que, por causa da aparência, Duke é parado por muitas pessoas quando sai para passear em praças e parques. A parafernália necessária para as caminhadas – Mercedes, ao sair de casa, precisa carregar protetor solar, viseira, capa e botas – também atrai a atenção.

Duke impressiona também pela sua capacidade de adaptação. O cachorro não ouve nem enxerga bem e, por isso, desenvolveu o olfato em grau elevado. Todos os cães são excelentes farejadores, mas o dachshund consegue identificar cheiros a longas distâncias. Nos passeios, ele encontra rastros de pessoas e animais com muita facilidade – é a brincadeira predileta.

O peludo é totalmente cego do olho direito: com o esquerdo, consegue identificar apenas contornos, de acordo com avaliações médicas. Com relação à audição, ele não capta sons graves, mas identifica os agudos, como um assobio. Tudo isso dificultou o aprendizado, mas tornou o adestramento ainda mais fascinante.

Duke também sofre de cardiomiopatia dilatada, uma doença cardíaca crônica que ocorre quando o músculo do coração se enfraquece, prejudicando o processo de contração. A enfermidade causa fraqueza, pouca resistência física e fôlego curto. Curiosamente, a cardiomiopatia dilatada é mais frequente em cães de grande porte, como dobermans e boxers.


O cachorro é muito amoroso, gosta de brincar de esconde-esconde e de se fantasiar – pelo menos, é o que garante a tutora (talvez ele apenas tenha se acostumado a usar acessórios para enfrentar a luz solar). Duke é muito apegado à irmã mais velha, Dior, uma dachshund black and tan. Ele segue a cachorrinha por toda a parte.

Mercedes finaliza: “Você não pode deixar de notar que Duke é deslumbrante. Além disso, ele nos escolheu para ser a sua família – e não o contrário. Ele sabia que estaria em um lar seguro e feliz aqui”.

TELINHA QUENTE 464

PÁTRIA - MINISSÉRIE DA HBO MAX

Bittori, viúva de um empresário basco assassinado pelo ETA, volta à sua cidade para descobrir a verdade sobre o crime.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

CAIXA DE MÚSICA 471

Roberto Rillo Bíscaro

Em seu álbum de estreia, a artista une sutis climas eletrônicos com muita organicidade e ainda uma regravação de clássico de Roberto Carlos.

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

PAPIRO VIRTUAL 193

João da Cruz e Sousa foi um poeta brasileiro. Com a alcunha de Dante Negro ou Cisne Negro, foi um dos principais representantes do simbolismo no Brasil.

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

TELONA QUENTE 375

A história de um homem cego que aterroriza invasores de sua casa. A sequência se passa anos após a primeira invasão; quando Norman Nordstrom (Stephen Lang) vive isolado na tranquilidade de sua residência até que os pecados do seu passado voltam para cobrar seu preço.

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

CONTANDO A VIDA 357

CHAMPAGNE, VINHOS: “enosnobs”, “enochatos” e “enonerds”.


José Carlos Sebe Bom Meihy

Para Ana Regina

Foi assim: havia terminado um longo trabalho, anos de pesquisa, meses de escrita, noites acordado, enfim, exaustão absoluta. Amigos que acompanharam de longe o percurso, resolveram comemorar minha volta à vida e marcaram reunião virtual. Armado o encontro, chega à minha porta uma belíssima cesta de pães variados e patês, e, claro, um espumante. Hora combinada, ligamos nossos computadores e a festa começou, cada qual em seu quadrado. Fiquei emocionado, emocionadíssimo em ver aquele grupo rendendo-me homenagem.

Em determinado ponto, achei apropriado fazer um pequeno discurso de agradecimento. Contei de meu estado de espírito, declinei as dificuldades, exaltando o companheirismo de todos, condição que me permitiu concluir a missão. Tudo ia bem até que avisei que ia abrir a “garrafa de champagne”. Um silêncio se alongou até que um dos “presentes” resolveu explicar que não se tratava exatamente de “champagne” e sim, de espumante. Pronto, o que seria reunião festiva virou aula.

Com paciência, tive que ouvir a dissertação sobre um tipo de vinho de uma região que fica exatamente a 154 quilômetros de Paris. Fui avisado que Champagne é o nome do lugar que, aliás, tem solo alcalino capaz de produzir uma uva especial. A lição era bem completa e constava de dados sobre a fermentação daquele vinho que, depois de engarrafado, produzia uma segunda fermentação natural. Pois bem, notando a empolgação do “professor”, outro parceiro, querendo ser mais leve, tomou a palavra narrando a história de Dom Pérignon, um religioso que há cerca de 350 anos fora responsável pelas adegas da Abadia de Hautvilleres. A nova preleção dava conta que o tal abade era cego e ao provar o vinho teria dito uma frase marcante “venham rápido irmãos, venham beber estrelas”.

Estava dada a largada a uma série de dizeres sobre champagne, algumas delas saídas da boca de uma amiga que juraria estar mais para freira do que para sommelier. Mas, como se animou ao revelar que Coco Chanel era tão chegada, que cunhou uma outra pérola memorável “Só bebo champanhe em duas ocasiões: quando estou apaixonada e quando não estou”. E imediatamente emendou outra, atribuída a atriz Bette Davis “Chega o momento da vida de uma mulher em que a única coisa que ajuda é uma taça de champanhe”.

O duelo seguia firme até que um terceiro participante proclamou frases de estadistas chegados ao produto, uma de Napoleón Bonaparte “Champanhe! Na vitória você o merece, na derrota você precisa dele”, outra de Winston Churchill “Lembrem-se, Senhores: Não é pela França que lutamos, é pelo champanhe!”.

Gente, comecei a me sentir mal. Bateu-me a sensação de ignorância, intruso, me vi um pária do “enomundo”. Simplismos à parte, depois de aberta a garrafa e vertido o espumante (atenção, não era champagne), na solidão de meu recolhimento, decidi buscar explicações no Google. Aiaiaiai, por quê? Comecei ler tanta coisa, mas tanta, até que, por fim, achei algo que realmente me cativou: definições sobre uma tendência crescente na sociedade, os “enosnobes”. Deitei e rolei.

Meu primeiro regozijo veio pela origem de “esnobe”, do latim “sine nobile”, adorei saber que a expressão “sem nobreza” passou para a língua inglesa como snob e daí copiamos para esnobe, significando exatamente o diverso. E “enosnobe” é a reunião de dois ramos de “apreciadores” de vinhos: “enochatos” e os “enonerds”.

Dei estrada às diferenças e aprendi mais um capítulo dessa história. O “enochato” é aquele que, em público, assume a cara de Deus no Juízo Final, e com uma taça (sempre cheia na medida exatíssima) a coloca contra a luz, sacode levemente cinco vezes, da esquerda para a direita, e depois à altura do nariz aspira e emite algo como “aroma amadeirado, coloração córea, leveduras marroquinas, com notas de cânfora”.

O “enonerd” é um pouco diferente: mais completo, pois seu discurso se completa com definições sobre o ano da safra, tipo de madeira dos tonéis, tempo de armazenamento, a qualidade da rolha, histórico da garrafa e do rótulo. Creio que o “enonerd” precisa humilhar, posto que um de seus capítulos preferidos se refere ao custo do precioso líquido. Um detalhe fundamental para o “enonerd” é seu conhecimento geográfico, sendo capaz de precisar se o vinho é australiano, sul-africano ou libanês.

Sabe o que concluí disso tudo? Vou descansar um pouco e voltarei a campo para escrever mais sobre a alegria de um bom vinho na companhia de ignorantes, de gente como eu, que não entende disso. Juro que farei tudo para não entrar no “enomundo” dos “enoidiotas”.

terça-feira, 14 de setembro de 2021

TELINHA QUENTE 463

Na segunda temporada de Noite Adentro, depois de encontrar refúgio nas profundezas do subsolo, os passageiros enfrentam uma enxurrada de novas crises - e tensões crescentes com seus anfitriões militares.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

CAIXA DE MÚSICA 470

Roberto Rillo Bíscaro

Em outubro de 2021, o Duran Duran lançará seu décimo-quinto álbum, que mesclará possíveis caminhos futuros com suas glórias do passado, daí o título: Future Past. Três singles e uma versão editada foram reunidos em formato de EP e o aperitivo para o prato principal é muito apetitoso.

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

PAPIRO VIRTUAL 192

Joaquim Maria Machado de Assis foi um escritor brasileiro, considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores um dos maiores senão o maior nome da literatura do Brasil.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

TELONA QUENTE 374

Em Quanto Vale?, após os ataques de 11 de setembro, um advogado enfrenta uma batalha ferrenha para criar um fundo de compensação pelas vidas perdidas. Baseado em fatos reais.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

CONTANDO A VIDA 356

 CARTA ABERTA A JEFFERSON DE.


Prezado conterrâneo,

Faz mais de duas semanas que estou dedicado a você, aos seus filmes e ao entendimento de seu papel como cineasta. Por certo, busco entender o roteiro de sua trajetória, menino preto que viveu em Taubaté de onde saiu para o cinema, e dele para a crítica crescente. Acompanhando uma rede de amigos de infância, Alfredo Abraão, sempre o menciona, com reverência e admiração extremas. Lá atrás, certa vez, quase nos conhecemos pessoalmente por iniciativa de um colega comum, mas quando soube que você estava fazendo um filme sobre Carolina Maria de Jesus, prudente, temi divergências de interpretações (acho que o mesmo se deu com você). Por aqueles dias, eu já conhecia os inéditos não revelados no livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada” e antevia considerações contrárias à glamourização da personagem que você enredaria. O filme de 2003, “Carolina”, interpretado pela incrível Zezé Mota, premiado aliás, é plasticamente ótimo, mas, eu ainda não entendia bem que aquela sua proposta era o fio da meada que o distingue hoje como um admirável explicador do cinema negro brasileiro. Isto não é pouco: roteirista, produtor, diretor, pensador. E bem humorado...

Examinando mais atentamente seu roteiro pessoal, fui aprendendo a admirá-lo e isto, ao mesmo tempo, me trouxe questões que começam com uma perplexidade: como não o procurei antes? Somos da mesma cidade, tivemos o bairro da Estiva como interesse de ambos; passamos pela mesma escola/USP, fomos bolsistas da FAPESP, e temos amigos próximos, então por que não o fiz?

Seu currículo é vasto e a coleção de prêmios o distingue de maneira a comprometer minhas “velhas opiniões formadas”. Constatando isto, pensei em escrever sobre você, mas a cada passo sentia-me mais perturbado com seu talento e com meu desconhecimento. Claro, fui aos seus filmes e, confesso, o feitiço de suas soluções fílmicas me encantava mais e mais. Sem dar conta de tudo, alguns resultados cativaram, em especial os curta: “Distraída para a morte” (2001), “Carolina” (2003), Narciso Rap (2005), “Jonas só mais um” (2007). Cheguei aos seus quatro longas já como admirador, e me extasiei com a realização do “Bróder”, selecionado para o Festival de Gramado de 2011 (Prêmio do Cinema Brasileiro). “Amuleto”, de 2015, me entreteve pela tensão narrativa e pela absorção da mitologia de Floripa. “Correndo atrás” emocionou, me enchendo de ternura e até por permitir entender sua ligação com o futebol – não me escapou saber que fora centroavante do Esporte Clube Taubaté.

Apendi que também atuou em projetos para a televisão como “Vinte poucos anos”, “Tudo de Bom”, “Popstars” e “Central da periferia”, exibidos pela TV Globo. Devo dizer que desse conjunto o mais revelador foi sua produção para adolescentes, como os episódios da série “Pedro & Bianca”, ganhador do Emmy no 2º Emmy Kids Awards e do Prix Jeunesse Iberoamericano.

Acabo de ver seu recente “Doutor Gama” e estou ainda impactado. Embora quisesse assisti-lo como público, o olhar de historiador me traiu. E foi assim que me investi para medir detalhes de sua articulação narrativa. Parabéns: temas históricos pertinentes - em particular o vínculo da escravidão com o programa republicano - e nele, o protagonismo abolicionista do poeta Luiz Gama. De igual força, a abordagem do ilustre defensor de escravizados com seu mentor e futuro desafeto Furtado de Mendonça, nossa que cenas arrebatadoras. E nem o romance familiar lhe escapou. Parabéns, Jefferson o filme é uma beleza, com excelentes interpretações e cenários convincentes, um divisor de águas não apenas como cinema negro.

Ao longo de tanta produção, quis saber, meu caro Jefferson, de alguns detalhes que fogem dos filmes, e me encantei com a leitura do seu atrevido manifesto “Dogma Feijoada” texto pelo qual você parodia o sagrado “Dogma 95”, traduzindo para o cinema nacional negro as sugestões dos mestres Thomas Vinterberg e Lars Von Trier. E que ironia a sua ao apresentar as sete regras para a superação dos limites: direção, atores, temas, roteiros, custo, abordagens cotidianas e cronograma, tudo preto e possível. Tudo discutindo o Brasil. Tudo feito com muita teoria e intenção. Tudo tão tudo! Uma aula de economia e função cinematográficas. Em síntese, você é uma provocação à cultura brasileira que quer se “desoficializar”.

Optei por escrever-lhe uma carta aberta pois acho que tenho um endereço maior e que vai além de uma saudação pessoal. E, então, me pergunto por que você não faz milagre em terra própria? Sei de um esforço empreendido pela equipe de Pedro Rubim, mas só isso. Pouco, né?! Mas assim é que encontro uma resposta que faz sentido no seu desempenho não transparecido na terrinha. O programa de minha geração, de homem, branco, classe média, não deixava reconhecer o protagonismo de negros que, afinal, não pertenciam a mesma condição. Reconhecê-lo agora por sua obra me faz perceber a gravidade consequente da imagem refletida no espelho da desigualdade. E em Taubaté isto é dilatado por um entranhado conservadorismo classista.

Seu protesto no nome assumido Jefferson “de”, ao tirar o “de Resende”, referência ao senhor que escravizou seus antepassados escravizados, me permite uma sugestão: desculpe-nos, seus conterrâneos estruturalmente ingratos, e permita-nos chamá-lo Jefferson de Taubaté.

Receba meu abraço reconhecido.

José Carlos Sebe Bom Meihy, ou se preferir: professor Sebe de Taubaté.

terça-feira, 7 de setembro de 2021

TELINHA QUENTE 462

Em Força Queer, um superespião gay e sua equipe LGBTQ fazem de tudo para provar seu valor à agência que os subestimou. De West Hollywood para o mundo!

domingo, 5 de setembro de 2021

CAIXA DE MÚSICA 469

Roberto Rillo Bíscaro

Primeiro trabalho de inéditas da Banda de Pau e Corda em quase 30 anos, o álbum Missão do Cantador se mantém fiel à sonoridade que o grupo desenvolve desde sua formação, em 1972.

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

PAPIRO VIRTUAL 191

 

Raul Pompeia foi um escritor brasileiro pertencente ao movimento realista e naturalista. Foi jornalista, contista, cronista, romancista e orador. Sua obra mais relevante e uma das mais importantes do Naturalismoé “O Ateneu”, publicada em 1888.

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

TELONA QUENTE 373

RAÍZES MACABRAS - NETFLIX
Uma repórter visita sua cidade natal para escrever sobre a cultura tribal, mas é sequestrada por habitantes locais que acreditam que ela está possuída pelo demônio.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

CONTANDO A VIDA 355


AS MAGIAS DO NÚMERO 7

José Carlos Sebe Bom Meihy

Os números são mágicos. Todos temos simpatia por algum. E acima de tudo tem a cultura dando significados marcantes para alguns. Isso ocorre em toda parte, ainda que nos países latinos haja maior incidência. Contra qualquer preconceito, convém não esquecer que mesmo os racionalistas anglo-saxões, em particular os norte-americanos - que se referem a nós como supersticiosos contumazes - temem como ninguém o famigerado número 13. Fico sempre perplexo quando vejo que é natural entre eles não haver o tal “número do azar” nos elevadores. Soube outro dia que apartamentos ou escritórios situados nos 14 º andares de prédios chegam a valer até 50% menos, pois corresponderiam ao 13.

Pensando nisto, resolvi dar um passeio pela numerologia e sabem que me admirei com a devoção a este procedimento que chega às raias da ciência. O que era apenas curiosidade passageira começou a ficar coisa mais séria, quando cheguei em um site que abria a conversa sugerindo solenemente que só prosseguisse depois de revelar o número preferido. Gelei. Gelei, porque tenho um pequeno repertório de números simbólicos. Aluno de colégio interno, carreguei por anos o número 201 e então 201 passou a ser referência em meus códigos secretos. O número de minha casa quando garoto sempre me foi referência, e assim o 54 também passou a integrar as senhas variadas. Lembro-me de, certa feita, sonhar com um touro e ao contar o enredo para meu pai, ele jogar no bicho, 25, e ganhamos pequena bolada. Aliás, nunca me esqueci disso.

Foi mergulhando um pouco mais em alguma pesquisa, que cheguei ao número 7. E pelo 7 dei certo trato histórico em duas tradições que o consideram fatal. Logo, a cabala judaica chamou atenção pela “gematria”, ou seja, pela tradição hebraica de analisar as palavras bíblicas. O judaísmo relaciona um número a cada letra e, assim, se lê no Torá que o 7 é número sagrado e no hebraico arcaico representa a perfeição e a plenitude. O 7, imagine, é citado 323 vezes na Bíblia e são 7 os degraus da Perfeição, são 7 os braços do candelabro sagrado, 7 as moradas de Javeh, 7 os anos que durou a construção do Templo de Salomão, 7 os sacerdotes que, trazendo 7 trombetas, deram 7 voltas em torno da muralha de Jericó, quando chegou o 7º dia.

A par da cabala judaica, os árabes também matemáticos, se assenhoraram do 7 e no livro sagrado, no Alcorão, estão cadastrados os 7 sentidos esotéricos. E são 7 céus, 7 mares, 7 terras, 7 divisões do inferno, 7 as portas do Paraíso, 7 palavras da profissão de fé mulçumana.

Agucei a curiosidade e busquei algo fora do enquadramento judaico ou árabe e aprendi que o 7 tem significado mágico em toda a parte: os japoneses descobriram os 7 deuses da felicidade, Roma ergueu-se sobre 7 colinas, 7 são as maravilhas do mundo, 7 são as artes, os piratas pensavam conquistar os 7 mares, são 7 as cores do arco-íris, 7 as notas musicais, e em nossa cultura popular, lembremos, as coisas são trancadas à 7 chaves. Os Alquimistas tinham 7 fases para a obtenção da Pedra filosofal e são 7 os graus de loucura.

Sabem qual o 7 que mais me impressionou? Aiaiaia, vou revelar, foi saber dos 7 pecados capitais: gula, luxúria, avareza, ira, soberba, preguiça, inveja. E sabe por quê? Porque eles permitem que sejam melhor observados os 10 Mandamentos da Lei de Deus. Ponto estava aberto novo questionamento desta vez sobre o significado do número 10. Ah, os números...