quarta-feira, 30 de junho de 2010

AFRODITE AUSTRALIANA

Resultado de imagem para kylie minogue aphrodite
Roberto Rillo Bíscaro

Tenho notado que a geração mais nova pensa que Kylie Minogue apareceu em algum momento da primeira década deste século. Enganam-se, fofos. A diminuta australiana surgiu numa novela de seu país natal, caiu nas graças dos produtores ingleses Stock, Aitken & Waterman e estourou nas paradas em 1988, com seu primeiro álbum. Desde então, tirando um período de queda no fim da década de 90, Minogue tem desfrutado fenomenal sucesso mundial, exceto nos EUA, que só ligaram pra The Loco-Motion. Azar deles; não sabem o que estão perdendo.

Kylie tentou mudar a orientação da carreira em meados da década de 90 e o resultado foi desanimador em termos de aceitação popular. Em 2000, a volta pra cima com o álbum Light Years, repleto de faixas dançantes, que é o que La Minogue sabe fazer bem. Um dos melhores álbuns pop da década, sem dúvida.

A década seguiu com outros álbuns dance criticamente aclamados; sucesso de vendas; permanência constante na mídia européia, japonesa, sul-americana, (seja de fofoca, de moda, de saúde, seja musical); uma luta travada publicamente contra um câncer no seio e namorados bonitões, sempre do continente europeu, franceses ou espanhóis.


Kylie Minogue é muito esperta; sempre de olho no que rola nas pistas de dança underground e gay, contrata produtores descolados pra transformarem essas influências em coisas mais palatáveis pras paradas de sucesso. Não foi diferente com Aphrodite, novo álbum da deusa, em grande parte produzido por Stuart Price, que já repaginou o som de Madonna e trabalha com os queridinhos Scissor Sisters (Kylie também está trabalhando com eles, ela não é boba!).

Se Light Years abriu a década de 00 como obra-prima dance, Aphrodite abre a década de 10 com o mesmo status! Não há nenhuma faixa fraca, o bombardeio de beats é praticamente incessante. Nada de baladas; a única faixa mais chillinzada é Everything is Beautiful, que de modo algum é lenta, apenas um pouco mais calma. Algo como o olho do furacão dançante e alegre de referências techno, disco, electro, synth pop e tantas outras que fazem com que Aphrodite necessite repetidas audições pra se digerir tudo. O duro é prestar atenção em referências quando a vontade é sair pulando e dançando por aí! Pra andar na rua, fazer esteira, pra ser tocado integralmente em boates, escutado no carro, Aphrodite não deixa o corpo quieto.

O álbum abre com All the Lovers, encharcada de teclados saídos do melhor synth pop oitentista como Gary Numan, Ultravox e John Foxx (e fazendo ref(v)erência ao vovô Kraftwerk). Get Outta My Way faz jus ao nome: é uma locomotiva que começa com tecladinho, entra uma batidinha, a voz de Kylie, falando que alguém é chato, enquanto o som vai se encorpando.... Aos 54 segundos, o trem-bala dispara e você tem que sair do caminho, senão ela atropela mesmo. Me joguei na frente pra ser atropelado e foi muito bom! Em Put Your Hands Up, a gente acaba atendendo ao pedido mais manjado em dance music, afinal, foi Kylie quem mandou erguer as mãos. Como desobedecer a Afrodite australiana?


A faixa título tem batida marcial pra gente marchar dançando e sair disparando flores e amor ao invés de armas químicas e balas. Too Much começa com os teclados nervosos da contemporaneidade, daí entra um pianinho martelado que lembra algum italo-house dos 90, Kyie falando que é too much, too much e daí a furiosa batucada dance nos fustiga por mais de 3 minutos.

Em Cupid Boy, La Minogue diz que está no paraíso. A essa altura do álbum, o ouvinte já está no décimo-sétimo céu com a cantora.

Uma das versões do nascimento da divindade grega Afrodite dá conta de que Cronos cortou a genitália de seu pai Urano e a jogou no mar. Formou-se uma espuma branca que, misturando-se à água, deu origem à deusa do amor. Afrodite, pois, tem a ver com o amor carnal, sexo, fonte geradora de vida e gozo.

Aphrodite é a celebração do amor e do prazer. Não necessariamente sexual. Tesão por dançar, por se mexer. O álbum palpita de energia. É vital. Como os batimentos cardíacos.

ZOOFILIA COM ELEFANTE











Animais albinos continuam rendendo notícia...

Elefante albino é achado em Mianmar

Um raro elefante branco foi capturado em uma floresta de Mianmar, na Ásia. O animal foi encontrado no último sábado (26/06), mas o governo do país só divulgou a informação hoje. De acordo com a guarda florestal, ele tem cerca de 38 anos e mede 2,2 metros de altura.
Elefantes brancos (albinos, na verdade) foram por séculos reverenciados em Mianmar, Laos, na Tailândia e em outros países asiáticos. Eles eram como bichos de estimação dos monarcas, que os consideravam símbolo do poder real e da prosperidade.
Esses raros animais não são necessariamente brancos: podem até se parecer com outros elefantes, exceto pelo fato de terem unhas e pelagem claras, ou uma coloração mais avermelhada do corpo.
O governo de Mianmar não informou para onde foi levado o elefante branco, que é o quarto de sua espécie a ser mantido em cativeiro no país. Os outros três estão no parque Mindhamma Hill, um local que oferece aos animais uma queda d’água artificial, uma lagoa e muita vegetação.
(Encontrado em http://colunas.globorural.globo.com/planetabicho/2010/06/29/elefante-albino-e-achado-em-mianmar/ )

(Voltando pra 1981. Nossa, viajei descobrindo esse vídeo... Amo essa música!)

terça-feira, 29 de junho de 2010

GOL DE PLACA DA TV ARGENTINA


Roberto Rillo Bíscaro

A TV argentina marcou um golaço de placa ano passado. Entre abril e dezembro, o canal El Trece exibiu a multipremiada série Tratame Bien. http://blogs.eltrecetv.com.ar/tratamebien/
Em 37 capítulos, o telespectador conheceu os problemas e alegrias duma família de classe média, de descendência armênia (me deu uma vontade doida de ir a um restaurante armênio. Pretendo fazê-lo em julho, durante minhas férias portenhas!).
O casal José e Sofia Chokaklian vivem em um apartamento em Buenos Aires, com seus dois filhos, Helena e Damián. Também constituem o arcabouço familiar o irmão de José, Hernán, e a empregada Rosa (dale!). Há também o meu xará Roberto, o cão, que aparece nos capítulos iniciais...
A trama se inicia com os problemas financeiros da loja de brinquedos de José, o que causa atritos com a bem-sucedida grife infantil de Sofia. Isso é pouco, entretanto, pro que está prestes a acontecer e desencadear o conflito dramático em ritmo acelerado que marcará toda a série. José tem um caso extraconjugal com uma prima e, da maneira mais desajeitada possível, confessa o affair à esposa. Depois disso, a crise do casal se acentua com revelações sucessivas de segredos do passado vindo e vários tópicos vividos pelos filhos e demais personagens que envolvem alcoolismo, drogas, paternidade desconhecida revelada, relacionamento intergeracional, gravidez não-planejada, pornografia online, compulsão por comida e mais. Não há tédio no tempo diegético de Tratame Bien!

A tônica da série é que, apesar dos enormes contratempos enfrentados, a família se ama e se une nos momentos de crise. Baseados no modelo freqüente da TV norte-americana, muitos dos capítulos se encerram ou têm seus momentos mais tocantes quando os Chokaklian estão reunidos depois de brigas monumentais, ao som de alguma canção, fazendo algo juntos.
As discussões e diálogos várias vezes me lembraram outra série favorita, In Treatment, da HBO. Isso se acentuou porque, por falta de um, há 3 psicanalistas em Tratame Bien! José e Sofia têm seus terapeutas próprios e ainda fazem terapia de casal com outra. Nas cenas de consultório, muita mágoa vem à tona, muito choro, mas também algum riso. O paranóico José demora pra se acostumar ao suposto odor de maconha do consultório de Clara, a terapeuta de casais. Quando Clara vai viver com Arturo, analista de José, a neura de Chokaklian continua.
O bom humor da série é contagiante. O que poderia facilmente descambar prum melodramão deprimente e cheio de clichês psicanalíticos se torna um prazer pra assistir devido aos diálogos saborosamente ágeis e bem sacados, repletos de gírias argentinas, palavrões e muitas piadas e trocadilhos, que levam ao (sor)riso em meio a alguma cena dramaticamente contundente. José é o campeão das tiradas sarcásticas e mal humoradas, mas não menos engraçadas.

Somados ao roteiro esperto e bons diálogos, estão os atores, muito bons na média. A atenção acaba se voltando ao casal Sofia (Cecília Roth) e José (Júlio Chávez), não apenas porque são os protagonistas, mas também pela fama internacional dos dois. Roth e Chávez já atuaram juntos na mundialmente aclamada Epitáfios, outra série argentina arrasa-quarteirão, que conquistou até o fechado mercado norte-americano, refratário a legendas.
Ambos estão ótimos interpretando personagens que não são bons nem maus, são seres humanos, que erram, acertam, enfim, fazem o que podem. Ninguém é herói ou vilão em Tratame Bien.
Júlio Chávez faturou prêmio de melhor ator de TV argentino pelo papel de José. Reconhecimento merecido. Ele está perfeito. Sem dúvida, o melhor ator argentino da atualidade, quase sempre rouba as cenas onde aparece: a gente quer ver o que está fazendo com as mãos, suas expressões faciais, e, sobretudo, sua metralhadora verbal ressentida, paranóica, mas também divertida e cheia de ternura.
Não sei se algum canal brasileiro exibiu/vai exibir Tratame Bien. Se não o fez/fizer, estarão tratando o público nacional nada bem...
(Abaixo, a canção-tema de Tratame Bien, cantada por Fito Paez. Há semanas, isso vem bombando na minha boca/cabeça e continuará bombando no mp3 player, durante as férias.)

ALBINISMO NO PROGRAMA DO GUGU – II

O vídeo mostrando a visita do apresentador Gugu Liberato à família das crianças albinas olindenses está disponível no site R7. Confiram:

segunda-feira, 28 de junho de 2010

ALBINISMO NO PROGRAMA DO GUGU

Ano passado, o caso da mãe afro-descendente de Olinda, que tem 3 filhos albinos, ganhou destaque na mídia nacional e estrangeira. http://www.albinoincoerente.com/2009/09/albinos-de-olinda.html

Matérias foram veiculadas em canais de TV e jornais impressos/online, despertando a generosidade da população, que doou muitos frascos de protetor solar ás crianças, além de consultas oftalmológicas e dermatológicas.

Embora o fato tenha sido tratado como sui generis, em realidade, o albinismo é prevalente entre afro-descendentes. Existe em todas as etnias, mas a incidência é maior entre negros.

Ontem, o Programa do Gugu (Rede Record) mostrou novamente as crianças albinas olindenses, no quadro onde o apresentador presenteia necessitados com casas e/ou outras coisas das quais necessitem.

Dia 9 de junho, o Blog do Gugu fez uma chamada sobre a reportagem:

Filhos albinos, casa nova

Estive gravando em Recife, ou melhor, na histórica cidade de Olinda, onde vive uma família muito pobre e ainda enfrenta um problema sério com dois dos seus filhos. Os pais são pardos e as crianças são muito brancas, cabelos claríssimos e olhos também.
(...) [S]ão crianças albinas e sofrem bastante com isso. Não podem sair ao sol, ficam praticamente trancados dentro de casa e precisam de cuidados especiais. Sem contar que lhes faltava um lugar digno para morar. Pois mais uma vez, a Rede Record promoveu uma mudança radical para esta família. E eu acompanhei muito emocionado, o drama e em seguida a alegria desta gente, que apesar de tudo, nunca deixa de sonhar.

http://noticias.r7.com/blogs/gugu/2010/06/09/filhos-albinos-casa-nova/
Como não sabia quando a matéria iria ao ar, não pude vê-la ontem, mas, caso consiga o vídeo, postarei no blog.

domingo, 27 de junho de 2010

PELÍCULA PANAMEÑA CON ACTOR ALBINO











Ficha Técnica
Título: Ruta de la Luna
Género: Comedia / Drama / Carretera
Coproducción: Jaguar Films - Panamá
Duración y Formato: 90 Minutos, HD4K-35mm
Guión: Juan Sebastián Jácome, Rocco Melillo
Basado en una Historia de: JuanS.Jácome, IrinaCaballero
Dirección: Juan Sebastián Jácome
Producción: Luis Pacheco, Irina Caballero
Rodaje Planificado: Septiembre 2010

Sinopsis
Con el afán de evitar a los suyos, un retraído albino viaja desde San José (Costa Rica) hacia un torneo de bolos en Ciudad de Panamá (Panamá). Su padre, quien a pesar de sufrir problemas de salud está determinado a mantener actividad física exigente, se empecina en acompañar y apoyar al bolichero. Por primera vez en décadas.
"Ruta de la Luna" es un "Buddy Movie" entre un padre e hijo que apenas si se conocen y que viajan juntos por conveniencias propias. El camino y una extraña practicante de Santería, impulsarán la redefinición de las vidas y la relación entre el albino y el testarudo anciano.

Carta de Intención
RUTA DE LA LUNA es una comedia dramática sobre la relación rota entre un padre, ex-boxeador, y su hijo albino en un país de colores: Panamá. ¿Qué significa no tener pigmentación en un mundo caribeño y con intensa luminosidad tropical?
Esto es RUTA DE LA LUNA; visualmente. Prestaremos atención al exceso de luz así como resplandores y destellos con el afán de aislar a Alberto del mundo exterior. Estos obstáculos evolucionarán paralelamente al personaje...
Además, exploraremos con puntos de vista de la vision del albino y con secuencias de recuerdos y sueños que no se adhieren a las leyes de la realidad, mas sí al desarrollo interno del personaje. El propósito es que el espectador ocupe el lugar de Alberto.
RUTA DE LA LUNA es una película de contrastes. El diseño de producción enfatizará las disparidades entre personajes así como la diversidad encontrada en la ruta entre San José y Panamá (montañas, valles, mar, caribe).
Una Historia Política: En la invasión estadounidense a Panamá (1989) se probaron armas que luego serían usadas en la Primera Guerra del Golfo. Algunos barrios fueron incendiados. Miles de panameños murieron. La economía local se vino abajo.
Veinte años más tarde, Panamá experimenta un boom en bienes raíces e inversión extranjera. Sus ciudadanos están más positivos que nunca. Ningún texto escolar relata detalle sobre la invasión de 1989.
RUTA DE LA LUNA es la historia sobre una generación que prefirió olvidar; sobre una familia que perdió a su miembro clave y colapsó. Al igual que la mayoría del país, esta familia optó por el silencio y mantuvo sus heridas en privado.
A través de una historia intimista y aparentemente apolítica, buscamos desenmascarar las cicatrices que, dos décadas más tarde, miles de panameños ocultan bajo su característico optimismo caribeño. Nos proponemos generar diálogo y estimular la memoria.

(Fuente http://abacafilms.com/proyectos.htm )

DIREITOS HUMANOS NA TELONA

Mostra "Cinema e Direitos Humanos"

Inscrições estão abertas até 9 de julho

Estão abertas até 9 de julho as inscrições para a 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, evento dedicado a obras que abordam questões referentes aos direitos humanos produzidas recentemente nos países sul-americanos.
Uma realização da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com produção da Cinemateca Brasileira e patrocínio da Petrobras, a Mostra acontecerá no período de 8 de novembro a 15 de dezembro de 2010.
O circuito de exibição, que em 2009 aconteceu em 16 capitais brasileiras, chega este ano a 20 cidades: Aracaju, Cuiabá, João Pessoa e São Luis, pela primeira vez, receberão a Mostra que se realizará também em Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, ,Maceió, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Teresina.
O evento é apoiado pelo Ministério das Relações Exteriores, TV Brasil, Sesc São Paulo e Sociedade Amigos da Cinemateca.
Podem participar obras realizadas em países da América do Sul finalizadas a partir de 2007 cujo conteúdo contemple aspectos relacionados aos direitos humanos. Não há restrição quanto à duração, gênero ou suporte de captação/finalização. Regulamentos e ficha de inscrição podem ser acessados através do website:
www.cinedireitoshumanos.org.br. Cópias em DVD – acompanhadas de sinopse, foto, ficha técnica e contato – devem ser encaminhadas até 2 de julho para o seguinte endereço:
5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul Cinemateca Brasileira Largo Senador Raul Cardoso 207 / 04021-070 / São Paulo / SP
Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3512.6102 ou pelo e-mail
contato@cinedireitoshumanos.org.br.
As obras mais votadas pelo público serão contempladas com o Prêmio Aquisição TV Brasil nas categorias longa, média e curta-metragem. Em 2009, foram contemplados o longa “Entre a Luz e a Sombra”, de Luciana Burlamaqui (Brasil), o média “Nunca Mais!!! Cochabamba, 11 de Janeiro de 2007” de Roberto Alem (Bolívia), e o curta “Além de Café, Petróleo e Diamantes”, de Marcelo Trotta (Brasil).
A programação da 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul tem curadoria do cineasta e curador Francisco Cesar Filho. Desde 2008, os filmes contemporâneos passaram a ser selecionados não apenas por meio de convite da curadoria, como nas duas primeiras edições do evento, mas também via seleção pública por meio de convocatória.
Em suas quatro primeiras edições, a Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul exibiu títulos realizados na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, consolidando-se como espaço de reflexão no qual os direitos humanos encontram-se com a expressão cinematográfica.
Ao exibir a produção contemporânea sul-americana, o evento promove o encontro de cineastas, militantes e ativistas com o público de diversas regiões do país.

(Encontrado em http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=29253 )

(1985... Cinema a Dois estourou no país todo com esta canção. Vixi, já faz 25 anos que eu tinha 18 aninhos!)


sábado, 26 de junho de 2010

FESTA JUNINA ALBINA

Acontece hoje uma festa junina na casa da Andreza Cavalli, estudante albina de educação física na USP e que modera a comunidade Albinos do Meu Brasil, no Orkut.

Tenho acompanhado, através de email, o entusiasmo e empenho de diversas pessoas albinas que comparecerão ao arraial dos Cavalli. Sei de albinos de outras cidades que viajarão especialmente para a confraternização, a qual, obviamente, não é restrita a albinos.

O evento celebra e ressalta o aspecto positivo da vida albina, que também pode ser divertida e socializada. Lutamos pela inclusão e por políticas públicas de saúde, mas também festejamos, rimos e dançamos. Como qualquer não-albino...

O agrupamento de vários albinos num mesmo local também possibilita reforço de nossos traços identitários comuns porque representa um momento onde podemos nos ver e sentir como uma comunidade que compartilha problemas comuns e troca estratégias de sobrevivência.

Infelizmente, não poderei comparecer à festa junina por motivos de trabalho. Há semanas tenho agendada uma palestra para a noite de hoje. Um grupo de teatro local está montando a peça Esperando Godot, de Samuel Beckett. Todo sábado, das 18:0 às meia-noite, esses jovens reúnem-se no teatro municipal para exercitarem-se, ensaiar e discutir. Hoje, conversarei com eles a respeito de algumas estruturas formais da obra. Parte de meu sábado será passada anotando tópicos de discussão, escolhendo trechos do texto. A meu lado, neste momento, tenho o texto, livros de teoria dramática, a Bíblia...

Não pude adiar a data do compromisso, porque em menos de 2 semanas sairei de férias. Além disso, amanhã tenho almoço familiar para comemorar o aniversário da mana (e mais serviço no resto do dia!).

Desejo a todos que se divirtam muito, comam bastante, riam, brinquem, cantem e dancem. Se a Madá, da APAMT, me permite o uso de seu jargão: ESTAMOS JUNTOS! Ainda que geograficamente separados.

Hora de ir, Godot me espera!

A VINGANÇA DA SENHORA HOPE

Henry James é avó da técnica do fluxo da consciência em seus romances e contos da madureza. Muito da ação de suas histórias se passa na cabeça das personagens, importando mais o modo como reagem, interpretam ou criam situações, mais do que os fatos e acontecimentos em si.

Também pesa em sua obra a questão da dubiedade. Em The Turn of the Screw (1898), por exemplo, as 2 crianças são vítimas ou agentes?

Dependerá do leitor a interpretação dos fatos e pensamentos das personagens, que corresponderiam a símbolos. Henry James era filho dum teólogo influenciado pelo sueco Emanuel Swedenborg, muito cotado também por poetas simbolistas, como Baudelaire.

Essa semana, li uma noveleta de James – quase um conto, de tão curta! – chamada The Abesement of the Northmores (1900), que é verdadeira pérola pra se perceber as características acima apontadas.

A estória se passa inteira na cabeça de Mrs. Hope, assim, jamais podemos afirmar com certeza se o que ocorreu foi daquele modo mesmo, nem mesmo se não foi apenas fruto da inveja e do ressentimento da velha senhora.

Lord Northmore falece e há enorme comoção na sociedade londrina, entre os círculos políticos e literários. A Sra. Hope crê que seu marido Warren foi injustamente sombreado pela fama do amigo morto e se ressente disso. Ainda mais porque, antes de se casar com Warren Hope (esperança, em inglês), a mulher namorava Northomore, mas o abandonara porque acreditava mais no futuro de Warren. Despeito, inveja.... James vai construindo uma teia complexa de sentimentos em uma narrativa tão curta!

A coisa se complica mais ainda: Warren vai ao enterro do amigo – a despeito dos protestos da esposa – e apanha friagem e chuva. Dez dias depois, morre. Muito menos repercussão nos jornais e mais ressentimento da viúva.

Lady Northmore decide reunir em livro as cartas trocadas entre seu marido e seus diversos amigos, por isso, envia carta a todos pedindo que lhes envie as missivas. Mrs Hope acredita que as cartas que seu marido escreveu são superiores, mas não há grande interesse dos editores em publicá-las. Isso leva a a senhora a retrair-se e a tramar vinganças para humilhar os Northmore, como a publicação das cartas que Lord Northmore lhe enviara enquanto namoravam.

Seguindo à publicação bem–sucedida das cartas de Lord Northmore, a Sra. Hope se dá conta de que no fundo ninguém as achava tão boas assim e que seu finado marido pregara uma cruel peça na agora humilhada família Northmore. É essa certeza que energiza a viúva a fazer tudo o que fará até o final do econômico texto.

Henry James pega o lugar-comum de que a vingança é um prato que se come frio e deixa grandes pontos de interrogação: houve vingança de fato ou tudo não passou de impressão da Sra. Hope? A família Northmore foi mesmo humilhada? Se ocorreu ou não a vingança, o importante não seria a ressignificação que a Sra. Hope deu aos fatos, que, de algum modo, a satisfizeram?

No fundo o que realmente importa parece ser o fato de que a Sra. Hope agarrou-se à sua visão das coisas pra fazer o que cria correto e encaminhar sua existência até o final.

O opúsculo pode ser lido no original no link:
http://www.henryjames.org.uk/abasen/home.htm

(Uma balada country sobre Henry James!)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

FILME PANAMENHO COM ATOR ALBINO











A produtora panamenha AbacaFilms anuncia para setembro deste ano o início das gravações do longa Ruta de La Luna, que terá como personagem central uma pessoa com albinismo, interpretado por um ator albino.

Traduzi do espanhol algumas informações sobre o filme.

Eis a ficha técnica
Título: Ruta de la Luna
Gênero: Comédia / Drama / Road Movie
Coprodução: Jaguar Films - Panamá
Duração e Formato: 90 Minutos, HD4K-35mm
Roteiro: Juan Sebastián Jácome, Rocco Melillo
Baseado em uma história de: Juan S.Jácome, Irina Caballero
Direção: Juan Sebastián Jácome
Produção: Luis Pacheco, Irina Caballero
Data prevista de filmagem: Setembro de 2010

Esta é a sinopse de Ruta de La Luna
No afã de evitar sua família, um retraído albino viaja de San José (Costa Rica) para um torneio de boliche na Cidade do Panamá (Panamá). Seu pai, que, apesar dos problemas de saúde está determinado a manter atividade física, obstina-se em acompanhar e apoiar o filho, pela primeira vez em décadas.
"Ruta de la Luna" é um "Buddy Movie" entre pai e filho, que começam a se conhecer e viajam juntos por conveniências próprias. O caminho e uma estranha praticante de Santería levarão à redefinição das vidas e da relação entre o albino e o ancião teimoso.
RUTA DE LA LUNA é uma comédia dramática sobre a relação danificada entre um pai, ex-boxeador, e seu filho albino em um país de cores: Panamá. Que significa não ter pigmentação em um mundo caribenho e com intensa luminosidade tropical?
Assim é RUTA DE LA LUNA visualmente. Prestaremos atenção ao excesso de luz, assim como resplendores y fachos de luz, com a intenção de isolar Alberto do mundo exterior. Estes obstáculos evoluirão paralelamente ao personagem...
Ademais, exploraremos pontos de vista com a visão do albino e com sequências de recordações e sonhos que no se pautam pelas leis da realidade, mas sim ao desenvolvimento interno do personagem. O propósito é que o espectador ocupe o lugar de Alberto.
RUTA DE LA LUNA é um filme de contrastes. A produção enfatizará as disparidades entre os personagens, assim como a diversidade encontrada na rota entre San José e Panamá (montanhas, vales, mar, Caribe).
Una Historia Política
Na invasão norte-americana ao Panamá (1989) se testaram armas que logo seriam usadas na Primeira Guerra do Golfo. Alguns bairros foram incendiados, milhares de panamenhos morreram. A economia local veio abaixo.
Vinte anos mais tarde, o Panamá experimenta um boom em matérias primas e investimentos estrangeiros. Seus cidadãos estão mais positivos do que nunca. Nenhum texto escolar relata detalhes sobre a invasão de 1989.
RUTA DE LA LUNA é uma historia sobre uma geração que preferiu esquecer; sobre uma família que perdeu seu membro-chave e se esfacelou. Como a maioria do país, esta família optou pelo silêncio e manteve suas feridas guardadas.
Através de uma história intimista e aparentemente apolítica, buscamos desmascarar as cicatrizes que, duas décadas mais tarde, milhares de panamenhos ocultam sob seu característico otimismo caribenho. Nos propomos a gerar diálogo e estimular a memória.


(O texto original, em inglês e espanhol, pode ser encontrado em http://abacafilms.com/proyectos.htm
No You Tube, há uma entrevista com o ator albino que protagonizará Ruta de La Luna.

Maravilha! Em um mesmo ano, dois filmes com protagonistas albinos interpretados por pessoas albinas.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

ALBINO INCOERENTE NA RADIOAGÊNCIA NP - II

No começo de junho fui entrevistado pelo Jorge Américo, da Radiogência NP, que produz matérias que podem ser baixadas do site e utilizadas por estações de rádio em todo país.
Áudio e texto estão à disposição no site da agência. Obrigado à produção da Radioagência NP por essa importante divulgação da causa albina.
Abaixo, transcrevo a entrevista.

“Filhos da Lua” fogem do sol e do preconceito
ter, 22/06/2010 - 15:58 — jorge
Pesquisas realizadas nos Estados Unidos e na Europa apontam que uma em cada 17 mil pessoas nasce com albinismo. O problema se caracteriza por uma falha genética na produção de melanina, que provoca a ausência de pigmentação na pele. Há ainda, o albinismo ocular, que prejudica a visão e deixa os olhos sensíveis à radiação solar.
Devido à falta de proteção natural contra os efeitos do sol, os albinos costumam sair para as ruas no período noturno. Por conta desse hábito, são conhecidos como “Filhos da Lua”. Em entrevista à Radioagência NP, o professor universitário Roberto Biscaro, portador de albinismo, revela como superou o preconceito.
Editor do blog Albino Incoerente, que utiliza as ferramentas da internet para combater o preconceito, o professor fala da ausência de políticas públicas voltadas para o combate ao câncer de pele. Faz ainda relatos da violência na Tanzânia, onde há uma crença de que o consumo da carne de albinos atrai sorte e riqueza.
Radioagência NP: Roberto, você é professor universitário, com doutorado pela Universidade de São Paulo. Como encontrou motivação para estudar?
Roberto Biscaro: Eu teria de sair de qualquer forma. Para comprar pão ou para ir ao supermercado. As pessoas iriam me insultar de qualquer forma. Foi aí que decidi sair para fazer outras coisas. Enfim, eu acredito que um dos fatores dessa superação foi o fato de eu ter me tocado de que não adiantava ficar quietinho aqui em casa chorando.
RNP: É mais difícil enfrentar o preconceito durante a infância?
RB: Eu, particularmente, passei por esse processo. Como a gente não tem pigmentação, recebemos apelidos como “Gasparzinho”, “vovô”. Ouvir isso quando você é criança e adolescente, tem efeitos devastadores. É uma época em que a gente está desenvolvendo a auto-estima e aprendendo a se relacionar com o mundo. É especialmente complicado.
RNP: Fora do Brasil os albinos também são tratados com preconceito ou violência?
RB: Em certas partes da Tanzânia e do Burundi, na África, existe uma superstição. Se as pessoas usarem parte do corpo de albinos para fazer porção mágica, elas terão dinheiro e sucesso. Então, os albinos tem sido sistematicamente mortos. São histórias escabrosas de decepação de partes do corpo e de crianças que são mortas diante da família.
RNP: As organizações de defesa dos direitos humanos já se mobilizaram para tentar conter isso?
RB: A ONU e a Comunidade Europeia já foram alertadas. Já existem ativistas lá para tentar amenizar a situação, mas o problema principal é econômico. Como as pessoas não tem dinheiro e, por outro lado, há quem possui para comprar partes do corpo de albinos por milhares de dólares, acaba criando um comércio.
RNP: Quais os cuidados mais comuns em relação à saúde dos albinos?
RB: A gente precisa usar protetor solar todos os dias, mesmo quando não saímos de casa. É preciso reaplicar a cada três horas. O fator de proteção do filtro solar deve ser de 30 para cima. Imagine o preço que fica isso? Quando a gente consegue encontrar em oferta, varia em torno de R$ 30.
RNP: Como as pessoas de baixa renda fazem para ter acesso a esses produtos?
RB: A resposta é simples. Cruel, mas simples: elas desenvolvem câncer de pele. Isso é um dado alarmante. Acaba saindo bem mais caro para os cofres públicos por uma questão lógica. Se a pessoa não usou protetor solar porque não tem dinheiro para comprar, quando desenvolve o câncer de pele, ela vai procurar atendimento público. Não é apenas a dor e o desconforto do tratamento, mas também o custo que isso representa para os cofres públicos. O ideal seria se estado bancasse a distribuição de protetor solar.
RNP: Existe algum projeto de política pública voltada para os albinos, no sentido da prevenção de câncer de pele?
RB: Em agosto de 2009 entrou em tramitação na Assembleia Legislativa um projeto do deputado Carlos Gianazzi (PSOL), que prevê a distribuição de protetor solar e óculos aos albinos residentes no estado de São Paulo. Rio de Janeiro, Minas Gerais e Mato Grosso também têm projetos semelhantes.
RNP: No Brasil existem movimentos organizados formados por albinos?
RB: Até agora, o único estado do Brasil onde os albinos estão organizados é na Bahia. Isso há uns dez anos. Em virtude dessa organização, já desfrutam de protetor solar gratuito, desde 2006, e outros benefícios.
Para obter mais informações sobre o albinismo, acesse o site
www.albinoincoerente.blogspot.com
De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.
18/06/10

(Encontrado em http://www.radioagencianp.com.br/8796-filhos-da-lua-fogem-do-sol-e-do-preconceito)

Já encontrei a matéria reproduzida em blogs, eis um exemplo:
http://mariolobato.blogspot.com/2010/06/filhos-da-lua-fogem-do-sol-e-do.html

(Radio, live transmission... Dance, dance, dance to the radio… O que dizer dessa canção do Joy Division? Simplesmente venero. Descanse em paz Ian Curtis, queridooooooo!!!)

PAPAI FALOU QUE NÃO ERA PARA EU FICAR PERTO DE VOCÊ

Quem vai ter coragem de incluir?

Escolas particulares têm menos alunos deficientes que as públicas. No Paraná, o porcentual de crianças incluídas nas públicas é de 59,4% contra 3,6% no ensino privado

Pollianna Milan


Educação privada é para poucos e, quando se trata de crianças com deficiência, a restrição é ainda maior. No Paraná, existem apenas 3,6% de alunos deficientes que conseguiram entrar na rede privada do ensino regular. É um número que daria para contar nos dedos. A desculpa esbarra sempre na questão arquitetônica: o colégio é antigo, tem escadas e não dá para adaptar. E, para aqueles que conseguem transpor as escadas, a deficiência intelectual (ou mental) acaba sendo o empecilho: nesses casos, a escola costuma dizer que não tem mais vagas. Será?
Uma conversa com pais e representantes de escolas responde a pergunta. O que falta mesmo é coragem da sociedade para fazer com que a inclusão aconteça. Em tempos em que se pede aos quatro cantos pela igualdade, ainda existem crianças que chegam à escola e reproduzem o preconceito que é desenvolvido e alimentado dentro de casa. Elas dizem ao colega deficiente: "Papai falou que não era para eu ficar perto de você." Esse caso aconteceu em uma escola privada de Curitiba. Uma pesquisa feita neste ano em 501 escolas públicas do Brasil comprova o preconceito: 96,5% dos 18,5 mil entrevistados disseram ter alguma restrição em relação a portadores de necessidades especiais. E a discriminação não para por aí.
A diretora do Colégio Atuação, Cristina Pereira, lembra que as escolas precisam incluir em todos os aspectos. "Os pais de uma aluna branca e loira resolveram tirá-la da escola porque uma aluna negra a mordeu. Quando o acidente aconteceu com outra aluna branca, porém, eles não fizeram nada", diz. Se a discriminação de raça ainda existe, o preconceito contra os deficientes é ainda maior porque a ideia da inclusão deles nas escolas regulares é recente. Faz 15 anos que o governo federal entendeu e recomendou, com base na Cons­tituição, a convivência entre todos os tipos de educandos - surdos e ouvintes, cadeirantes e caminhantes. Mas, se não houver alguém que comece a enfrentar o assunto, pouco vai mudar.
Experiências
A síndrome de Down de Manoel Fernandes Cachoeira, 2 anos, é invisível aos olhos dos coleguinhas. Ele estuda no maternal do Colégio Integral e está superando os próprios limites quando percebe no outro a possibilidade de ir além. "As crianças são como um espelho para Manoel, no qual ele se enxerga e quer fazer igual. Isso tem ajudado nosso filho a se desenvolver muito melhor", afirma o pai, Paulo Cachoeira. Desde que começou a frequentar a escola, Manoel conseguiu evoluir nas questões cognitivas e motoras.
Pedagogos são unânimes em dizer que quanto mais cedo a inclusão acontecer, mais facilmente a criança com deficiência se sentirá acolhida pela sociedade e conseguirá, assim, desenvolver um futuro promissor. "Até a 4.ª série a inclusão é tranquila. As crianças não enxergam as diferenças. Depois disso é complicado, o adolescente não tem paciência e acaba se isolando. Por isso enfatizamos a importância desse aluno ter um grupo de amigos, de começar a estudar cedo e da necessidade de haver sempre transparência na relação entre família e escola", afirma a pedagoga Marisa Pan, do Colégio Integral.
O estudante Bruce Za­­po­toczny, 8 anos, encontrou na amizade dos colegas de classe uma maneira de participar dos jogos de futebol, esporte de que tanto gosta, mas que não consegue praticar porque teve paralisia cerebral e perdeu a capacidade motora dos braços e pernas. "Os amigos empurram a cadeira de rodas para a quadra de esportes - a tutora vai junto -, lhe dão um apito e ele fica responsável por apitar sempre que sai um gol", conta emocionado o pai Iverson.
Bruce, que não teve comprometimento na parte cognitiva, está no 3.º ano da Escola Municipal Professor Guilherme Butler. Como estudou em creches e entrou no colégio desde o 1.º ano do ensino regular, já se sente incluído. "Ele foi nosso primeiro aluno com deficiência. Quando fez a matrícula, participamos de uma reunião para ver quais seriam as necessidades dele e conseguimos atendê-las. Não é fácil porque nem todos estão preparados, mas quando há boa vontade tudo é possível. Quem comanda a turma é o Bruce, ele nos ensinou muitas coisas", conta a pedagoga da escola, Clarisnéia Schilipack.
Nas escolas públicas a inclusão é maior do que nas particulares. Dados recentes da Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação (MEC) mostram que 59,4% dos alunos com deficiência no Paraná estão incluídos em salas de aula do ensino regular da rede pública, contra os 3,6% na rede particular. No Brasil são 80,4% dos deficientes na rede pública regular e apenas 11,5% nas particulares. E um dos motivos para tamanha diferença pode estar justamente no fato de que as públicas não podem negar a vaga, enquanto as particulares, em geral, criaram um regimento que diz que pode haver apenas um aluno deficiente por turma (às vezes nem isso é cumprido). O motivo é pedagógico, porque não basta colocar o aluno na sala: é preciso força de vontade para adaptar o currículo de acordo com as necessidades dele e assim incluí-lo de fato. O esforço existe, mas infelizmente não chegou a todas as escolas privadas do Brasil.
Adaptação é pequena
O Paraná está bem melhor do que o Brasil quando o assunto é escola adaptada. Enquanto nacionalmente existem 17,4% de escolas preparadas para receber o deficiente, no estado são 31,6%. Curitiba chega a um porcentual ainda me­­lhor, de 43,7% de adaptação.
Nas escolas municipais da capital paranaense, o índice de adaptação arquitetônica é alto: existem 179 colégios e 175 estão aptos para receber cadeirantes. Dos 171 Centros de Educação Infantil, existem 85 adaptados. A realidade, porém, é um pouco diferente nas escolas estaduais.
Das 2.126 escolas públicas da rede estadual do Paraná, 559 têm atendimento na área de educação especial no ensino regular. E o número é bastante desproporcional porque muitos dos colégios funcionam em construções antigas, algumas com mais de 50 anos e que são inclusive tombadas pelo patrimônio histórico, o que impossibilita a alteração da arquitetura.
"Desde 2003, todas as escolas construídas foram adaptadas, o que ajudou a elevar o número de estudantes deficientes incluídos de 17,7 mil, em 2002, para 37 mil até o final do ano passado", afirma a chefe do departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional, Angelina Matiskei. Além disso, o estado manteve as escolas de educação especial para alunos deficientes que não conseguem se adequar às escolas regulares: são 41 mil deficientes que desfrutam desse benefício.

(Encontrado em http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=29219 )

(Londrina, no Paraná... Quantas lembranças boas daquela terra roxa! Eu tinha 14 anos quando ouvi a canção Londrina, num festival de música da Globo, e me apaixonei pela valsa.)

ORGULHO ALBINO: CELEBRANDO OS 80 ANOS DE MESTRE SIVUCA

80 anos de Sivuca: legado do mestre faz escola

Fernando Gasparini
Um dos maiores gênios do século XX, Sivuca revelou ao mundo a universalidade da música brasileira. Manteve constante diálogo com os campos do erudito e do popular desde os primórdios da carreira, e foi o responsável por levar a sanfona de inspiração nordestina às mais importantes salas de concerto do Brasil e exterior.
Falecido em dezembro de 2006, o mestre completaria 80 anos no mais recente 26 de maio. O seu imenso legado à cultura brasileira começa agora a ser compreendido pelas novas gerações, a partir de ações de resgate, preservação e, por que não?, de continuidade à obra do sanfoneiro. Há quatro anos, o ArteSivuca, entidade que abriga o Acervo Sivuca, promove shows, palestras e oficinas, além de realizar uma ampla pesquisa discográfica e documental acerca do artista.

Shows
Uma das importantes iniciativas do instituto é a produção do Quinteto Sivuca, um grupo musical formado por integrantes das bandas do sanfoneiro nas últimas décadas – Jorjão Carvalho (baixo), Paula Faour (teclados) e Guga Mendonça (guitarra) – e por talentos da nova geração – Marcelo Caldi (sanfona) e Lourenço Vasconcellos (bateria).
Em celebração ao octogenário do mestre, o Quinteto Sivuca realiza em junho uma série de apresentações musicais no circuito SESC Rio e no Teatro de Arena da Caixa Cultural, nos próximos sábado e domingo (26 e 27/06), às 19h30 (Av. Almirante Barroso, 25, Centro). Ingressos a R$ 10, inteira, e R$ 5, meia. No repertório, canções inéditas de Sivuca, homenagens autorais dos integrantes da banda e, claro, os grandes sucessos do mestre, como “Feira de Mangaio” e “João e Maria”.


O Quinteto Sivuca apresenta a diversidade da obra do artista, com forró, samba e jazz instrumental, revestida numa linguagem contemporânea, com arranjos ousados para antigos sucessos. Como por exemplo o choro “Homenagem à Velha Guarda” e o upa-kanga “Pata-Pata”, de autoria de Miriam Makeba, com arranjo de Sivuca, que levou ambos a rodar os cinco continentes na década de 70. O grupo investe no swing e nas levadas dançantes bem à moda do “jazz tupiniquim”, expressão comumente usada por Sivuca, atraindo tanto o público jovem como os velhos amantes do sanfoneiro.

Doação do acervo digitalizado
Outra ação do ArteSivuca é o levantamento discográfico do músico, um trabalho feito desde 2006, com recolhimento e catalogação completa de discos no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, França, Inglaterra, Japão, Suécia e Estados Unidos.
O material está devidamente sistematizado, o que resultou na doação de acervos digitalizados para importantes escolas e centros de pesquisa no Brasil, como Instituto Moreira Salles, Conservatório Brasileiro de Música, Instituto Cultural Ricardo Cravo Albin, Escola Portátil de Música, Orquestra de Sopros da Pró-Arte e Escola de Música Popular Brasileira de Curitiba. Nesses lugares, o acervo sivuquiano está disponível para consulta de estudantes, pesquisadores e público em geral. O material contém fichas catalográficas e o áudio de 100 discos.A doação cumpre o dever de garantir a democratização do acesso à obra do sanfoneiro, uma vez que a quase maioria dos seus discos autorais encontra-se fora de catálogo comercial. E atende à ânsia dos músicos em explorar melhor a obra do artista.

Cursos Livres de Sanfona
Captando uma crescente demanda de sanfoneiros por novos espaços de encontro e aprendizagens, o ArteSivuca promove, desde 2008, em parceria com o SESC Rio, o Sanfonada, um encontro de sanfoneiros cuja marca é a diversidade. Numa espécie de cabaré musical, cada músico executa suas peças prediletas. O resultado vai desde um forró típico a um fado português.
No final de maio, inaugurou-se a primeira Oficina Permanente de Sanfona Brasileira, que está sendo realizada aos sábados no SESC Madureira e aos domingos no SESC Tijuca. O curso é gratuito e voltado tanto para amadores como para profissionais.
O objetivo é criar uma atmosfera em que os artistas possam aprender através dos conhecimentos da cultura popular, o campo abriga até hoje os manejos e as “manhas” de tocar o instrumento de fole. Por isso, parte das aulas são ao ar livre, em “rodas de sanfona”, onde os professores tocam e ao mesmo tempo batem papo com os estudantes, num clima de descontração e alegria, longe da sisudez dos conservatórios.
As Oficinas Permanentes de Sanfona oferecem ainda aulas de teoria musical, o que garante ao sanfoneiro melhores condições de se estabelecer no mercado profissional.
Para Sivuca, como também para muitos brasileiros, a música foi uma forma de inclusão social e garantia de sobrevivência. Por ser albino e, por isso, impossibilitado de tomar sol e com dificuldades de visão, o artista jamais poderia trabalhar na lavoura ou na sapataria, como os membros da sua família. Nesse sentido, as oficinas visam qualificar o músico de forma a ampliar as possibilidades de trabalho como profissional e abrir novos espaços para a sanfona no cenário cultural brasileiros.

Livros
O ArteSivuca é fundado e coordenado pela filha única de Sivuca, a socióloga Flavia Barreto, e pelo jornalista Fernando Gasparini. Ambos são autores de um livro a ser lançado em julho, intitulado “Sivuca e a Música do Recife”, com apoio da Prefeitura do Recife e do Governo de Pernambuco. A publicação aborda um momento especial da carreira do artista, que é a sua formação musical na capital pernambucana, ao lado de orquestras eruditas e populares e respirando uma diversidade musical gigantesca.
Foi graças à sua formação em Pernambuco que o mestre da sanfona se sentiu preparado para seguir carreira, como o artista mesmo dizia: “fiz a graduação em Recife e o PhD pelo resto do mundo”. O contexto musical, histórico e social recifense é resgatado de forma a compreender a amplitude da obra de Sivuca, e o motivo pelo qual o sanfoneiro popular, desde cedo, enveredou pela música erudita.
Após o lançamento do livro em Recife, há previsão de lançamento no Rio de Janeiro em agosto. A publicação será utilizada como instrumento didático nas aulas da Oficina de Sanfona. Afinal, um dos objetivos do curso é oferecer ao músico elementos para compreender a dimensão social do seu trabalho, isto é, como a sua obra é o resultado e a causa do contexto cultural em que vive.
Além do livro “Sivuca e a Música do Recife”, os coordenadores do ArteSivuca planejam em breve uma nova publicação, com a trajetória completa do artista, focando a sua experiência internacional, bem como os laços emotivos entre a filha autora e o pai, revelando fatos inéditos da biografia do músico.


Palestras
Podemos dizer que, se Sivuca estivesse vivo, teria motivos de sobra para comemorar. O sanfoneiro é o compositor homenageado do ano pelos Flautistas e pela Orquestra de Sopros da Pró Arte, um projeto apoiado pela Petrobras e que anualmente faz apresentações de repertórios de grandes músicos brasileiros.
Os estudantes da orquestra aprenderão mais sobre a importância de Sivuca com palestras ministradas por Fernando Gasparini e Flavia Barreto. Apresentações desse tipo fazem parte da rotina do ArteSivuca e já foram vistas por algumas centenas de pessoas, no estado do Rio de Janeiro e em Pernambuco, por ocasião do I Festival Internacional de Sanfona, em março de 2009.
“O trabalho permanente de preservação gera frutos que são colhidos a curto, médio e longo prazos. E tem a importância de contribuir para a produção cultural brasileira no sentido de expandir as sonoridades da sanfona e da música nordestina por todos os estilos que caracterizam a nossa brasilidade e também nossa universalidade musical”, afirma o jornalista Fernando Gasparini.
Flavia Barreto, por sua vez, une o trabalho acadêmico de socióloga ao compromisso afetivo com o pai. Um acordo, aliás, feito em 2001, cinco anos antes de Sivuca falecer. Desde então, Flavia reúne depoimentos acerca da vida e obra do sanfoneiro. “Meu pai, em carta póstuma, me pediu para eu fazer alguma coisa pelas crianças da Paraíba. Ainda não cheguei lá, mas fico contente em contribuir, com os meus conhecimentos, para a propagação do legado do artista”, afirma.

(Encontrado em http://www.overmundo.com.br/overblog/80-anos-de-sivuca-legado-do-mestre-faz-escola )

quarta-feira, 23 de junho de 2010

FILME NACIONAL COM PROTAGONISTA ALBINO!

Em janeiro, descansei 2 semanas em São Paulo (http://www.albinoincoerente.com/2010/01/minhas-ferias.html ).

No penúltimo dia de férias, almoçava nas imediações do Viaduto Santa Ifigênia, quando soou o celular. Do outro lado da linha, Guilherme Motta, voz grave, que se apresentou como cineasta. Concluía roteiro de um filme para TV e me informou que o protagonista seria uma pessoa com albinismo.

Animei-me imediatamente. Faz tempo que bato na tecla de que necessitamos de representações positivas sobre albinismo nas telas, tão saturadas de vilões e albinos doidos ou paranormais.

Guilherme perguntou-me se não me interessava em ler o roteiro a fim de opinar. Aceitei o convite e, quando voltei de férias, o texto estava em minha caixa de emails.

A história chama-se Andaluz – nome do personagem central – e traz um albino catador de papel, que, ao final, é a chave para a resolução de um mistério presente na trama.

Escrevi ao cineasta dando algumas sugestões acerca de pontos duvidosos da trama. Após intensa troca de emails, recebi a versão final do telefilme, que seria submetida a um grupo de pareceiristas da Secretaria Estadual de Cultura do estado de São Paulo. Caso selecionado, o roteiro seria financiado e exibido na TV Brasil e na TV Cultura (SP).

Roteiro pronto, era hora de começar a pensar no elenco. Se aprovado, o projeto de Motta começaria a ser rodado quase imediatamente.

Perguntei a Guilherme se procuraria uma pessoa com albinismo para o papel do albino. Diante da afirmativa do roteirista, escrevi a Andreza Cavalli a fim de que indicasse possíveis albinos residentes em Sampa ou adjacências, uma vez que o filme – a ser gravado em HD - seria rodado na capital paulista.

Andreza enviou relação com nomes, telefones e emails de alguns, a qual passei para Guilherme, que parece ter gostado de um deles. Evitei especular a respeito com ele porque como sou um pouco supersticioso com relação a divulgar coisas ainda não concretizadas, deduzo que haja mais gente como eu! Passei a lista, ele me disse que um o havia lhe agradado em particular, me disse quem era, mas não fiz mais perguntas.

Quando estive em São Paulo para gravar o depoimento para a novela Viver a Vida, almocei com Guilherme. Tudo estava em compasso de espera porque ele dependia da aprovação do projeto para liberação de verbas e efetivo início das filmagens. Ele garantiu-me, entretanto, que em princípio a personagem seria realmente interpretada por uma pessoa com albinismo.

Disse a ele que isso o colocaria numa posição de vanguarda. Muitos dos “albinos” que vemos na tela são não-albinos maquiados.

Além disso, o único filme que conheço onde há um personagem albino representado de forma mais positiva é o filme islandês Noi Albinoi, mas o ator não é albino.

Semanas se passaram em quietude, porque esperávamos a decisão do júri acerca da seleção do projeto...

Agora, é com prazer que anuncio aos leitores – em primeira mão! – que a luz verde foi dada e em breve teremos o primeiro filme no mundo a apresentar um protagonista albino e ainda por cima, herói da trama!!!!

Essa honra caberá a Guilherme Motta devido à sua bela iniciativa inclusiva e também ao Brasil (ufanismo sim, e daí?).

Louros devem ser conferidos ao comitê selecionador, sensível ao compreender a importância da presença de um albino para nossa inclusão na sociedade.

Agradecimentos á Andreza Cavalli, que, a partir de seu trabalho com os albinos no Orkut, pode fornecer a lista de nomes.

Fico honrado em ter colocado o dedo no projeto, ainda que modestamente e deixo este espaço aberto ao Guilherme e a toda sua equipe. Contem comigo no que eu puder colaborar.

Farei o meu melhor para manter os leitores informados a respeito de cada passo da produção.

Só espero que o Guilherme tenha paciência para me agüentar perguntando, perguntando, perguntando...

(Esse filme será um lance muito legal para as pessoas com albinismo. Nada melhor que Guilherme Arantes em homenagem ao Guilherme Motta, não acham?)

terça-feira, 22 de junho de 2010

PRECONCEITO EM FAMÍLIA

Muitas vezes o preconceito está dentro das próprias famílias

Hevlyn Celso
Tudo começou com um forte sentimento de indignação. Foi em 2008, um ano antes de concluir meu curso de jornalismo.
Ao fazer um trabalho acadêmico, decidi entrevistar algumas mães de pessoas com deficiências intelectuais, atendidas por uma equipe de profissionais especializados em minha faculdade.
Conversei com uma delas, cuja filha, com síndrome de Down e já adulta, mal balbuciava algumas palavras. Quando questionada sobre a razão de não ter procurado auxilio durante a infância da garota, disse-me que preferia que ela continuasse a ser uma eterna criança, pois este mundo não lhe pertencia. Aquela declaração me chocou de tal forma, que não mais saiu dos meus pensamentos. Refletindo sobre a questão, imaginei que, se a mãe era desta opinião, o que então nossa sociedade não pensaria sobre essas pessoas, por pura falta de informação?
A reflexão resultou em meu trabalho de conclusão de curso, um livro reportagem sobre adultos com síndrome de Down.
Não sabia nada sobre o assunto, e tive que pesquisar muito. O preconceito começou na sala de aula, quando nenhum colega quis fazer o trabalho comigo; mas não desisti; fui em frente e tive muitas surpresas boas durante o caminho.
Uma delas foi descobrir que existiam universitários com síndrome de Down, pessoas que enfrentavam tudo aquilo pelo qual eu passava, apesar de suas deficiências. Saber que essas pessoas têm a chance de envelhecer e constituir família, independentemente de seu desenvolvimento intelectual, bastando para isso ter o apoio e o amor incondicional de sua família.
Durante a pesquisa, conheci vários pais que fazem todo o possível para proporcionar felicidade aos filhos, mesmo que estes não correspondam exatamente às projeções sonhadas. Infelizmente, o preconceito continua e muitas vezes está dentro das famílias, de forma velada. Pais que ocultam, direcionam, tolhem e anulam seus filhos com deficiência. Hoje a sociedade já enxerga essas pessoas à sua volta, a lei de cotas pressiona as empresas e a mídia procura fazer o seu papel, mas a deficiência, principalmente a intelectual, na prática, ainda é vista sob muitos tabus e preconceitos, dentro e fora das famílias.
O que podemos fazer para mudar isso? Não é só votar conscientemente, buscar políticas públicas mais justas, emprego e acessibilidade em todos os seus aspectos, mas rever individualmente nossos conceitos de "perfeição".
Por que não ter amigos com deficiências? Por que razão, por exemplo, alguns se escandalizam ao ver que essas pessoas têm relacionamentos afetivos? Não são humanos como nós?
Todos somos imperfeitos. Alguns possuem deficiência intelectual, física, visual, auditiva; outros têm deficiências mais graves, defeitos de caráter, bondade e afeto. São essas deficiências que devemos evitar e fugir. No último dia oito de junho, tive o prazer de assistir à peça “Sonhos de Uma Noite de Verão”, encenada pelo Grupo ADID de Teatro, no Clube Paineiras, em São Paulo.
O grupo é formado por adultos com síndrome de Down, e desde 1998, já apresentou oito espetáculos. Não são atores profissionais, mas a cada peça, superam suas limitações.
Isso só vem demonstrar que não existem impedimentos quando acreditamos em nosso potencial, e lutamos por nossos sonhos, com deficiência ou não.
Nosso mundo precisa enxergar a deficiência com outros olhos e ver que ao contrário do que se pensa, a diversidade nos enriquece, e nos torna pessoas melhores, na mesma medida em que nós, ditos “normais”, aprendemos a conviver com nossos talentos e imperfeições.

(Encontrado em http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=29204)

(Como bem disse Morrissey, a barbárie começa em casa...)

CORAÇÃO FAMINTO

Encontrei outro texto com personagem albina. Passarei a palavra ao próprio autor:

O que você está prestes a ler é a introdução de "Coração Faminto", o livro que retratará da história de um menino de rua que buscava sua salvação em meio a tal caos. Eu sinceramente gostaria que este projeto caminhasse com a mesma velocidade que "A Rosa Boreal" e "Cathedraw" por exemplo (estes eu escrevia com uma "sede" imensa). Mas existem muitos motivos para minha demora, e estes motivos se devem a um planejamento muito cuidadoso, até porque ao terminar de escrevê-lo, vou colocá-lo a venda. Ele é um grande teste para mim, pois será o canal que ligará a minha criatividade as pessoas. Este livro é algo diferente de um estudo bíblico, pois é uma história 100% criada do zero. Não quero decepcionar o leitor, e portanto estarei fazendo o meu melhor para trazer aos mesmos um produto de qualidade. E isto é questão de honra. Espero que gostem da introdução.

“Você é um lixo. Você não vale nada. Não existe solução para você.”
Foram com este tipo de palavras que uma criança órfã, sem amigos ou qualquer laço familiar cresceu nas ruas. Vagando de canto em canto, em sua humilhação aquele inocente ser se alimentava dos restos que encontrava em latas de lixo. Era a história de vida de tantos outros desabrigados, fossem estes vitimas da guerra ou das injustiças da vida. Não haviam abrigos por ali, e assistências sociais muito menos. As necessidades mais básicas falavam mais alto, e por essa razão os pedintes tinham de apelar para os inúmeros turistas que passavam pelas ruas daquela grande cidade de dia e de noite.
Noir, que ficava a beira do mar e envolta por ilhas tropicais, era uma grande e famosa cidade turística. Era famosa por suas belezas, mas a sua miséria era um óbvio motivo de vergonha que seus lideres tentavam esconder. Contudo, era praticamente impossível ignorar os alarmantes níveis criminais e de miséria humana nas periferias, tais como os morros e as favelas. Haviam muitas ações policiais em toda a cidade, e aquele garoto se arriscava a permanecer nas áreas ricas de Noir, onde os turistas passavam. Por sua audácia, ele apanhava severamente de guardas públicos e até mesmo de moradores que tentavam zelar pela imagem de sua prospera cidade.
A grande verdade é que ninguém estendia a mão para aquele garoto. Zombarias, desprezo e represálias eram coisas com as quais ele já estava acostumado. Ele não sabia a quem culpar. Não sabia ele se sua miséria era de responsabilidade de seus pais por o abandonarem, não sabia se Deus era o culpado. Na verdade, ele não queria culpar a ninguém a não ser si mesmo. Em sua baixa auto-estima, ele cria ser um peso, uma maldição, uma aberração. Acreditava que tinha nascido para sofrer. E como sofreu...
O mundo das ruas era terrível. A batalha de cada longo dia era para se permanecer vivo. Alguns, em seus vícios, se entregavam ao mundo das drogas e da prostituição. Era uma miséria da qual Noir se envergonhava e temia mostrar ao mundo exterior: seu cartão postal devia ser impecável. Infelizmente, não era. E aquele menino, livre de vícios e bem intencionado, vivia em meio daquilo sem se render, demonstrando uma pureza rara. Seu sonho? Não era nada especial. Ele apenas queria ter o que de comer, um lugar para dormir e paz. Faltavam-lhe ambições.
A única coisa que ele sabia a respeito de sua origem era o seu próprio nome: Matt. E nestes dez anos de vida, muita coisa lhe ocorreu. Sua vida se iniciou em um orfanato, onde ele havia sido abandonado ainda em seu primeiro dia de vida. Veio a crescer juntamente com outras crianças e de certa maneira nunca foi aceito. Esta tal perseguição incluía até mesmo parte das irmãs, que no caso eram as zeladoras daquele abrigo religioso. Sua exclusão se devia aos profundos e estranhos olhos azuis do menino, pois tais olhos possuíam um suspeito brilho e algumas singelas e bem aparentes características que o diferenciavam de qualquer outro ser-humano.
Seriam aqueles lindos olhos azuis o motivo de tamanho desprezo? Não. A pele albina e os vários fios grisalhos que se misturavam aos seus cabelos negros desde seus dois anos de idade demonstravam que ele era diferente. Mas a maior razão de preconceito para com a sua vida era uma estranha marca que o menino possuía nas costas da mão direita (ele sempre a escondeu usando uma faixa na mão ou uma luva). Os mais céticos consideravam aquela como uma marca de maldição. Desde pequeno, Matt cresceu ouvindo todo tipo de absurdos, sem ter culpa de qualquer acusação.
Ele parecia ter nascido para sofrer. Nascido para ser um exemplo de fracasso, de repudio. Não interessava se ele era culpado ou não culpado, seu “destino” apontava para o negativismo. Seu futuro não parecia ter surpresas felizes. Eventos o levaram a sarjeta, a becos imundos no resto da sociedade. Mas se é que existisse uma ambição naquele menino, era o seu esperançoso desejo de liberdade, de salvação. Noir, que a tempos tem sido a cidade por ele escolhida como seu lar, significa “livramento”. E por crer que nesta cidade ele teria a sua tão almejada salvação, ele permaneceu ali a espera de seu milagre.
As palavras negativas não tinham tanto valor sobre ele. No fundo, não matavam sua real fé. Matt simbolizava um sofredor que cria no “sonho patriota”, que cria que a sua oportunidade um dia chegaria. Com ânimo inabalável, ele depositou suas esperanças naquele lugar. Infelizmente, o milagre não vinha, e a cada dia parecia que este milagre se distanciava mais e mais daquele lugar esquecido. Sempre doente e machucado, o menino de dez anos era teimoso em insistir em viver. Por mais infernal que fosse a sua vida de derrota, ele ainda acreditava que um dia a sua sorte mudaria, e assim sendo ele não desistia.
Os dias eram difíceis. Naquele mundo cruel e preconceituoso, pensamentos otimistas sobre o amanhã pareciam utopia, loucura, mera fantasia. Mas para Matt, aquilo era o que o mantinha vivo. Sua gentileza sempre foi aparente tanto em suas ações quanto em suas poucas palavras, as quais sempre saiam em tom fino e tímido. Sempre andava sozinho, procurando não se envolver com ninguém para assim não entrar em enrascadas, mas também nunca desejou ou fez mal a alguém. Por nunca ceder ao ódio e ao rancor por sua realidade, ele mantinha-se equilibrado no mais hostil ambiente.
Rara era a sua paciência. Matt possuía um olhar triste mas que ao mesmo tempo apresentava um belo brilho típico de alguém que queria viver. Era uma jóia rara jogada ao vento, perdida e sem destino. Sua carência era por um amor que infelizmente ele não encontrava. Sua necessidade era a de uma salvação, de uma libertação daquelas correntes que o prendiam a uma vida de escravidão. Sua simplicidade era muito evidente. Não era apenas o alimento físico que lhe fazia falta, mas acima de tudo o alimento espiritual.
Até a próxima!


Quem quiser saber como/se a história segue, acesse http://sonho-obras.blogspot.com/2010/05/um-menino-de-rua-que-cria-na-propria.html

(Falou em Matt, lembro logo do Matt Bianco!)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

UN CANTANTE CON SÍNDROME DE DOWN

Se llama Manuel Romero, pero muchos ya lo conocen como "Manolo de Santacruz", tiene 26 años y síndrome de Down. Estos días graba la maqueta de su primer disco. Luego le escuchamos...

Manuel Romero, un cantador de flamenco con sindrome de Down


(Encontrado em http://www.rtve.es/mediateca/videos/20100615/manuel-romero-cantaor-flamenco-sindrome-down/800518.shtml)

O TRIUNFAL FRACASSO DE ELIZABETH GASKELL

Roberto Rillo Bíscaro

No dia de Natal, postei sobre Cranford, romance da inglesa Elizabeth Gaskell: http://www.albinoincoerente.com/2009/12/cranford-o-livro.html . A simpática ironia idílica da autora despertou a vontade de ler outro volume acumulado na estante: Mary Barton.

Publicado em 1848, o romance foi duramente criticado pelos manufatureiros de Manchester, cidade onde se passa maior parte da trama. Os fabricantes acusavam Gaskell de insuflar a classe operária, devido às descrições proto-realistas das condições apavorantes de vida dos trabalhadores famintos e analfabetos e suas famílias.

1848 foi um ano-barril-de-pólvora em diversas partes da Europa, devido às revoltas populares exigindo melhores condições de trabalho e vida. Uma espécie de cobrada de conta: a burguesia-patroa foi posta contra a parede para colocar em prática a “igualdade”, parte da tríade ideológica da Revolução Francesa. Como se sabe, foi aí que muitos perceberam que a nova classe no poder não estava disposta a compartilhar o osso. Em meio a essa onda que sacudia o continente, não causa espanto a indignação dos senhores de Manchester contra a bem-intencionada e cristã Sra. Gaskell.

O título da obra faz supor que a história esteja centrada na figura da protagonista, Mary Barton. Ledo engano, pelo menos nos dez capítulos iniciais, nos quais a moça não protagoniza nada. Gaskell usou cerca de um terço de seu livro para descrever as condições precárias de vida dos trabalhadores de Manchester e contrapô-las à opulência acintosa de seus patrões, que, se reclamavam do mau andamento dos negócios, não se furtavam em desperdiçar dinheiro enquanto seus empregados passavam fome.

Marx e Engels - separadamente e sobre autores distintos – disseram que aprenderam mais sobre as condições de seu tempo com a literatura do que com os historiadores á mão. Gaskell pode ter sido um desses autores. Mary Barton escapa da vala-comum justamente por causa do interesse sociológico que desperta.

Além da descrição das condições econômicas do proletariado, Gaskell – como Dickens - esteve entre os primeiros escritores a narrar a experiência da cidade grande, das estradas de ferro, do mundo novo que o capitalismo industrial criava. O capítulo 26 mostra Barton indo a Liverpool pra participar do julgamento de seu amado. A descrição mostra a confusão despertada em alguém que usava o barulhento e veloz serviço ferroviário pela primeira vez. Descreve a fumaça por cima de Manchester, enfim, a experiência do zum-zum-zum da cidade moderna e suja, o começo de nossa experiência. Mesmo andando de trem pela primeira vez e indo pruma cidade estranha, Mary não se intimida com Liverpool. Segue sem dificuldades as instruções dum guarda, afinal, era uma garota urbana!

Esse triunfo temático de Gaskell, entretanto, é alcançado mediante fracasso formal, no caso do romance Mary Barton. A escolha do nome duma moça como título dum romance de meados do século XIX implicava uma narrativa que girasse em torno dos problemas individuais da personagem. Jane Eyre e Lucíola não me deixam mentir... O primeiro terço de Mary Barton, porém, está profundamente desacelerado em termos de narrativa individual – sugerida pelo título escolhido pela autora. Ou seja, é como se Gaskel tivesse escolhido uma coisa e a narrativa tivesse ido pra outra direção. Esteticamente, isso é defeito formal, porque a autora tentou botar um bolo “social” numa assadeira individual, resultando num desnível enorme entra as duas partes nas quais poderia ser dividida a obra.

Mary Barton, a personagem, é a linda filha dum operário, cobiçada por um jovem pobre o outro rico, no inicio opta pelo rico, mas depois reconhece que ama o pobre. Pouco disso ocorre nas primeiras 100 e tantas páginas do livro. Depois, quando ocorre, o livro vai de policial, pra court drama, pra melodrama, com direito a assassino pobre morrendo nos braços do rico pai do jovem assassinado. E sendo perdoado! Se tivesse sido por isso, Mary Barton, livro e mocinha idealizada, teriam ido pra cova rasa...

A despeito dos ataques dos patrões de Manchester, a crítica social de Gaskell não vai mais longe do que sugerir que o sofrimento – fonte de purificação cristã - uniria patrões e empregados, porque aqueles compreenderiam melhor estes e fariam o possível pra minimizar as agruras do operariado. Sintomático, porém, que John Barton vá a Londres na esperança de ser ouvido pelo Parlamento, mas o grupo e trabalhadores sequer é admitido. 1848...

Se Gaskell acreditava na harmonia entre patrões e empregados através das lições do sofrimento, não cria na “regeneração” de alguém que quebrara a sagrada castidade reservada às mulheres. Esther, a tia de Mary, que se “perdera” depois de haver fugido com um jovem, não ganha a chance de emigrar pro Canadá, pra recomeçar, como as demais personagens. Prostituta e alcoólatra, a personagem acaba enterrada na mesma sepultura do assassino. Na mentalidade da temperança da classe-média inglesa da época vitoriana, liberdade sexual e assassinato eram imperdoáveis.

(Lembram de Jane e Herondi? Antes de cantarem em português, eles gravaram sob a alcunha de Manchester, em inglês.)

PROTETOR SOLAR NO INVERNO TAMBÉM

Veja como se proteger do inverno

Médicos alertam para a higiene em locais aglomerados, como ônibus e metrô


Nesta segunda-feira (21) começa oficialmente o inverno no Brasil. Apesar do aumento na temperatura nos últimos dias, a previsão é que o clima frio volte nos próximos dias junto com a chuva.

Sendo assim, todo o cuidado é pouco com a chegada da estação. Além dos cachecóis, blusas de lã e sopas quentes, o brasileiro tem de estar atento aos problemas respiratórios e dores nos ossos já fraturados, segundo a equipe média do hospital Beneficiência Portuguesa de São Paulo.

Para evitar a doença mais comum do inverno, a gripe, a sugestão é tomar a vacina contra a doença e redobrar a atenção quanto a higiene nos lugares aglomerados, em locais como os ônibus e metrô. Os médicos recomendam que a população reforce a limpeza das mãos e evite colocar as mãos ao nariz e à boca em locais com muita gente para evitar o contágio de doenças.

Os brasileiros que sofrem com as alergias respiratórias, como a renite e a asma, devem ingerir bastante água e usar o umificador de ar e o soro fisiológico na região dos olhos e do nariz. Outra sugestão é a manutenção periódica do ar-condicionado, mesmo o do carro, para evitar o acúmulo de poeira, bactérias e fungos.
O ressecamento da pele é outro problema que a população deve estar atenta. Nesta época, vale a pena investir em protetores solares, pois o sol do inverno também possui raios ultra violetas que são danosos à pele. Outra recomendação é evitar os banhos demorados, que tendem a retirar a umidade da superfície, e usar sabonetes de glicerina e infantis que costumam ser menos agressivos.

As pessoas que possuem ossos fraturados devem usar um analgésico comum, já que nesta época do ano as dores costumam ser freqüentes devido a pressão atmosférica que muda com as baixas temperaturas. Outra dica é fazer compressas de gelo no local da fratura entre duas a três vezes ao dia por 15 minutos.

(Encontrado em http://noticias.r7.com/saude/noticias/saiba-como-se-proteger-do-inverno-que-comeca-amanha-20100620.html)
(Sol de Inverno, canção e voz lindas que descobri pesquisando vídeo pra ilustrar esta postagem. Adorei! Viva Portugal!)