domingo, 24 de janeiro de 2010

MINHAS FÉRIAS

Carlito e eu no topo do edifício do Banespão.
Carlito no bondinho que fica em frente ao Memorial do Imigrante.

Eu no saguão do edifício do Banespão, o Empire State Building de Sampa.

Quando guri, era comum após as férias, os professores primários e/ou de português darem uma redação no primeiro dia letivo. O título invariavelmente era “minhas férias” e a gente contava o que tinha feito. Quem não fizera nada, inventava. No dia em que completo 43 anos vejo-me na mesma situação de 30 anos atrás; é hora de contar um pouco de como foram as minhas.

Os 12 dias em São Paulo foram repletos de caminhadas e comilança! Calor quase igual ao da noroeste do estado, mas meu companheiro de andanças é cervejeiro contumaz, então estávamos sempre nos “refrescando”... Caminhando pelo centro velho de Sampa, de hora em hora parávamos nalgum boteco pra uma loiruda (fique bem, Hebe!!). Quando não, nos gelávamos com açaí na tigela. O andar e transpirar constantes não nos permitiam ficar tontos de cerveja ou gordos com a bomba calórica do açaí.

Carlito, o amigo argentino, é ótimo pra explorações urbanas. Topa tudo e sugere muito. Além disso, tem paciência de Jó com minhas distrações de esquecer ou achar que perdi coisas. “Carlito, a minha carteira tá com você?”, “Carloooos, acho que perdi a câmera fotográfica!”, “Cadê o bilhete do metrô?” Tudo sempre estava sempre na mochila dele, repleta de coisas minhas... Algumas vezes eu esquecia mesmo e tinha que descer de volta a Brigadeiro, ir ao apartamento pra pegar o objeto esquecido. Carlito não fez cara feia sequer uma vez.

Protetor solar fator 60 no bolso de minhas bombachas ou na mochila dele era reaplicado em todo momento. Não tenho o menor problema de fazer isso em público. Sou do tipo que dança ouvindo mp3 onde quer que esteja, acha que me envergonharia de passar protetor solar no meio do Viaduto Santa Ifigênia? Como dizia uma velha propaganda de absorvente: incomodada ficava a minha avó!

Bugigangas e acarajé na Praça da República, sanduíche de mortadela no Mercado Municipal, bugigangas e comida árabe na região da 25 de Março, fiação e DVDs virgens na Santa Ifigênia, quebra-queixo pro Carlito no parque Dom Pedro, serviço bancário e supermercado na região da Paulista. E cupuaçu, tapioca, guaraná, carambola e lichia pro amigo estrangeiro.

Ambos de mochila, chapéu, câmera fotográfica, parando pra olhar algo de quando em vez, dava na cara que éramos turistas. Pra variar, fui devorado com os olhos por milhares de transeuntes; sem problema já me acostumei com isso. Pra falar a verdade, até gosto, sabiam? Houve época em que incomodava, agora juro que não mais. Ser facilmente identificável tem suas vantagens. No Parque do Ibirapuera, uma ex-aluna me encontrou totalmente por acaso. Carlito e eu entrávamos, Oriana saía. Coincidência, não? Isso já me ocorreu outras vezes em SP...

Bom ter companheiro como o Carlito; bom também rever os amigos de Sampa. Jayme e Claudio que nos hospedaram; como agradecer tanta generosidade e paciência? Ir ao Museu do Imigrante com a Mônica, que já viajou comigo pra Buenos Aires e se hospedou no apartamento do Carlito. Ela tá feliz da vida com o novo trampo, dá gosto de ouvi-la contar a respeito. Revi o Pedrinho, que sempre me faz rir com as aventuras que conta tão coloridamente.

Também conheci gente nova. Uma tarde, fui encontrar uma aluna do Professor Sebe porque ela quer iniciar um blog também de ativismo social e tomou o nosso como modelo de “sucesso”. Fiquei lisonjeado e gostei de Carol logo de cara. Papo agradável e divertido, sem frescurite.

Conheci o Renato, de fala mansa; acabamos virando seguidores dos blogs um do outro.

Estou com a bateria recarregada pro ano novo e já tem tradução pra fazer; amanhã será dia de ficar em frente à tela do computador, traduzindo pro inglês, complicados nomes de substâncias químicas. Chegou a hora de pagar pelas férias!

(De volta pra casa...)


2 comentários:

  1. oi querido...a casa é sua para volta sempre...

    e só para te avisar, que agora voltei a escrever, mas em outra casa!

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  2. Hoje assisti a sua história no final da novela. Foi uma coisa incomum, é raro assistir novela. Mas, sua história me fez lembrar de uma amiga. Quando tinha 16 anos e estava no último ano do ensino médio a conheci. Não lembro o nome dela, somente a chamava pelo apelido - anjinha. O ano passou e fizemos coisas legais. Mas, o melhor foi no amigo oculto de fim de ano - foi ela quem me tirou. Ela me deu meu primeiro urso de pelúcia e disse que eu iluminava a classe com alegria mais que ela com a pele branca. Brinquei e disse: eu consegui. Tenho 40 anos e o ursinho continua lindo e minhas filhas o disputam.

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