quarta-feira, 30 de novembro de 2011

ÓTIMO VÍDEO PRA SALA DE AULA

Semestre passado indiquei um documentário muito interessante sobre a obsolescência planejada. Acabo de ver outro igualmente contundente.
The Story of Stuff está legendado em português e tem menos de 22 minutos. Ótimo pra passar em sala de aula!
A ambientalista Annie Leonard explica como funciona o sistema linear do capitalismo, e como isso prejudica o planeta. Extração, produção e consumo, tudo bem explicado no que concerne ao impacto que tem causado no planeta, devido aos exageros desde os anos 50. 

CONTANDO A VIDA 60

Dando sequência a suas conjecturas sobre o amor, nosso cronista mostra-se incurável romântico!

CRÔNICAS AMOROSAS

José Carlos Sebe Bom Meihy
Sempre que escrevo, antes de considerar o texto acabado, gosto de ouvir opiniões amigas. Quando tempo há, escolho pessoas de acordo com um casamento imaginário de crítica e correção. Confesso, sempre que isso se dá me vejo feliz com os resultados. Escrevi faz pouco tempo sobre a transformação histórica do amor. A crônica chamava-se “A invenção doamor”. Dividido em etapas, o sentimento em sua configuração atual foi inventado no século XII, a partir da linda e trágica relação de Tristão e Isolda. Redigido o texto, enviei a três pessoas e, de modo geral, todos responderam dizendo que não deixei espaço para o “bom amor”, aquele que pode dar certo. Vendo-me como pessimista, entendi que deveria propor outro. Bastou isso para dar nascença a esta crônica que corrige a rota possivelmente desviada da mensagem anterior. Aviso logo que sou tesmunha viva de histórias amorosas felizes.
Sim, acredito que mesmo navegando nas águas do “amor líquido” (evocando sempre Bauman), há espaço para a realização do “bom amor”. Eu mesmo vivi tal situação e multiplico amigos que experienciam tal ventura. Mas, não há como negar que os tempos mudaram. A fidelidade, por exemplo, padece novas afrontas. Vejamos, por exemplo, o curioso debate sobre a lealdade virtual. A discussão sobre traição via internet é das mais férteis que se conhece. Afinal, sexo virtual é aceito? Vale considerar como sexo praticado o desejo estabelecido a partir de situações à distância e mediada por aparelhos eletrônicos? Logicamente, este debate tem anterioridades. Quem não se lembra dos argumentos usados por Bill Clinton no rumoroso caso da Ms Monica Lewinsky, quando se afirmava que tecnicamente não teria havido relação, pois esta seria determinada pela conjunção carnal que, ao que tudo indica, não houve? Bobagens? De toda forma, ficou mais difícil estabelecer os limites da fidelidade. Por lógico, não cabe desconhecer as linhas defensoras de que uma coisa é sexo e outra o amor. Como se fazer sexo fosse uma espécie de ginastica, algo natural e biológico, tantos são os que desprezam a relação afetiva em favor da dita “aliviada”. Tudo como se fosse mecânico e descartável. Na mesma ordem, há os que não abrem mão da relação plena, capaz de justificar o “bom amor”, a troca de afetos. Dia desses, ouvi uma expressão estranhamente cativante. Um quase senhor me explicava que era adpeto do “sexo progressivo”. Ante minha dúvida ele dizia “professor, não tem rock progressivo? pois é, tem também sexo progressivo.” Desdobrando o profícuo argumento, me era explicado que em relacionamento que comunga amor e sexo, as manifestações afetivas íntimas tinham que caminhar para uma progessão geométrica, criativa, cumulativa de carinhos, carícias e emoções, senão...
Mas, tudo isso me faz perguntar como são vistos hoje os padrões amorosos. Achei dia desses, lendo uma cronista que ganha destaque galopante entre nós algo que pode resumir o meu amplíssimo entendimento da matéria. Dizia Marta Medeiros “sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta. Agora, sente-se e escute: eu te amo não diz tudo”.
Foi pensando nisto que estabeleci uma moldura para minha análise. O amor em tempos modernos pode existir sim, mas a complexidade dos sentimentos demanda bordados com diferentes cores. O desenho proposto é sempre inovador e os rumos da relação se emendam no compromisso continuado. É aí que reside o grande segredo das relações: diálogo. Diálogo aberto, daqueles que projetam futuro e permitem supor que o amor se materializa no afeto expresso, mas não só nele: não basta dizer “eu te amo”. Aliás, mais do que dizer “eu te amo” é preciso ter projetos comuns e esses exigem que um par olhe para o outro expressando a vontade de ficar juntos. Unicamente competados.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

TELINHA QUENTE 31


Roberto Rillo Bíscaro

(Em memória de Thiago Bíscaro)

Não sei se o resto do Brasil curtiu a série Anos Incríveis nos anos 90. A TV Cultura (emissora pública estadual paulista) exibiu as 6 temporadas diariamente entre 93 e 94, acho. Virou febre, e olha que o programa competia com novelas globais e o escambau. Mas, lembro-me de que quase todo jovem que conhecia, adorava o programa. Era uma luta nos lares com apenas um aparelho de TV, convencer os pais a nos deixarem ver o programa ao invés do Jornal Nacional...
Sempre lembro de meu sobrinho mais velho, Thiago, com o qual via o show quando podia. Ele imita o “ó Kevin”, meio sem vida da dublagem da Winnie Cooper. Parece que ele comprou a série em DVDs piratas. Se chegou a ver tudo, jamais saberei.
Passei os últimos meses (re)assistindoa todos os episódios.
A ação se passa num subúrbio de classe-média qualquer nos EUA, no período de 1968 a 73. Vietnã, lua, Rolling Stones, liberação da mulher, direitos civis dos negros; o protagonista Kevin Arnold, sua família e amigos, passam por tudo isso e, embora não participem de protestos e batalhas de rua, a História invade suas vidas e casas.
Kevin é um garoto nada especial, o que confere charme à história. As “lições de moral” ficam a cargo do narrador, um Kevin já adulto, rememorando o passado e sumarizando lições aprendidas, não na infância mesmo – uma vez que as ações de Arnold em conjunto durante a série desmentem muitas das coisas “aprendidas”. É esse contraponto que torna o show inteligente.
Por ser um menino “comum”, as expectativas edificantes do telespectador são frustradas. Quando cremos que dirá/fará algo maduro e/ou inteligente, ele se comporta como um garotão.Essa quebra de expectativas torna The Wonder Years um produto moderno e inovador, considerando-se que começou a ser exibido nos EUA no final dos anos 80. E em TV aberta.
A grande sacada da série é mostrar que não existem vidas “comuns”. Qualquer experiência pessoal é rica, as mínimas coisas da vida adquirem significado mastodôntico. Todos somos especiais e a aparente padronização suburbana esconde existências preciosas.
O que cativa, sobretudo, é a simpatia do elenco, especialmente dos atores-mirins. Como resistir á doce Winnie Cooper - interesse romântico de Kevin – cujas aparições eram frequentemente acompanhadas dum primaveril dedilhar de violão?
E o nerd alérgico a tudo com óculos gigantes, Paul Pfeifer? Pena que nas últimas temporadas seu papel diminuamuito. Pra desfazer uma lenda urbana: o ator Josh Saviano NÃO se tornou o roqueiro Marilyn Manson quando cresceu. Ao invés, ele abandonou a carreira artística e foi pra Harvard, bem ao estilo de sua personagem. 
Quando as crianças crescem, o show perde bastante de sua graça. Na sexta temporada, Fred Savage (hoje, diretor de TV) tinha 17 anos e perdera o frescor da meninice. Na verdade, nós fãs não nos sentimos confortáveis, creio, com Kevin dando o maior amasso em Winnie. Pode até ser recalque ou repressão, caretice, mas foi a própria série quem investira nessa imagem, então, a culpa é dela!
A narração final do último capítulo – quando aprendemos o destino das personagens principais – dá nó na garganta, como diversos outros ao longo dos anos. Como esquecer Mr. Collins, professor de matemática, que ensina muito mais do que contas a Kevin? E olha que o mestre aparece em apenas 2 episódios!
O dia em que Kevin vai com seu pai ao escritório, o vê sendo maltratado pelo chefe,e começa a se dar conta de que Jack Arnold não é o super-herói que fantasiava é igualmente memorável.São muitos episódios de excelente nível, colocando The Wonder Years na linha de frente das melhores produções de sua época.
Diz-se que um lançamento em DVD é improvável devido à miríade de canções dos anos 60/70 constantes da rica trilha sonora. Coisa de direitos autorais, cessão de direitos, sei lá. Enquanto isso, o mercado de DVDs piratas, feitos a partir de gravações da TV, vai bem obrigado.
Guardarei Anos Incríveis pra rever quando for sessentão e estiver rememorando os meus, que certamente serão os anos 80.

ETIQUETA INCLUSIVA

Dicas de Relacionamento com a Deficiência
Priscila Sampaio

Por ser cada vez mais comum a participação de pessoas com deficiência em eventos sociais ou em seminários e convenções, as empresas que organizam esses encontros devem estar atentas à estrutura e principalmente ao atendimento pessoal. Muitas vezes, a ausência de acessibilidade e o não cumprimento de normas ocorrem por falta de informação. 

De acordo com Thais Frota, arquiteta especialista em acessibilidade e proprietária da empresa Arquitetura Acessível, todo evento planejado com adaptações evita gastos e consegue atender às necessidades do público com deficiência. "Basta usar a criatividade. Muitos recursos, como tablados para elevar o anão à mesa de café, são móveis e poderão ser usados em outras ocasiões. Se o evento for muito grande e não tiver toalete adaptado, por exemplo, o sanitário químico acessível pode ser alugado. Não é o ideal, mas é melhor do que não ter."

Ao escolher o local, a organização deve pesquisar sobre as condições de acessibilidade estruturais. É importante saber se o espaço conta com elevadores e plataformas elevatórias, e checar se eles estão funcionando. "Alguns organizadores não se atentam às questões de acessibilidade. Ao aparecer alguém que necessita desses recursos, ficam perdidos e jogam a culpa no espaço, que por sua vez não se responsabiliza pela recepção dos participantes", afirma a arquiteta.
Autismo
Algumas pessoas com autismo têm dificuldade de permanecer em locais movimentados e com diversos sons. É previsível que um participante com autismo levado a um evento já esteja apto a frequentar locais de uso coletivo. Mas é importante que a recepção procure se comunicar com o autista. Caso ele não responda, fale com o acompanhante, pergunte qual é o grau de autismo, o tempo que ele consegue ficar sentado em um mesmo local e particularidades de sua participação em outros eventos. Uma das características do autista é a rotina. Na entrada, entregue o folheto com a programação do evento e conte passo a passo o que ocorrerá, explicando, por exemplo, que ele deverá ficar sentado durante as apresentações, que haverá intervalo para o almoço, a hora de retornar à sala e o encerramento. O evento deve fornecer a programação em um folheto escrito, com desenhos e palavras chaves. Alguns autistas conseguem ler, outros só entendem por meio de figuras. A programação precisa cumprir o horário. "Pessoas com autismo são muito pontuais. Se no cronograma está marcado que o café é às 10h, elas levantam de onde estão e se encaminham para o local indicado. A recepcionista precisa perguntar ao acompanhante se é possível conseguir segurá- lo, se houver atrasos; se não for, deixe-o antecipar o café", diz Márcia Paulici, coordenadora geral das unidades da Associação de Amigos do Autista de São Paulo (AMA). É necessária uma sala reservada, pois, caso o participante com autismo tenha um comportamento inadequado, o acompanhante poderá levá-lo a esse local e tentar acalmá-lo para retornar ao evento. "A organização deve respeitar e evitar a exposição. Por isso, o recomendável é acomodá-los próximos à porta, para que se retirem do ambiente rapidamente se houver algum imprevisto", conclui Márcia.
Nanismo
As adaptações devem ser pensadas desde o estacionamento. É importante deixar algumas vagas ao lado da entrada do espaço, pois os carros de anões são adaptados e os manobristas de serviço de vallet não estão habilitados a conduzir o veículo. Por isso, o próprio motorista pode estacionar - o que não o isenta do pagamento, mas evita problemas. O que mais incomoda pessoas com nanismo é a falta de sensibilidade das recepcionistas. Leo Fernandes, proprietário da LC5 Anões em ação, tem 1,38 metro e fala que não é necessário mandar fazer um balcão com menos de 1 metro - uma mesa que permita à atendente falar olhando para seu rosto é o suficiente. "A comunicação agradável é a melhor adaptação que podemos ter. Mesmo que seja um balcão comum, a pessoa pode se levantar e ir até o anão para pegar os dados e retornar ao computador, o que evita constrangimento e a má postura do profissional", fala Fernandes. Na mesa de café, é importante ter um tablado ou uma espécie de banco pequeno para o anão subir e se servir. Se a mesa for comprida, coloque mais de um - de maneira que sejam fáceis de movimentar. Se o evento oferecer almoço, deixe uma pessoa à disposição no bufê para montar o prato. Em palestras, reserve os lugares nas primeiras fileiras. A acessibilidade do banheiro também é fundamental. A organização deve checar se o local tem vasos sanitários baixos, e não os infantis. "Os anões que têm acondroplasia (membros curtos, porém o corpo é de adulto) não acomodam o quadril nos vasos sanitários infantis", diz Leo Fernandes. Ainda no toalete, é importante deixar a porta de entrada aberta, e no feminino, os ganchos para pendurar a bolsa também devem ser mais baixos. Uma das principais falhas em adaptações é a altura da pia para lavar as mãos - uma forma de acesso (tablado ou pias mais baixas) deve ser exigida pela empresa organizadora ao responsável pelo espaço.
Síndrome de Down
O principal erro que as pessoas cometem é tratar os portadores de síndrome de Down como criança e falar somente com seu acompanhante. Converse com ele conforme a idade que aparentar. A recepção precisa se mostrar disponível. O tratamento deve ser igual ao de qualquer participante e com simpatia. A expressão afetiva, como um sorriso, faz toda a diferença nesse momento", declara Sônia Casarin, psicóloga especialista em atendimento de pessoas com a síndrome. Nesse caso, não há necessidade de adaptações estruturais específicas, mas, em compensação, a sensibilização da equipe é fundamental. O ideal é ter alguém disponível a esse público e que o acompanhe, de longe, para atender ou intervir quando for necessário. As informações para os participantes devem ser passadas de forma clara, direta e com linguagem simples. Com o folheto, explique todo o cronograma do dia, mostre onde será realizada cada atividade e a localização dos banheiros. No caso de palestra, acomode-o nas primeiras fileiras, mas pergunte em qual local gostaria de sentar. Fique atento à pessoa, que pode, por algum motivo, se mostrar inquieta ou ansiosa. Se isso ocorrer, pergunte se está precisando de algo ou o que gostaria de fazer e atenda o pedido. A pessoa disponibilizada para o atendimento deve observar se o participante tem comprometimento motor, para substituir o copo descartável por um mais resistente, evitando incidentes com líquidos. Há alguns que exageram na hora de se servir no café, no lanche ou refeição. O funcionário que estiver acompanhando pode se aproximar e apontar outros aperitivos que estão na mesa. "A própria pessoa com Down se organizará e irá controlar sua refeição, sem precisar que aponte o erro. Ela tem crítica e voltará à postura correta", afirma Sônia.
Paralisia cerebral
Pessoas com essa patologia neurológica tendem a precisar de cadeiras de rodas, com muletas ou andadores. A adaptação física do local, então, deve seguir as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), em especial a NBR 9450. Rampas, elevadores, portas com larguras maiores, barras de apoio no banheiro adaptado, e assim por diante. Para quem tem paralisia cerebral, a relação pessoal também requer cuidados. Alguns confundem a doença com deficiência intelectual porque há o comprometimento da fala. Mas a compreensão cognitiva é preservada, então não cometa o erro de tratar a pessoa com informações incompletas de tão simples ou como criança - isso poderá ofendê- la. A equipe responsável em dar suporte aos convidados deve estar preparada para algumas situações delicadas, como o fato de o participante não ter controle da saliva e usar babador. Ofereça ao acompanhante toalha de papel ou pergunte se precisa de ajuda. Na hora da refeição, se a pessoa não tiver coordenação motora, pergunte com qual talher quer comer, se é necessário picar o alimento ou amassar. Se a mesa não estiver na altura recomendada pela NBR 9450, uma das soluções, imediata e paliativa, é usar apoios para aumentar a altura da mesa e possibilitar que o cadeirante se aproxime adequadamente. "Em um evento não há a possibilidade de deixar uma pessoa com deficiência isolada, ela deve estar com todos e o respeito dos organizadores fará com que a inclusão seja feita corretamente", aponta Elisabete Tsubomi Saito, fisiatra do Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Amputados
O bom-senso sempre é a receita primordial na recepção de pessoas, e em especial das que têm algum membro amputado. Ao recepcioná-las, observe, com discrição, qual membro é amputado e evite gafes como as de dar a mão ou objetos para o braço que falta, ou ainda conduzi-lo a uma postura que requer o apoio da perna que foi amputada. Em eventos que há entrega de pastas com material, é necessário acompanhar o participante que não tem os braços até o local onde poderá se sentar e ajudá-lo a acomodar o kit. As portas devem ter fechaduras de alavancas, mas, caso não tenham, deixe um funcionário permanente na porta para permitir a passagem do convidado. É preciso muita atenção ao piso, que não pode ser escorregadio. "Gostaria que um funcionário específico me atendesse e perguntasse o que preciso. Tem que ter atendimento personalizado", diz Flávio Peralta, palestrante sobre segurança no trabalho e autor do livro Amputados vencedores, da editora Conex . Ele perdeu os dois braços em uma descarga elétrica de 13 mil volts e hoje dá palestras e participa com frequência de diversos eventos.
No café oferecido é preciso verificar quais são as necessidades do participante. Para alguns, por exemplo, é necessário copos mais altos e, para outros, o canudo. Reserve lugares em que a pessoa possa se movimentar com facilidade. Segundo Peralta, o atendimento personalizado é essencial nessa hora do break ou da refeição. Caso a pessoa tenha dificuldades de comer sozinha, um funcionário pode se oferecer para alimentá-la. "É melhor uma pessoa se mostrar prestativa do que eu ficar faminto. Para mim, a mão do próximo é a acessibilidade", conclui Peralta.
Alguns necessitam, ainda, que o acompanhante entre junto no banheiro, então é conveniente que o toalete seja reservado a eles, mesmo que um funcionário fique na porta informando que o banheiro, naquele momento, está indisponível ao restante das pessoas.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

KOALA ALBINO


CAIXA DE MÚSICA 52

Roberto Rillo Bíscaro

A postagem sobre a invasão saxofônica dos anos 80 foi um sucesso!
Choveram emails comentando e também alguns acréscimos e puxões de orelha foram feitos. Por ora, vamos ver como foi a invasão oitentista do instrumento belga aqui no patropi.

O Kid Abelha e os Abóboras Selvagens tinham um saxofonista em sua formação (George Israel). Em 1985, cometeram o álbum Educação Sentimental, uma das coisas mais finas do pop brasuca. Lágrimas e Chuva é sublime! 1985 deve ter sido o melhor ano da história da humanidade a julgar pela quantidade de pérolas pop. Em seu LP Despertar, Guilherme Arantes trouxe minha canção pop brasileira favorita: Cheia de Charme. Em 86, Gui fez uma espécie de continuação de Cheia de Charme e me deu minha segunda canção pop brasuca predileta. Em Loucas Horas, o sax demora um bocadinho pra aparecer, mas quando o faz, arrasa! Com suas influências anos 50, Leo Jaime emplacou diversos sucessos nos 80s. Seu álbum Sessão da Tarde (1985) teve diversos sucessos, dentre eles, a deliciosa parceria com o Kid Abelha em A Fórmula do Amor. Em 1984, o Absyntho emplacou a delícia Ursinho Blau Blau, onde um marmanjo chora suas mágoas pro amiguinho de pelúcia! Essa é daquelas pra atual geração usar contra os pais, quando esses disserem que “não se fazem mais músicas como antigamente”. Pop é isso mesmo, bobeira, desde sempre até sempre. Minha favorita de Lulu Santos, Adivinha o Que (1983) é seeeeeeexy! Pura pimenta no sax, gutarra e voz. Em 1988, Angélica se saiu com essa versão de Joe Le Taxi e reduziu Vanessa Paradis a escombros. Meio ao estilo anos 50, o Roupa Nova era onipresente com a baladaça Anjo (1983).O sax inicial derretia qualquer um! A MPB também se rendeu ao saxofone. Meu álbum favorito de Djavan (Luz – 1982) traz o achado poético-saxofônico Pétala. O album de estreia dos Titãs (1984) trazia o reggae Marvin, com discreto sax tocado por um músico convidado. Alguém consegue ficar parado ao som de Ska, do álbum O Passo do Lui (1984)? Em 83, um imigrante inglês desbancou Roberto Carlos do trono de maior vendedor de discos do país. Voo de Coração continha diversos hits, o maior deles, Menina Veneno, provavelmente o maior hit brasuca da década, com 1 milhão e duzentas mil cópias vendidas. Amo demais! Em 1984, o topetudo Lobão tocava com Os Ronaldos e estourou com diversos sucessos do álbum, incluindo Corações Psicodélicos. Marina Lima foi nosso símbolo sexual cantante dos amados 80s. Além disso, funcionava como “ponte” entre a MPB e o pop/rock. O sax sedoso contribui pro clima sensual de Veneno (1984). Embora não tocasse maciçamente nas rádios, nosso saxofonista Leo Gandelman foi trilha de novela e tinha seus álbuns lançados no exterior. Infelizmente, não achei nenhuma de suas canções dos álbuns oitentistas (87 e 89), mas tem essa de 1990, ano ainda encharcado de 80’s, né? Em 85, o RPêmico galâ Paulo Ricardo duetou com Guilherme Isnard – do Zero - e sua voz chorosa. Agora Eu Sei estourou nas rádios e legou um clipe que não nega sua matriz oitentista. Vejam essas roupas e esses cabelos! O multi-instrumentista e compositor Nico Rezende tocou com/compôs para muita gente, até que, em 1987, lançou seu primeiro álbum como cantor e emplacou com Esquece e Vem, com seu sax romântico. E quem ainda se lembra de Ruban e sua fugaz passagem pelas rádios oitentistas? Ejm 86, ele teve 2 semi-scuessos. Cinderela tem sax de linha de produção... Surpreendo-me positivamente por alunos tão jovens curtirem Capital Inicial, banda que vi lançar o álbum de estréia. Acho mesmo que Independência (1987) é a canção mais recente deles que conheço! A pulsante Sílvia (1984), que Vinícius Cantuária fez em homenagem á filha de Chico Buarque, tem sax misturado com os demais instrumentos. Dissidência do Kid Abelha, os Heróis da Resistência vieram ao mundo em 86 com o neo-machismo das letras de Leoni e casacões compatíveis com nosso clima frio! Esse Outro Mundo é deliciosa. Em 85, Kid Vinil e seu Magazine deram uma britanicizada na canção Comeu, de Caê Velô, que até virou tema de abertura de novela. Em 1988, em plena fase breganeja, Fafá de Belém disparou a melodramática Meu Disfarce. Quem viveu no Brasil em 1982 e conseguiu ficar sem escutar o solo saxofônico de Muito Estranho, do Dalto? Tocava, tocava, tocava... Kiko Zambianchi teve diversos sucessos na voz de outros cantors e dele mesmo. De 1985 é Choque, com seu sax ardido, clipe primitivo e Kiko de mullet e casacão. Mega-80s!
 Devo ter omitido coisa, por isso, corrijam-me!

domingo, 27 de novembro de 2011

CORUJA ALBINA

Encontrei outro site de humor, com referência ao albinismo no nome.Trata-se do Coruja Albina

LENTES DE CONTATO HOLOGRÁFICAS

Uma nova geração de lentes de contato capazes de projetar imagens na frente do usuário está um passo mais perto da realidade, depois que os cientistas testaram com sucesso o aparelho em animais.
A tecnologia permitiria a leitura de textos, como emails, através de projeções holográficas, assim como o aperfeiçoamento da visão através de imagens geradas por computador.
Os pesquisadores das Universidades de Washington, nos EUA, e de Aalto, na Finlândia, responsáveis por desenvolver a lente biônica, dizem que os primeiros testes, realizados com coelhos, não registraram efeitos adversos evidentes da invenção.
Incrementada através da implantação de centenas de pixels (o menor elemento de uma imagem digital), a lente poderia ser usada por motoristas para ver mapas através de realidade virtual, ou checar a velocidade do seu carro projetada no pára-brisa.
Na mesma linha, as lentes poderiam elevar o mundo virtual de um vídeo game a um nível totalmente novo.
Em outro tipo de uso, os instrumentos podem ser conectados a biossensores no corpo do usuário e prover informações, por exemplo, sobre o nível de açúcar no sangue.

Desenvolvimento

O produto final ainda precisa ser aperfeiçoado em relação ao protótipo, como a questão de uma fonte de energia confiável. Atualmente, a lente só funciona em um raio de poucos centímetros da bateria sem fio.
Além disso, os microcircuitos do equipamento possibilitam apenas um diodo emissor de luz (LED, na sigla em inglês), o tipo de tecnologia usada em computadores que transforma energia elétrica em luz.
Apesar das limitações, os cientistas reforçaram seu otimismo em relação ao experimento em um artigo na revista científica Journal of Micromechanics and Microengineering.
O coordenador das pesquisas, professor Babak Praviz, disse que o grupo já conseguiu superar um importante obstáculo, o de adaptar a lente para permitir ao olho humano focalizar um objeto gerado na sua superfície.
Normalmente, conseguimos ver com clareza apenas os objetos localizados a vários centímetros de distância.
"O próximo passo é acrescentar textos pré-determinados nas lentes de contato", disse o cientista.

Material delicado

Segundo os pesquisadores, um dos maiores desafios na fabricação da lente foi trabalhar com os materiais adequados.
Enquanto os materiais usados em uma lente tradicional são delicados, a fabricação de circuitos elétricos envolve materiais inorgânicos, altas temperaturas e produtos químicos tóxicos.
Os circuitos deste protótipo foram feitos com uma camada de metal da espessura de apenas alguns nanômetros – cerca de um milésimo do cabelo humano –, com LEDs medindo apenas um terço de milímetro.
Babak Praviz diz que equipe não é a única a desenvolver esse tipo de tecnologia.
A companhia suíça Sensimed já pôs no mercado lentes de contato inteligentes que usam tecnologia de informática para monitorar a pressão dentro do olho a fim de identificar condições para glaucoma.

sábado, 26 de novembro de 2011

ALBINO GOURMET 57

Receitas com abacaxi.

COM A CORDA NO PESCOÇO

8 Condenados a Enforcamento na Tanzânia por Assassinatos de Albinos
(Tradução: Roberto Rillo Bíscaro)
O Primeiro-Ministro da Tanzânia, Mizengo Pinda, anunciou que 8 envolvidos no assassinato de albinos por motivos de feitiçaria foram condenados à forca.
Pinda revelou que 94 estão detidos e 11 casos prestes a irem a tribunal.
"Graças a esses esforços, ataques a albinos diminuíram consideravelmente”, entusiasma-se
Mês passado, porém, 2 adolescentes albinos foram atacados e tiveram partes do corpo decepadas.
Desde 2007, mais de 60 albinos foram mortos na Tanzânia; partes de seus corpos vendidas a feiticeiros que elaboram poções, as quais, segundo creem alguns, trazem sorte e prosperidade.
O Ministro acrescentou que isso tem “machado a imagem da Tanzânia”.
As leis tanzanianas impõem a morte por enforcamento aos condenados por assassinatos ou alta traição, embora ninguém tenha sido enforcado desde meados dos anos 80.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

IMPERDOÁVEL

A querida Andréia de Alcântara Cerizza me deu merecido - mas, gentil - puxão de orelha, com relação a minha lista de canções saxofonadas dos anos 80.
Como pude ter deixado Kenny G de fora? O cara era onipresente e vendeu zilhões de álbuns!.

CONSCIÊNCIA NEGRA NO IFSP – II


O evento celebratório do Dia da Consciência Negra, que realizamos no Campus Biriguí, do IFSP, foi um sucesso.
Palestras e uma demonstração contagiante de capoeira compuseram a celebração, que se repetirá ano que vem.
Algumas fotos

MULHER NEGRA, PELE BRANCA

Seus pais eram negros, mas ela tem aparência de branca. Kenosha Robinson discorre sobre tentar entender onde ela se encaixa.

(Tradução: Roberto Rillo Bíscaro)


Na minha infância em Jackson, MS, aproximei-me dos brancos. Suponho que tenha me parecido natural, porque eu me parecia com eles. Enquanto minhas primas ganhavam bonecas negras para o Natal, as minhas eram sempre branquinhas. Uma vez, na hora do recreio, uma das garotas negras me disse que eu não podia me juntar ao grupo por causa da cor de minha boneca.

Mais tarde, compreendi que aquilo era para mim e não para a boneca. Como ela, eu era loira de olhos verdes; a única em emio a uma massa de peles marrons. Sou uma afro-americana nascida com uma anomalia genética chamada albinismo, o que significa que não tenho pigmentação em meu corpo. O albinismo é recessivo, então ambos os pais têm que carregar os genes para conceber uma criança albina. É mais comum do que se imagina – uma em cada 17.000 crianças nasce albino. 
Minha mãe tinha apenas 16 anos, quando nasci. Ela fez o que pôde para me defender, mas logo percebi que era diferente. As pessoas me encaravam em qualquer local que fossemos. A gente podia ver o ponto de interrogação no rosto delas: "Ela é sua filha de verdade?”

Papai morreu de pneumonia, quando eu tinha 7 anos. O que mais me lembro dele era o modo como me defendia. Um dia, perguntei a ele:"por que as pessoas vivem olhando para mim?” Ele respondeu: " porque você é linda." 
Mas, nem toda minha família era tão caridosa. A maioria de meus parentes é do Delta do Mississippi, onde brancos e negros ainda vivem separadamente. A ideia de uma amizade com um branco é impensável para os meus parentes. Desse modo, como você acha que eles me tratavam? Do único modo que sabiam: me excluindo e insultando. Eles me chamavam de “menina branca”. Sentia-me como uma traidora da raça.

Os temores de mamãe eram mais práticos: o sol me faria mal se ela me deixasse brincar ao ar livre? A total ausência de melanina na minha pele, significa que não me bronzeio, apenas queimo! Toda vez que íamos a uma reunião familiar ou piquenique da igreja, ela me lambuzava de protetor solar e me fazia usar chapéu. Durante o recreio, tinha que me sentar à sombra. Na quarta série, mamãe escreveu um bilhete para a professora me dispensar de uma atividade ao ar-livre. Mas, eu não entreguei o bilhete e ao invés disso, brinquei o dia inteiro no sol quente. Quando mamãe veio me buscar, ela notou que meu rosto estava vermelho, assim que entrei no carro. Tentei inventar histórias, mas minha cara ficava cada vez mais vermelha e meu corpo se cobria de bolhas. Fiquei tão mal, que não compareci às aulas durante uma semana.

Meus problemas de saúde garantiram que eu jamais fizesse parte da turminha da moda. Eu detestava ter que suar chapéu. Mas, mais que tudo, eu odiava as perguntas sobre meus olhos. Quando uma pessoa nasce albina, ela é geralmente declarada legalmente cega. Embora eu consiga enxergar, tenho nistagmo, que faz com que meus olhos mudem rapidamente de um lado a outro, a fim de acharem um ponto focal. Toda vez que conheço alguém, conto os minutos para o fatídico: "o que há de errado com seus olhos?" 
Os problemas de saúde, porém, não são nada perto de meus problemas com autoestima. Na adolescência, enquanto as colegas estavam lidando com acne e menstruação, eu enfrentava uma crise bem diferente: quem era eu? Uma garota branca com pais negros? Uma garota negra vivendo no corpo de uma branca?

Todos conhecem o tenso passado racial do Mississippi. Embora a Ku Klux Klan não esteja mais em plena forma, Jim Giles concorreu 2 vezes para o senado – ainda que sem sucesso – com uma plataforma baseada na supremacia branca. Brancos e negros raramente se misturam. Estranhamente, eu me sentia como o desconfortável ponto de encontro entre esses 2 grupos. No Ensino Médio, ganhei o respeito de meus colegas brancos pela minha esperteza e respostas rápidas. Fui eleita presidente da classe. Mas, eles também me excluíam socialmente. Quando eu perguntava o que fariam no fim de semana, tentavam me despistar, inventando alguma bobagem que tinham que fazer.

Em outras ocasiões, eles eram abertamente rudes, combinando programas para o fim de semana na minha frente, se me convidar. Minhas amigas negras também eram respeitosas na escola, mas, ao mesmo tempo me evitando no rinque de patinação ou no shopping, especialmente quando meninos estavam por perto.

Nem gosto de me lembrar do pesadelo da formatura de segundo grau. Um negro poderia levar uma branca ao baile, mas, levar a negra que parecia branca era outra história. Um dia, em classe, os negros mais populares me perguntaram quem me levaria. Titubeante, disse que iria sozinha. Ouvi um cochichar: "E quem iria querer levar ela?" No final, acabei ficando em casa. Olhando para trás, não dá para acreditar que eu estava tão intimidada a ponto de não ir a minha formatura.

A certa altura, ocorreu-me que precisava “escolher” minha raça – a vida seria mais fácil se eu me alinhasse a um lado, ao invés de ficar constantemente me explicando a ambos. Escolhi os negros, afinal, compartilhamos uma herança e no Mississippi, existe muito orgulho na comunidade negra. Ainda assim, sentia a necessidade de provar minha negritude. Comecei então a usar gírias e a escutar rap. Eu acreditava que se soubesse letras de canções que falavam sobre dentes de ouro, dinheiro, mulheres e carros, faria parte do gueto.

A despeito de meus esforços, eu continuava sendo confundida com uma branca. Então, eu me juntei a um grupo completamente diferente: os palhaços da classe. Eu me ridicularizava como forma de esvaziar de antemão os comentários alheios. Por exemplo, eu brincava que era branca o suficiente para dizer que estava sendo sequestrada, caso estivesse no carro com meus amigos negros e a polícia nos mandasse parar devido a alta velocidade. No fundo, claro, ainda era a velha história: eu tinha medo de me olhar no espelho.

Quando chegou a época de escolher uma faculdade, cogitei ir para uma predominantemente frequentada por negros. Minha mãe mostrou-se hesitante e, no final, eu também. Ao invés, escolhi

Millsaps, maciçamente branca, onde estou no primeiro ano.

No refeitório, a segregação racial impera: negros e brancos quase nunca comem na mesma mesa. Há alguns meses, alguns estudantes negros apareceram numa festa em uma república de brancos

Eles foram expulsos e xingados de todos os nomes racistas imagináveis. Fiquei furiosa, mesmo que não tenha acontecido comigo. Minha lealdade é para com a comunidade negra. Jamais pisarei naquela casa novamente.

Foi a partir daí que comecei a reclamar minha identidade, usando um tradicional corte de cabelo africano. Eu o altero semanalmente, criando uma nova identidade com cada novo visual. Satisfaz-me saber que, se não posso mudar a cor de minha pele, pelo menos tenho meu cabelo para fazer do meu gosto. 

Minha autoestima está em desenvolvimento. Às vezes, estou conversando com um amigo negro, olho para minha pelee me sinto totalmente exposta, tipo, “sou branca e todo mundo percebe."

Mas, estou me fortalecendo e aprendendo que não tem problema ser Nosha, esta garota sorridente de 75 kg. Mesmo assim, ainda tenho inveja de garotas com lindas peles cor de chocolate ou caramelo.

Meu último namorado me fez sentir especial com relação a meu albinismo. Ele ficava doido por eu ser única e isso me deu muita confiança. O homem com quem eu casar, terá que ser assim. Provavelmente eu queira me casar com um negro – mesmo ciente de que será estranho ter filhos com peles diferentes da minha – e exigirei que ele faça o exame para determinar se carrega o gene do albinismo. Mesmo sendo feliz hoje, não desejo que ninguém passe pelo que passei.

http://www.marieclaire.com/world-reports/news/black-white-skin

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

MÉDICO EXPLICA O ALBINISMO

O albinismo é uma condição genética caracterizada pela ausência ou pequena quantidade da melanina que é a proteína responsável pela pigmentação da pele, dos olhos, pelos e cabelos dos seres humanos. A estimativa é que haja um albino para cada 16 mil habitantes no País e cerca de 20 mil brasileiros com albinismo.  Segundo o dermatologista José Macário de Barros, os albinos costumam apresentar problema de vista e são altamente sensíveis a luz solar.
O que não quer quiser que eles nunca devem se expor ao sol, o dermatologista explicou que a exposição solar  até as 8h e após as 17h30 é recomendada. De acordo com o dermatologista, as pessoas de pele clara são mais suscetíveis a apresentar câncer de pele e nos casos dos albinos as chances são ainda maiores. Para prevenir ter complicações, o médico recomenda o uso de chapéu, roupas com mangas e de cor clara; sombrinha; óculos escuros e uso de filtro solar mesmo quando o clima estiver nublado ou chuvoso.
O dermatologista alertou que “o câncer de pele é mais comum nos albinos que não seguem as recomendações adequadamente como os que trabalham na área rural em exposição ao sol”. O albinismo, segundo o médico, não é tratado com medicamentos apenas com ações preventivas para evitar outras doenças. A pele de uma pessoa albina é muito clara e fotossensível. Em exposição ao sol pode causar queimadura ou dependendo da intensidade o câncer de pele como citado pelo dermatologista.  Os albinos não têm uma camada de proteção da retina chamada epitélio pigmentar o que leva o desenvolvimento de problemas de vista.
A chance de uma pessoa albina ter um filho que também apresente essa condição genética é de 25% em cada gravidez. Casais albinos podem ter filhos sem essa deficiência de melanina.  O albinismo é classificado em tirosinase-negativo que é quando não há produção de melanina e tirosinase-positivo quando tem uma pequena produção de melanina.
Também pode ser dividido de acordo com a intensidade que afeta os indivíduos. Sendo o ocular aquele em que os olhos sofrem despigmentação, o parcial como o próprio nome sugere algumas regiões do corpo não produz melanina e o ocolocutâneo considerado o mais grave é quando todo o corpo é afetado. Apesar de está presente em todas as etnias, pesquisas apontam que entre os negros há maior prevalência.


POLÍTICAS PÚBLICAS PODEM EVITAR DISCRIMINAÇÃO

O albinismo não afeta apenas os humanos, animais e vegetais também podem ser albinos. Se no reino animal e vegetal, a falta de pigmentação desperta curiosidade, nos seres humanos pode ser alvo de discriminação. Na mídia e nos blogs pessoais é recorrente a notícia de que albinos sofrem bulling e são alvos de piadas maldosas. Eles pedem políticas públicas pra superar o preconceito que sofrem.
Além do albinismo, há doenças que podem levar a perda da melanina como Síndrome de Waardenberg que também é hereditária caracterizada pela perda de audição e ausência de pigmentação de cabelos, pelos e olhos, Síndrome Chediak-Higashi causada por uma mutação de gene tem como característica a falta parcial da pigmentação; Esclerose Tuberosa também é uma doença genética que causa tumores benignos e o paciente costuma apresentar pequenas áreas despigmentadas.
Além do vitiligo, uma doença genética com perda gradual da pigmentação da pele.

SER ALBINO E NEGRO NOS EUA


Confissões de um Albino Afro-Americano
(Tradução: Roberto Rillo Bíscaro)

Marlon Brown não difere da maioria dos negros ambiciosos e instruídos na faixa dos 20 anos.
Ele brilhou na escola, conseguiu um diploma de ciência política, seguido de um mestrado. Atualmente, trabalha como analista de orçamentos para o Estado de Michigan.
O que o diferencia é o fato de ser albino.
Ele conta que quando tinha 5, 6 anos, começou a inquirir seus pais sobre por que sua aparência era diferente. “Eles me explicaram que eu era afro-americano, mas não tinha pigmentação normal”, diz o jovem de 27 anos, nascido em Detroit e criado nos subúrbios de Michigan. "Eles me ensinaram que o albinismo me tornava especial e único."
Marlon Brown não é o único, porém. O albinismo é uma rara condição genética herdada, que atinge aproximadamente 17,000 nos EUA. Albinos não têm pigmentação no cabelo, na pele e nos olhos e a maioria tem problemas de visão.
Brown, que é filho único, diz que a atitude positiva dos pais e o desejo deles de que o filho vencesse foram determinantes.
Ele admite, contudo, que crianças tendem a ser cruéis, por isso ele foi assediado. Elas se aproximavam  dele e perguntavam-lhe porque ele não se parecia com os pais. “As crianças me chamavam de Gasparzinho e outros apelidos.
A partir do Ensino Médio, houve uma gradual melhora nos níveis de aceitação. Ele conta, "Embora eu não saiba dizer se isso foi reflexo de meus talentos e de minha postura ou se a sociedade está se tornando mais aberta. Provavelmente seja uma combinação das 2 coisas. Quando encontro crianças albinas, sempre digo a eles que a fase mais difícil é antes dos 17."
Alguns albinos afro-americanos ganharam fama, como o comediante Victor Varnado, o músico Yellowman e os modelos Shaun Ross e Diandra Forrest. Isso contribuiu para divulgar a condição genética.
Para alguns albinos, os maiores desafios são socioculturais. O fato de serem “negros de pele branca” complica sua identidade racial e cultural.
Em uma matéria para a revista Marie Claire magazine, Kenosha Robinson escreveu:“Crescendo em Jackson, MS, aproximei-me dos brancos. Suponha que eu sentia que aquilo era natural, afinal, eu me parecia com eles. Enquanto minhas primas ganhavam bonecas negras no Natal, as minhas eram sempre branquinhas. Uma vez, na hora do recreio, uma das meninas negras disse que eu não poderia me juntar ao grupo porque minha boneca era da cor errada.
Brown afirma que jamais teve problemas para entender quem é e que nunca lhe passou pela cabeça “se passar por branco.”
“Nunca tive problemas de identidade racial”, diz Brown, que recentemente se casou com uma afro-americana com pele “cor de caramelo”, segundo sua descrição. "Fui criado em uma igreja negra, cresci ouvindo Motown e participava ativamente nos grupos de estudantes negros da faculdade."
Brown, que toca trombone e piano, afirma ainda ser bastante influenciado por gospel e jazz e toca em um grupo de jazz em sua igreja.
Ele admite que mesmo com sua fisionomia afro-americana ele às vezes é confundido com brancos. Ele se lembra de uma ocasião, numa aula de inglês do primeiro ano de faculdade, quando ele e um grupo de alunos discutiam o livro Savage Inequalities, de Kozol. Um dos estudantes disse: “Bem que podia haver um afro-americano na classe, assim, poderíamos conhecer o ponto de vista dele”, completa Brown, que é loiro de olhos azuis.
Seu maior desafio é a saúde, especialmente porque ser albino significa que ele é deficiente visual. “Minha preocupação é como estarão meus olhos, quando eu ficar velho e quais tecnologias assistivas estarão à disposição para auxiliar minha visão", desabafa o jovem, que usa óculos desde os 5 anos.
A falta de pigmentação na pele significa que ele é suscetível a queimaduras solares e câncer de pele. Nos dias de sol ele tem que “usar bloqueador, boné e tomar muito cuidado com a pele."
Apesar das dificuldades, Brown tem elevada autoestima e atitude positiva. “Não vivo pensando em meu albinismo. Todo mundo tem que atingir um ponto de autoaceitação”.
Ele é muito ambicioso e seu objetivo a longo prazo é concorrer a um cargo público. Ele trabalhou para a senadora Debbie Stabenow, de Michigan e para o deputado John Conyers. Ele também trabalhou na assembleia legislativa de Delaware e para a prefeita de Baltimore, Sheila Dixon.
Em 2008, ele concorreu à assembléia de Michigan pelo partido Democrata. Como marinheiro de primeira viagem, ele teve baixa porcentagem de votos, mas afirma que a exposição rendeu-lhe dividendos.
“Uma das vantagens de ser albino é que as pessoas se lembram de mim e isso é ótimo, porque, afinal de contas, pretendo fazer carreira na política.”
A julgar por sua determinação e autoconfiança, há fortes chances de ele se tornar um dos poucos – se não o único – político afro-americano albino. 

TELONA QUENTE 37


A Ilha de Ferro

Roberto Rillo Bíscaro

Próximo á costa iraniana, um petroleiro enferrujando serve de residência pra centenas de pessoas, algumas delas nascidas na favela flutuante. Comandando-as com mão de ferro está o Capitão Nemat, mistura de ditador populista, líder religioso, casamenteiro e negociante, que afoga/afaga jovens e crianças.
Tal é a premissa de Jazireh Ahani (2005), notável filme complexamente roteirizado e belamente dirigido por Mohammad Rasoulof e que ainda conta com suntuosa atuação de Ali Nasirian, que nunca nos deixa saber pra onde vai sua personagem, brindando-nos com momentos de repulsa e outros de alguma simpatia. Isso ajudado pelo roteiro que não julga o Capitão, mas dá os elementos pra que a platéia o faça.
A população do navio é quase indistinta, exceto por um professor impotente, que tenta ensinar uma classe superlotada com giz moldado a partir de cápsulas de fuzil. Ele tenta dizer às crianças que o navio está afundando, mas é o máximo que faz, não agindo, por exemplo, quando um adolescente rebelde é torturado por afogamento perante os olhos de toda a comunidade.
Outra figura que se destaca é o menino que nos subterrâneos do navio dilapidado salva peixinhos que entraram e não sabem sair, pra depois soltá-los no mar.
Como se vê, o navio representa um microcosmo do Irã ou de qualquer sociedade subjugada por líderes populistas. Mas também pode ser lido em escala planetária, uma vez que a corroída embarcação é permanentemente perfurada em busca de algum óleo restante e suas partes vendidas como ferro velho, numa clara alusão à deterioração do planeta por dinheiro.
O contraste entre o intestino sombrio do decrépito navio e o mar azul e céu/sol brilhante dão riqueza imagética à película, cuja fortuna é acrescida por cenas deslumbrantemente orgânicas como os meninos empurrando tonéis de óleo ao mar e jogando-se em seguida.     
Jazireh Ahani é alegórico ao mesmo tempo em que apresenta estilo semi-documental, traz uma história falsamente simples porque trabalha em múltiplas camadas e é muito bem filmado. Presta-se à discutir populismo, ecologia, educação, messianismo.
Enfim, tem que ir pra minha lista de melhores do ano, afinal, não pode faltar filme iraniano nela!