segunda-feira, 31 de maio de 2021

SUPERAÇÃO ELEFANTINA

 

Elefanta albina da África do Sul supera obstáculos e se adapta a manada


Para Khanyisa, a vida foi difícil desde o início. Nascida albina, aos quatro meses ela caiu em uma armadilha de caçadores no Parque Nacional Kruger da África do Sul que cortou sua boca.

Presa durante quatro dias, desidratada e incapaz de comer por causa dos ferimentos, ela foi resgatada e levada a um santuário de Mpumalanga, no nordeste de Johanesburgo.

Mais tarde, ela foi transferida para o Centro de Reabilitação e Desenvolvimento de Elefantes Hoedspruit (Herd), onde hoje vive com uma manada de elefantes liderada pelo macho patriarcal, Jabulani.

Adine Roode, fundadora do Herd, disse que a caça com armadilha está em alta devido à superpopulação humana e aos habitats naturais em declínio. As pessoas montam as armadilhas para prender animais grandes ou pegar presas menores para comê-las ou vendê-las.

Muitos elefantes da manada também são órfãos e criados por humanos, contou Roode.

“Acho que isso é parte da razão de eles aceitarem órfãos, porque conhecem a sensação”, disse.

Os elefantes albinos são raros, mas sabem se adaptar ao meio ambiente. Khanyisa, cujo nome significa ‘brilho do sol’ na língua local tsonga, consegue se abrigar na sombra de elefantes maiores em dias ensolarados para proteger a pele.

Se a manada ficar grande demais para a área, Khanyisa e os outros elefantes serão levados de volta à natureza selvagem.

CAIXA DE MÚSICA 455

 


Roberto Rillo Bíscaro

O DJ inglês Sonniku faz dance music contemporânea sem esquecer das raizes oitentistas e noventistas.


sexta-feira, 28 de maio de 2021

PAPIRO VIRTUAL 177

Enfrentando os perigos do mar e cruzando os limites do mundo conhecido, o capitão Vasco da Gama e sua tripulação empreendem uma viagem que ficaria marcada na história portuguesa. Em sua jornada, os navegantes terão de escapar dos ardis de Baco e da ira dos mouros; para tanto, contarão com o favor de Júpiter e Vênus, bem como da Divina Providência – na epopeia, a fé cristã e a mitologia greco-latina coexistem. Os Lusíadas têm uma importância central na literatura de língua portuguesa: trata-se da obra que consolidou o português moderno e elevou o idioma ao patamar de língua de cultura. Com sua epopeia, Camões consagrou-se como nosso maior poeta. Mais do que sintetizar os anseios de uma nação e de todo um período histórico – glória reservada a poucos –, com “Os Lusíadas”, Camões imortalizou-se como um tesouro português legado à humanidade.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

TELONA QUENTE 359



No horror sci-fi Não Feche os Olhos, uma jovem estudante com problemas em casa decide participar de um estudo sobre sono. Entre o cansaço e os terríveis pesadelos, a realidade parece escapar cada vez mais de seu controle.

quarta-feira, 26 de maio de 2021

CONTANDO A VIDA 342

TERRORISMO CANINO – histórias de pescadores.

José Carlos Sebe Bom Meihy

Em minhas andanças dominicais, a orla da Urca tem ocupado lugar especial. Linda demais... Ver o Rio daquele ângulo é privilégio pouco explorado, condição que permite certa exclusividade. Semanas depois de semanas, por fim a gente acaba acompanhando um pouco a rotina dos usuários, sempre os mesmos. Os bares que servem café da manhã, os frequentadores da missa na Nossa Senhora do Brasil, os deliciosos restaurantes dos “portugas” e até os inefáveis pescadores de fim de semana. Costumo tomar uma água de coco, sempre no mesmo ponto onde de longe ouço os causos de quantos jogam iscas que atiçam peixes. E rolam histórias, nossa!...

No último fim de semana, depois de dias chuvosos, cumpri minha sina de andarilho potencial: bermuda, tênis confortável, protetor solar, soltei meus passos. No lugar previsto, estrategicamente disponibilizei meus ouvidos dispostos para relatos sempre expressos no modo exagero. Como chego tarde, as preliminares já haviam desfilado e restava, como sempre, um tema preferencial. Dessa feita o papo era sobre cachorros. Antes devo dizer que há uma espécie de acordo dissertativo onde, apesar da distância, cada um fala por seu turno e de maneira a todos participarem. E foi assim dessa vez.

Parecendo impaciente com o peixe que não vinha, fiquei chocado com o primeiro caso que versava sobre uma senhora que tinha em seu apartamento um Chiuauazinho que perturbava a vizinhança. Intimada pelo síndico, sem querer se desfazer do pet a dona, imagine, resolveu o problema cortando as cordas vocais do baixinho que nunca mais emitiu um auau. Engoli seco, mais ainda quando um outro relatou o espantoso caso de uma pessoa que entregou seu boxer para ter o rabo cortado e por engano cortaram lhes as orelhas. Não satisfeito um pescador mais distante se fez ouvir mostrando indignação ao contar de um suicida que ficou meses pensando o que fazer com o cãozinho depois de sua premeditada autoimolação e, sem soluções, resolveu que também “suicidaria” o animalzinho num ritual anterior ao próprio. Fiquei perplexo e ainda mais quando os detalhes versaram sobre o uso de estricnina diluída na comida especial feita para o cãozinho. A surpresa veio quando os efeitos começaram e o totó passou a se enrijecer de maneira horripilante. Vendo a cena, arrependido o dono, apavorado, chamou o zelador e juntos foram a um canil onde o animal foi reanimado e o suicida resolveu que deveria continuar vivo para sanar a crueldade planejada. Suicídio adiado eternamente.

Não satisfeito com esses relatos, como se fora uma competição, o primeiro narrador recobrou a vez e disse saber de uma história onde um conhecido, depois de ingerir algum alucinógeno forte viu nos dois cachorros a incorporação dos odiados chefes de trabalho e do nono andar de seu apartamento jogou os dois cachorros pela janela mas que, milagrosamente, ambos caíram em um toldo que mesmo rasgando os protegeu amortizando a queda. O surpreendente, porém decorreu do desequilíbrio do dono que tonto, minutos depois se desequilibrou e pumba, sem a proteção, morreu.

Em nova rodada novo narrador contou a história um bêbado que voltando de uma noitada, ao chegar em casa, com fome, abriu a geladeira, tirou uma lasanha para coloca-la no micro-ondas. Atrapalhado pelo latido infernal de seu cãozinho, trocou as bolas e ligou o forno com o bichinho dentro.

Eletrizado, já sem energia para continuar meu passeio, ouvi mais um caso estranho. Tratava-se de um pescador que disse saber de um cão fiel, mas tão fiel que nunca largava o dono, nem na hora de ir ao terreiro de umbanda. Pois bem, este senhor um dia foi e, seguido pelo “melhor amigo”, ao entrar na roda viu seu animalzinho possuído. Quanto mais gira se fazia, mais o cachorro expressava espíritos. E ninguém estranhava nada...

Houve, porém, um protesto vindo do mar. De repente, um peixe foi fisgado. Alegria geral do grupo, mas eu fiquei imaginando se não seria manifestação de algum espírito animal tentando por fim àquelas historias de terror canino. Ou seria um cachorro peixe dando continuidade a tudo?

terça-feira, 25 de maio de 2021

TELINHA QUENTE 447


Após o misterioso desaparecimento do voo 716 no meio do Oceano Atlântico, a investigadora Kendra Malley precisa descobrir o que aconteceu e localizar possíveis sobreviventes. Esse é o enredo da minissérie Departure - A Investigação.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

CAIXA DE MÚSICA 454


A segunda metade dos anos 1970 assistiu a uma explosão de música eletrônica, disco e prog futurista, muitas delas inspiradas pelo fenômeno Guerra nas Estrelas. O Droids lançou apenas um álbum, mas prenuncia o trabalho de grupos contemporâneos como The Orb e Daft Punk.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

PAPIRO VIRTUAL 176

 

O cenário é Vila Rica, Minas Gerais, 1798, alguns anos antes da Inconfidência Mineira. Uma série de poemas satíricos começa a circular pela cidade, no formato de cartas trocadas entre dois amigos: Citrilo, habitante de Santiago do Chile, e o amigo Doroteu, residente na Espanha. As cartas revelam críticas ferozes contra a forma de governo corrupta de Fanfarrão Minésio. Tomás Antonio Gonzaga faz uso de sua forma mais satírica e debochada de redação para pôr em cheque a mediocridade administrativa do, na época, Governador de Minas Gerais, Luis da Cunha Meneses. Escritos em versos decassílabos brancos (sem rimas), os poemas mostram a genialidade do autor e se estabelecem como a obra satírica mais importante do século XVIII no Brasil. Recheados de críticas ferrenhas contra a mediocridade do governo da época, Cartas Chilenas se mantém atual e um clássico da Literatura Brasileira.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

TELONA QUENTE 358

 

Presos em um sistema corrupto, um advogado e uma mulher nigeriana se unem para tentar esclarecer uma morte suspeita em um centro de detenção para imigrantes.

A Mulher Ilegal (Netflix) é um filme-denúncia, vindo da Catalunha. 

terça-feira, 18 de maio de 2021

A SUPERAÇÃO DE ANA BEATRIZ



Negra, albina e com deficiência visual: ex-aluna da rede pública é aprovada em 1º lugar nas cotas para psicologia na USP

Depois de discussões políticas e conflitos de identidade, Ana Beatriz Ferreira entendeu que poderia se declarar negra, mesmo com a baixa produção de melanina na pele. Ela conta como superou a defasagem do ensino público até chegar à universidade.

Por Luiza Tenente, G1



Aos 20 anos, Ana Beatriz Ferreira foi aprovada em 1º lugar no curso de psicologia da Universidade de São Paulo (USP), em uma das modalidades de cotas. Moradora da periferia da capital paulista e ex-aluna da rede pública, a jovem tem uma trajetória marcada pelo diagnóstico tardio de deficiência visual e pela descoberta da própria identidade racial.

Ana nasceu com albinismo, uma desordem genética que prejudica a produção de melanina. Sua mãe, empregada doméstica, é negra. Seu pai, eletricista aposentado, é branco.

“Era algo muito conflitante para mim. Quando era criança, eu via o racismo que minha mãe, minhas tias e minhas amigas enfrentavam”, diz. “Eu não queria ser uma pessoa negra e passar por aquilo. Tentei usar o albinismo para me tornar branca, e alisei meu cabelo.”

Mas, aos poucos, a partir da pré-adolescência, a compreensão de Ana acerca de sua identidade mudou. Por meio de seu irmão e de seus colegas do colégio, ela entrou em contato com discussões políticas e conheceu ideias do feminismo negro.

“A partir dali, fiquei meio confusa. Eu sou uma pessoa branca ou não sou? Eu tenho privilégios ou não tenho? O que eu sou? E aí, decidi que não alisaria mais meu cabelo e que aceitaria minha negritude”, afirma.


“O albinismo pode tirar a melanina, mas existem pessoas albinas que são negras, brancas ou amarelas. Para mim, era importante reivindicar esse lugar.”
Ana Beatriz posa ao lado de seu irmão, Luiz — Foto: Erica Serra/Arquivo pessoal

Depois de “muitas discussões internas e externas”, Ana resolveu se inscrever no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) na modalidade de cotas para pretos, pardos e indígenas que tivessem estudado na rede pública.

“Eu não queria ocupar um espaço que não era meu; não queria ser oportunista. Entendi que meu lugar era o de pessoa negra: o de pessoa negra e albina”, diz.

Descoberta tardia da deficiência visual

Moradora da periferia na Zona Leste de São Paulo, Ana sempre estudou em escolas públicas.

No ensino fundamental, para enxergar a lousa, precisava se levantar e ficar bem perto dela — os óculos de grau não resolviam a dificuldade.

Foi só aos 13 anos que ela entendeu por quê: o albinismo não era apenas cutâneo, e sim ocular, causado por uma baixa síntese de melanina também nos olhos. Isso comprometia significativamente sua visão.

Descobrir, mesmo que tardiamente, que tinha uma deficiência foi determinante para lutar por novos direitos e recursos de acessibilidade. Passou a requisitar adaptações que facilitavam sua vida, como a ampliação nas letras das provas do Enem e dos vestibulares.

Sem luz e com vazamento de água: as dificuldades no ensino público

O diagnóstico tardio fez com que Ana perdesse boa parte do conteúdo ensinado na escola. Conforme crescia, não se sentia mais à vontade para se levantar e andar até a lousa.

“Eu não queria ser vista. Fui desenvolvendo meus métodos, né? Pegava o caderno dos amigos depois. Mas aí já tinha perdido todo o passo a passo da explicação do professor. São barreiras que enfrentei”, diz.

A própria infraestrutura da rede pública também comprometia o processo de aprendizagem da jovem. No ensino médio, de 2015 a 2017, ela se mudou para uma escola estadual no bairro do Tatuapé.

Foram anos turbulentos, com greves de funcionários e escândalos na compra de merendas. “Para mim, foi um momento importante enquanto cidadã. Minha formação política começou ali, quando vi a tentativa de desmantelarem o ensino público. Mas foi muito desafiador”, lembra.

“E a gente ainda tinha problemas com falta de luz — no período da tarde, eu precisava ir embora mais cedo, porque não tinha iluminação natural. Perdia a aula. E também, às vezes, vazava água quando chovia. Enchia tudo: corredor, sala.”

Estudos para o Enem

Quando Ana terminou o ensino médio e foi prestar vestibular, sentiu “que essas questões pesaram bastante”.

“É uma defasagem em vários sentidos: por causa da estrutura da escola, do diagnóstico tardio da minha deficiência, das greves e movimentações políticas para conseguirmos melhorias na educação. Eram muitas dificuldades”, diz.

A jovem ainda não tinha certeza se queria entrar na universidade ou se deveria focar no trabalho. “Na periferia, quando seus recursos são escassos, existe esta questão: você está entrando na vida adulta e vai ficar dependendo dos seus pais? Eu queria me sustentar”, conta.

Ela até entrou em um cursinho popular, voltado para estudantes de baixa renda, mas se dedicou mesmo à carreira de modelo, após ser descoberta por um fotógrafo na rua.

Depois de dois anos, em 2019, ela optou por só estudar e buscar uma vaga na universidade. Teve apoio do cursinho gratuito MedEnsina (2019) e, em 2020, conseguiu uma oportunidade de não pagar as mensalidades do Poliedro.

“Comecei a estudar para valer. Descobri que poderia ter uma bolsa sendo monitora lá. Fazia atividades para a instituição e tinha acesso a toda a estrutura. Pensei: agora, vou brilhar!”, relata.

Mas, semanas depois do início das aulas, começou a pandemia de Covid-19. Ana precisou se adaptar ao formato de ensino remoto e encontrar um espaço para estudar em casa. “Fazer essa transição foi difícil. Eu via a realidade externa no meu bairro, com pessoas morrendo; foi sofredor. Não sei se eu teria conseguido me preparar se não fosse a estrutura do Poliedro”.

No fim de 2020, ela prestou Fuvest e Enem, para tentar uma vaga na USP. Na primeira, não foi aprovada — faltou muito pouco. Mas depois, pelo Sisu, conquistou o primeiro lugar em psicologia em uma das modalidades de cotas.

“Pensei em outros cursos de ciências humanas, porque achava que a psicologia fosse individualizada e não se voltasse às pessoas da periferia. Como eu seguiria uma carreira sem poder me voltar para os meus? Mas aí descobri que existia, sim, uma psicologia mais plural e diversa, articulada com questões de raça, classe e gênero”, afirma Ana.

Ela faz questão de reforçar que seus resultados não foram alcançados apenas por esforço próprio.

“Meu caso não pode ser uma comprovação de que a meritocracia funciona no nosso país. Eu tive uma série de privilégios: apoio da minha família, acesso a cursinhos que me ajudaram, possibilidade de parar de trabalhar por um período para estudar. Claro que existe uma questão de dedicação pessoal, mas também há uma rede de apoio que nem todo mundo tem.”

As aulas na USP já começaram. E a luta política continua: a estudante faz parte do coletivo negro “Escuta Preta”, com outras estudantes de psicologia.

“Sinto que consigo entender e criar minha própria voz, minha própria história, sem precisar de terceiros falando o que sou ou que não sou.”

TELINHA QUENTE 446

 

Seu nome construiu um império. Seu estilo definiu uma era. A carreira do estilista de moda Halston decola, mas sua vida logo foge do controle.

Esta é a premissa da minissérie Halston, da Netflix.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

CAIXA DE MÚSICA 453

 

Roberto Rillo Bíscaro

Em seu segundo álbum, Raphael Gimenes, o brasileiro radicado na Dinamarca, continua construindo hipnóticas paisagens sonoras.

sábado, 15 de maio de 2021

ALBININHO GAÚCHO

 



Caso raro: mãe dá à luz bebê albino e família é pega de surpresa

No dia do nascimento do quarto filho, Dirce Soares, de 30 anos, e o esposo Julciano Martinelli, de 41 anos, foram pegos de surpresa. O pequeno Lucas Valentim Martinelli nasceu albino, uma alteração genética rara. O caso, segundo a família, é o único na pequena cidade de Erval Grande, no Rio Grande do Sul, município distante cerca de 46 km de Chapecó, no Oeste catarinense.

O menino nasceu na cidade de Erechim, no dia 20 de abril, às 11h28, pesando 3.245 kg. “Foi uma surpresa para nós. Nunca tínhamos visto uma criança assim, nem se quer falar. Ao mesmo tempo foi uma alegria, porque é muito raro uma criança assim”, disse a mãe.


Dirce conta que a gravidez, apesar de não ter sido planejada, foi tranquila e sem intercorrências. A descoberta da gestação ocorreu por acaso, no dia 10 de setembro de 2020, quando a mãe já estava de 10 semanas. “Eu estava tomando antibiótico e acabou cortando o efeito do anticoncepcional. Descobrir a gravidez já foi uma surpresa, mas ele desde sempre foi muito amado”.


Os irmãos mais velhos, Leandro de 14 anos, Luana de 9 anos e Leonardo de 4 anos, se encantaram com a beleza do irmão. “Nossa foi incrível. Quando eles viram não acreditavam que fosse de verdade, porque todos eles têm o cabelo preto, ficaram encantados”, lembra a mãe.


Alteração genética rara

Conforme dados do Governo Federal, os brasileiros albinos são estimados em, aproximadamente, 21 mil pessoas.

A pediatra Marcela Prates Braz, explica que o albinismo é uma alteração genética rara onde ocorre um defeito na produção da melanina, que é o pigmento responsável por dar cor a pele, cabelo e olhos. Segundo ela, no albinismo, que ocorre devido mutações genéticas, existe uma deficiência desse pigmento e os sintomas podem variar dependendo da quantidade de melanina produzida.

“Além de dar a cor, este pigmento também protege contra a radiação ultravioleta. Por isso, os albinos têm mais risco de envelhecimento precoce e câncer de pele. Por não existir um tratamento específico até o momento, a prevenção é o caminho mais seguro”, explica.

De acordo com a médica, nesses casos, deve ser evitada a exposição à luz solar desde a infância e é recomendado o uso de produtos e roupas com fatores de proteção solar.

“A vitamina D deve ser sempre acompanhada com exames periódicos pois pode ser necessária sua suplementação. Podem acontecer também alterações nos olhos e por isso, além do dermatologista, esses pacientes deverão ser acompanhados rotineiramente pelo oftalmologista”, acrescenta.
Genes envolvidos no albinismo

Conforme dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, atualmente, existem sete genes envolvidos no albinismo. Em cada um dos genes identificados, diferentes mutações podem ocorrer, o que determina uma grande variabilidade na apresentação clínica.

No albinismo oculocutâneo tipo I, por exemplo, existe ausência completa da produção de melanina, sendo o quadro clínico mais intenso, com pele e cabelos totalmente brancos e graves alterações oculares. Já no albinismo oculocutâneo tipo II, forma mais frequente no Brasil, – a mesma que o pequeno Lucas nasceu – a deficiência de melanina é parcial, assim sendo, pele e cabelo apresentam algum grau de pigmentação.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

PAPIRO VIRTUAL 175

 

Tomás Antônio Gonzaga é um poeta árcade que ficou conhecido pela obra Marília de Dirceu. É lembrado ainda por ter participado da Inconfidência Mineira, atuação que lhe rendeu um tempo na prisão e a extradição para Moçambique. Era apaixonado por Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, identificada como a Marília de seus poemas, mas acabou casado com Juliana de Sousa Mascarenhas.

quinta-feira, 13 de maio de 2021

TELONA QUENTE 357

 


No drama Monstro (Netflix), um adolescente talentoso se envolve em um roubo que termina em morte e precisa lutar para provar sua inocência perante um sistema de justiça que já o condenou.

quarta-feira, 12 de maio de 2021

CONTANDO A VIDA 341

NO CASTANHO OLHAR DE MINHA MÃE.

José Carlos Sebe Bom Meihy

Fiquei intrigado com uma frase lida no para-choque de velho caminhão que trafegava sei lá para onde “Pai a gente pode duvidar, mãe a gente tem certeza”. Retive o dizer e no retraço da estrada dei eco àquelas palavras. Resolvi fermentar a inquietação e até criei uma estratégia analítica: dividi em duas partes, a começar pela hesitação “pai a gente pode duvidar”. Logo me autorizei supor que se tratava da vagância de homens, caminhoneiros, Ulisses do asfalto que, certamente tinham aventuras para contar e, quiçá, filhos não sabidos. Avesso da oscilação sobre o masculino, à mãe caberia fiança plena, pois pela gestação e parto, pela guarda, garantiriam lastro indubitável entre a criatura e a cria. Mães, Penélopes bordadeiras de cotidianos ininterruptos...

Foi fácil derivar para outros para-choques errantes, muitos afeitos à mesma devoção: “amor só de mãe”, “amor de mãe não tem igual”, “no coração de mãe sempre cabe mais um”, “mãe, meu único porto seguro”. Desse rosário de frases feitas ocorreu até uma trilha sonora, aliás, muito apropriada considerando o recente afastamento de Agnaldo Timóteo. E então, como cheiro de mãe onipresente rezingava algumas das doze canções contidas em LP de 1995, sob o título “obrigado mãe”. É claro que dentre as pérolas, uma se distinguia, o dueto com Ângela Maria: “mamãe, mamãe, mamãe/ eu te lembro chinelo na mão/ o avental todo sujo de ovo”. E de maneira quase pueril desdenhava o juízo brega insistindo “se eu pudesse/ eu queria outra vez, mamãe/ começar tudo, tudo outra vez”...

E em meu livre pensar a estrada se fazia viagem... Pela saudade que me tomou, foi mecânica a exaltação do amor materno que me incluiu crente de um dos mitos mais benditamente aceitos. Por lógico, o enquadramento da condição feminina hoje se presentifica em confrontos, e neles o diabinho que me habita cutucava meditações sobre novos papeis sociais da mulher/ mãe (e do homem/ pai). E foram tantos os prismas que até elenquei alguns relativos às novas configurações familiares: unidades parentais menores, maternidade tardia e concorrida com a realização feminina pessoal, novas parcerias familiares, pais separados... Nossa, de repente eram tantos os diferenciais que fiquei tonto. Foi assim que busquei amparo em minha história familiar, e, nela perfilei minha mãe...

Por certo, minha experiência filial faz coro com tantos que se enquadram na primeira geração de filhos de emigrantes árabes. A muitos, como eu, restava seguir o rastro dos pais e se dedicar ao comércio. Meu caso, porém, foi bem outro, pois desde menino me determinei professor. Ponto fora da curva, o enfrentamento estava exposto. Foi minha mãe quem primeiro reconheceu que, acima de tudo, eu só seria realizado fazendo o que queria. Não que ela endossasse minha incômoda escolha, não; mas sua sensibilidade latente fez com que admitisse minha alternativa repartida entre possibilidades práticas e o caminho do meu coração. Nada faltou no conjunto parental para me desestimular, nada. Minha teimosia teve que ser testada no limite e só garanti firmeza pelo surdo paradoxo dada por ela, expresso no olhar ambíguo de alguém que compreendia meu desejo fora dos trilhos dados. E seus olhos não mentiam no castanho profundo que me fazia crer no interdito “vá em frente meu filho”. Como essa ambiguidade me ajudou! Vendo agora, depois que a carreira se fez, reconheço a sagacidade daquele olhar e adivinho sua dificuldade mediadora. Na quietude de nossos verbos, sobretudo, presidia um pacto amoroso que a permitia uma dissimulada do bem, do meu bem. Ah, os olhos castanhos de minha mãe!...

Saboreio as lembranças mais ternas de minha mãe e nessa saudade sinto agora seus olhos castanhos, fiéis, profundos demais, e legitimo assim alguns dos dizeres desses caminhões “amor só de mãe”, “amor de mãe não tem igual”, “no coração de mãe sempre cabe mais um”, “mãe, meu único porto seguro”. Ah que saudade dos olhos castanhos de mamãe.

terça-feira, 11 de maio de 2021

TELINHA QUENTE 445

 

Na minissérie Onde Está Meu Coração, Amanda enfrenta sua própria guerra particular, diante da relação íntima e destrutiva com as drogas, de uma pressão familiar constante e da fragilidade de seu casamento com Miguel.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

EKO E IKO: OS IRMÃOS NEGROS E ALBINOS SEQUESTRADOS PELO 'FREAK SHOW'

 



EKO E IKO: OS IRMÃOS NEGROS E ALBINOS SEQUESTRADOS PELO 'FREAK SHOW'

Entre o final do século XIX e início do século XX, tanto a cultura europeia quanto norte-americana exaltavam a existência dos "freak shows" como uma forma de entretenimento, especificamente para a classe média branca daquela época. Os programas apresentavam pessoas com deficiências físicas ou congênitas como "aberrações" em um sistema de emprego escravagista e humilhante do qual apenas os proprietários se beneficiavam.

Para manter o negócio funcionando, o circo alegava que eles forneciam benefícios e uma vida estável para as pessoas nascidas "diferentes", uma vez que eles eram marginalizados e condenados à miséria por serem incapazes de conviver no meio social ou conseguir um emprego.

Contudo, o "freak show" era um antro de exploração e tortura institucionalizada sob a fachada de um abrigo, onde todo mundo considerado "diferente" era bem-vindo. Só em meados do século XX, quando as diferenças físicas consideradas misteriosas foram cientificamente explicadas como mutações ou doenças genéticas, o "freak show" entrou em declínio.

O sequestro dos Muse
Até que a prática fosse proibida, com a inserção da lei Americanos com Deficiência, em 1990, nos Estados Unidos, criminalizando a discriminação de pessoas com qualquer tipo de doença e a exploração delas –, o negócio continuou abusando de pessoas como as irmãs siamesas Daisy e Violet Hilton; o homem negro com microcefalia chamado William Henry Johnson; e Joseph Merrick, o "Homem Elefante".

Então, foi uma comoção em massa quando o famoso circo Ringling Brothers chegou na cidade de Roanoke, em Virgínia (EUA), naquele outubro de 1927. Com um comboio de 100 vagões, com cerca de 1.600 funcionários, 5 ringues e 6 palcos, o "freak show" montou seu espetáculo no espaço de festivais da cidade, onde, no ano seguinte, membros da Ku Klux Klan fizeram seu primeiro comício.

Entre as atrações do circo, estavam os famosos George e Willie Muse, dois irmãos afro-americanos albinos conhecidos pelo nome artístico Eko e Iko, respectivamente. Mas ninguém sabia que estar ali em Roanoke significava uma volta para a casa para os dois. Eles cresceram na minúscula cidade rural de Truevine, no Condado de Franklin, a poucos quilômetros de Roanoke, onde a população negra era massacrada pelo racismo segregacionista do sul reforçado pelas Leis Jim Crow.

Desde muito cedo, os irmãos acompanharam sua mãe, Harriet Muse, aos campos de tabaco perto de sua casa para que ela pudesse trabalhar enquanto eles brincavam em meio às plantações. Até que em 1899, quando tinham entre 6 e 9 anos de idade, eles foram sequestrados por James Herman Shelton, um "caçador de aberrações" que os colocou no sistema de "freak show".

O homem os transformou nos personagens Eko e Iko, os “Canibais com cabeça de ovelha”, cuja cor da pele demonstrava o lado "selvagem" e "canibal" deles, enquanto o albinismo era justificado como uma espécie de "dom" ao mesmo tempo que uma aberração. A sociedade os enxergava como duas "criaturas" que foram amaldiçoadas e abençoadas ao mesmo tempo.

Objetos de estudo


Shelton se tornou o empresário deles por mais de 13 anos, enquanto os fazia viajar pelos Estados Unidos e outras partes do mundo em diversos circos diferentes, cada um contando um tipo de história sobre a origem dos dois. John Ringling, o proprietário do Ringling Brothers, declarou a um jornal que havia encontrado os irmãos à deriva na costa de Madagascar. Ele também não deixou de reforçar que eles eram uma espécie de "elo perdido de Darwin" devido à mutação genética que tinham.

O público chegava a pagar mais de US$ 30 para ter uma foto ao lado dos irmãos, que foram forçados a deixar os cabelos crescerem para serem colocados em dreadlocks, que eles enfiavam em bonés e soltavam diante de uma plateia boquiaberta. Todo o dinheiro que a aparência deles rendeu foi desfrutado apenas por Shelton, que alimentava a ideia de que sua mãe estava morta para impedir qualquer tentativa de fuga ou sonho de voltar para casa.

No entanto, Shelton não se conformou em vender a imagem de Eko e Iko apenas como entretenimento, por isso permitiu que o movimento eugênico dos Estados Unidos estudasse o albinismo deles. No livro You and Heredity, o autor Amram Scheinfeld escreveu que eles tinham a pele branca, os olhos azuis claros com nistagmo (globos oculares oscilantes) e cabelos loiros. A aparição deles era uma crítica no livro, pois Scheinfeld promovia a esterilização e controle de natalidade para reduzir a proporção dos "inadequados" e estimular o nascimento dos "aptos".

Na época em que Eko e Iko voltaram para a casa pela primeira vez em 13 anos, a vanguarda da eugenia instalou um programa que esterilizou à força mais de 8 mil pessoas sob a alegação de deformidade física, falta de moradia em nome da "proteção à pureza da raça americana" e também por doença mental. De acordo com a jornalista Beth Macy, autora de Truevine, esse programa serviu como inspiração para os primórdios da eugenia na Alemanha de Adolf Hitler, começando com o programa Ação T4.

O apelo de uma mãe
Desde o sequestro de seus filhos, Harriet Muse confrontou as mais altas e poderosas autoridades brancas para tê-los de volta, e sua força de vontade aumentou ainda mais quando descobriu que eles estavam voltando para Roanoke.

Depois de tentar reaver seus filhos enfrentando os proprietários do circo e os policiais brancos da cidade, Harriet deu início a um processo judicial contra o Ringling Brothers e Shelton, em que alegou que George e Willie foram transformados em escravos e detidos contra sua vontade. A mulher lutou até fechar um acordo em que o circo concordou em devolver os salários e ficou responsável por informar-lhe o paradeiro de seus filhos.
Harriet usou o dinheiro para comprar um terreno no Condado de Franklin, no intuito de que os filhos tivessem um lugar para morar quando decidissem voltar para casa. Infelizmente, ela não viu isso acontecer, pois morreu em 1942, aos 68 anos, antes que George e Willie se aposentassem, no final da década de 1950.

Eles ficaram na casa comprada e se tornaram dois dos poucos afro-americanos proprietários de terras daquela época, tal como os habitantes de Seneca Village. George Muse morreu em 1972, enquanto seu irmão Willie Muse viveu até os 108 anos, falecendo em 2001.

CAIXA DE MÚSICA 452

 

Roberto Rillo Bíscaro

A Dupla norte-americana Timelight toca potente prog sinfônico inspirado em gigantes sinfônicos, como Yes, ELP e Gentle Giant.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

PAPIRO VIRTUAL 174

 

Drummond, em Claro Enigma, se torna mais introspectivo, melancólico e filosófico, naquele momento de crise política e existencial após a Segunda Guerra Mundial e sob o impacto da Guerra Fria e a ameaça da bomba atômica

quinta-feira, 6 de maio de 2021

TELONA QUENTE 356

 

Chile, 1973 - um programa inédito promove a inclusão de jovens de periferia num colégio de alta classe para diminuir o abismo entre classes sociais, na capital Santiago. O jovem Machuca está entre os beneficiados pelo projeto e conhece na nova escola Gonzalo Infante. Numa situação que era improvável antes, os dois garotos ficam amigos e vivem intensamente a efervescência política daquele período da história no Chile.
Veja a crítica de Machuca, disponível na Netflix. 


quarta-feira, 5 de maio de 2021

CONTANDO A VIDA 340

 DIA DO TRABALHO, 2021: O QUE CELEBRAR?


José Carlos Sebe Bom Meihy

A Educação faz parte de qualquer agenda de desenvolvimento. Há razões específicas para isso, justificativas que não raro se perfilam junto a premência de atenção à saúde, à casa própria, aos transportes e à seguridade social. Alçando a qualidade de direitos inerentes à condição humana, leis regulam o controle de situações que, afinal, dizem respeito à nossa sobrevivência e dignidade enquanto seres diferenciados das demais espécies. Professor que sou, nada contra as escolas, mas convém não deixar para postos menores os temas referentes ao trabalho. É bastante comum ouvir que “o trabalho dignifica”, que “Deus ajuda quem cedo madruga” e que “a honra é recompensa natural do trabalho”. Desdobramento natural disso, a longa lista de frases motivacionais enche os ouvidos de todos e chegam a aborrecer. O exagero é tanto que fica a sugestão de efeitos contrários. Na contramão das loas ao labor, saudando o reverso, preside uma catilinária de “brincadeiras” elogiando a preguiça e a desocupação, e, nessa linha “o não fazer nada” ganha ares dizeres que vão do sabor de piada até posturas filosóficas. Em questão o trabalho como virtude ou obrigação penosa, como redenção ou castigo.

Culturas diferentes tipificam o trabalho de maneira a organizar a sociedade e assim submeter tudo ao padrão de poder hierarquizado. Tratados específicos sobre o trabalho enchem bibliotecas e ocupam debates. Recentemente, contudo, um livro se distinguiu surpreendendo leitores globais pelo poder de síntese: “Homo sapiens”, escrito por Yuval Harari, se transformou em best seller mundial, carreando juízos importantes para a compreensão da história continuada da humanidade. O desafio de alinhavar 70 mil anos de história em cerca de 400 páginas partiu do princípio consagrador do ser humano como o único capaz de subjugar a natureza que em suas complexas expressões nos agregam num esforço de colaboração. Tudo, explica o dublê de historiador e biólogo, presidido pelo princípio da “realidade imaginativa”, ou seja, pela caracterização da cultura, fato que permite aos humanos a transformação das coisas e o arranjo de organizações capazes de articular tarefas continuadas. Harari identificou nesse processo três revoluções complementares: a cognitiva, a agrícola e a científica.

Divisor de águas, da primeira para a segunda revolução está a agricultura, fator que orientou reuniões de grupos com fins comuns, todos em torno de ideais dirigidos. Curiosamente, ao contrário das dicções comuns, Harari mostrou de maneira negativa os efeitos da fixação dos humanos à terra, pois daí, da propriedade privada – como pontificara Marx e Engels –, derivaria relações de poder e de exploração dos demais. De toda forma, foi graças a esse momento que o capitalismo se impulsionou, tornando-se viável como sistema político futuro, triunfante porque capaz de explicar a próxima revolução, a científica. Sob o prisma do trabalho e da transformação da natureza.

Atravessando os tempos, a relação de trabalho passou por transformações brutais grosseiramente enquadradas na evolução do escravismo para os servos da gleba e daí para a condição de trabalho depois dos feitos industriais do século XVIII. Os parâmetros universais submetidos aos direitos humanos têm sido gradativamente colocados em questão. Na investida por conquistas, os trabalhadores do mundo tentam compensar as diferenças entre poderes estabelecidos pelo capital em oposição ao julgo de uma categoria que corre atrás da subsistência e de melhor colocação no mundo. Uma das metas do movimento trabalhista mundial remete à formação de uma consciência de classe e o esclarecimento dos direitos é um objetivo que explica a relevância da data de hoje. É exatamente neste quesito que a disputa entre a prioridade da escola se confronta com a do trabalho. Não que uma seja mais importante que a outra, mas não são equiparadas.

Historicamente, tudo teria começado em Chicago, nos Estados Unidos, em 1886. Por aquele então, a exploração do trabalho submetia todos a jornadas de 12 horas em situações insalubres, com salários ruins e sem direitos garantidos. Sob inspiração de organizações trabalhistas e de ideias tanto defendidas por pensadores progressistas como até por segmentos religiosos, no dia primeiro de maio iniciou-se uma greve replicada nos dias seguintes. A repressão foi enorme e dela resultou a morte de cerca de cem operários, e outros muitos foram condenados. A partir dessa data, em diversos países iniciou-se a celebração que ganhou quilate internacional. No Brasil, no conturbado ano de 1917 comemorou-se a data pela primeira vez, mas foi sob o programa trabalhista de Vargas que se tornou grandiosa a celebração.

Passados tantos anos, depois de acontecimentos plurais – alguns festivos e outros dramáticos –, o primeiro de maio deste 2021 ganha significado especial. Em plena pandemia, sob a mais cruel realidade estatística de mortes e desempregos, debaixo de um governo descontrolado e com um programa comprovadamente equivocado, o que temos a celebrar? Nossos sindicatos afogados por normas restritivas, desmobilizados pelos convenientes protocolos de isolamento, tendo a atenção governamental devotada à economia, aos trabalhadores do Brasil resta amargar reclusões, falta de perspectivas, desalento... Mas que haja espaço mínimo para que o grão de mostarda fertilize da árvore do trabalho e que ela renda frutos futuros. Hoje, nada a festejar além da esperança.


terça-feira, 4 de maio de 2021

UMA ALBINA EM ARACAJU

 Tartaruga marinha albina poderá ser visitada no Oceanário de Aracaju

O Oceanário de Aracaju já conta com a presença de uma tartaruga marinha albina. O animal, que também é conhecido como tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), está em quarentena e logo poderá receber a visita de sergipanos e turistas. Segundo o projeto Tamar, o albinismo é uma característica de origem genética, em que os genes responsáveis pela produção de melanina (pigmento que dá a cor à pele e aos olhos), não funcionam direito.

O projeto Tamar explicou que em dezembro de 2014, nasceu um ninho de tartarugas-cabeçuda (Caretta caretta) com 118 filhotes, na Praia do Gargaú, em São Francisco do Itabapoana, no Rio de Janeiro, sendo que 8 dos filhotes eram albinos. Hoje, com pouco mais de 6 anos de vida, as tartarugas albinas podem ser conhecidas nos Centros de Visitantes da Fundação Projeto Tamar na Praia do Forte/BA, no Oceanário de Aracaju/SE e no Centro de Visitantes da Base de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Na Praia do Forte e em Ubatuba, foram criados recintos especialmente para estas tartarugas”, explica.

Uma curiosidade sobre o animal é que para nascer um filhote albino é necessário que tanto quanto a mãe tenham genes para esta característica, mesmo que eles não sejam albinos. “Isto ocorre porque para cada característica herdada geneticamente, temos dois genes (um par), um recebido da mãe e outro recebido do pai. Ainda que um gene não funcione bem para coloração, temos um segundo gene do par produzindo melanina e, portanto, os pais costumam ter coloração típica da espécie”, resume.

A visita à tartaruga marinha albina ainda não é permitida, mas o Oceanário de Aracaju está funcionando de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. O contato é feito por meio dos telefones (79) 3243-3214 e 999493107.

https://infonet.com.br/noticias/cidade/tartaruga-marinha-albina-podera-ser-visitada-no-oceanario-de-aracaju/

TELINHA QUENTE 444

 


Uma morte acidental lança um homem em uma espiral de intrigas e assassinato. Ele encontra o amor e recupera a liberdade, mas um telefonema traz de volta o seu passado. Este é o enredo de O Inocente, nova minissérie da Netflix. 

segunda-feira, 3 de maio de 2021

CAIXA DE MÚSICA 451

 

Roberto Rillo Bíscaro

Silk Road: Journey of the Armenian Diaspora (1971 - 1982) é uma fascinante compilação de artistas armênios fazendo funk, disco music, boogie, psicodelia e muito, muito. mais

domingo, 2 de maio de 2021

SUPERAÇÃO NA CHINA

 

A chinesa albina abandonada bebê que se tornou modelo da Vogue


Quando Xueli Abbing era bebê, seus pais a deixaram no chão, na porta de um orfanato. Isso aconteceu na China, onde o albinismo é visto por algumas pessoas como uma maldição.


A rara condição genética é caracterizada pela ausência completa ou parcial de uma enzima (tirosinase) envolvida na síntese da melanina, o que torna a pele e o cabelo de Xueli muito claros. Ela também é extremamente sensível à luz solar.

E foi a aparência incomum que levou Xueli à carreira de modelo. Agora com 16 anos, ela apareceu nas páginas da Vogue e liderou campanhas para designers famosos.

Conheça a história de Xueli, que ela contou à jornalista da BBC Jennifer Meierhans.

A equipe do orfanato me chamou de Xue Li. Xue significa neve e Li significa bela. Fui adotada quando tinha três anos e fui morar com minha mãe e minha irmã na Holanda. Minha mãe disse que não conseguia pensar em um nome mais perfeito e achou importante manter uma referência às minhas raízes chinesas.

Na época em que nasci na China, o governo impôs a política de filho único para as famílias. Era muito azar se você tivesse um filho com albinismo. Algumas crianças, como eu, foram abandonadas, outras ficavam trancadas ou, se iam à escola, seus cabelos eram pintados de preto.

Em alguns países da África, no entanto, eles são caçados, seus membros são cortados ou até podem ser mortos. Os curandeiros usam seus ossos para fazer remédios, pois as pessoas acreditam que eles podem curar doenças, mas é claro que isso não é verdade, essas crenças são mitos. Tenho sorte de ter sido apenas abandonada.

Meus pais biológicos não deixaram nenhuma informação sobre mim, então não sei quando é meu aniversário. Mas cerca de um ano atrás, eu fiz um raio-X da minha mão para ter uma ideia mais precisa da idade e os médicos avaliaram que eu tinha em torno de 15 anos.

Comecei a trabalhar como modelo por acaso, quando tinha 11 anos. Minha mãe estava em contato com uma designer que era de Hong Kong. Ela tem um filho com lábio leporino e decidiu que queria desenhar roupas bem estilosas para ele, para que as pessoas nem sempre fiquem olhando para sua boca. Ela chamou a campanha de "imperfeições perfeitas" e perguntou se eu queria participar de seu desfile de moda em Hong Kong. Foi uma experiência incrível.

Depois disso, fui convidada para algumas sessões de fotos e uma delas foi com o fotógrafo Brock Elbank, em seu estúdio em Londres. Ele publicou meu retrato no Instagram. A agência de modelos Zebedee Talent entrou em contato e perguntou se eu gostaria de me juntar a eles na missão de fazer com que pessoas com deficiências ou com diferenças sejam representadas na indústria da moda.

Uma das fotos que Brock tirou de mim foi apresentada na edição de junho de 2019 da Vogue Itália, que teve Lana del Rey na capa. Na época, eu não sabia quão importante a revista era e demorei um pouco para perceber por que as pessoas ficavam tão animadas com isso.



Na moda, parecer diferente é uma bênção, não uma maldição, e isso me dá uma plataforma para aumentar a conscientização sobre o albinismo.

A campanha de Kurt Geiger (varejista britânico de calçados e acessórios de luxo) é um ótimo exemplo de como eles me permitem mostrar minha diferença. Eles me permitiram produzir e dirigir as fotos com minha irmã, porque as restrições do coronavírus impediam o fotógrafo de estar no estúdio. Isso permitiu que eu me expressasse da maneira que quisesse e estou muito orgulhosa dos resultados.

Ainda existem modelos que têm quase dois metros e meio e são magras, mas agora as pessoas com deficiências ou com diferenças aparecem mais na mídia e isso é ótimo - mas deveria ser normal. Modelos com albinismo costumam ser estereotipados em fotos para retratar anjos ou fantasmas e isso me deixa triste. Especialmente porque perpetua aquelas crenças que põem em perigo a vida de crianças com albinismo em países como a Tanzânia e o Malawi.


Devido ao meu tipo de albinismo, tenho apenas 8 a 10% de visão e não consigo olhar diretamente para a luz, pois machuca meus olhos. Às vezes, se está muito claro durante uma sessão de fotos, eu pergunto "posso fechar meus olhos ou você pode tornar a luz mais suave?" Ou direi "OK, você pode fazer três fotos com meus olhos abertos com o flash e nada mais."

No início, eles podem pensar que é difícil, mas quando tiram a primeira foto, eles ficam tipo "Uau" e ficam muito felizes com os resultados. Minha agente diz aos clientes "se você não pode lidar com isso, você não pode trabalhar com Xueli." É importante para eles que eu me sinta confortável.

As pessoas me dizem que minha deficiência visual me dá uma perspectiva diferente e vejo detalhes que os outros não observam. Também faz com que eu me preocupe menos com a visão tradicional da beleza. Talvez porque eu não consiga ver tudo, concentro-me mais nas vozes das pessoas e no que elas têm a dizer. Portanto, a beleza interior é mais importante para mim.

Amo ser modelo porque gosto de conhecer gente nova, praticar inglês e ver que as pessoas ficam felizes com minhas fotos. Quero usar a moda para falar sobre albinismo e dizer que é uma condição genética, não uma maldição. A maneira de falar sobre isso é dizer "pessoa com albinismo" porque falar sobre "ser um albino" soa como se isso definisse quem você é.

As pessoas me dizem que tenho que aceitar coisas do meu passado, mas acho que não. Eu acredito que você precisa ver o que aconteceu e entender o porquê, mas não aceitar isso. Não vou aceitar que crianças sejam assassinadas por causa de seu albinismo. Eu quero mudar o mundo.

Quero que outras crianças com albinismo - ou qualquer forma de deficiência ou diferença - saibam que podem fazer e ser o que quiserem. Para mim, sou diferente em alguns aspectos, mas igual em outros. Amo esportes e escalada e posso fazer isso tão bem quanto qualquer outra pessoa. As pessoas podem dizer que você não pode fazer as coisas, mas você pode, apenas tente.