sábado, 30 de novembro de 2013

(DES)ATENÇÃO!

Chineses com seus tablets e smartphones em Pequim, em foto de arquivo (AP)
Nosso apego aos aparelhos tecnológicos nos torna mais distraídos de outras tarefas, diz pesquisador

Concentração perdida com uso de tecnologia 'pode ser recuperada'

Você já se distraiu de uma tarefa para checar seu perfil nas redes sociais? Ou perdeu uma conversa na mesa do restaurante porque estava respondendo mensagens no smartphone?
Para Larry Rosen, professor da Universidade Estadual da Califórnia e pesquisador da chamada "psicologia da tecnologia", você não está sozinho: a capacidade média de concentração dos participantes de suas pesquisas é de apenas 3 a 5 minutos. Depois disso, eles se distraem, sem conseguir terminar seus estudos ou trabalhos.
O problema tende a se acentuar à medida que nos tornamos cada vez mais inseparáveis de tablets e smartphones - e as consequências podem ser ruins para nossa capacidade de ler, aprender e executar tarefas.
"Se ficamos trocando de tarefa, nunca passamos tempo o bastante para nos aprofundarmos em nenhuma delas. Três minutos certamente não bastam para estudar", diz Rosen, autor de livros sobre o impacto social da tecnologia. Sua próxima obra, em conjunto com um neurocientista, se chamará justamente The Distracted Mind (A Mente Distraída, em tradução livre).
Em entrevista à BBC Brasil, ele sugere técnicas simples para "reprogramar" o cérebro a reconquistar essa habilidade de prestar atenção.
E, no caso de adolescentes, não adianta vetar a tecnologia - mas sim estimulá-la em horas certas. Confira:
BBC Brasil - Nossa capacidade de concentração está diminuindo?
Larry Rosen - Certamente está cada vez menor, e em diversos níveis. Pesquisas mostram que nossa concentração média é de 3 a 5 minutos antes que acabemos nos distraindo, no estudo ou no trabalho. A maioria dessas distrações são tecnológicas – alertas de mensagem, e-mails etc.
Culturalmente, seguimos essa tendência. Até TV mudou. Em programas de TV dos anos 1980 e 1990, o tempo de cada cena era muito maior do que é nos programas atuais, que se adaptaram à nossa atenção mais curta. Revistas também fazem reportagens cada vez mais curtas.
BBC Brasil - Isso é um problema?
Rosen - Se ficamos trocando de tarefa, nunca passamos tempo o bastante para nos aprofundarmos em nenhuma, e tudo fica superficial. Três minutos certamente não bastam para estudar, por exemplo.
O segundo problema é que, terminada a distração, não voltamos imediatamente à tarefa que interrompemos. Precisamos de um tempo para lembrar onde estávamos. No caso de um livro, temos de reler alguns parágrafos, realocar nosso cérebro.
Em uma pesquisa com estudantes universitários, tiramos seus telefones, os dividimos em três grupos - de uso leve, moderado e extremo - e medimos sua ansiedade.
Os usuários leves tiveram pouca alteração em seus níveis de ansiedade; os moderados rapidamente ficaram ansiosos, até que esses níveis caíram. Mas as pessoas que usavam muito seus smartphones ficavam mais e mais ansiosas. E neste último grupo estavam justamente as crianças e os jovens adultos. Temos de ensiná-los a evitar essa ansiedade.
BBC Brasil - Será um reflexo disso o fato de as pessoas lerem pouco ou não terminarem muitas leituras?
Rosen - Muitas pessoas já não conseguem mais ler integralmente, elas passam o olho. Percebo isso como professor: ao mandar um e-mail aos alunos, que respondem com dúvidas. Mas essas dúvidas estavam respondidas no e-mail original. Daí eles dizem, 'desculpe, eu só li as primeiras linhas'.
Tudo fica mais superficial, mas também mais estressante. Quanto mais trocamos de tarefas, mais damos para o nosso cérebro monitorar.
BBC Brasil - Alguns estudos mostram que isso afeta o desempenho de estudantes e profissionais. Há exagero?
Rosen - Em outra pesquisa, assisti a estudantes durante seus estudos. Pedíamos que eles estudassem matérias importantes, para ver como se concentravam. E vimos que eles só conseguiam manter sua atenção por uma média de 3 minutos.
O interessante é que os que conseguiam se concentrar mais tinham notas melhores na escola, e não apenas naquela matéria que estavam estudando. Ou seja, se concentrar melhora o desempenho, na escola, no trabalho e até nos relacionamentos pessoais.
Larry Rosen
Larry Rosen estuda a 'psicologia da tecnologia'
BBC Brasil - Como recuperamos esse poder de concentração?
Rosen - É possível aprender técnicas simples para aumentar a capacidade de focar e não se distrair.
Imaginemos, por exemplo, a hora do jantar de uma família comum. Hoje em dia, todos jantam tendo seus celulares consigo. A sugestão é, no início do jantar, que todos possam checar seus celulares por um ou dois minutos. Mas depois têm de silenciá-los e virar seu visor para baixo, para não ver as mensagens chegando.
Após 15 minutos marcados no relógio, todos recebem permissão para checar o telefone novamente, por um minuto. À medida que a família se acostuma com isso, aumenta-se gradualmente esse período de 15 para 20 e 30 minutos.
E assim cria-se tempo para conversas familiares ininterruptas por 30 minutos, seguido de um minuto para checar o celular. É uma forma de treinar o cérebro a não se distrair, e isso é essencial.
BBC Brasil - É uma reprogramação do cérebro?
Rosen - Você está reprogramando a parte química envolvida no estresse do seu cérebro.
Porque o que começamos a ver é: se impedimos as pessoas de checarem seus celulares ou dispositivos tecnológicos, elas ficam ansiosas, (o que produz) alterações químicas.
BBC Brasil - É como um vício?
Rosen - O engraçado é que não é um vício – se fosse, teríamos sensação de prazer ao checar nosso celular.
E a maioria não está obtendo prazer, apenas tentando reduzir a ansiedade e a sensação de não saber se está perdendo algo (na internet ou nas redes sociais).
BBC Brasil - O que podem fazer os professores que querem recuperar a atenção de seus alunos?
Rosen - Em geral, eles terão de usar a própria tecnologia, seja permitindo que os alunos usem seus próprios dispositivos ou trazendo dispositivos à aula.
Por exemplo, com vídeos curtos, que costumam atrair os estudantes. Aqui nos EUA, algumas escolas particulares também têm usado mais tecnologias, como iPads e Apple TV, na sala de aula. Isso certamente torna a educação mais atraente.
Em escolas que proíbem os aparelhos móveis, os estudantes os levam escondidos e ficam trocando mensagens debaixo da carteira. É melhor, então, que os professores os deixem checar em determinados momentos – por exemplo, a cada meia hora por um ou dois minutos.
Se você veta o uso da tecnologia, os estudantes vão ficar o tempo todo pensando no que estão deixando de ver (no celular), nos comentários que a sua foto no Instagram estará recebendo. E, assim, não vão prestar atenção na aula de qualquer maneira.
BBC Brasil - Você vê alguma vantagem no fato de estarmos fazendo diversas tarefas ao mesmo tempo?
Rosen - Em geral, não – a tentativa de fazer muita coisa junta impacta seus relacionamentos. Se você tenta falar com seu marido ou mulher à noite e cada um está vidrado em seu celular, que conversa vai ter?
Se você está com seus amigos num restaurante, mas fica no celular, que interação fará com eles?
E fico pensando como será quando as pessoas começarem a usar o Google Glass - você vai achar que (seu amigo) está olhando para você, mas ele estará, na verdade, olhando para o que estiver aparecendo nos óculos.
BBC Brasil - Mas tem gente que pode ter uma performance melhor nesse novo ambiente de estímulo constante?
Rosen - Pesquisas mostram que uma parcela bem pequena das pessoas é capaz de funcionar bem nesse tipo de ambiente. Não vi pesquisas de longo prazo a respeito disso, mas imagino que isso seja algo estressante. E no longo prazo isso não é bom para o corpo.
BBC Brasil - As pessoas conseguem definir regras para si mesmas, limitando o próprio uso da tecnologia?
Rosen - Eu costumava enlouquecer com meu feed no Twitter, até decidir checá-lo uma vez só por dia.
Uma das regras que recomendo é: tire seu celular ou notebook do quarto uma hora antes de ir dormir e não se permita checá-los até o dia seguinte.
Hoje, nossos estudos mostram que a maioria dos adolescentes e jovens adultos dorme ao lado dos seus telefones e acorda no meio da noite para checá-los. Isso é péssimo para o seu cérebro, que precisa de blocos longos e consistentes de sono. E também prejudica o aprendizado.
Acho que isso ainda vai piorar, até que as pessoas percebam o efeito negativo sobre sua saúde. E daí começarão a pensar: será que eu realmente preciso checar meu feed de Twitter 20 vezes por dia? Será que realmente preciso estar em sete redes sociais diferentes?
Mas no momento estamos tão empolgados com a tecnologia que somos como crianças em uma loja de doces: queremos experimentar tudo.

ALBINO GOURMET 117

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

PAPIRO VIRTUAL 66

Nossa sessão de literatura apresenta o trabalho de outro ex-aluno meu - eita, orgulho! 
Fabiano Campachi,professor de Língua Portuguesa,Inglesa e Literatura,formado em 2004 pela Fundação Educacional de  Penápolis,e pós- graduando em Literatura Brasileira pela Faculdade Barão de Mauá.
Publicará no início do próximo ano, seu primeiro livro de poesia,chamado "Versos ao vento".

Perimetrando

Saudemos a nova burguesia
Que come “huevo”
Arrota poesia
“Nuevo”
Velha oligarquia.

Evolução evidente
Dos sonhos
Dementes
Decadência humana.

Elitista cultura,
Profana
Pobreza alheia.
 Piras
Óleo de baleia.

Confusa realidade
Aceite
Em piras mundanas
De azeite.
Roubemos a mulher do próximo,
Quebremos o mandamento
Em nome do capitalista
Derramamento
De pregações e teorias.

Cantemos e louvemos
A evolução perimetral
Nosso pequeno logradouro
Futura nova capital.


Bêbados católicos
Enlouquecidos
Crentes

Nosso mundo nossa mente
Nossos sonhos
Bucólicos
Embebecidos
Ardentes

Poetas
Desvairados
Só mente

Poesia

Pena

Pena do meu pai
Pena dos meus avós,
Do meu nascimento,
Dos sonhos da minha infância.

Pena da Maria
Que também é Chica,
Pena de São Francisco,
Meu batizado.

Pena crescer longe de ti,

Que Pena Polis linda!!!!


E os versos passaram ventando
vento voando
revirando
poesia pelo avesso.
Tempo passando,
dançando,correndo
travesso.
Revirando indo
voltando,
eu
poesia
e o avesso

AUTISMO

Tire a sua dúvida sobre Autismo com Wanderley Domingues, Presidente do Centro Pró-Autista.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

FANTASMAGORIA NORUEGUESA

Roberto Rillo Bíscaro


Sigo na fase Henrik Ibsen. Vi teleteatro britânico duma de suas peças que me são mais queridas: Espectros, em inglês, Ghosts.
A obra escandalizou na penúltima década do século XIX. A polêmica foi tanta que ofuscou, durante anos, aspectos que me interessam mais do que o tema da inescapabilidade do pecado dos pais.
O jovem pintor Oswald Alving volta pra chuvosa e nublada Noruega, após anos na capital francesa, símbolo do prazer e da luz. Doente, chega a tempo pra inauguração dum orfanato em honra a seu finado pai, pilar da sociedade, a quem Oswald jamais conhecera realmente, a não ser pelas laudatórias missivas de sua mãe. A paixonite do jovem pela criada da casa e as conversas da Sra. Alving com o Pastor Manders abrem o esgoto das revelações do passado familiar; um redemoinho de luxúria e repressão, que culminará na destruição da geração posterior.
Ghosts é exemplo irretocável da peça onde existe a falsa impressão de que algo acontece, mas na verdade, o que presenciamos é a narração de eventos passados. O passado torna-se tema, aproximando Espectros mais do épico que do dramático.
O destino inescapável dos deuses olímpicos é atualizado naturalisticamente  determinismo social e biológico, mas as diferenças não param por aí. O público conhecia o passado de Édipo, por exemplo. Quando o maldito monarca toma ciência dele, sua vida altera-se por completo. Em Espectros, é a Sra. Alvin quem conhece o passado e quando este nos é revelado, nada se altera em sua existência; o que está feito, feito está e repercutirá na vida do pobre Oswald.
Pra sociedade da época, deve ter sido muito perturbadora a história duma família que se dá mal precisamente por viver dentro dos parâmetros puritanos, burgueses – como quiserem chama-los.
Ibsen desenrola os novelos explicativos com paciência, fazendo-nos cambiar de perspectiva mais de uma vez. Tal paciência, porém, não elimina a fúria corrosiva contra a hipocrisia social, resultando em diálogos sôfregos e densos.
A filmagem de 1987 tem elenco impecável: MichaelGambon, Judi Dench, Kenneth Branagh, Natasha Richardson. El Gambon e La Dench estão soberbos e o jovem Branagh evita o exagero que às vezes estraga alguns de seus desempenhos.
A ambientação e vestuários sombrios e escuros contribuem pra construção do tom desolador.
Não seria má ideia fazer como a versão espanhola deCasa de Bonecas recomendada semana passada: atualizar um tiquinho o texto pros mais jovens entenderem direitinho qual o mal que acometeu Oswald. As metáforas e meias-palavras chocantes no fim do século retrasado nada significam hoje e desconfio que em 87 já era assim.
Essa maravilha está no You Tube, em inglês sem legendas.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

DIREITO

 Dalva Tabachi, 62, e seu filho Ricardo, 32

Mãe conta em livro as dificuldades e conquistas do filho autista de 32 anos

Dalva Tabachi, que já lançou "Mãe, me ensina a conversar", agora publica seu segundo livro, "Mãe, eu tenho direito!"

Juliana Vines

A empresária Dalva Tabachi, 65, tem quatro filhos. O mais velho, Ricardo, 32, tem autismo e só começou a falar aos cinco anos. Hoje ele trabalha com a mãe na confecção da família, no Rio, toca violão e vai ao cinema com uma amiga. Tudo, segundo Dalva, com muito esforço.
Em 2006, com base em anotações do dia a dia do filho, ela lançou o livro "Mãe, me ensina a conversar" (Rocco, 96 págs., R$ 20). Agora lança o segundo livro, "Mãe, eu tenho direito!".
Leia o depoimento dela:
Percebemos que o Ricardo tinha algum problema com três anos. Ele não falava nada, só repetia "bola, bola, bola". Ficava isolado, não brincava com outras crianças.
Fomos ao pediatra, à psicóloga, à fonoaudióloga. Naquela época, ninguém sabia o que era autismo. Quando eu perguntava o que meu filho tinha, diziam: "Ah, esquece isso". Falavam que ele ia ficar bom.
Mas até o Ricardo ter 12 anos foi horrível. Ele era bem comprometido. Ficava fazendo "hummm" continuamente. Quando ficava nervoso, pulava e se mordia.
A gente sofria preconceito. Quando ele tinha dez anos, em uma viagem de avião, um passageiro pediu que o tirassem do voo, porque ele não ficava quieto, gritava. Com 18 anos, fomos a uma neurologista e perguntei: "Afinal, o que ele tem?". Autismo.
Nessa época ele já estava bem melhor. Tudo com muito esforço, muito choro. Corri atrás de tudo. O que ele podia fazer, fez: aula particular, fonoaudióloga, psicóloga, violão, natação. Não desistimos. Ele tem três irmãos mais novos que sempre o puxavam para a realidade, não deixavam que ele se isolasse.
Quem vê o Ricardo hoje não acredita. Ele fala muito. Claro que ainda tem traços de autismo, o pior deles é a repetição. Ele repete a mesma coisa dez, 20 vezes.
Conta tudo o que comeu, diz tudo o que fez hoje e no dia anterior, avisa dez vezes quando vai dormir. Às vezes, fica remoendo coisas de anos atrás: "Por que fulano puxou a minha orelha um dia?".
Ele não se acerta com números --não entende que duas notas de 20 e quatro de dez são a mesma coisa-- e não entende muito bem o que é quente ou frio: usa blusas no calor, liga o ar-condicionado no frio.
ANDAR SOZINHO
Ele nunca fica sozinho. Não tem como. Tenho uma empregada que mora em casa. Ele espera meu marido e eu até para escovar os dentes, porque tinha mania de escovar tanto que já estava se machucando. Quando demoramos para chegar em casa, ele liga: "Onde vocês estão? Preciso passar fio dental."
A minha maior preocupação é quem vai cuidar do Ricardo no futuro. Já faz muito tempo que penso nisso. Fiquei muito angustiada quando um dos meus filhos se casou. Os irmãos dizem que vão cuidar dele, mas sempre penso que tenho que viver muito. E, para isso, me cuido.
Eu nado no time master do Flamengo, não sou gorda e não como gordura. Tenho que ficar boa, não posso ficar doente. Sempre que vejo um casal sozinho com um filho autista penso: quem vai cuidar dessa criança no futuro?
O Ricardo melhora a cada dia. Ele toca violão direitinho, participa de competições de natação, vai ao cinema todos os sábados e adora ouvir música aos domingos.
Tudo o que ele sabe foi ensinado. A fonoaudióloga explicava o que era o teto, o chão, o nome das coisas.
Ele tem uma memória incrível. Se você disser que hoje é seu aniversário, ele vai lembrar daqui a meses e vai dizer: no ano que vem vai ser numa quinta-feira, porque neste ano foi na quarta.
Antes ele não entrava nas conversas, hoje já puxa papo. Sempre falando uma besteira, o que ele comeu no almoço. Eu o repreendo, digo que não é assim que conversa, e ele pede: "Mãe, me ensina a conversar". Esse foi o título do meu primeiro livro.
O segundo livro se chama "Mãe, eu tenho direito!", porque mais recentemente ele aprendeu a dizer não, a reclamar. Eu digo para ele não comer alguma coisa e ele repete: "Eu tenho direito!".
O que mais dá trabalho hoje é comida. Ele é compulsivo. Na adolescência, engordou. Colocamos ele de dieta e ele emagreceu 18 quilos.
Hoje, o Ricardo trabalha no escritório comigo, atendendo o telefone. No começo, quando ligavam perguntando por mim, ele respondia: "Ela está fazendo xixi."
Ele é supersincero. E não tem muito tato. Quando o avô morreu, saiu gritando "o vovozinho morreu", como se anunciasse um nascimento.
Depois de adolescente, nunca vi o Ricardo chorar. Isso me preocupa às vezes, mas depois penso que ele não tem por que ficar triste, tem tudo o que precisa. Todos gostam dele, ele é muito carismático.
Às vezes fico cansada, principalmente quando ele repete coisas demais. Mas desanimar, não. Se ele chegou onde chegou foi porque não desistimos.
MÃE, EU TENHO DIREITO! - CONVIVENDO COM O AUTISTA ADULTO
AUTORA:
Dalva Tabachi
EDITORA: Rocco
PREÇO: R$ 24,50 (144 págs.)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

TELINHA QUENTE 100


Roberto Rillo Bíscaro

Em 2011, escrevi sobre sitcoms exibidas pela Globo ao anoitecer, na segunda metade dos anos 80 (leia aqui). Declarei amor eterno às Super Gatas, que durou 7 temporadas, entre 1985-92. Terminei de assisti-las.
Passei mais de decênio sem ver o show, desde que deixou de passar por aqui. Em visita ao amigo George Shahin, no começo dos 2000’s, fui reapresentado às Golden Girls, pelo norte-americano. Esta postagem é dedicada  a sua memória.
Como você leu o texto de 2011, não apresentarei as personagens. Lembrando, ele está aqui.
As Golden Girls foram importantes não apenas porque eram deliciosamente engraçadas. O programa mostrou que mulheres na melhor idade não necessitavam abrir mão da sexualidade. Elas colocaram abaixo a representação da mulher madura como mamãe/vovó assexuada. Pelo contrário, Blanche Deveroux beirava a ninfomania.
Temas polêmicos foram abordados de forma sempre afirmativa. Num dos episódios da penúltima temporada – estamos falando de 30 anos atrás! – o irmão de Blanche “casa-se” com o parceiro. Meu radar oitentista disparou quando percebi que o ator fora Clint Ogden, um dos amantes de Sue Ellen Ewing!
As Super Gatas são a sitcom fofa que Married With Children evitou ser. Todo episódio traz uma lição edificante, de forma bastante irrealista. Em 20 segundos, uma fala modifica uma forma de pensar a vida toda.
Chamou-me atenção a impermeabilidade estética. Cenografia, vestuário e música são idênticos ao longo de 7 anos. Quão estranhas as roupas berrantemente coloridas e largas (como elas não enganchavam na mobília?) pareciam prum púbere noventista, já sem referencial do que fora 1985.
Quando vemos a totalidade dos episódios, dá pra notar a queda na qualidade dos textos e piadas. A derradeira temporada não chega a ser ruim, mas está aquém do brilhantismo das da época de ouro das Golden Girls, quando habitavam a lista dos 10 programas mais vistos nos EUA. O público percebeu a queda na qualidade ou enjoou, porque na sétima vinda das meninas, ficaram em trigésimo lugar!
Bea Arthur, a Dorothy, avisara que sairia ao término da sétima temporada. Não fazia sentido continuar naquele formato sem ela; inventaram um tal de The Golden Palace, hotel administrado por Blanche, Rose e Sofia. Ninguém assistiu e ao fim da primeira temporada o show foi cancelado. Aprendi há pouco sobre a existência do programa, mas reluto em procurá-lo nos programas de compartilhamento de arquivos. Será que aceito as Super Gatas em outro ambiente e sem uma de minhas favoritas?
Em julho, vi episódios da versão espanhola em hotel norueguês ou russo. Las Chicas de Oro me pareceu comportado demais; não desceu. Heresia domesticar o sarcasmo de Dorothy!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

ALBINO INCOERENTE NA GRANDE SÃO PAULO - IV

O feriadão da Proclamação da República foi intenso e corrido. Viajei para a região da Grande São Paulo, onde participei da Conferência Nacional do PC do B, que contou com a presença de importantes lideranças políticas.
Também visitei associações de moradores, empresários e famílias nas cidades de Barueri, Itapevi, Jandira, Osasco e Carapicuíba.
Compartilho mais momentos momentos dessa excitante jornada:

Com Marcelo Cardia, Presidente Estadual do PCdoB de São Paulo.
Com assessoras da deputada Leci Brandão.
Com Luciana Santos, cientista social da UNESP, de Marília, ativista da União Brasileira de Mulheres, a UBM. 
Altos papos com o deputado federal protógenes Queiroz. 
Momento descontraído em Itapevi, com o mano Célio, conselheiro da APEOESP

Com a deputada santa-catarinense Ângela Albino e o mano Marcos Rogério Muniz. 
Com o empreiteiro Vicente, direto de Jandira. 
Mundo pequeno! Encontrei o pastor Diego da Igreja Nova Vida, de Araçatuba, numa rua lá em Jandira. 

CAIXA DE MÚSICA 110

Roberto Rillo Bíscaro

Na mocidade, passava horas em lojas de discos; onde descobria coisas novas e contatava gente com gostos semelhantes, que se tornavam amigos.
Em Penápolis, havia a Jaó Discos e Fitas, ponto de encontro de boa parte da moçada local. Jaó e a esposa Judith nos aguentavam lá quase diariamente, pentelhando, fuçando. Era comum nos anos 80 a gravação de fitas. A pessoa ia à loja, selecionava faixas de diferentes álbuns – ou algum disco inteiro – e depois curtia a seleção desejada no carro ou alhures. Sem saber, vivíamos o ocaso do LP, mesmo que o CD estivesse galopando em nossa direção.
Pra conhecer melhor o período da supremacia e as causas da decadência do formato álbum, assisti a When Albuns Ruled the World (2013), da BBC. Centrado no contexto anglo-norte-americano, o documentário comenta sobre álbuns fundamentais dos anos 60 e 70, além de dar espaço às capas e à arte gráfica, componentes fundamentais do fetiche pelo bolachão de vinil.
O disco de 33 RPMs, que comporta mais de 40 minutos de gravação, foi criado no fim da década de 1940 e durante anos foi veículo pra música erudita e trilhas sonoras de musicais. A juventude, que curtia rock/pop, consumia mais compactos com os grandes sucessos. A indústria fonográfica era voltada pra produção de singles, canções projetadas pras paradas de sucesso; o resto dos álbuns era recheado de fillers, que, como indica o termo, era pra preencher o espaço.

O uso do formato LP como veículo de ideias mais consistentes pra música jovem nasceu nos EUA, com artistas como Bob Dylan, enchendo os 2 lados de mensagens de protesto e conscientização política.
1967 marcou o lançamento do fundamental Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles, que levou o rock definitivamente ao estatuto de arte. A importância da obra é tão imensa, que basta dizer que os meninos de Liverpool – assistidos pelo produtor George Martin – inventaram uma nova sonoridade, escancararam as portas da percepção pra experimentações mil em estúdio, inventaram o conceito de metabanda e conceitualizaram a capa.
Auxiliados pelas novas estações FM – que executavam não apenas os singles e estavam abertas a faixas mais alternativas – o álbum de 33 RPMs adentrou os anos 1970 como o produto cultural mais lucrativo.
A importância e divulgação dos LPs foram tão marcantes e um fenômeno tão rock, que esse gênero influenciou artisticamente soulmen como Marvin Gaye e jazzmen, como Miles Davis, que inventou o jazz-rock. 
When Albuns Ruled the World pincela exemplos significativos dessa primazia, como os álbuns introspectivos da galera de Los Angeles, como Joni Mitchell (tratei desse assunto aqui); o caso de Tubular Bells (1973), álbum do então desconhecido Mike Oldfield, que sozinho catapultou a Virgin Records ao status de império; a minúcia progressiva de bandas como Pink Floyd e Yes, que acabaram se enroscando na própria grandiloquência e pavimentando o caminho pra escarrada punk de 1977.
E como é dialeticamente irônico acordar pro fato de que o manifesto em 3 acordes Never Mind the Bollocks (1977), dos Sex Pistols é tão conceitual quanto o exagero execrado do conceitual Tales from Topographic Oceans (1973), do Yes.
Sabia que existe estreita relação entre a crise setentista do petróleo e a proliferação de álbuns ao vivo e greatest hits/best ofs? Aprenda vendo o documentário no You Tube, em inglês sem legendas. 

domingo, 24 de novembro de 2013

SUPERAÇÕES CUIABANAS

Conheça 2 homens em cadeiras de rodas, que, a despeito da mobilidade reduzida, das precárias calçadas brasileiras e do preconceito, trabalham e sustentam famílias. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

ALBINO INCOERENTE ZOANDO

Amanhã às 10 da manhã, serei entrevistado pelo radialista João Vieira, da Zoar FM.
Você poderá ouvir a conversa clicando no link:
http://www.zoarfm.com.br/

ALBINO INCOERENTE NA GRANDE SÃO PAULO - III

O feriadão da Proclamação da República foi intenso e corrido. Viajei para a região da Grande São Paulo, onde participei da Conferência Nacional do PC do B, que contou com a presença de importantes lideranças políticas.
Também visitei associações de moradores, empresários e famílias nas cidades de Barueri, Itapevi, Jandira, Osasco e Carapicuíba.
Compartilho mais momentos momentos dessa excitante jornada:
Com o Melão, lojista em Jandira. 

Grande Jandira!

Entrada do distrito industrial de Jandira, onde fiz algumas visitas.


Com Edson Carlos Dias dos Santos professor-filósofo, da Fundação Instituto de Educação de Barueri.

Com a dupla sertaneja Ednaldo e Maradona, lá de Jandira. Eles já tem música tocando em diversas rádios, inclusive na nossa Difusora!
À esquerda, com empresários do ramo imobiliário, em Jandira. À minha direita, o guitarrista Joãozinho, que trabalha com o radialista Paulinho Boa Pessoa, da Rádio Capital.  

Com o presidente da Câmara dos Vereadores, Antônio Toniolo, na Conferência nacional do PC do B. Pra se ter ideia, em apenas 3 bairros de Osasco, Toniolo garante uns 33 mil votos, tá bom ou quer mais?
A convite do Toniolo, fui curtir com ele o Rock in Beira Rio, em Carapiciuiba. 

Com Jamil Murad, vereador do PC do B, em São Paulo.

Com Orlando Silva, ex-Ministro dos Esportes e atual vereador em São Paulo, além de Presidente Estadual do PC do B.
Em Osasco no campo do Osasquinho acolhido pelas famílias Moraes, Serni e Muniz, tradicionais na cidade.

PAPIRO VIRTUAL 65

Em setembro, publiquei amostra do trabalho literário do advogado Gustavo Ferreira Rossi (veja aqui)
E não é que outro dia, vendo minhas mensagens privadas no Facebook, descobri que o ex-aluno escrevera poema em minha homenagem?
Fiquei tão comovido que vocês nem fazem ideia e quero compartilhá-lo com todo mundo!
Brigadão, Gustavo!

" O professor Roberto Biscaro"
O professor Roberto Biscaro, O famoso professor Robert, Mora mesmo num reino E num reino encantado
Shakesperiano que é, Deu o nome a suas gatas e gatos De princesa, duquesa, condessa, Rainha, general, marquês
(Soberano que é, O professor Roberto Não gosta de burguês, Mas aí já é uma outra estória)
O professor Robert Quer que um dia Shakespeare Conte a estória de seus gatos e gatas, Pois eles são da nobreza da cidade
E se Shakespeare não o levar a mal, Que humildemente também escreva sobre ele,
Como o crânio da caveira do palhaço Nas mãos de um Hamlet endoidecido Pela vingança
Shakespeare não sabe, Mas a casa do professor Robert É um palácio Que jamais se cansa De ser palácio
É ele o rei das gatas: Quem quer ser um pobre democrata Se um triste soberano pode ser?
Como o crânio caveira do palhaço Nas mãos de um Hamlet endoidecido Pela vingança,
O professor Roberto quer mesmo ser lembrado: Com seus gatos e gatas monarquizados, É ele mesmo um tetrarca De um reino destronado De um encanto proletário
O professor Robert sonha com o povo no poder, O povo de José, o povo de João:
Quem quer ser um pobre democrata Se um triste soberano pode ser?
Gustavo Ferreira Rossi