segunda-feira, 11 de novembro de 2013

ZOOFILIA NA AMAZÔNIA


tartaruga albina - Balbina (Foto: Camila Henriques/G1 AM) 
 No AM, tartaruga albina 'comemora' aniversário em centro de quelônios

Em Balbina, distrito de Presidente Figueiredo, município a 117 km de Manaus, uma espécie de tartaruga-da-Amazônia chama a atenção pela falta de pigmentação no corpo. Batizada de Nevina - uma junção de neve com Balbina - a fêmea é a única tartaruga albina em cativeiro no Amazonas, segundo o engenheiro-agrônomo e especialista em animais silvestres, Paulo Henrique Oliveira. Em novembro, Nevina celebra idade nova no Centro de Proteção e Pesquisa de Quelônios Aquáticos (CPPQA).
A tartaruga-da-Amazônia, cujo nome científico é Podocnemis expansa, vive no CPPQA, que pertence ao complexo da Hidrelétrica de Balbina. Paulo Oliveira conta que o animal nasceu em uma praia artificial próxima à barragem do Rio Uatumã. "Entre 88 filhotes, ela foi a única albina. Essa tartaruga completa seis anos neste mês de novembro", disse.
O engenheiro-agrônomo explica que Nevina é saudável, apesar de sofrer com as condições do clima no Amazonas. "É um animal de sangue frio, que só executa as suas atividades quando o sol está bem quente. Ela sente mais os efeitos do tempo aqui. Quando chove, ela precisa ficar mais tempo na água", exemplifica.
O pesquisador afirma que a tartaruga albina é mais visível aos predadores e, caso vivesse em um ambiente natural, teria mais dificuldades para caçar. Paulo Henrique também garante que a condição do animal não deve impedir a reprodução da espécie. "Como é um gene recessivo, precisamos de alguns cuidados. Se uma tartaruga assim cruza com uma normal, a chance de os filhotes nascerem albinos é de 25%. Como ela só tem seis anos e a reprodução começa a partir dos 12, ainda tem muito tempo para se preparar", explicou Paulo Henrique Oliveira.
Albinismo
O albinisno é uma condição caracterizada pela ausência de melanina, classe de compostos poliméricos cuja principal função é a pigmentação e protecção contra a radiação solar.

De acordo com o pós-doutor em quelônios e répteis e pesquisador titular do Instituto  Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Richard Carl Vogt, a probabilidade de uma tartaruga nascer com albinismo é de uma em 2 milhões. No entanto, como a Amazônia ainda registra uma grande população - em constante crescimento - da espécie, a ocorrência já não é considerada tão rara. "Soltamos, na região do Trombetas, cerca de 3 milhões de filhotes por ano. Assim as tartarugas albinas deixem de ser tão raras. Todo ano vemos pelo menos uma", explicou.
O pesquisador, que já atuou no Instituto de Biologia da Universidad Nacional Autonoma de Mexico, afirmou ainda que em quase 20 anos de estudos no México viu somente dois casos parecidos com o de Nevina no país, confirmando a teoria da maior incidência na Amazônia.
O albinismo pode ocorrer em qualquer espécie animal, segundo Vogt, mas o sistema reprodutivo da tartaruga-da-Amazônia favorece esta condição. "Estes animais albinos nascem quando machos cruzam com irmãs, tias ou mães. Isto acaba se tornando mais comum entre as tartarugas-da-Amazônia porque cada ninho é fertilizado por cinco a oito machos. No rio Trombetas, 95% dos filhotes são fêmeas. Os machos costumam viver de 50 a 100 anos, então eles reproduzem muitas vezes. Sendo assim, acabam fertilizando suas irmãs e é mais provável encontrar uma tartaruga albina do que um peixe-boi albino, por exemplo", completou.
Pesquisando répteis e quelônios na Amazônia há 25 anos, Vogt destacou que já verificou albinismo também em outros animais. Outros em que a característica genética ocorre com frequência não tão rara são jiboias e muçuãs, uma outra espécie de tartaruga encontrada na região.
 http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2013/11/no-am-tartaruga-albina-comemora-aniversario-em-centro-de-quelonios.html





tartaruga albina - balbina  (Foto: Camila Henriques/G1 AM)

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