sexta-feira, 31 de maio de 2013

PAPIRO VIRTUAL 56

A seção de literatura traz amostra do trabalho do jovem Gabriel Jodas, graduando em Letras, da cidade de Birigui (SP). Esse quesito facilitou sua entrada no mundo poético. Ao longo do ano passado, Gabriel pôde alimentar seu espírito com obras de Azevedo, Drummond, Pessoa, Byron, dentre outros cânones literários. Com isso, a inspiração poética adentrou-o com garras e sem ímpeto de misericórdia, gerando em lágrimas ociosas longas folhas regradas de sarcasmo, erotismo e melancolia.

Alegria não Constrói Poesia
Escrevo linhas de agonia, a alma enche-se de rancor e ódio e assim as folhas se completam desesperadamente tentando afogar as magoas em imagens fotográficas. Na escuridão da noite as luzes do meu ser se inundam de maldições, querendo sempre mais escrever e criar, talvez seja fruto de um pacto sombrio com os miseráveis sentimentos que ora afogam minhas virtudes fracas, trazendo de ímpeto letras e mais letras. Por isso penso que poesia não se faz de alegria, é ritmo de dor, é sofrer o amor que nunca viu correspondido, e chorar sozinho e destruir-se por dentro, quando por fora a pele sofre de fraqueza por mentir a felicidade. Aquele que mais sofre,  mais razão tem de transpor de dentro das mazelas da alma as dores da vida. Por hoje sofro calado, no quarto escuro da alma, alimento a tristeza  que martela as virtudes que construíram-se de frágeis cristais.
Faça-se Um

Nas estações da vida,
Tudo passa sem sentir
O caos é habitante,
Da parada do porvir
Nada vem, nada vai
Nada se sente,
Tudo se homogeneiza.
Index Librorum Prohibitorum
Brigas que incessantes
Dogmas as leis intervém
Todos tolos pedantes
Que viveram em desdém
Ridículos antiquados seres
Não nos deixam respirar
Lembrados a dozes meses
Não venham com essa pra cá!
Uma lista ingênua contém
Racistas e hipócritas são
Fazem dos outros vintém
Não valem alguma atenção

O livro de sangue seguem
Mais do que a própria razão
A tudo e todos medem
Criaturas sem coração

A todos atrasaram milênios
Inúteis e vagas proibições
Inibindo raros gênios
Velhacos e malandrões.

Cavaleiro da Cana
O sol que ilumina, que dá vida,
Também a tira a poucos,
Homem exprimido,
Como bicho moído

Vestido á caráter para,
Dançar entre as canas,
Afiadas como faca
 
Homem medieval,
Que bate, corta com destreza
Mas nada pensa e diz
Com clareza
Memórias da Infância em Salvador
Com todas as forças a alegria reina em mim, hoje o vento trás apenas lembranças agradáveis de minha infância feliz em Salvador, quando ia ao centro da cidade ver os mestres das vilas jogarem capoeira, simples assim como uma valsa, mas acompanhados de alma pelos orixás, dando-lhes proteção e inspiração para contorcerem-se por inteiro em uma dança magica, que um dia trouxe-lhes a esperança às senzalas. As mulheres com saiotes brancos giravam e giravam na roda, alegres da vida, sem demonstrar as dores que traziam de suas casas, pareciam noivas galantes, e quando estavam a rodopiar as esperanças se renovavam e os sonhos de uma vida mais digna traziam à dança um sentido dramático que sempre souberam os miseráveis, e eu cresci neste meio alegre de ser gente que não carrega nada senão histórias tristes alimentadas pelo desespero, mas longe disse o povo Baiano escapou as angústias da vida com festas, rodas, fofocas e tudo o que a Bahia tem de melhor, gente que canta a pobreza da vida com cultura digna de vanguarda, talvez um dia reconheçam as músicas baianas que fizeram desse lugar de transformações rudes um lugar ameno e contente da vida pobre que tive.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

A LUTA DE JOSEPHAT

Em dezembro, noticiei sobre o documentário InThe Shadow of the Sun, que tem Josephat Torner como protagonista. Josephat é proeminente ativista da causa albina na Tanzânia. A CNN trouxe matéria sobre o moço, a qual traduzi.
Josephat Torner is an albino activist from Tanzania. His fight for equality and acceptance of people with his condition has been captured in a new documentary called "In the Shadow of the Sun."
“Somos mortos, somos caçados”: ativista albino luta contra assassinatos para bruxaria.
Earl Nurse
(Tradução: Roberto Rillo Bíscaro)

Evitando cuidadosamente rochas escorregadias, Josephat Torner vagarosamente adentra uma formação de cavernas escuras no noroeste da Tanzânia.
A sua frente, mostrando o caminho com ar de autoconfiança, caminha um feiticeiro local. Auxiliados por luzes artificiais, as 2 figuras aventuram-se nas profundezas da escuridão, apoiando-se nas paredes da caverna para se orientarem. Com morcegos esvoaçando sobre suas cabeças, os homens penetram uma vasta câmara, onde se destacam um punhado de pedras.
“O que quero saber é se você já viu alguém rezando para alguma entidade do mal aqui, para que possam capturar alguém, tipo um albino”, Torner indaga ao curandeiro.
Ele mesmo uma pessoa com albinismo, Torner tem percorrido a Tanzânia para desbancar ideias errôneas pré-concebidas a respeito da condição genética. Dúzias de albinos foram mutilados e mortos no país em anos recentes, devido a rumores de que as partes de seus corpos podem trazer riqueza e boa sorte.
Para pôr um fim às atrocidades, Torner pensou que deveria confrontar o grupo que ele acreditava ser a fonte dessas crenças: os feiticeiros.
Foi isso que o trouxe às profundezas da caverna, face a face com seu “inimigo”.
“Chamamos vocês de espíritos, porque uma pessoa branca como você é o diabo”, prontamente admite o curandeiro.
“Você está dizendo que sou um demônio branco”, rebate Torner, “que somos capetas?”
A resposta: “Sim, porque vocês são brancos.”
In recent years, there has been an increase in Tanzania in the deaths of albinos. At the heart of the problem, are widespread misconceptions that albinos' body parts bring good luck and wealth.
 À Sombra
Esse enfrentamento dramático é um dos mais intensos momentos capturados em um novo documentário chamado In the Shadow of the Sun.
A produção independente, dirigida por Harry Freeland, conta a história de vida de Torner e sua luta pela aceitação dos albinos em um país onde há muito pouca informação sobre a desordem genética.
“Meu coração anseia pelo reconhecimento das pessoas com albinismo no mundo”, diz Torner, que tem lutado pelos albinos desde 2004. “Temos que ser considerados.”
Torner e Freeland demoraram 6 anos para completar o documentário. A inspiração do diretor veio há quase uma década, quando ele encontrou pela primeira vez uma pessoa com albinismo, no Senegal.
“Uma mulher aproximou-se de mim na rua, querendo me entregar seu filho enquanto me dizia: ‘aqui, tome, leve-o de volta parra onde ele veio’”, recorda Freeland. “Ela tinha um filho com albinismo e porque sou branco, achou que a criança pertencia a mim de algum modo – o marido a abandonara por ter concebido um bebê branco. Ele a acusou de haver dormido com um branco.”
Torner and director Harry Freeland spent six years creating "In the Shadow of the Sun." While making the film, Freeland traveled all across Tanzania with Torner to follow the activist's community outreach program.
Protagonista
Pessoas com albinismo nascem com genes que não produzem quantidades normais do pigmento melanina. Os nascidos com a desordem, que afeta pessoas de qualquer etnia, herdas os genes de seus pais, que podem ou não apresentar quaisquer dos traços associados.     
Mas, muitas pessoas não entendem os efeitos da condição e, como descobriu Freeland, em partes da África albinos são estigmatizados e convivem com preconceito e até mesmo ataques.
Disposto a documentar o sofrimento desse grupo, Freeland
Foi à Tanzânia, país com uma das mais elevadas taxas de pessoas com albinismo. Lá, ele se deparou com histórias extraordinárias, mas não encontrou seu protagonista até conhecer Torner.
“Quando o ouvi falar, soube que era a pessoa para protagonizar o filme”, relata Freeland. Tantas histórias negativas saem da África, e tudo a respeito de Josephat é positivo."
Apesar de crescer com uma desordem que deixou sua pele e cabelo pálidos e enfraqueceu seus olhos, Torner conseguiu tirar o melhor de sua situação. Ele superou dificuldades e discriminação e se educou e casou. Pai de 2, Torner chegou a escalar a montanha mais alta da África, o  Kilimanjaro, para provar que albinos podem alcançar a grandeza.
“Foi muito difícil escalar”, admite. “Escalei porque tinha um objetivo. Somos mortos, caçados, mutilados. Então, a escalada teve uma mensagem especial para os países africanos: de que somos capazes. Para que nos protejam, nos deem uma chance, não nos estigmatizem, não nos isolem, não nos escondam num quarto escuro – abram o caminho para nós.”
Born with albinism, Torner has a lack of skin color, poor vision and weakened strength. But he doesn't let any of that stop him from reaching his goals. In an effort to prove that albinos can achieve greatness, he climbed Kilimanjaro, Africa's tallest mountain.
“Por que Estão nos Matando?”
Em 2009, o governo tanzaniano embarcou em campanha contra os assassinos de albinos, particularmente na região do Lago Vitória. Freeland diz que no centro do problema estão os curandeiros, que propagam a ideia de que partes de corpos de albinos podem trazer riqueza.
“Na Tanzânia, 72 pessoas com albinismo foram mortas nos últimos 5 anos”, diz Freeland, ressaltando que o número real pode ser maior. “34 sobreviventes dos ataques ficaram mutilados.” Algumas das vítimas eram conhecidas de Torner.
“Fiquei furioso” diz o ativista, lembrando os momentos seguintes ao confronto com o feiticeiro.
“Ele me respondeu na lata, sem sequer tentar esconder as coisas. Claro que fiquei com raiva; lembrei-me dos irmãos e irmãs que perdi. Jamais os verei novamente”, acrescenta. “Então, você se pergunta qual é o problema, por que estão nos matando, nos caçando.”
Torner sabe que jamais poderá obter resposta satisfatória para essas questões. Isso, porém, não o impede de fazer tudo a seu alcance para atrair atenção a sua mensagem de criar uma sociedade mais inclusiva.
Ele espera que seu trabalho comunitário e o documentário focado em seus esforços, somados aos esforços de organizações e do governo, tornem a Tanzânia um local onde as pessoas com albinismo não sejam forçadas e viverem nas sombras.
“O sonho de minha vida é que as pessoas com albinismo sejam respeitadas e desfrutem de todos os direitos que os demais seres humanos gozam. Isso é o que enche meu coração de esperança – quando eu vir justiça para as pessoas albinas, quando sua expectativa de vida aumentar”, conclui.
Torner has overcome several challenges to make the best of his situation. He received an education, got married (pictured here with his wife) and now has two children.
http://edition.cnn.com/2013/05/17/world/africa/josephat-torner-albinism-tanzania

GLOBALIZAÇÃO ACADÊMICA BRASUCA

Universidades brasileiras buscam romper isolamento com cursos em inglês

Mas para que o país realmente consiga romper o isolamento internacional na área de educação, o caminho, segundo especialistas, não pode ser de mão única e é preciso também atrair estudantes para as instituições brasileiras.
Com isso em mente, uma das principais estratégias de universidades, tanto públicas como particulares, vem sendo o oferecimento de cursos e disciplinas em inglês.
"O inglês é a língua franca também na educação, especialmente em áreas como administração, ciência e tecnologia, e também na comunicação entre colegas. É importante não só para atrair alunos estrangeiros, mas também para que o brasileiro aprimore o idioma e para integrar os estudantes daqui e os de fora", afirma Álvaro Bruno Cyrino, vice-diretor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresa (Ebape) da Fundação Getúlio Vargas, no Rio.
Cyrino é taxativo em relação aos que criticam aulas em inglês e as consideram uma perda de soberania. "Nesse sentido, o inglês é imperativo. Qual seria a outra opção? Esperanto? Latim? Só se for para falar sozinho."
O economista Naércio Menezes Filho, especialista em educação e professor do Insper e da FEA-USP, também vê um crescimento maior das aulas em inglês nas universidades particulares. "Nas públicas, ainda é preciso vencer uma estrutura burocrática e, especialmente nas federais, essa ideia é vista por alguns como uma forma de imperialismo", diz.
Demanda do exterior
Uma das universidades públicas que vem ultrapassando essa barreira é a Unesp, que acaba de criar um programa permanente em que 50 disciplinas da pós-graduação serão ministradas em inglês.
"O nosso foco foi em quatro áreas em que a Unesp tem alta competência e reconhecimento internacional: ciências agrárias, energias alternativas, odontologia e literatura", explica o professor José Celso Freire Júnior, chefe da Assessoria de Relações Externas da Unesp.
Lançado em meados de maio, a iniciativa já recebeu a inscrição de dezenas de alunos estrangeiros. Ao menos 40 deles já tiveram suas matrículas confirmadas e desembarcam no Brasil em agosto, partindo de lugares distintos como o Estado americano de Nebraska e a Nigéria, na África (leia os depoimentos dos estudantes abaixo). Alunos brasileiros em busca de aprimorar o inglês também podem se inscrever nos cursos.
Segundo Freire, a expectativa é de que o programa tenha um impacto positivo no processo de internacionalização da universidade, além de atender a uma forte demanda do exterior por vagas em faculdades brasileiras. "E esse projeto também deve criar um ambiente com culturas diferentes e mais internacionalizado", afirma o professor.
Iniciativas isoladas
Além da Unesp, há outras universidades brasileiras que incluem disciplinas em outro idioma como parte permanente de suas grades. Em São Paulo, a USP, por exemplo, tem aulas em inglês na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto e na unidade de Piracicaba (Esalq).
Na pós-graduação da USP também há disciplinas em inglês, mas elas são ministradas de maneira esporádica, apenas quando há um grande número de alunos estrangeiros ou quando a disciplina é ministrada por um professor visitante estrangeiro.
O mesmo ocorre na Unicamp, onde as iniciativas são isoladas, também vinculadas a fatores como a presença de um professor de outro país.
Entre as particulares, o Insper mantém o curso de Global Management Program, que é direcionado a executivos e tem aulas somente em inglês. Na FGV, há cursos na pós-graduação ministrados em inglês e realizados em parcerias com instituições internacionais.
"Aqui (na unidade da EBAPE-FGV, no Rio), recebemos todos os anos cerca de 50 alunos brasileiros e até 60 estrangeiros", afirma Cyrino, acrescentando que a maioria vem da Europa, de países como França e Itália.
Cyrino afirma que essa vinda de alunos estrangeiros é um fenômeno recente, que se intensificou nos últimos dois ou três anos. "E o contato dos alunos daqui com colegas que têm outras origens é extremamente importante. Incentiva a multiculturalidade e provoca uma intensa troca de experiência", diz.
"Essa internacionalização está virando padrão e um requisito para entrar no clube. É o futuro."
Outra vantagem citada por Menezes é o fato de que lidar com alunos estrangeiros muitas vezes obriga a faculdade a se atualizar e a oferecer novos currículos.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/05/130520_inter_universidades_mdb.shtml?print=1



terça-feira, 28 de maio de 2013

TELINHA QUENTE 80

Revenge-PosterHQ

Roberto Rillo Bíscaro

Amigos sabem – alguns estão cansados – de minha fixação em séries (melo)dramáticas, onde gente rica sofre e faz maldade. Numa fria noite em Baltimore, janeiro retrasado, meu anfitrião Bob intimou-me a ver capítulo dum show. Ele tinha certeza; eu amaria. Acertou, gostei.
Nos Hamptons, bilionários se enfrentavam como galos e quem azarava estar/entrar na rinha, pagava(,) c(l)aro. No episódio, a protagonista incendiava a casa dum escritor truqueiro. Tinha heroína etérea e loira, antagonista venenosa, papai do mal. Prometia. Quando cheguei ao Brasil providenciei os episódios, mas só vi a afamada Revenge, depois de assistir a genéricos e outras séries.
Ver os filhotes de Revenge antes da mãe-inspiradora foi bom: deu pra arriscar palpite sobre porque falharam. Ver duma enfiada as 2 temporadas da maior audiência da ABC desde Lost foi bom: deu pra arriscar palpite sobre a fratura interna com potencial de aniquilar Revenge.
A trama criada por Mike Kelley é novelão despudorado, por isso não se disfarça de série policial, como Deception. Emily Thorne, née Amanda Clarke, retorna pra vingar seu pai, injustamente acusado de envolvimento com um grupo terrorista. A família Grayson e seus asseclas terão que pagar pela ruína de David Clarke.
Amanda/Emily fica bilionária e tem recursos ilimitados pra se infiltrar no mundo dos Graysons e financiar toda sorte de rocambolice pra consumar sua vingança (revenge!). Convenientemente, elementos-surpresa surgem pra jogar mais lenha na fogueira e provar a Emily que seu caminho tem que ser o da revanche. A primeira temporada é obstinadamente centrada na caça e punição dos destruidores da vida afluente dos Clarke. Malgrado diversos flashbacks, o novelo de Revenge não é tão complicado quanto o da infelizmente fracassada Ringer.

A vingança de Emily Thorne vem cruel e espetacular, levando-a a cometer atrocidades rivais às de seus malfeitores. O estratagema dos roteiristas pra manter o público do lado de Emily é somar maldades aos Grayson, tornando a história de Emily um vale lacrimejante cada vez mais salgado por injustiças e sofrimentos traumatizantes. Revenge justifica e atiça a Lei de Talião em progressão geométrica. Reacionário, mas perversamente divertido, com uma história cheia de reviravoltas absurdas e revelações sensacionais.
Quem viu Dynasty, não deixará de notar que Revenge é reedição do luxo e escapismo da série oitentista (mas Alexis Colby sabia andar num salto alto muito melhor do que a megera Victoria Grayson). Referência proposital pra fãs das soaps noturnas dos 80’s ou não, Revenge tem a pousada Southfork Inn (Southfork é o rancho dos Ewing, em DALLAS), não-sei-o-que Crest e a hacker Falcon (Falcon Crest, novelão que passava logo após DALLAS). E o que dizer da família Grayson, cujo sobrenome compunha o catálogo de DALLAS (Mark Grayson, namorado de Pamela Ewing).
Como a concorrência atual é bem mais brutal, a série nem de longe alcançou a hoje impossível cifra de 350 milhões de espectadores grudados num episódio, como DALLAS em seu auge. A brutalidade contemporânea escorre sangrenta pela trama. As maldades dos Grayson (e as de Emily) fazem as dos Ewings, Colbys, Channings e Carringtons parecerem brincadeiras pueris. Horas há que parece Quentin Tarantino escrevendo novela. Pra se ter uma ideia, até eu – fã repetidamente confesso de papais maléficos – sinto-me coagido a se não torcer por Emily, pelo menos a não gostar de Conrad Grayson. Sobra Victoria, porém, que, a despeito de viperina parece ter conquistado o público e o roteiro concede-lhe pitadinhas de indecisão, arrependimento e fraqueza. Na verdade, a questão mesmo é que quem controla o capital é Conrad, daí a certa redução na amplitude de ações de sua esposa; Madeleine Stowe numa mistura de Moritciaa Adams com a Mona Lisa. Tudo, Victoria Grayson já entrou pra minha galeria de divas-vilãs eternas. Sou vassalo escravizado e hipnotizado.
A segunda temporada embola e o resultado foi perda de audiência. A vingança de Emily atrasa num emaranhado de manobras corporativas pelo controle da Greyson Global e da Nolcorp. O grupo terrorista American Initiative cresce em presença e a resolução no fim da temporada - pra tornar Conrad candidato perfeito a pagar sozinho pelos pecados dos Greyson – pareceu-me contraditória.
Acostumado a perdoar exageros noveleiros – na verdade, amo-os – ficou difícil de crer que alguém sacrificaria uma bilionária corporação por amizade e lealdade. Senões como o desaparecimento das câmeras de Emily e Nolan que sabiam até dos movimentos intestinais dos Grayson, substituídas pelas da Initiative (se Conrad era a organização, pra que isso tudo, aliás?), não cortaram meu vício em Revenge, assistida sofregamente. Mas, atestam pra caída na qualidade da segunda temporada.
Possivelmente desde MelrosePlace, o horário noturno ianque não era assaltado por um show tão deliciosamente infame quanto Revenge.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

CAIXA DE MÚSICA 96/TELONA QUENTE 72

No começo dos anos 1980, a Globo inventou de reviver a glória dos festivais de MPB, delícia e coqueluche da década de chumbo sessentista. Revoltei-me quando Planeta Água, de Guilherme Arantes, perdeu pra Purpurina, cantada por Lucinha Lins. Xinguei em casa, enquanto a plateia vaiante proporcionava momento inesquecível à então esposa de Ivan Lins. Purpurina é bonita, mas a canção do Gui tinha aquele “plus a mais” arrebatador de plateias. Canção pra festival tem que catalisar, fazer a multidão celebrar, afinal, festivais têm raiz religiosa.
Nos ditatoriais anos 1960, os festivais da Record juntavam a celebração da torcida por uma canção a uma das poucas alternativas de expressão restantes em um governo militar apertando o cerco. Hora da população ter alguma voz ativa (embora o resultado final fosse escolhido por um júri), expressando o desejo veiculado na Roda Viva buarquiana.
Em 2010, os diretores Ricardo Calil e Renato Terra buscaram reconstituir o final do festival de 1967. Uma Noite em 67 traz entrevistas com diversos protagonistas do evento, em cujas falas se percebe o quanto havia em jogo naquela disputa digna de final de campeonato de futebol.
Pra emissora era um programa que deveria sair perfeito e alcançar alta audiência, pros artistas era vitrine importante pra divulgar trabalho e alicerçar carreiras, algumas começando. Acima e permeando tudo, era também o embate da estética da MPB “tradicional”, cantada de terno e gravata e novas ideias de vestuário e adição de elementos pop-roqueiros à nossa música. Mas essa proposta esbarrava na percepção da guitarra como elemento da dominação norte-americana e quem era um pouco antenado já sabia da participação do Tio Sam no engendramento do Golpe de 1964.
Tal complexidade desponta nas falas de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nelson Mota, Roberto Carlos, Edu Lobo e mais gente importante. Uma riqueza ouvir sobre as (in)certezas do programa político-cultural da Tropicália; sobre a estupefação tanto do “tradicional” MPB4 quanto do Tremendão jovem-guardista Erasmo Carlos durante um show de Caê Velô; sobre o equívoco compreensível da marcha contra a guitarra elétrica.
O festival de 67 presenteou nosso cancioneiro com clássicos como Alegria, Alegria, de Caetano; Domingo no Parque, de Gil & Mutantes, Ponteio, de Edu Lobo e Roda Vida, de Chico. Foi também quando Sérgio Ricardo surtou e quebrou violão no palco. A necessidade de verticalização pra entendermos o significado de canções tão fundamentais (será que já há estudo sobre o quanto Caê influenciou o modo de fazer letras na MPB?) deixa as demais participantes de lado, gerando em mim curiosidade de conhecê-las todas. E isso é bom.  
Recheado de imagens da transmissão original da Record, Uma Noite em 67 parece-me essencial pra conhecer (melhor) esse período até hoje influente na nossa música popular.
O documentário está completo no You Tube:

domingo, 26 de maio de 2013

ALBINO INCOERENTE NA ESCOLA LUIZA NORY

Segunda-feira, passei manhã muito gostosa ao lado dos alunos do terceiro ano do Ensino Médio, da escola Luiza Nory, em Penápolis (SP). Conversamos sobre albinismo, minha autobiografia Escolhi Ser Albino e muito mais.
Alguns haviam lido meu livro e curtiram quando descoobriram uma "personagem" comigo. Carlos Pedretti, o Carlito, estava visitando minha mãe e topou ir falar com eles sobre empregabilidade, elaboração de CVs, dicas sobre entrevista de empregos e temas relacionados à área de administração.
Agradeço o convite da Profa. Regina Ferreira e a acolhida que tivemos por parte da diretora Neide Berto, do corpo docente e dos alunos tão gentis e interessados.
Sei que Carlito agradece também.

LARRY, A LAGOSTA ALBINA

Esta lagosta foi capturada por um pescador de 77 anos.
People have been coming from all over to get a glimpse of the white lobster.
Por ser albina, conquistou a simpatia dos donos da fornecedora de lagostas, que manterão Larry - o crustáceo foi até batizado - em cativeiro até que a temporada de pesca de lagostas termine.
The albino lobster is being kept in a tank until the end of the season.

http://www.cbc.ca/news/canada/nova-scotia/story/2013/05/24/ns-white-lobster.html

MÊS


Como surgiram os nomes dos meses do ano?

Nosso calendário é regido por deuses, imperadores e números romanos
Álvaro Oppermann
Antes de Roma ser fundada, as colinas de Alba eram ocupadas por tribos latinas, que dividiam o ano em períodos nomeados de acordo com seus deuses. Os romanos adaptaram essa estrutura. De acordo com alguns pensadores, como Plutarco (45-125), no princípio dessa civilização o ano tinha dez meses e começava por Martius (atual março). Os outros dois teriam sido acrescentados por Numa Pompílio, o segundo rei de Roma, que governou por volta de 700 a.C.

Os romanos não davam nome apenas para os meses, mas também para alguns dias especiais. O primeiro de cada mês se chamava Calendae e significava "dia de pagar as contas" - daí a origem da palavra calendário, "livro de contas". Idus marcava o meio do mês, e Nonae correspondia ao nono dia antes de Idus. E essa era apenas uma das diversas confusões da folhinha romana.

Até Júlio César (100 a.C.-46 a.C.) reformar o calendário local, os meses eram lunares (sincronizados com o movimento da lua, como hoje acontece em países muçulmanos), mas as festas em homenagem aos deuses permaneciam designadas pelas estações. O descompasso, de dez dias por ano, fazia com que, em todos os triênios, um décimo terceiro mês, o Intercalaris, tivesse que ser enxertado.

Com a ajuda de matemáticos do Egito emprestados por Cleópatra, Júlio César acabou com a bagunça ao estabelecer o seguinte calendário solar: Januarius, Februarius, Martius, Aprilis, Maius, Junius, Quinctilis, Sextilis, September, October, November e December. Quase igual ao nosso, com as diferenças de que Quinctilis e Sextilis deram origem ao meses de julho e agosto. Quando e como isso aconteceu, você descobre lendo o quadro abaixo.

Folhinha milenar

Divisão do ano é basicamente a mesma há 20 séculos

Janeiro

Januarius era uma homenagem ao deus Jano, o senhor dos solstícios, encarregado de iniciar o inverno e o verão. Seu nome vem daí: ianitor quer dizer porteiro, aquele que comanda as portas dos ciclos de tempo.

Fevereiro

O nome se referia a um rito de purificação, que em latim se chamava februa. Logo, Februarius era o mês de realizar essa cerimônia. Nesse período, os romanos faziam oferendas e sacrifícios de animais aos deuses do panteão, para que a primavera vindoura trouxesse bonança.

Por que 28 dias?

Até 27 a.C., fevereiro tinha 29 dias. Quando o Senado criou o mês de agosto para homenagear Augusto, surgiu um problema: julho, o mês de Júlio César, tinha 31 dias, e o do imperador, só 30. Então o Senado tirou mais um dia de fevereiro.

Março

Dedicado a Marte, o deus da guerra. A homenagem, porém, tinha outra motivação, bem menos beligerante. Como Marte também regia a geração da vida, Martius era o mês da semeadura nos campos.

Abril

Pode ter surgido para celebrar a deusa do amor, Vênus. Na primeiro dia do mês, as mulheres dançavam com coroas de flores. Outra hipótese é a de que Aprilis tenha se originado de aperio, "abrir" em latim. Seria a época do desabrochar da primavera.

Maio

Homenagem a Maia, uma das deusas da primavera. Seu filho era o deus Mercúrio, pai da medicina e das ciências ocultas. Por esse motivo, segundo escreveu Ovídio na obra Fastos, Maius era chamado de "o mês do conhecimento".

Junho

Faz alusão a Juno, a esposa de Júpiter. Se havia uma entidade poderosa no panteão romano, era ela, a guardiã do casamento e do bem-estar de todas as mulheres.

Julho

Chamava-se Quinctilis e era simplesmente o nome do quinto mês do antigo calendário romano. Até que, em 44 a.C. o Senado romano mudou o nome para Julius, em homenagem a Júlio César.

Agosto

Antes era Sextilis, "o sexto mês". De acordo com o historiador Suetônio, o nome Augustus foi adotado em 27 a.C., em homenagem ao primeiro imperador romano, César Augusto (63 a.C.-14 d.C.).

Setembro a dezembro

Para os últimos quatro meses do ano, a explicação é simples: setembro vem de Septem, que em latim significa "sete". Era, portanto, o sétimo mês do calendário antigo. A mesma lógica se repete até o fim do ano. Outubro veio de October (oitavo mês, de octo), novembro de November (nono mês, de novem, e data do Ludi Plebeii, um festival em homenagem a Júpiter) e dezembro de December (décimo mês, de decem).

E o ano bissexto?
Dia extra a cada quatro anos corrige distorção

Ao adotar o calendário solar, em 44 a.C., Júlio César criou o ano de 365 dias e um quarto. Por causa dessa diferença, a cada quatro anos era necessário atualizar as horas acumuladas com um dia extra. O problema do calendário juliano é que, na verdade, um ano tem 11 minutos e 14 segundos a menos do que se estimava. Por isso, em 1582, o papa Gregório XIII (1502-1585) anulou dez dias do calendário e determinou que, dos anos terminados em 00, só seriam bissextos os divisíveis por 400. E o nome "bissexto" tem uma explicação curiosa: em Roma, celebrava-se o dia extra no sexto dia de março, que era contado duas vezes.

http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/como-surgiram-nomes-meses-ano-493925.shtml

sábado, 25 de maio de 2013

ALBINA CALLAS

Vídeo belíssimo, com a trágica diva operática Maria Callas, cantando Casta Diva. Imagens lindas e uma moça com albinismo. Um arraso, recomendo.
 

ALBINO GOURMET 98

Amanheceu fresco hoje em Penápolis (SP), daí, resolvi buscar receitas de inverno.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

VIOLINO ALBINO

Há uma pessoa com albinismo tocando violino neste clipe do Josh Groban?

PAPIRO VIRTUAL 55

Destaco o trabalho da escritora Daniela Marchi, que vive em Araçatuba, noroeste do estado de São Paulo.
Pedi à autora que escrevesse minibiografia para que os leitores pudessem conhecê-la. O texto veio tão contundente e confessional que optei por não editá-lo.
Passional foi a palavra que me veio à mente quando primeiro li os escritos de Dani Marchi. Desfrute da biografia e depois da amostra de sua produção poética e em prosa lírica.


Desde pequena, fui uma criança diferente. Falava pouco e me isolava quando minha casa enchia de gente. Nunca gostei de aglomeração, falatórios, barulho, característica que me acompanha até hoje.
Não falava muito, tinha poucos amigos, mas escrevia! E escrevia muito! Caderninhos viviam cheios de cópias de trechos de textos e poesias. Desde que me alfabetizei, aos seis anos, comecei a deixar bilhetinhos de amor para minha mãe e meu pai. Os que escrevia para minha mãe tinham um sentido especial, pois ela sempre foi muito austera e suas duras palavras feriam demais os meus sentimentos. Escrever para ela talvez fosse uma tentativa de amolecer seu coração, o que não aconteceu até hoje, entretanto, surpreendi-me quando, recentemente, descobri que ela guardara muitos destes bilhetinhos, alguns já com as primeiras rimas. Afinal, aquela cara carrancuda escondia algum afeto pela cria...
Já os que escrevia para o papai ele não guardou. Ele não se apegava e nem guardava e nem acumulava nada. Isso eu herdei dele: viva e deixe viver. Nem dinheiro eu guardo e nem decoro minhas poesias; muitas delas perco, porque as rabisco em papéis que somem. Um dia de cada vez. Sou sonhadora, mas não fico fazendo planos e nem me desgastando com o futuro...
Meu pai, um homem ímpar, aos finais de semana, vestia roupinhas gastas e andava de chinelos. A aparência simples guardava cultura e uma bondade inigualáveis. De tudo ele sabia, de música a biologia. De artes a história e até astronomia (epa, rimei sem querer!!!). Quando ouvia músicas clássicas em minha companhia, me falava sobre a biografia do músico e me ensinava a diferenciar os sons dos instrumentos, explicando-me quais eram...
Ao lado do papai a vida era tranquila e colorida e eu adora escrever pequenas crônicas com as quais ele se deliciava!!!
"-Minha filha, você precisa fazer Direito, pois escreve muito bem!" E lá foi a Dani cursar direito apenas para agradar aquele adorável anjo de bigodes e pernas compridas, a despeito de não gostar do curso...
Mas o destino quis que o adorável Alfredo retornasse ao Mundo Maior em 1995. A menina tímida e sonhadora, aos 21 anos, ficou perdida. Mudei-me para Araçatuba com a carrancuda D. Olga no mesmo ano e as letras ficaram esquecidas e deram lugar a lutas imensas para sustentar a faculdade que eu tinha que terminar, eu devia isso ao papai!!! Ia de bicicleta, tomava chuva, era alvo de bullying por ser a 'cdf' da classe mas, enfim, em 1997, conclui o curso sem participar de formatura, bailes e toda aquela pompa!
Nem me imaginava advogada, que chatice!!! Fizera estágios em repartições federais e estaduais, mas não me imaginada lidando com processos enormes e maçantes... Ainda nessa época nada de voltar a escrever, nem um versinho ou prosa. Eu estava ocupada demais num processo de me achar vítima da vida...
No mesmo ano da formatura, inscrevi-me num concurso público por puro medo de ficar desempregada e dura (o estágio da Procuradoria estava no fim), quando então fui aprovada entre os primeiros colocados para exercer uma profissão que, depois descobri ser a minha paixão: escrivã!
Nesta profissão, fazia com maestria e destreza o que eu amava: escrever. Com o tempo e sendo obrigada a enfrentar terríveis plantões, venci o desafio de deixar de lado a timidez e me tornei ótima em lidar com pessoas.
O tempo passou, veio o amor, que passou rápido, mas deixou o filho. Novas lutas para enfrentar, a profissão difícil e criar sozinha o rebento... neste ínterim, a poesia ia e voltava, entretanto, renasceu com toda força em 2010 quando resolvi deixar de lado todas as lamentações sobre o que eu merecia ou não ter passado e resolvi olhar a vida somente com os olhos do otimismo, afinal, eu venci desafios tremendos e conseguia ser mãe, filha, profissional, dona de casa, cuidadora de animais de rua, dona de casa e 'poeteira'! Sim, porque poeta não sou, sou apenas uma amante das letras com riminhas pobres. Mesmo assim, escrever, sejam poemas, sejam crônicas, é algo me que traz intenso prazer. É uma delícia quando, sem querer, aparece uma palavra, uma idéia, e o poema nasce. Vem assim rapidinho, parece que já estava pronto em algum lugar e a minha mente leu e eu escrevi. Isso é bom demais.
Hoje, continuo a Dani solitária e meditativa, mas não mais macambúzia. Sou muito feliz nessa minha vidinha corrida, de muitos gatos, de pouco tempo para mim e poucos mas preciosos amigos, que gostam de meus poemas. Você é uma destas preciosidades, Roberto. A quem admiro pela inteligência ímpar e por ser um gateiro de primeira.
As vezes surgem em minha mente palavras, idéias, que registro num caderno bagunçado de capa dura que carrego comigo. Anoto rapidinho para depois retomar o poema. Alguns, nunca termino. Os que merecem, são registrados! Rssrrsrs...
Aprendi que não preciso me sentir triste por ser diferente. A poesia é minha grande companheira dessa jornada maravilhosa que é a vida...
Recentemente, escrevi três tratados. Um sobre o amor, outro sobre a paixão e outro sobre a amizade. Gostei muito deles e os transcrevi adiante. Também vivo poetizando sobre amores que nunca vivi e o meu poema preferido, 'O Pano do Amor', que coloquei por último, é a maneira como eu me imaginei entregando-me de corpo e alma ao meu grande amor, que nem sei se existe!!
 

TRATADO SOBRE A PAIXÃO
Uma pessoa me disse que não é bom se apaixonar
Como assim?
De que maneira a vida ignorar?
Deixar passar a existência
Sem uma paixão para sustentar?
...
Que me perdoem os céticos
Que discordem os práticos
Vida sem paixão
Fica sem eira e nem beira
É barco sem timão
...
Eu sou daquelas pessoas que se apaixona fácil
Por amigos
Por animais
Por músicas
Por coisas ditas banais
Se toca minha alma
Se me eleva
Vira paixão, fica tátil
Quero agarrar
Quero viver
...
Tem gente que evita paixão pra não sofrer
Isso é desculpa de fraco
Porque sofrimento é parte da vida
Só é preciso saber sofrer
Fazer o sofrer menos doído
Tirando dele o aprendizado, a reflexão
Insisto que a culpada não é a paixão!
...
A paixão impulsiona muita coisa
Ela nos motiva a mudar
Nos faz arrojados
Experimentar o incrível
Inovar!
...
Quem não tem paixão
Vive sem razão
Qual é a graça de se conter?
De não correr para um abraço?
De não encher de beijos a pessoa amada
ao entardecer?
...
Quem não se apaixona
Está com alguma coisa errada
Melhor logo se emendar
Para a vida não virar cilada
...
Não se apaixonar é como não ver as cores do mundo
Com a paixão, as texturas são mais macias
Os odores mais deliciosos
Os carinhos, mais blandiciosos
...
Fica dito por mim aos ventos
Que sem paixão eu não vivo
Ainda que eu sofra, quero senti-la
Vivê-la
E dela construir um amor
Seja a qual custo for!
...
E que qualquer carícia
Qualquer beijo
Oxalá sejam sempre acompanhado da paixão
Porque a vida é linda demais
E não merecem migalhas
As pessoas que, como eu,
Querem amar de coração!

Dani Marchi, 19-01-2013.


TRATADO SOBRE O AMOR (em prosa)
Você não nasceu para seguir uma programação. Você é criação de Deus. Não é comum, não é mais um.
Você é único e, sendo assim, deve ser inovador, adotar empreendedorismo na maneira de viver.
Acenda sua chama íntima e desabroche para sua existência. Viva intensamente os bons sentimentos, faça do aprendizado do amor um ritual diário de louvor ao Todo.
O aprendizado do amor se dá com a prática. Amor verdadeiro é desapego. Imagine-o como um pássaro, que nasceu para ganhar os céus e atá-lo numa concha entre suas mãos é um desrespeito à natureza divina. Não que eu seja uma especialista; esta do pássaro, por exemplo, aprendi com um amigo. Eu, como vocês, estou galgando degraus deste aprendizado.
Seja como for, é preciso prática e disciplina: quando perceber que o ciúme e o egoísmo tomam conta, recue e lembre que o Universo traz de volta o que você dá a Ele, então, se quer um amor feliz, em qualquer instância, sentimental, familiar, na amizade, DESAPEGUE, deixe viver, deixe passar.
As pessoas andam tão carentes e deficientes da ideia de amor, que pensam que estar junto, conviver (o que, muitas vezes é suportar), seja amor e companheirismo. Quando pessoas se unem por conta das conveniências e das superficialidades, acontece que, o que seria amor, vira pseudo-tolerância e disputa, quando cada um procura prevalecer sobre o outro. Isso acontece porque, cada vez menos, buscamos afinidades profundas, ESPIRITUAIS. Olha-se para o corpo, o patrimônio, a conveniência familiar, além de que, acabamos cedendo às pressões da sociedade, então, ao invés de esperar pelo amor certo, criam-se laços artificiais. Tolerar em silencio não é amar. Amar é usufruir do prazer do reencontro de uma alma afim e da delícia da troca de informações de quem, há muitas reencarnações, aguardava por esse sublime momento: o de amar.
Amor filial, amor fraternal, amor-amizade, amor romântico, amor universal. Podemos transitar tranquilamente por todas as escalas do amor, respirando o ar puro da bondade, se abandonarmos o personalismo e passarmos a caminhar juntos, apoiando-nos, aprendendo e ensinando, com suavidade.
Quero amar, mas não aceito pouco amor. Por isso, amo em excesso. Não é ruim, como dizem. Traz angústias se você cria expectativas. Se você nada esperar em troca, além da satisfação de dar o amor, criará uma redoma áurica que o protegerá das decepções. Amor é isso, acima de tudo: amar mesmo quando não se é amado a contento.
Estou aprendendo isso com a vida e declaro que, a cada dia que passa, amo mais e mais viver esta deliciosa loucura que é o amor. Amo a vida, amo a família, amo os animais, amo estar viva, cada vez com mais intensidade. E não aceito amar pouco! Quero amar demais. Que isto traga sofrimento, como disse o poeta? Pode ser! Mas amando, faço girar a energia mais potente e transformadora que existe e, só isso, já me faz valer o privilégio de ser filha do Todo e estar encarnada nesse Planeta.

Amo todos vocês.
Daniela Marchi, 20-01-2013.


TRATADO SOBRE A AMIZADE

Não existe algo mais abrangente
De tal profundidade
Que uma sincera e deliciosa amizade
...
Muitos amores se apagam
Muitas paixões se diluem, posto que eram apenas desejos
Mas as amizades são perenes
Deixam nos corações marcas indeléveis
De momentos benfazejos
...
Minha força são meus amigos
Amigos presentes
Amigos virtuais
Nenhum superficial
Nunca de meu pensar ausentes
...
As amizades sinceras, são raras
Mas não são quimeras
São tesouros bem guardados
Descobertos assim que valorizados
...
Expressão do amor universal
Amizade pode vir do amor, da paixão
Ou ser fraternal
Pode ocorrer entre diferentes
Que se descobrem iguais
Porque existe o abençoado liame
Afinidades entre almas e mentes
...
A fé move montanhas
E eu acho que a amizade também
Quem nunca, de um grande amigo,
Não recebeu uma preciosa ajuda
Que lhe fez um fez um enorme bem?
...
Ah, os abraços dos amigos
As doces palavras
Quem realmente vive a amizade plena
Tem a mente serena
A certeza de que será amparado
Por aquele amigo, que estará sempre a seu lado
...
Amizade não oprime, não denota ciúme
Quando verdadeira, desprendida
É qual notícia alvissareira
Faz flutuar
Eleva o espírito ao cume
...
Este poema é para vos homenagear
Para que dizer-lhes que, graças a vocês
Meu mundo não é vazio
E que a minha poesia flui melhor
Porque os tenho como amigos
E que seus sorrisos
Suas letras
Seus afagos
Fazem do meu existir
Um paraíso de amor e campos floridos.

Daniela Marchi – 25-01-2013.


O PANO DO AMOR
Tive um sonho ímpar
De numa tarde dourada
Por clima tépido banhada
Ver-te materializado a meu lado
 
Em nossa bolha dimensional
Isolamo-nos de todas as agruras
Deixamos para trás os atrasos
Entregamo-nos às nossas ternuras
 
Na Índia, sob as bençãos de Parvati
E o céu por testemunha
Vibramos nosso amor às margens do Yamuna
 
No meu vestido hindu, de motivos bordados
Fito teus olhos marejados
Abro os botões e me dou por inteiro
E o vestido vira o pano do amor, espalhado no outeiro
 
Nossos corpos se rimam, enquanto as almas se afinam
O serpentear da energia da terra, em conjunção com a luz da Nova Era
 
No beijo, o néctar
No toque, a textura
Do acontecimento, inimaginável sinfonia
Nas notas, virtuose maestria
 
Enquanto o Sol se dilui na água
E a Lua serenamente irradia
Abandonamo-nos ao suave remanso
Preenchidos neste amor, que se consuma em poesia.
 
Daniela Marchi, 09/11/2012