terça-feira, 21 de maio de 2013

TELINHA QUENTE 79


Roberto Rillo Bíscaro

Uma das lembranças das tardes dominicais, lá pelos meus 10,11 anos, são seres metálicos com voz computadorizada, os Silônios. Eles eram inimigos dos terráqueos na série de ficção-cientifica - quase cópia-carbono de Guerra nas Estrelas – Battlestar Galactica (1978). A ABC tirou-a do ar ao fim da primeira temporada, alegando baixa audiência e alto custo de produção, embora diversos minutos de cada episódio pudessem ser constituídos de imagens de arquivo: as cenas de batalha e decolagem são quase sempre idênticas. Vi as 2 dúzias de episódios.
A premissa é que a Terra foi colonizada por humanos. Findo o trabalho, voltaram pras 12 colônias originais (por que, se nossa esfera é habitável?), todas com nomes zodíacosos, tipo Caprica. Nossos pais-fundadores tinham inimigo poderoso: sáurios tecnologizados a ponto de se tornarem máquinas, os Silônios, com voz de vocoder do Kraftwerk. Após muita hostilidade, os robôs propõem um acordo de paz, aceito pelo conselho das 12 Colônias. Na noite da assinatura do tratado, os Silônios atacam de surpresa, provocando um holocausto. Exceto por uma nave de combate (a Galactica) e 2 centenas de naves civis, a extinção é total. Em comboio, lideradas pelo Comandante Adama (papai Ben Cartwright, de Bonanza), esse resto de humanoides dirige-se à Terra Prometida em suas escrituras; adivinha qual planeta? Em um universo onde o inglês È o idioma, Starbuck, Apolo, Athena & Cia, enfrentarão a perseguição silônia, pelo menos em parte da série.
As reverberações bíblicas são óbvias não apenas com relação à busca da Terra Prometida, mas a menção das 12 colônias originais, releitura das 12 Tribos de Israel. Battlestar Galactica é Escola Dominical disfarçada de ficção científica.
Duma época em que não era crime inafiançável o mocinho fumar charuto em frente às câmeras, a série era cara pros padrões televisivos de fins dos anos 1970, embora os efeitos especiais e adereços pareçam pré-históricos hoje. Engraçado como não se pensava em colocar telefones nos bolsos nas sci fi antigas, fazendo com que nosso século pareça em partes muito mais moderno do que o futuro distante da Galactica. As telas de computador, tipo DOS, são de rir.  
Dá pra descontar o ritmo mais lento de quase 3,5 décadas atrás. O que não dá é a guerra contra os silônios ser descartada no meio da temporada e diversos episódios atirarem pra outras direções, como drama (seria X o pai de Y?) ou resolução de crime. Mais pro fim, uns 3 shows lidam com uma tal de Aliança Oriental, claro ataque aos países da Cortina de Ferro, em época de Guerra Fria. Os silônios voltam apenas no último (ou penúltimo) episódio. Se essa indecisão selou a perda de audiência ou se foi resultado dela, não sei, mas esse desnível tira muito da graça de Battlestar Galactica, que acaba sendo mais indicada pra saudosistas.
Gostoso reconhecer atores convidados. Audrey Landers, a Afton Cooper, de DALLAS; Lloyd Buchner (ele estava em todos os seriados 70’s e 80’s?), o Cecil Colby, de Dynasty; Roy Thinnes, o David Vincent, d’Os Invasores, que indico mais do que Battlestar Galactica, aos mais jovens.

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