sábado, 30 de dezembro de 2023

O PERIGO NUNCA ACABA

Ataques a albinos continuam na Zambézia, ativistas e especialistas pedem melhores leis e educação

Comissão Nacional dos Direitos Humanos diz que desde 2014 pelo menos 114 pessoas com albinismo desapareceram em circunstâncias não esclarecidas.


CHIMOIO — Uma criança albina foi assassinada pelo próprio pai no interior do distrito de Morrumbala, na província moçambicana da Zambézia, em finais de novembro, e mais recentemente um adolescente com albinismo, no distrito de Ile, escapou a uma tenativa de assassinato, mas teve o braço direito amputado, após ser arrancado de um quarto por malfeitores e levado para uma mata, supostamente para lhe serem retirados órgãos que seriam usados em rituais satânicos.

Estas informações foram relatadas à Voz da América por testemunhas e autoridades que voltaram a condenar os novos ataques.

Também estão preocupadas com a segurança das pessoas com albinismo, enquanto ativistas pedem melhores leis para sua proteção.

O rapto, perseguição e assassinato de pessoas com albinismo, em Moçambique, como na região da África Austral, são motivados por crenças e superstições, segundo as quais essas pessoas são fonte de riqueza.

Boaventura João, ativista e defensor de pessoas com albinismo, observa que a província da Zambézia lidera os novos casos de ataques, seguido de Nampula.

Ele aponta que a não detenção até agora dos mandantes desses crimes continua a deixar as pessoas com albinismo “alvos vulneráveis” e “inseguras”.


"Queremos os mandantes"

“As instituições de justiça nunca conseguem chegar aos mandantes dos crimes, esse é que é o grande problema. As pessoas que executam nunca revelam os mandantes dos crimes e aí torna-se um pouco complicado para nós, porque ainda continuamos inseguros”, frisa Boaventura João, também com albinismo.

O também delegado da Associação “Amor a Vida”, de defesa de pessoas com albinismo, reconhece que as leis em Moçambique são brandas contra este grupo, e pede uma legislação mais forte para desencorajar os crimes.

“As leis são fracas porque usa-se o princípio de igualdade de direitos, com pena máxima de 24 anos. A condenação tem sido branda, se colocassem a pena capital, poderiam desencorajar as pessoas que executam. Porque há pessoas condenadas e que voltam a cometer os mesmos crimes, e isso não desencoraja”, acrescenta João.

Ele defende também um trabalho intenso de sensibilização, que envolva as próprias autoridades governamentais, com demonstração de repulsa pública, para corrigir os mitos igualmente.

O sociólogo Abílio Mandlate também concorda com a necessidade de desmistificar as crenças sobre o enriquecimento baseado em parte de seus órgãos, e entende que a falta de mecanismos de proteção pode propiciar os ataques a este grupo.

“Nós crescemos ouvindo que os albinos não morrem, mas sim desaparecem. Ouvimos situações em que albino representa sorte, há lugares em que albino representa feitiçaria, há lugares em que o albino representa maldição, e essas crenças supersticiosas construídas no imaginário popular são predominantes”, anota Mandlate, vincando que falta uma educação virada ao fenómeno.

Ele defende que esta seria a altura em que o albinismo devia ser debatido de forma aberta pelas lideranças comunitárias, pelo Governo e ser introduzido como disciplina nas classes iniciais para desmitificar as crenças e construir sociedades que possam lidar melhor com o assunto.

“Faltas-nos educação e informação mais assertiva sobre os albinos”, frisa Abílio Mandlate.

Dados da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) indicam que desde 2014 pelo menos 114 pessoas com albinismo desapareceram em circunstâncias não esclarecidas.

O albinismo é uma doença genética caraterizada pela ausência total ou parcial de pigmentos na pele, cabelos e olhos.

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

UFAL ENSINA ALBINISMO

Medicina abre inscrições para curso sobre saúde das pessoas com Albinismo


A Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) reabriu as inscrições para o curso de atualização em Direito à Saúde para pessoas com Albinismo. Com carga-horária de 40 horas, o curso acontece totalmente a distância, pela plataforma virtual da Ufal. Para participar, basta realizar inscrição no site.


As aulas acontecem até 31 de dezembro, e têm o objetivo de capacitar gestores e demais profissionais que atuam nas unidades básicas de saúde e na educação básica dos municípios alagoanos sobre o direito das pessoas com albinismo.

O Projeto Direito à Educação para Pessoa com Albinismo da Faculdade de Medicina é financiado pelo Ministério da Igualdade Racial. É totalmente gratuito e com certificação pela Universidade.

Mais informações pelo telefone: (82) 9403-6530, pelo e-mail: capacitacaoalbinos@gmail.com ou pelo perfil no Instagram: @direito_albinismo

domingo, 5 de novembro de 2023

ALBINOS APEDREJADOS NA RUA

'Apedrejados na rua': a vida de pessoas albinas na Somália


No início deste ano, cerca de 80 famílias que vivem com albinismo em Mogadíscio se uniram para formar uma associação e reduzir o estigma do grupo. O chefe da associação de albinos da Somália, Mohamed Abukar Abdiqadir, com os seus filhosBBC
Falando sobre o sofrimento de ser um albino na Somália, Elmi Bile Mohamed, de 25 anos, relata um estigma terrível. “As pessoas me dizem que sou um canibal e que comerei suas crianças.”
Mohamed tem lutado para encontrar um lugar para viver na capital do país, Mogadíscio, desde que deixou a sua casa na região de Hiraan. Seus irmãos também sofrem com a condição.
“Fomos continuamente insultados e torturados pela nossa comunidade. Fomos espancados e ridicularizados pela cor clara da nossa pele, cabelo e olhos”, diz ele. “Pensei que encontraria uma vida melhor em Mogadíscio, mas me enganei.”
Mohamed procurou bastante por um quarto numa casa compartilhada, mas foi sempre rejeitado.
Ele acabou pagando US$ 30 (R$ 149) por mês para morar em um galpão no distrito de Hamar Weyne, na parte mais antiga da cidade.
“As pessoas pensam que estou amaldiçoado”, diz ele. “Eles costumam jogar uma mistura de água salgada e ovos crus na minha porta porque acreditam que isso os protegerá de mim.”
Mohamed acabou encontrando um emprego como faxineiro em um restaurante, ganhando entre US$ 1,40 e US$ 4 por dia.
Não durou muito.
Ele foi demitido depois que os clientes pararam de comer lá, dizendo temer que ele os infectasse com albinismo, embora não seja uma doença contagiosa, mas sim uma condição genética.
“Fui de restaurante em restaurante à procura de outro emprego, mas ninguém me empregava”, diz ele. “Acabei mendigando nas ruas, segurando um cartaz com meu número de telefone para que as pessoas pudessem fazer doações por meio de pagamentos móveis.”
O dinheiro que ganha mendigando raramente é suficiente para cobrir as refeições e o aluguel, muito menos o protetor solar e os óculos de que necessita para proteger a pele e os olhos sensíveis.
Pessoas com albinismo têm pouca ou nenhuma melanina, o pigmento que dá cor aos olhos, cabelos e pele, e que oferece proteção contra o sol.
“Não tenho dinheiro para comprar óculos de sol”, diz Mohamed. “Há muita poeira e tráfego altamente poluente no mercado onde peço dinheiro. Meus olhos estão constantemente em agonia e minha visão está se deteriorando rapidamente.”
“Às vezes as pessoas me dão as sobras para comer. Outras vezes não tenho nada.”
Os sonhos de Mohamed de fugir para Mogadíscio para ganhar dinheiro e mandar à sua família, especialmente aos seus irmãos albinos, foram destruídos.
Elmi Bile Mohamed conta que era constantemente hostilizado na comunidade em que cresceu
BBC
‘Motivo do ódio é a ignorância’
Não se sabe quantas pessoas com albinismo vivem na Somália, pois não há dados disponíveis.
O país tem sido afetado por conflitos e instabilidade há mais de três décadas, o que torna impossível obter informações confiáveis.
No início deste ano, cerca de 80 famílias que vivem com albinismo em Mogadíscio se uniram para formar uma associação, Somali Albinos, com que esperam aumentar a conscientização sobre sua situação e ajudar a reduzir o estigma.
Até agora, receberam 86 frascos de protetor solar de mulheres somalis que vivem em outros países.
Recomenda-se que as pessoas com albinismo usem protetor solar de alto fator, roupas protetoras e óculos de sol para reduzir a exposição à luz solar.
A falta de melanina significa que correm maior risco de sofrer queimaduras solares e câncer de pele.
Também causa problemas oculares, pois a melanina está envolvida no desenvolvimento da retina, a fina camada de células na parte posterior do olho.
“Outros somalis com deficiência formaram organizações que fazem lobby pela ajuda do governo e de organizações internacionais”, diz o presidente do grupo, Mohamed Abukar Abdiqadir, de 40 anos. “Eles agora têm direitos. Nós, não.”
“Fui eleito líder da nossa associação porque sou um herói e nunca desisto”, diz Abdiqadir, que tem seis filhos. Tal como ele, todos vivem com albinismo.
Ele ganha a vida vendendo alimentos secos e enlatados em um carrinho no mercado Hamar Weyne. Ele sempre usa chapéu para se proteger do sol forte.
“A razão pela qual as pessoas nos odeiam e temem é a ignorância”, diz ele.
“O mal e a discriminação que enfrentamos não devem nos impedir de lutar pelos nossos direitos e de alimentar as nossas famílias. Se os somalis aprenderem sobre o albinismo, perceberão que somos pessoas como eles.”
Somália vive grande instabilidade política e violência armada há décadas.
Reuters
Por enquanto, o preconceito contra as pessoas com albinismo é tão grave que as crianças com essa condição raramente vão à escola.
“Tirei os meus filhos da escola porque eles eram apedrejados todos os dias”, diz Asha Gele, que tem dois filhos com albinismo.
“Suas peles delicadas foram gravemente danificadas pelas pedras que as pessoas atiraram neles, então agora eu os mantenho dentro de casa o dia todo, todos os dias”, diz ela. “eles não receberão educação, não aprenderão a brincar com outras crianças, mas pelo menos estarão seguros”.
A família paga US$ 40 por mês para morar em uma propriedade improvisada de dois cômodos no distrito de Huriwa, no norte de Mogadíscio.
Suas paredes e telhado são construídos com tecidos velhos e folhas de ferro quebradas e enferrujadas, o que não é suficiente para impedir que a luz do sol penetre e queime a pele das crianças.
“Eu costumava ganhar um dinheiro decente vendendo vegetais no mercado”, diz Gele. “Tive que desistir do meu negócio para ficar em casa com meus filhos. Agora lutamos para sobreviver com os US$ 4 a US$ 6 que meu marido ganha diariamente como motorista de riquixá”.
A senhora Gele diz que o seu casamento está desmoronando porque seu marido a culpa por dar à luz crianças com albinismo. Ele a acusa de trazer azar para a família.
“As pessoas que mais amo – meu marido e meus parentes – evitam meus filhos. Meu próprio irmão mantém distância porque acredita que eles irão infectá-lo com albinismo”, diz ela.
“Mas sempre estarei ao lado deles e os defenderei, não importa o que aconteça. Serei paciente e nunca os negligenciarei. Eles não escolheram viver assim.”

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

UM ALBINO NOS PALCOS

Ator mirim de Terra e Paixão, Felipe Melquiades faz sua estreia no teatro

O ator mirim Felipe Melquiades fez a sua estreia nos palcos do teatro. Além de interpretar o Cristian na novela Terra e Paixão, ele está no elenco do espetáculo As Artimanhas de Molière, dirigido por Cristina Bethencourt e Dodi Cardoso, no Teatro Fashion Mall, no Rio de Janeiro.

“A estreia foi ótima e uma surpresa. Eu estava com o coração acelerado. Nossa preparação é muito legal, mas não imaginava como era subir em um palco com uma plateia ao vivo, em tempo real. Amei atuar no teatro, é espontâneo e maravilhoso”, disse ele à CARAS Digital.

Os pais dele também ficaram encantados com a estreia do herdeiro. “Nunca vimos o Felipe tão empolgado”, comemoraram nos bastidores.

Felipe Melquiades tem 10 anos de idade, é paulista e se mudou para o Rio de Janeiro para participar das gravações da novela Terra e Paixão. Ele está em seu primeiro trabalho em novelas e está contente em trazer o tema do albinismo para ser tratado na TV aberta. “Terra e Paixão é uma das únicas novelas que trata sobre o albinismo e o bullying contra os albinos”, disse ele em entrevista na CARAS Digital, e defende a importância desse tema na TV. “[É importante que as pessoas saibam] que o albinismo não é raça ou doença, é uma alteração na quantidade de melanina”, declarou.

Ao falar sobre o seu trabalho na novela, ele é só alegria! Felipe contou que foi chamado para fazer testes para a novela e passou. “Minha mãe postou uma foto minha, bem aleatória, e a TV Globo estava procurando um ator albino. Então, a Gy Rodrigues, da Agência Five, me convidou para fazer alguns testes. Minha mãe conversou comigo sobre eu quis muito fazer. Graças a Deus deu tudo certo”, afirmou.

O ator mirim ainda não tinha pensando em seguir carreira artística antes de ser chamado para o teste, mas está adorando a nova experiência. “Estou amando. É bem legal e uma experiência totalmente nova para mim. Está todo mundo me reconhecimento nas ruas por causa do Cristian”, disse ele, que se reconhece em seu personagem. “Ele é bem inteligente, é albino e me representa nas cenas de X-Burger”, brincou ele, citando que os dois adoram comer de tudo.

Na trama, ele contracena com atores veteranos da TV, como Débora Falabella (44), Tata Werneck (39) e Ângelo Antonio (58), e garante que se dá bem com todomundo. “Todos são bem legais. A Débora me dá carinho e atenção. A Tata faz piadas bem legais antes das cenas. E o Ângelo brinca muito comigo dentro e fora das gravações. Eles são maravilhosos comigo o tempo todo”, afirmou ele.

JUKKA

Conheça Jukka, um Doberman albino que tem chamado a atenção da web por sua beleza

Por Ana Carolina Câmara
Os cães da raça Doberman naturalmente chamam a atenção por sua formosura, elegância e vigor, e somado a isso, um cachorro desta raça, chamado Jukka, encanta por sua beleza rara: ele é albino.


O cão de cinco anos vive com a sua tutora, Ashley Carey, no Condado de Oconto, em Wisconsin, nos Estados Unidos, e viralizou na web após a mulher postar um vídeo no seu perfil do TikTok apresentando o mascote.
Jukka é um Doberman albino. (Foto: Instagram/@xoashleycarey)


Na legenda, ela escreveu brincando: “Ele está morrendo lentamente por falta de atenção. Por favor, não o deixe perecer. Ele precisa de mais amor”. Podemos imaginar o quão carinhoso e carente esse lindão é, né?

Nas imagens, o Doberman Jukka aparece com uma expressão triste e carente, claramente desejando carinho. Ao assisti-lo, é difícil resistir à vontade de oferecer afeto e conforto.

J
ukka ama um carinho. (Foto: Instagram/@xoashleycarey)

Embora seja muito amado por sua família, Jukka parece sempre desejar mais demonstrações de carinho. Tem como não querer afofar uma criaturinha dessas?
A publicação alcançou mais de 726 mil visualizações e milhares de comentários de internautas impressionados com a beleza do cachorro.
“Deve ser o cachorro mais majestoso que já vi”, declarou uma internauta.
“Esse é o Doberman mais bonito que eu já vi”, elogiou outro.
“Ele é absolutamente LINDO... e sabe disso muito bem”, comentou uma terceira.
Apesar de sua beleza, a tutora de Jukka não apoia a reprodução seletiva de Dobermans albinos, devido aos sérios riscos à saúde associados a essa condição.

Infelizmente, Jukka foi diagnosticado com câncer de pele e teve que passar por cirurgia para a remoção das manchas.
“Continuarei a conscientizar sobre os Dobermans albinos e por que é antiético criar intencionalmente para a cor!”, declarou Ashley em um post no Instagram.
https://www.amomeupet.org/noticias/9161/conheca-jukka-um-doberman-albino-que-tem-chamado-a-atencao-da-web-por-sua-beleza

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

INDENIZAÇÃO ALBINA

Justiça determina que banco pague R$ 30 mil para funcionária com albinismo por desconsiderar deficiência visual na Bahia


A Justiça do Trabalho decidiu que uma bancária com albinismo, distúrbio genético caracterizado pela ausência total ou parcial de melanina, receba uma indenização no valor de R$ 30 mil por uma agencia bancária da cidade de Itapetinga, no sudoeste da Bahia, por exercer uma atividade incompatível com a deficiência visual que ela apresentava. A decisão cabe recurso.

De acordo com a Tribunal Regional do Trabalho da 5.ª Região (TRT5), a mulher foi designada para lidar com documentos que exigiam a leitura de letras e números em tamanho pequeno, e era cobrada por causa de baixa produtividade.

A bancária contou para a Justiça Federal que o Bradesco, ciente da limitação física, a colocou para auxiliar clientes no autoatendimento. Essa função exigia dela a verificação de documentos pessoais e bancários e o acesso aos sistemas do caixa rápido, todos com letras e números pequenos.

O g1 entrou em contato com a agência bancária, que informou que não comenta casos sub judice.

Por causa da dificuldade de enxergar, a mulher pedia ajuda de colegas, resultando em demoras no atendimento. Como consequência, o chefe a pressionava excessivamente quanto à produtividade e a comparava aos outros funcionários.

A Justiça Federal informou que as cobranças frequentes e o desconforto gerado levaram a bancária a buscar tratamento psiquiátrico, com uso de medicamentos antidepressivos. O órgão afirmou ainda que a agência alegou não ter danos e não impugnou os documentos apresentados pela reclamante.

Uma testemunha ouvida pelo juiz do Trabalho Antônio Souza Lemos Jr. confirmou que a trabalhadora frequentemente pedia ajuda aos colegas para a leitura de documentos. Além disso, relatou que ela era chamada com frequência pela chefia e voltava abatida, chegando a chorar em algumas ocasiões.

A testemunha também comentou que a funcionária não recebeu treinamento específico nem os equipamentos necessários para auxiliá-la no desempenho das funções.

Para o magistrado Antônio Souza Lemos Jr, “não basta abrir as portas do mercado de trabalho. É necessário abrir as portas do mundo do trabalho e torná-lo acessível, considerando as especificidades da Pessoa com Deficiência”.

O juiz destacou que o ordenamento jurídico brasileiro visa a inserção e valorização das pessoas com deficiência, visando "aparar as arestas do mundo".

Ressaltou que o Estatuto da Pessoa com Deficiência dedica um capítulo específico ao Direito ao Trabalho. Nele, é garantido o atendimento às regras de acessibilidade, o fornecimento de tecnologia e adaptações razoáveis ao ambiente de trabalho.

O juiz concluiu que a agência bancária ignorou a deficiência da empregada ao atribuir a ela uma função inadequada e não inclusiva, sem fornecer os meios de acessibilidade necessários. O magistrado considerou que a instituição financeira não apenas desrespeitou a lei, mas também exigiu que a bancária produzisse em níveis iguais aos de colegas sem deficiência.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

ALBINOS ASSISTIDOS EM ANGOLA

Sistema Nacional de Saúde acompanha mais de duas mil pessoas com albinismo

Mais de duas mil pessoas com albinismo, do universo de 6.818 registadas no país, estão sob acompanhamento do Sistema Nacional de Saúde.

Com a entrada em vigor do Plano de Protecção às Pessoas com Albinismo 2023-2027, publicado no Decreto Presidencial nº 193/23 de 9 de Outubro, o Executivo vai reforçar as acções de salvaguarda da dignidade, do direito de protecção e da integração social deste este grupo.

O Plano de Protecção às Pessoas com Albinismo 2023-2027, abreviadamente designado “PAPPA – 2027”, vai permitir a execução de tarefas sectoriais, com vista ao apoio, protecção e materialização dos direitos e legítimos interesses das pessoas com albinismo e respectivas instituições representativas.

Para a elaboração do plano, enquadrado nas competências e atribuições do Conselho Nacional da Acção Social (CNAS), fez-se a recolha de dados sobre a vida das pessoas com albinismo em todos os municípios do país, assim como a identificação de constrangimentos, descrição do género e da faixa etária e do impacto das condições de habitabilidade a vários níveis.

Em Angola, há raros registos de casos de violência direccionada à pessoa com albinismo. Apesar disso, o Executivo está comprometido com os instrumentos internacionais ratificados, que obrigam o asseguramento de melhor qualidade de vida para este grupo social.

O PAPPA 2027, avaliado em quarenta e sete mil milhões, trezentos e vinte e nove milhões, duzentos e noventa e três mil e quarenta nove kwanzas, está alinhado com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Agenda 2030 dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas e com o Plano de Acção sobre Albinismo em África.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que uma em cada cinco mil pessoas no globo tenha alguma forma de albinismo. Em Angola, até 2027, pelo menos 7.668 poderão entrar nestas estatísticas.

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

AQUECIMENTO GLOBAL E OS ALBINOS DO MALAWI

Mudanças climáticas representam ameaça aos albinos de Malawi

Uma pesquisa da Associação de Pessoas com Albinismo em Malawi (Apam) concluiu que cerca de 70% da população albina de Malawi não vai viver além dos 30 anos. O motivo? A grande incidência de câncer de pele entre esses indivíduos.


Segundo censo de 2018, dos 20 milhões de habitantes do Malawi, mais de 134 mil têm albinismo. Isso significa que cerca de uma em cada 150 pessoas são albinas no país do sudeste da África, uma parte relevante da população.

Entre eles, 50 morreram por câncer de pele desde 2020, de acordo com estatísticas oficiais. No entanto, a Apam acredita que o número seja bem maior, uma vez que parte das mortes relacionadas ao câncer não é registrada pelo governo.

Representantes da associação acreditam que a doença seja a causa da morte de 90% das pessoas albinas do Malawi.

O albinismo, o câncer de pele e as mudança climáticas

O albinismo é uma doença genética rara em que uma pessoa nasce com pouca ou nenhuma melanina, que é uma proteína que dá pigmentação à pele, ao cabelo e aos olhos. Dessa forma, uma pessoa albina tem todas essas partes do corpo extremamente claras.

Além da ausência de cor, a falta de melanina também expõe as pessoas com albinismo aos danos causados pelo sol. Em geral, a exposição à radiação ultravioleta pode desenvolver bolhas, envelhecimento da pele (elastose solar) e alterações como verrugas.

Dessa forma, há um risco aumentado de desenvolver câncer de pele. Para agravar o quadro, 85% dessas pessoas albinas no Malawi vivem em áreas rurais do país do sudeste africano, em exposição constante aos raios solares.

As mudanças climáticas são consideradas um multiplicador de ameaças nesse caso. Há algum tempo, o país enfrenta eventos climáticos extraordinários, como seca e enchentes repentinas, além de temperaturas médias mais altas.

Em 2022, as aulas foram suspensas porque as temperaturas estavam acima de 40°C em algumas partes do Mawali. E desde que esses fenômenos começaram a acontecer com mais frequência, as taxas de câncer entre pessoas com albinismo aumentou.

Falta de ação

Ao The National News, moradores relataram que faltam medidas de prevenção do câncer de pele no país. Segundo eles, não há incentivo para o acesso a protetor solar, nem triagem dos casos para o tratamento logo no início da doença.

Em geral, não há um hospital do câncer no país, faltam serviços de atendimento dermatológico e oftalmológico e o acesso a tratamento também é escasso. Um dos entrevistados, Stanzio Joseph, foi encaminhado a cuidados paliativos com apenas 24 anos de idade.

Dessa forma, a situação entre a população com albinismo é um sinal de que mais precisa ser feito para combater as mudanças climáticas e mitigar seus impactos. Contudo, o Ministério da Saúde de Malawi não se manifestou sobre o assunto.

sábado, 21 de outubro de 2023

SAMUEL SOLLAR FALA SOBRE ALBINISMO

O influenciador digital Samuel Sollar conversa sobre albinismo no programa DiverCidade.

RATINHO ALBINO TOCANDO O TERROR

 Lontra e rato albino, contrabandeados em mala de bordo, causam pânico em voo de Bangkok a Taiwan



Uma lontra e um rato levados na bagagem de mão de um passageiro provocaram pânico em um voo que ia de Bangkok para Taiwan em 4 de outubro. Um viajante encontrou o roedor albino com olhos vermelhos quando se dirigia ao banheiro do Airbus A320 em pleno voo.
As comissárias de bordo revistaram o avião e notaram uma segunda criatura – uma lontra de 30 cm de comprimento debaixo de um dos assentos. Imagens mostram o animal rastejando no carpete e os passageiros encolhidos em seus assentos enquanto observavam o caos se desenrolar.
O rato também foi encontrado e acabou mordendo um dos comissários que tentava capturá-lo. A tripulação do avião acabou descobrindo que os animais pertenciam a uma senhora chinesa, que alegou ter comprado as criaturas em um mercado na capital tailandesa.
Uma caixa com 28 tartarugas vivas também foi encontrada no bagageiro do avião, além de uma cobra, uma marmota, duas lontras e dois outros roedores, o que levou a uma investigação sobre contrabando de animais.

SAÚDE ALBINA EM FOCO, NA ÁFRICA

Esta semana no Saúde em Foco, um olhar sobre a vida das pessoas com albinismo em África.Uma organização do Zimbabwe luta contra o cancro da pele entre os albinos.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

FELIPE MELQUIADES ESTREARÁ NO TEATRO

Cristian em 'Terra e Paixão', ator reflete sobre bullying por albinismo: 'Diferente'

Felipe Melquiades é o intérprete de Cristian em 'Terra e Paixão'. Em entrevista à AnaMaria, ele refletiu e contou nunca ter sofrido bullying devido ao albinismo. Ao contrário do ator, seu personagem é vítima de preconceito na escola e o assunto é repercutido na novela das nove da Globo. "Diferente", declarou o menino.

"Graças a Deus sempre tive muita sorte em relação a isso. Nem mesmo na escola, onde acontecem os maiores casos, nunca aconteceu comigo, diferentemente do Cristian", contou Felipe Melquiades. O ator de 'Terra e Paixão' ainda contou quais são seus cuidados com a pele. "Tenho que estar sempre com protetor e hidratando os olhos. O que tenho fora das telinhas, o Cristian também tem".Felipe ainda falou sobre a oportunidade de representar os albinos e trazer mais informações sobre o tema para o público. "Mostrando que nós, albinos, podemos fazer tudo, ter uma vida normal (com os devidos cuidados com a pele e visão). Além disso, tenho conhecido muitas pessoas especiais. Estou muito feliz e honrado com esse presente que o Cristian tem sido na minha vida", afirmou o artista mirim.

Ele contou, inclusive, que nunca havia pensando em seguir carreira artística. "Foi do nada, uma surpresa boa. Eu queria ser jogador de futebol. Hoje, já penso em seguir na carreira de ator, estou estudando para isso, pois tenho muito a aprender ainda e sempre".

Felipe Melquiades gostou tanto de atuar que vai estrear no espetáculo "As Artimanhas de Molière" no teatro, na qual interpretará um personagem já de idade avançada, diferentemente de Cristian. A peça tem sua estreia marcada para 21 de outubro no Teatro Fashion Mall, no Rio de Janeiro.

"Estou amando as aulas, agora já estamos ensaiando uma peça, tá sendo mais uma nova experiência porque é diferente da TV. Não é como eu imaginava. É bem divertido e me ajuda muito em tudo, principalmente na atuação", contou sobre as aulas de teatro que começou a fazer após iniciar em 'Terra e Paixão'.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

MELQUIADES VENCENDO DESAFIOS

Terra e Paixão: ator mirim comenta conscientização do Albinismo na TV

Aos 11 anos, Felipe Melquiades conquistou o primeiro trabalho como ator. Ele interpreta o doce Cristian, personagem que enfrenta os desafios do albinismo, em "Terra e Paixão", novela das nove da Globo. Feliz com o papel, Melquiades destaca a importância de falar da condição genética na TV e ainda conta as dificuldades que teve ao gravar as primeiras cenas do folhetim.

Em "Terra e Paixão", Cristian é filho de Lucinda (Débora Falabella) e Andrade (Ângelo Antônio). Além de lidar com a doença do pai, que sofre de alcoolismo, o personagem enfrenta bulliyng dos colegas da escola devido ao albinismo.

"É bem legal abordar esse assunto porque tem muitas pessoas que acham que o albinismo é algum tipo de doença e fazem bullying com os albinos", diz Melquiades, que tem albinismo óculo-cutâneo, ao iG Gente. Em seguida, ele faz questão de explicar: "Albinismo é só uma condição genética que altera ou zera a quantidade de melanina".

Ao contrário de Cristian, o ator nunca sofreu bulliyng por ser albino. "Nunca sofri nada do tipo, nem 'brincadeira', porque os amigos que eu tenho sempre ficaram do meu lado", comenta.

Dancinha do TikTok e bastidores
Por falar dos amigos, Melquiades fez muitas amizades no set. Ele afirma que foi muito bem recebido por Débora Falabella, Ângelo Antônio e Tatá Werneck - que faz Anely, tia dele.

"A Débora, a Tata e o Ângelo me dão algumas dicas. Quando eu não tenho fala, eles improvisam alguma coisa para mim. Eu, o Ângelo e a Tatá, a gente brinca muito e faz ioga com a Débora. Também dançamos bastante, já até gravei dancinha do TikTok com a Débora e com a Kizi Vaz (Nina)".

Dificuldades em cena

E a parceria com os atores foi presente em momentos difíceis de Melquiades. O ator conta que sentiu dificuldades nas primeiras cenas de emoção e a amizade com Ângelo foi crucial para que ele realizasse a gravação.

"Nas minhas primeiras cenas, que eu não conhecia ninguém lá. Eu comecei a olhar e tinha muitas pessoas. Aí a gente começou a conversar, eu e o Ângelo, a gente se soltou muito rápido. No cenário da casa do Antônio La Selva, na festa que teve no primeiro capítulo, a gente começou a brincar e ele quase quebrou o lustre, foi muito engraçado. Aí eu me soltei! Em algumas outras cenas de emoção eu me senti bem inseguro porque é bem difícil fazer elas", relembra Melquiades.

O pequeno também teve dificuldades em uma cena de choro. "Acho que foi a terceira cena de emoção que tive, que eu tinha que estar triste, tinha que chorar, só que como era uma coisa nova para mim, eu não estava conseguindo me concentrar muito bem. Nessa cena, eu falava que fiquei triste porque o meu pai, o Andrade (Ângelo Antônio), saiu de casa, mas eu não estava conseguindo pegar emoção da cena. Então, quando eu estava passando texto, a minha preparadora, a Tati Muniz, pediu para o Ângelo entrar lá e falar um texto, que ele não tinha, que ela inventou aí para eu criar emoção", relembra o ator mirim.

Ele conta que a estratégia deu certo e até Ângelo se emocionou com a cena: "Depois que [Ângelo] leu esse texto, ele chorou também lá fora, assistindo à cena.. Foi bem legal".

Caiu de "paraquedas" na fama

Melquiades nunca tinha atuado. Ele foi chamado para fazer o teste, pois a Globo procurava por um ator albino, e passou. Agora, o paulista, que se mudou para o Rio de Janeiro para atuar em "Terra e Paixão", está descobrindo um novo mundo.

Ele conta que ficou com vergonha no começo das gravações, pois não conhecia os atores veteranos. "Eu olhava para um lado e meu pai estava falando: 'Olha o Tony Ramos, a Glória Pires', mas eu não sabia quem eram essas pessoas porque eu não assistia novela, eu achava que eram só umas pessoas normais", relata, aos risos.

No entanto, depois se acostumou com o elenco e com a fama. "Eu tiro foto com tudo mundo, paro, dou beijo. Aqui no meu prédio, tem muitas pessoas que me conhecem. Estou gostando de gravar, de conhecer novas pessoas, porque algumas pessoas que eram fãs eu comecei a ser amigo, principalmente na escola", diz ele, animado.

O ator mirim já pensa no futuro. "Se eu fizer outra novela, qualquer personagem que vier para mim está bom [...] Eu nunca pensei em fazer isso, mas eu comecei a gravar, a conhecer o pessoal e vi que eu tinha um talento ali escondido, na parte de atuar e de decorar texto, gostei bastante e pretendo seguir essa carreira".

BAMBINHO ALBININHO




Raríssimo, filhote de veado albino é flagrado ao lado da mãe no Pantanal

Mais um registro especial feito na região Pantaneira! Desta vez, várias pessoas avistaram um animal raríssimo: um filhote de veado campeiro albino. As imagens foram feitas pelo biólogo Gustavo Figueirôa, durante um safari pantaneiro realizado na fazenda Caiman, em Miranda, no interior de Mato Grosso do Sul.

Segundo eles, a ideia do passeio era avistar onças-pintadas, mas a maior surpresa foi o veado. "O veado campeiro é uma espécie que não é comum de ser vista fora do Brasil, apesar da espécie ocorrer em vários biomas, ela é ameaçada em vários biomas, mas no Pantanal a gente consegue ver com uma certa facilidade em alguns lugares né! Porém, um veado albino é raríssimo!", completou Gustavo.

Com a câmera em mãos, Gustavo não perdeu tempo e começou a filmar o veado albino ao lado da mãe. Os dois bichos começaram a andar pelo campo, como se estivessem se exibindo para os turistas. "Deu para gravar, tirar fotos. A gente ficou uns dois minutos vendo eles. O filhote estava sempre acompanhado da mãe, foi bem legal!".

Após o registro, Gustavo foi conversar com moradores da região para saber se o animal albino já tinha sido registrado antes. Para o biólogo, o feito é considerado raríssimo.

"Um veado albino é a primeira vez que eu já ouvi falar. O pessoal da fazenda que mora lá há anos, vários pantaneiros que moram no Pantanal nunca tinham visto. Conversei com uma especialista que também trabalhou com albinismo entre as espécies de cervos. A especialista já registrou isso em outros locais, mas no Pantanal nunca tinha ouvido falar. Sim, é um registro raríssimo, raríssimo, raríssimo", enfatizou. Confira:

Mística e dificuldade para sobreviver

O biólogo explicou que o animal albino tem uma mudança genética, que faz com que o bicho não produz melanina, que o pigmento do corpo que dá a cor a pele. Gustavo comenta que essa alteração nos genes pode dificultar a sobrevivência dos animais albinos.

"As cores próprias dos animais servem para camuflar os bichos dos predadores. Então, um animal branco, ele se destaca no meio da paisagem. Encontrar um animal albino já é muito raro, e um animal que ele não é tão filhotinho assim, já é meio crescidinho. Então, dá pra ver que ele já passou alguns meses sobrevivendo mesmo com essa condição de albinismo".

Acostumado a ver todos os tipos de bichos, observar o veado foi como um recado para Gustavo. O biólogo disse que há uma mística ao entorno dos animais albinos, ainda mais entre os cervos.

"Sem dúvida acho que é um dos bichos mais raros que eu já vi na minha vida. Foi uma sensação única. Tem algumas lendas que dizem que o espírito da natureza aparece para pessoas de bom coração através de cervos, geralmente brancos. Considero que foi uma manifestação da natureza dizendo que eu estou no caminho certo, que foi um sinal de que estou trilhando o caminho da conservação mesmo".

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

BELEZA ALBINA VALORIZADA

Angolana Andréia Muhitu eleita a ‘mulher albina’ mais bonita de África


A modelo angolana, Andréia Muhitu, foi eleita no domingo último, 15 de outubro, como “Miss Albinismo” da África Austral 2023, no concurso Internacional (Miss albinismo África) realizado em Harare-Zimbábue.

Num evento cheio de glamour, que contou com a participação de nove países africanos, foi também coroado o angolano Arthur Mukonda como “Sr. Personalidade”.

Importa referir que o concurso “Mr and Miss Albinism Southern Africa 2023”, foi o primeiro do género, no mundo, a ser realizado no intuito de consciencializar a sociedade em geral de que as pessoas com ‘albinismo’ são iguais como todas outras, removendo, desta feita, o estigma e, também, acabar com a discriminação e os ”assassinatos em rituais de albinos”, especialmente em África.

quarta-feira, 19 de julho de 2023

CALOR DESEPERADOR

"É assustador". Irmãs albinas desesperam com ondas de calor em Itália

As ondas de calor que têm atingido Itália e outros países europeus durante o mês de julho estão a deixar habitantes e turistas aflitos, mas há pessoas para quem as temperaturas altas podem ser ainda mais desesperantes.

É o caso das irmãs Matilde e Angelica Aureli, de 17 e 15 anos, que sofrem de albinismo. Normalmente, a vida das adolescentes já não é fácil. Os cuidados com o sol são mais que muitos. Mas com os termómetros a atingirem o vermelho, a situação torna-se ainda mais perigosa.

Em entrevista à Reuters, as jovens revelaram que, na maior parte dos dias, não saem de casa entre as 6h e as 21h. E quando o fazem é com chapéu, óculos de sol e guarda-sol com proteção solar UV.

"Quando saio de casa é óbvio que me sinto diferente dos outros. O sol incomoda-me muito os olhos. É mais fácil ficar em casa", disse Angélica.

O pior é que os verões estão a ficar cada vez mais quentes. O que faz com que as irmãs vivam preocupadas com o seu futuro. "Os verões estão a ficar mais quentes a cada ano que passa, o que é assustador para as pessoas albinas. O sol está cada vez pior. Está a ficar cada vez mais claro, o que é um grande problema", lembrou por sua vez Matilde, que durante estas ondas de calor raramente sai de casa e quando sai é para espaços interiores e com ar condicionado.

Recorde-se que o albinismo é uma doença genética no qual se verifica a ausência parcial ou total de pigmentação, ou seja, melanina, o que dá a cor ao cabelo, olhos e pele.

As pessoas com esta condição têm uma insuficiência na produção desta proteína, o que pode não só deixar o cabelo e a pele muito branca, como originais problemas de visão e pele muito graves, como o cancro da pele.

De acordo com as Nações Unidas, 1 em 5 mil pessoas na África Subsaariana e uma em cada 20 mil na Europa e América do Norte sofrem de albinismo.

Vários países europeus estão a ser atingidos por uma vaga de calor abrasador. Em Itália e Grécia os termómetros podem mesmo atingir os 48ºC. Em Roma, onde vivem Matilde e Angelica as temperaturas podem chegar aos 43ºC de máxima.

terça-feira, 27 de junho de 2023

TV CIDADE VERDE FALA SOBRE ALBINISMO

BAHIA É O ESTADO COM MAIS ALBINOS



Os 80 quilômetros que separam Santo Antônio de Jesus, no recôncavo baiano, e a Ilha de Itaparica foram cruzados por Joselito Pereira, 67, diversas vezes durante a adolescência. Acompanhado da ânsia por descobertas e uma barraca de camping, o jovem saía escondido da família rumo às praias da ilha. Na época, Joselito não sabia que tinha uma doença genética e que o acúmulo de horas exposto ao sol, sem proteção adequada, traria consequências.


A pedagoga Domingas Pascoal, 42, tinha sete anos quando, em um passeio com a família, adquiriu uma queimadura de 2º grau na pele. Sem entender o que havia acontecido com a filha, a mãe de Domingas a levou ao médico em Inhambupe (153 km da capital), onde moravam. Descobriu que a terceira filha, que possuía a pele muito mais branca que os irmãos, tinha uma doença que piorava com a exposição ao sol. Foi o máximo de informação que teve ao longo de anos.


Domingas Pascoal e Joselito Pereira possuem albinismo. O distúrbio tem origem genética e se caracteriza pela ausência total ou parcial da melanina - pigmento responsável pela coloração da pele, pelos e olhos. Além da genética, ambos possuem em comum sequelas físicas de uma época em que pouco se falava sobre a condição. Lutar por políticas públicas e evitar que mais pessoas sejam vítimas da falta de informação são os motes do Dia Internacional de Conscientização sobre o Albinismo, celebrado neste dia 13.


Ao menos 1.113 pessoas com albinismo residem na Bahia. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) realiza, atualmente, o Mapeamento da População com Albinismo no estado, mas, até agora, só possui dados sobre 185 dos 417 municípios. Por isso, a quantidade total de pessoas albinas é muito maior. Segundo o levantamento, as três cidades com mais pessoas albinas na Bahia são: Salvador (313), Feira de Santana (194) e Vitória da Conquista (148).


Por não possuírem a quantidade ideal de melanina, os albinos estão mais sujeitos a sofrerem com queimaduras pela radiação solar e câncer de pele. Por isso, os cuidados com a exposição ao sol devem ser redobrados. Protetor solar, chapéus, óculos, roupas UV e evitar estar em ambientes abertos nos horários em que o sol é mais forte, são cuidados essenciais. Joselito só descobriu o albinismo aos 20 anos de idade (Foto: Acervo Pessoal) Joselito Pereira só descobriu a condição genética aos 20 anos. “Minha família sabia que eu tinha uma pele frágil, mas não tinha condições econômicas e nem financeiras para saber de fato o que era”, relembra. Antes de se mudar para Salvador para estudar, ele morava na zona rural de Santo Antônio de Jesus, onde convivia diariamente com o sol a pino.


Os anos exposto à radiação solar sem proteção fizeram com que ele adquirisse câncer de pele algumas vezes ao longo da vida adulta, chegando a ter mais de 100 lesões pelo corpo. “O tratamento para o câncer de pele é a retirada da lesão, mas quando os paciente possuem muitas lesões, acabam tendo que passar por muitos procedimentos cirúrgicos, por isso a prevenção é tão importante”, explica a médica dermatologista Iale Hora, da clínica Skincare.


O acompanhamento deve ser iniciado ainda na infância e deve contar com profissionais oftalmológicos. Isso porque os olhos também possuem melanina e a falta do pigmento ocasiona distúrbios visuais como hipermetropia e estrabismo.



Rompendo barreiras Durante 10 longos anos, a professora Domingas Pascoal evitou passar mais do que poucos segundos em frente ao espelho. Não gostava do que via quando enxergava seu reflexo, fruto do preconceito e discriminação que foi vítima durante a infância e a adolescência. A autoestima só se fortaleceu em 2012, quando começou a frequentar a Associação das Pessoas com Albinismo na Bahia (Apalba), que é, até hoje, referência no país. Nem sempre os filhos de casais albinos terão a mutação, que depende do tipo de gene afetado (Foto: Acervo pessoal) A professora se arrepia quando lembra a primeira vez que esteve em um ambiente em que não era a única pessoa com albinismo. Foi ali que sua vida começou a mudar.“Quando eu entrei na Câmara Municipal de Salvador e vi tantos albinos percebi que não estava só. Foi muito emocionante ver que as pessoas lutavam pelos nossos direitos. Eu me senti mais forte e meus olhos brilharam”, relembra. Por meio da Apalba, Domingas conheceu o angolano Jorge, seu marido, com quem tem uma filha. A pequena Luiza Maria, de oito anos, nasceu com a mutação genética, mas, diferente da mãe, aprende desde cedo o que é o albinismo. “Luiza adora ir para a frente do espelho e tem a autoestima bem trabalhada. Ela tem os esclarecimentos que meus pais não tiveram, eles só sabiam o mínimo: que eu não podia tomar sol”, relata.


Diferente de Domingas e Joselito, a fisioterapeuta Tuira Ornellas, 34, teve, desde cedo, informações sobre a condição genética. Com os cuidados redobrados, não desenvolveu câncer de pele. Tuira é diretora executiva da Apalba e está à frente da luta pela garantia de direitos da população albina. “As ações de prevenção tem um custo muito baixo. Para o Estado, é muito mais barato informar a população do que custear tratamentos complexos no futuro”, defende. A fisioterapeuta é mãe de Malu de 4 anos, que não possui albinismo (Foto: Acervo pessoal) Albinismo acomete pessoas negras com mais frequência A falta de dados sobre a população com albinismo na Bahia e no Brasil dificulta que políticas públicas sejam pensadas para esse público. O que se sabe é que o estado é um dos que mais possuem albinos no país, devido a grande quantidade de pessoas afrodescendentes. Quem explica é Lilia Maria de Azevedo, professora titular do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia, que já escreveu oito artigos acadêmicos sobre o tema.


“O albinismo tipo 2 é mais frequente em afro-americanos e africanos, ocorrendo em uma a cada 10 mil pessoas, o que explica a maior taxa de albinismo em populações do estado da Bahia, que apresenta uma frequência alta de afrodescendência”, afirma. O tipo 2 da confissão é caracterizado pela redução de pigmentação na pele, cabelos e olhos.


Um estudo encabeçado pela professora Lilia Maria identificou que a maior parte das pessoas albinas residentes em Salvador, em 2017, vivia nas localidades com mais pessoas negras na cidade. Ilha de Maré, Fazenda Grande III e Cabula foram os bairros em que mais pessoas albinas foram identificadas proporcionalmente a quantidade de habitantes. Os três bairros somaram 12 pessoas.


Para que os direitos básicos sejam garantidos às pessoas com albinismo, a Apalba luta pela implementação, na prática, da Política Estadual de Atenção Integral à Saúde das Pessoas com Albinismo no Estado da Bahia, instituída em março do ano passado. Entre as medidas estão: atenção especial na saúde, qualificação de profissionais e ampliação do acesso a serviços ambulatoriais. A garantia de distribuição de protetor solar gratuitamente já havia sido instituída no estado.


“A política traz uma linha de cuidado para essas pessoas, que vai trabalhar a prevenção e tratamento do câncer de pele e a questão da visão subnormal, além de articular com outras políticas do Sistema Único de Saúde”, pontua Antônio Purificação, técnico da Diretoria de Gestão do Cuidado da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab). Ainda não há estimativa de quando o mapeamento de pessoas com albinismo será finalizado no estado.

MAYARA REIS FALA SOBRE SUAS EXPERIÊNCIAS ALBINAS

Dia 13 de junho é celebrado o Dia Internacional da Conscientização do Albinismo. Uma data importante para promover a conscientização e combater o estigma associado a essa condição genética.

A data foi criada em 18 de dezembro 2014, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou uma resolução histórica reconhecendo o albinismo como uma questão de direitos humanos.


Tornando esta resolução uma resposta aos inúmeros desafios e discriminações enfrentados por indivíduos com albinismo em várias partes do globo.


Para trazer luz a essa questão e compartilhar sua experiência, o Jornal de Brasília conversou com Mayara Reis, estudante de psicologia da Universidade de Brasília (UnB) e uma voz ativa na inclusão das pessoas albinas.

Nesta entrevista exclusiva, Mayara nos conta sobre os desafios enfrentados em viver em uma sociedade que muitas vezes não está preparada para suas necessidades e peculiaridades.

Assista à conversa na íntegra logo abaixo: