sexta-feira, 30 de agosto de 2019

PAPIRO VIRTUAL 143

Roberto Rillo Bíscaro

Assassinatos brutais na Dinamarca e na Suécia levam a investigações paralelas, que se cruzam explosivamente.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

TELONA QUENTE 301


Roberto Rillo Bíscaro

Até hoje, cinéfilos cultuam Billy Wilder, que tem no currículo pérolas como Se Meu Apartamento Falasse (1960), Quanto Mais Quente, Melhor (1959) e Crepúsculo dos Deuses (1950). Está sempre nas listas dos melhores filmes já realizados.
Seu irmão, o produtor/diretor W. Lee Wilder, também aparece em seleções, de vez em quando, quando se elegem os piores, embora eu ache injusto botar Killers From Space (1954) no mesmo saco de vômito em que flutuam Mesa of Lost Women ou Robot Monster (ambos de 1953), porque nesses casos o roteiro e/ou a montagem não faz(em) sentido, ao passo que o que empesteia o filme de Wilder é o orçamento mendigo.
Produzido pela Planet Filmplays, do próprio W. Lee, e distribuído pela RKO, Killlers From Space (KFS) começa com avião soltando bomba-nuclear no deserto. Ao verificar clarão desconhecido após a explosão – que por si só produziu claridade cegante, então porque ele estranharia ou mesmo veria o tal brilho? – o piloto desce pra verificar, mas perde o controle e se espatifa contra o solo. Seu companheiro, um cientista nuclear, miraculosamente aparece vagando pelas redondezas da base-militar, apenas com cicatriz na região do coração.
Após atitudes suspeitas, o Dr. Douglas Martin (Peter Graves; só por ele KFS escaparia de lista de piores!) é hipnotizado e aprendemos que fora mesmerizado por ETS com olhos de bola de pingue-pongue (sério!), que estavam criando insetos gigantes, que devorariam toda a espécie humana a fim de que 1 bilhão de alienígenas se refugiasse na Terra, já que seu planeta se extinguia.
A ideia duma civilização agonizante, que toma medida drástica pra tentar não morrer, tão comum em filmes sci fi dos 1950’s, nasceu do livro do astrônomo amador Percival Lowell. A partir de 1895, o milionário de Boston escreveu 3 livros “científicos” sobre Marte, difundindo a crença nos canais, que teriam sido construção de vida inteligente pra bombear água dos polos pro resto do planeta, que secava inexoravelmente. A Guerra dos Mundos, que oferecia resolução simbólica diferente pro dilema, além de metaforizar a empáfia colonialista da Inglaterra, apareceu apenas, em 1898.
Com meros 70 e poucos minutos, KFS consegue ser bem estranho no segmento em que, através de sua hipnotização, conhecemos a caverna onde se escondem os invasores. Com a fotografia fantasmagórica em preto e branco e o telão datado já pra 1954 – parecia serial do Flash Gordon, dos anos 30 – ouvir e ver os planos bobos (mas divertidos) dos aliens não desapontará fãs de ficção-científica vintage. Como o plano de conquista envolve agigantar bichos escrotos, a produção poupa bastante a grana que não tem, porque bastava sobrepor imagens de aranhas pra fazê-las parecerem gigantes. Mas a sequência hipnotizada na caverna consegue um efeito meio surrealista, que eleva Killers From Space da lista de piores, deixando-o apenas na de obscuridades pra públicos restritos.


Filmes sobre o Abominável Homem das Neves, Yeti, Bigfoot ou Sasquatch constituem sub-subgênero independente, como filmes sobre aranhas ou tubarões, vampiros, lobisomem e múmias. Um ranking no site Slash Film mostra quase 50 títulos, mas deve haver pelo menos o dobro de fitas sobre macacões das neves.
Há algumas décadas, a referência primeira quando se pensava em clássico sobre o Abominável Homem das Neves, era o filme homônimo de 1957, da britânica Hammer, estrelado por Peter Cushing e dirigido por Val Guest. Felizmente, as novas gerações têm fartura pra escolher seu primata vintage favorito, mas prum 50tão como yo – mesmo sem achar graça no filme de Guest – esse era o deflagrador da presença peluda no cinema falado (cine mudo nunca foi minha praia, nem sei se houve)
Surpreendi-me, pois, ao descobrir que em 1954 houvera um The Snow Creature, portanto, pai dos Yetis e afins, inclusive o da Hammer. Não-imune a teorias da conspiração, quando os muitos nativos se amotinam e tiram das mãos dos dois míseros brancos o controle da expedição aos píncaros do Himalaia, julguei ser esse um possível motivo pro apagamento da película. Não demorou pra perceber o erro; é que The Snow Creature é tedioso e gambiarrento; só vale como nota de rodapé mesmo, num estudo sobre O Homem das Neves.
O que Billy Wilder tinha de genial (e de verba, há que reconhecer) é inversamente proporcional ao de seu irmão W. Lee e sobrinho Myles, responsável pelo roteiro decalcado de King Kong. Uma expedição descobre um Yeti que gostava de raptar mulheres. Capturado, a criatura é levada a Los Angeles, onde escapa e foge pro subterrâneo e mais fresco sistema de drenagem de chuva (mesmo ambiente final de Them! e tantos outros filmes). Claro que lá é morta.
A sublevação colonial acaba exatamente, quando o mal-ajambrado monstrengo é capturado. Quando, mesmo que simbolicamente, é hora de desfrutar de lucros e fama, os caucasianos (re)tomam o comando. Essa é a coisa mais interessante duma produção que, por falta de dinheiro, gasta muito mais segundos do que o necessário mostrando uma porta de farmácia ou o passo a passo duma jornada de avião: avião decolando desde a pista até o voo, vários quadros da aeronave voando e aterrissagem também detalhada, com trem de pouso descendo e tudo o mais. Pura encheção de linguiça. As mortes poucas são off camera e até um close do Homem das Neves é reutilizado mais duma vez.
Apenas pra completistas, arqueólogos de celuloide e aficionados que tais.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

CONTANDO A VIDA 280

NOTÍCIAS DE UM OUTRO CAPITÃO... 

José Carlos Sebe Bom Meihy 

Como grande parte do país, estou exausto. E nem é pelo excesso de trabalho ou preocupações corriqueiras. O motivo que me assola remete ao frenesi político. Falas raivosas, bélicas, cheias de imagens agressivas e até escatológicas comprovam o que se esperava: o Brasil perdeu a alegria, deixou escorrer o frescor que, mesmo estereotipado, nos dava a impressão de maior leveza, de sermos livres e soltos. Sinto falta da banalidade dos dias comuns em que temas quase inconsequentes tinham lugares garantidos nos jornais, noticiários e conversas. Éramos felizes e não sabíamos. De uns tempos para cá, a consciência das mudanças retraçadas por medidas nada populares tem nos possuído, roubando sorrisos, alegrias e esvaziando os espaços públicos antes muito mais frequentados. Tudo anda muito triste... E, parece, não vai melhorar tão cedo. Permito-me declinar fatos, nomear situações esdruxulas, constatar perdas inidentificáveis a olhos nus. 

Reparam como não mais falamos de futilidades, das tolas personalidades instantâneas; não sondamos situações artísticas e até o aguerrido debate cotidiano sobre o futebol perdeu viso? As contendas sobre educação, escolas, direito de inclusão acadêmica, tudo se esfarinhou e o mesmo ecoa na saúde, nos transportes e no declínio cada vez maior das situações de emprego. Estas constatações, contudo, me convidaram a pensar nos novos rumos dados à velha esperança. Porque, ainda garanto que será a última a morrer, valho-me desta certeza para voltar às coisas simples, ao lado invisível da vida degrada, aos gestos singulares. Nesta senda, aliás, ando à caça de atitudes miúdas, dessas capazes de lembrar nossa condição humana. Devo dizer que isto não é um exercício muito fácil, mas funciona no ritmo da paciência. Deixe-me exemplificar a fim de garantir entendimento. O número de moradores de rua tem aumentado de maneira alarmante. No Rio de Janeiro, onde moro, por exemplo, sabe-se que tal montante cresceu em dois anos de 8 para 21 mil, e isso rende créditos a fatores estranhos à nossa antes decantada pacatez. A existência e predomínio crescente das milícias nas comunidades, por exemplo, tem contribuído, além da pobreza, para que pessoas pobres deixem suas casas e optem pelas ruas. Com miliciano não se brinca e o controle das movimentações se dá em pagamentos compulsórios de pedágios, em compras de gás e outros “benefícios”. Isso tudo, além das ameaças sempre próximas de efetivação. 

A observação do constrangedor fenômeno desses moradores de ruas, porém, carrega com a crítica um lado afetivo que força notar outro lado da crueldade, a fidelidade dos cães aos seus donos. Chega a ser comovente o carinho expresso por olhares, zelo, reserva de afeto que transita entre os donos e seus bichos inseparáveis. É lindo. É emocionante. É desafiador... Em conversa com meus botões, tenho buscado compreender os liames que ligam os pobres e seus cães, pois não deve ser fácil a vigilância deles. Já vi alguns donos deixando de comer seu alimento para antes nutrir seus companheiros animais. Notei também algumas pessoas repartindo cobertas com os bichos, e multiplicando afagos, sorrisos e carinhos. 

Um caso recente, ocorrido na quarta-feira dia 7 de agosto último, chamou a atenção geral, chegando a díspar o cipoal de más notícias políticas. O fato remetia exatamente a amizade entre um morador de rua de nome Édson e seu cachorro conhecido como Capitão. E tudo se deu na mais movimentada via de trânsito da zona sul carioca, na Nossa Senhora de Copacabana. Pois bem, a dupla dormia sob a marquise de um prédio quando um morador passeava com seu pitbull que, irado, partiu para o ataque ao pobre. Para defendê-lo, Capitão se prontificou a ser violentamente agredido pelo rival canino. O cachorro do pobre ficou muito ferido e se perdeu pelas ruas da cercania. Édson, desesperado, se pôs a procurar e, ajudado pela população que o conhecia, por fim o encontrou moribundo. Num gesto de reconhecimento da situação, alguns cidadãos resolveram ajudar e o Capitão foi levado a uma clínica onde está em recuperação. 

Talvez este episódio pudesse passar em branco em outro momento, mas agora, exatamente neste instante, se revela simpático e merece destaque amplo. Aliás, o destaque vale também pelo nome do cão, Capitão...

terça-feira, 27 de agosto de 2019

TELINHA QUENTE 374

Após o estupro coletivo que chocou Nova Déli, a comissária adjunta da polícia Vartika Chaturvedi lidera a busca pelos culpados

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

CAIXA DE MÚSICA 378


Roberto Rillo Bíscaro

O segundo trabalho dos paulistas une diversos estilos num som melódico, que agradará tanto a fãs de MPB,, quanto de indie pop.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

PAPIRO VIRTUAL 142

Dois corpos quase mumificados são encontrados em dois pontos de uma pequena cidade norueguesa. O detetive William Wisting e sua filha jornalista começam a investigar as duas histórias separadamente. Mas, será que são casos independentes?

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

TELONA QUENTE 300

Roberto Rillo Bíscaro

Um filme sueco fascinantemente estranho e estranhamente fascinante.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

CONTANDO A VIDA 279

SOBRE FILOSOFIA E O APLICATIVO DE ENVELHECIMENTO.
José Carlos Sebe Bom Meihy 



Dia desses, um ente querido, com certa mescla de ternura e picardia, valendo-se de meu celular, fez foto minha e a submeteu a um daqueles aplicativos de envelhecimento. De repente, não mais que de repente, lá estava eu, figurando ainda mais velho. Perplexo, me vi no futuro de mim mesmo e ali, no imediato daquele instante, me formulava de maneira quase cômica, meio trágica, um grande dilema. E não haveria de ser diferente, pois, num zênite, o presente e o passado projetados em um aparelho ilustravam um episódio existencial grave; gravíssimo: eu no futuro. O que é o tempo e o que ele faz conosco, indagava-me? E tudo se complicou ainda mais quando de algum lugar da memória – invisível e inaudita – a voz mansa e sutil de Caetano Veloso se insinuava como trilha sonora tempo, tempo, tempo... Tempo, tempo, tempo, e a continuidade ia pontificando a letra: és um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho/ Tempo, tempo, tempo, tempo, Vou te fazer um pedido Tempo, tempo, tempo, tempo/ Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos/ Tempo, tempo, tempo, tempo. Imagens. Imagens cintilando; linhas desenhadas a partir de uma realidade física e palavras saídas do meu interior. Memória. Memórias. Visão, audição, perplexidades menmônicas. 


Pois é, no instantâneo da foto, achei a brincadeira engraçada, agradeci – e agradecer é render graças no sentido agostiniano –, “salvei” a foto, guardei-a na memoria do aparelho e fui. Fui e comecei a ruminar resultados excitados na minha mais recôndita perplexidade: pode um aparelho, sem licença divina, me inventar no futuro? Como exemplar bovino solto no pasto da imaginação, com aqueles olhos de boi incapaz de entender sua própria história, inábil para supor o próprio destino, com cuidado redobrado, novamente olhei a foto e, me perguntava: como consegue a tecnologia, a partir de medições de distâncias entre os olhos, tamanho do nariz, localização das orelhas, enfim, pela soma dos sinais de tempo – as tais rugas – me projetar em um futuro duvidoso. Ciência aplicada? E a prova, o documento, meu retrato, estava ali, arquivada em uma memória que é minha, mas não o é: memória artificial. Era eu sem ser; eu ficção de mim no registro de um celular que me pertence, mas que também é mercadoria comprada à prestação – e ainda sequer acabei de pagar. 

Respirei fundo, dei graças aos deuses e orixás por desentender como aquele feitiço eletrônico não provoca na grande maioria das pessoas alardes superlativos, não assusta, não espanta. E pelo reverso, faz rir, diverte, gera autocompaixão. Melhor ser louco solitário, admiti, e mergulhei no que via quando, novamente, Caetano ressonou lembrando que Narciso acha feio o que não lhe é espelho... E mais, pelo reverso, rendi ufas: que bom que o artefato que me parecia paranoia viralizava com leveza, convocando exclamações. Só, muito só me senti... E naquela loucura mansa que excitava o historiador que mora em mim fui compondo um teorema complexo: eu, a máquina, um ou dois sussurros poéticos saídos da memória musical que seletou aquelas canções; meu presente, o passado e o futuro, tudo em circunstância imponderável e imagens: tempo, tempo, tempo. Tempo e memória. E silêncio também, aliás, haveria como expressar tanta intensidade reflexiva? Como, quando, por que, para quem, e, de quem? De mim mesmo? Contar por escrito ou dizer para alguém ou simplesmente guardar na memória? Mas em que memória? Na minha, pessoal, ou de alguma máquina? 

Precisava decompor os elementos do tal teorema. Primeiro, acatei a realidade figurativa de um futuro armado, mas bolado a partir de uma realidade referenciada, dos meus traços materiais: eu hoje. Tenho 76 anos, cerca de 50 nos muros de universidades; uma vida toda na chamada educação humanística. Sou professor e vivi institucionalmente os complicados versos de um poema meio trágico composto por ensino, pesquisa e atividades admirativas escolares. Frente a esta multiplicação de tarefas (ou missões), contemplando a tal imagem – ainda mais envelhecida – me convidava a perguntar do resultado da experiência que deu sentido único à minha vida profissional, civil, moral. Frente àquilo tudo, com emoção contida me inquiria: o que afinal eu fiz de minha vida acadêmica, que produzi como historiador de ofício? Valeu a pena professorar? Com quem conversei? Historiador, professor, cidadão? Qual o meu modesto legado? A junção destas questões martelava em mim. Tempo, imagem e máquina. Duas memórias se me apresentavam: a minha, pessoal e humana, e a da máquina, cientifica e tecnológica, e eu precisava entender para me explicar naquele aqui e agora. Demorei para aprender que não controlo o futuro, mas ele está aí, desafiando tudo e todos. Aos poucos fui sabendo que o futuro é algo que está dado pelo passado, mas que mesmo não fazendo parte dele – posso morrer logo mais – ele existe a partir de mim, do que sou hoje.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

AJUDANDO BRENO

PM faz campanha para ajudar criança a encontrar doador de medula

Os policiais militares da Força Tática do 3º Batalhão de Alegre se mobilizaram nesta quinta-feira (15), para ajudar o pequeno Breno Aguiar, de apenas 8 anos, a conseguir um transplante de medula óssea.

Breno nasceu com uma disfunção genética hereditária, chamada ‘Anemia de Fanconi’. A doença é um tipo de anemia que pode evoluir para leucemia e por isso é importante conseguir um doador compatível.

Os familiares da criança estão buscando doadores. Breno, que tem albinismo, é fã da Polícia Militar e sua história comoveu os policiais. Mas, além da PM, dois ônibus cheios de voluntários seguiram para Vitória para fazer a tipagem sanguínea, na esperança de encontrar um doador compatível para o transplante.

TELINHA QUENTE 373


Roberto Rillo Bíscaro

Com seus pouco mais de 500.00 km2, a Espanha é matraquinha linguística: além do oficial espanhol, ou castelhano, falam-se idiomas co-oficiais e dialetos na península.  A Netflix nos possibilita ouvir diversas dessas línguas. Merlí é em catalão; Flores, em basco. Se você quiser conhecer a sonoridade do galego – bem similar ao português de Portugal – basta ver a meia dúzia de capítulos de O Sabor das Margaridas (2018).
Originalmente produzida e exibida pela Televisão da Galícia, em outubro do ano passado, O Sabor das Margaridas é suspense policial, que, se não traz novidade temático-formal ao subgênero, pelo menos não falha em despertar e manter curiosidade.
Num vilarejo próximo a Santiago de Compostela, a qual se prepara pra receber o Papa, uma moça desaparece e, em seguida, surgem ossadas. Com a força policial desfalcada pra proteger o Pontífice, a chefatura agradece aos céus a chegada da Guarda Civil Rosa Vargas, que, vai desvelando um montão de podres locais.
Fãs de policiais, já vimos essa história um sem-número de ocasiões: policial problemática, que nos descortina a sordidez (exagerada, via de regra) alastrada por todos os quadrantes intersticiais da aparentemente pacata e piedosa vida social provinciana. Além disso, há o clichê chefe de polícia em vias de se aposentar e inúmeras pistas falsas e suspeitos postiços ou de ocasião, pra nos despistar.
A despeito de tantos lugares-comuns e do baixo orçamento, O Sabor das Margaridas tem eficiente reviravolta e a originalidade das locações e do idioma a seu favor. Sem embromação, a trama se desenrola com fluência e permite agradável maratona de fim de semana.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

CAIXA DE MÚSICA 377

Roberto Rillo Bíscaro

A festa anos 80 continua no terceiro álbum!

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

PAPIRO VIRTUAL 141

Roberto Rillo Bíscaro

Uma advogada revê uma investigação e julgamento de um crime antigo e coloca dúvidas na legalidade dos procedimentos. Livro da mesma autora do romance que originou a minissérie Areia Movediça, da Netflix.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

CONTANDO A VIDA 278


GOL DE BRUNA SURFISTINHA NO DIA DO FUTEBOL

José Carlos Sebe Bom Meihy

No dia 19 de julho celebra-se no Brasil o dia nacional do futebol. Nada mais justo numa cultura que, segundo Roberto DaMatta, sobremaneira, valoriza o uso das pernas, como se vê nos dribles, na capoeira, nas danças que vão do “samba no pé” à garota de Ipanema “no doce balanço, a caminho do mar”. E haja gingados. Até entende-se a aproximação do pronunciamento do presidente nessa data, em evento comemorativo do nosso esporte-rei, levando-se inclusive em conta ser ele capitão - ainda que de time que comanda outros jogos, menos esportivos, mais de combates armados. E por falar em guerra, consideremos então a batalha aberta na ocasião de mais um, outro, desastrado pronunciamento, dessa feita desferida contra a prolífera produção audiovisual brasileira.
Tendo como alvo a Agência Nacional do Cinema, a Ancine, o mandatário propôs dirigir, ele e sua equipe, a cena artística, impingindo novo papel à arte cinematográfica nacional, com crivo menos estético, mais cívico e pedagógico (no sentido da oficialização temática). O objetivo institucional disparado em pronunciamento impensado visaria redesenhar nossa crescente indústria cinematográfica e, para isto, submetê-la a uma “nova” secretaria, vinculada a um dos ministérios do governo, ainda não exatamente definido. Tudo para dotar o cinema de “filtros culturais”, e assim, sanear moralmente as mentes demoníacas, poluidoras da moral e dos bons costumes. De maneira consequente (se é que se pode usar o termo fora da lógica semântica), declarou o capitão-presidente estar protegendo a família e zelando pelos gastos públicos, sem levar em conta que nosso cinema não é financiado pelo estado, mas sim pela Condecine que gera os próprios rendimentos, além de multiplicar empregos. Não bastasse a generalização arrasadora, repetiu uma referência enunciada no dia anterior (18 de julho) em relação ao filme “Bruna Surfistinha” taxando-o de “pornográfico”.
Rebatendo a história levada à tela por Deborah Secco, sobre a direção premiada de Marcos Baldine, o presidente contrapôs argumentos exaltativos ao culto forçado de personagens notáveis, “históricos”, dignas figuras esquecidas. São do capitão- presidente as seguintes palavras “Temos tantos heróis no Brasil e a gente não fala dos heróis do Brasil, não toca no assunto. Temos que perpetuar, fazer valer, dar valor a essas pessoas que no passado deram sua vida, se empenharam para que o Brasil fosse independente lá atrás, fosse democrático e sonhasse com um futuro que pertence a todos nós”. Com aquele olhar eloquente que o caracteriza quando liberta o ódio reprimido e se exprime para seu eleitorado acrítico, pontificou que a sede Ancine deixará o Rio de Janeiro e terá Brasília como novo quartel-general; eis suas determinações “a cultura vem para Brasília e vai ter um filtro, sim. Já que é um órgão federal; se não puder ter filtro, nós extinguiremos a Ancine. Privatizaremos ou extinguiremos. Não pode é dinheiro público ser usado para fazer filme pornográfico”. Ameaças a parte, parece que o capitão se esquece de outros filtros, inclusive constitucionais. E nem se fala do direito de livre expressão. Isto sem mencionar dos já existentes marcos reguladores de idade, ou seja, das proibições por faixas etárias.  
Coroando seus argumentos irados, o mandatário declarou que não viu o filme e entre indignado e ignorante, desafiado a responder se havia visto o que criticava, cunhou a seguinte frase “eu não, pô. Vou perder tempo com Bruna Surfistinha? Tô com 64 anos de idade. Se bem que, tenho uma filha de oito anos, sem aditivos”. Em face de eloquente declaração, nem vale perguntar se o capitão leu os livros escritos pela ex-garota de programa, principalmente “O doce veneno do escorpião: diário de uma garota de programa” que, aliás, teve mais de 300 mil cópias vendidas e a fez figura como líder nas redes sociais brasileiras. Mas há motivos para a censura oficial? Falemos do caso específico do livro e do filme: a história de Bruna Surfistinha é necessária como indicação de um problema gravíssimo como a exploração sexual e/ou o direito ao uso do corpo – em particular em um país onde a prostituição é legalizada, como no nosso. Ademais, convém não esquecer que atualmente, só na Europa temos mais de 75 mil brasileiras e brasileiros se prostituindo. Mais do que nunca é preciso falar deste assunto, visitá-lo criticamente, sem falsos moralismos, sem hipocrisia, com sinceridade realista.
Por ocasião das declarações presidenciais, voltei ao pequeno livro (134 páginas), e reli as amarguras da moça, que precisou se expor para se redimir e até se desculpar. As frases finais do livro são comoventes e dão conta da amargura de alguém que pagou para se ver e retornar dona da própria história. O pedido de perdão para os pais, do anúncio de seu casamento, a mensagem ao filho que haveria de ter são frases que contrastam com a “leitura” de quem não leu o livro, não viu o filme, e mesmo assim não gostou. Tudo sem glamour, longe de panfletagem, como se vê em filmes hollywoodianos como “Uma bela mulher”, que sequer mereceu censura. E não há como terminar minhas ponderações sem referência a uma frase dita por um dos mais conservadores comentaristas nacionais, apoiador declarado do presidente capitão, Rodrigo Constantino que também indignado declarou “quem não gosta de certo filme, vale lembrar, tem sempre a opção de simplesmente ignorá-lo. Ainda é a melhor receita, aquela que preserva as liberdades individuais. Estado moralista impondo o que pode ou não ser produzido é algo inaceitável”. Inaceitável...



terça-feira, 13 de agosto de 2019

TELINHA QUENTE 372


Roberto Rillo Bíscaro

(em memória a David Hedison, o Capitão Krane, falecido dia 18 de julho)

Quando pequenino, na primeira metade da década de 1970, havia dois Nelsons que adorava: o Major Nelson, de Jeannie É Um Gênio e o Almirante Nelson, de Viagem Ao Fundo do Mar. Da primeira série, impossível ter medo, mas as aventuras do submarino Seaview, às vezes, assustavam o menino de seis, sete, oito anos, grudado na TV branco e preto, na então, mais garoenta São Paulo. Cheguei a pensar que a pessoa se transformava em esqueleto assim que morria, devido a um episódio apenas. Como é forte o poder dessas produções na psique infantil. Revendo os 110 episódios, notei que se tratou de cena que dura poucos segundos, em uma história, imagine!
Exibida pela ABC, entre 1964-68, Viagem ao Fundo do Mar (VAFDM) foi sugerida pelo produtor Irwin Allen para aproveitar os cenários e sucesso do filme de 1961. Exceto por um par de coadjuvantes, todo o elenco foi renovado e as mulheres eliminadas. Hoje, que há representatividade pra tudo quanto é grupo nas telinhas, deve ficar difícil imaginar uma série que ficou temporada inteira sem nenhuma mulher. Afrodescendentes nem comento, porque na época os papeis eram raros e subalternos mesmo, sem chance.
A força Aérea teve bem mais destaque nos anos 50, afinal, bombardeios, piruetas esfumaçadas e a possibilidade duma invasão alienígena são muito mais apetecíveis pra criar cenários fantásticos. No final da década, porém, os submarinos atômicos começaram a compartilhar espaço no imaginário popular.
Em 1958, o USS Nautiilus – primeiro submarino nuclear – cruzou o Polo Norte por baixo d´água. Com seu nome de ficção-científica verniana e em pleno contexto da histeria da Guerra Fria, o fundo do mar passou a ser fronteira quase tão enigmática, quanto o espaço sideral. Submarinos podiam, afinal, deslocar-se por todo o globo, carregando arsenal atômico difícil de ser detectado. O perigo estava em todo lugar e nenhum ao mesmo tempo, porque o cidadão comum podia perceber aeronaves, mas não aquelas maravilhas da engenharia naval.
Lento e pobre demais pra público criado na TV contemporânea, VAFDM é um espetáculo de comportamento passivo-agressivo entre os machos à bordo e passou por mudanças pra manter a audiência. O que começou como show em preto e branco com referências explícitas a uma nação inimiga chamada República Popular, ensaiou metamorfose James Bond na segunda temporada, antes de se firmar no formato “monstro da semana”, que séries como Quinta Dimensão tanto evitaram (e por isso são assistíveis até hoje).
Desse modo, é um tal de homem-isso, homem-aquilo, com aquelas roupas que dá pra ver o zíper direitinho, que os meninos e meninas de hoje, com razão, zombariam, isso se aguentassem assistir até que aparecessem. Não se trata de detonar minha memória de infância, mas de reconhecer que VAFDM ficou pra trás e é assim mesmo que tem de ser. Nem eu tinha muita paciência pra tanto trololó e pobreza de produção e, várias vezes, brinquei no celular, enquanto apenas ouvia. No episódio que tinha o Homem-Fogo, este era simplesmente uma chama com voz sobreposta! No começo até dá pra rir, mas cinco minutos depois...
Fumando desesperadamente dentro da claustrofobia dum submarino, VAFDM corre o risco de parecer tão alienígena às audiências atuais, como os seres que lá apareciam. Em plena Guerra-Fria, o Almirante Nelson e o Capitão Crane destruíram tantas ilhas e criaturas usando misseis nucleares, que o oceano pós-Seaview certamente serve de berço pra mais mutações do que as encontradas em 4 temporadas.
Não adianta chororô de velho dizendo que não se faz mais série boa; que a molecada não sabe mais o que é bom. Por mais reconfortante que seja o perene som do sonar para nossas recordações infantis, Viagem ao Fundo do Mar só funciona pra nós 50tões em diante.

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

CAIXA DE MÚSICA 376

Roberto Rillo Bíscaro

Pouco conhecida do grande público, P P Arnold é queridinha de grandes artistas do mundo do rock. A diva negra voltou com material inédito, após meio século sem gravar. O resultado você vê no vídeo abaixo e confere a lista parcial de roqueiros com os quais ela trabalhou. 

domingo, 11 de agosto de 2019

SUPERAÇÃO À FRANCESA

Roberto Rillo Bíscaro

Alain é um apressado empresário perseguindo o tempo. Em sua vida, não há lugar para lazer ou família. Um dia, um acidente vascular cerebral o faz perder a linguagem e trocar uma palavra pela outra.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

TELONA QUENTE 299


Roberto Rillo Bíscaro

Originalidade é um dos traços pra que uma produção seja considerada “clássica”, termo tão criticado, quanto banalizado. Qualquer coisa velha já vai sendo chamada de clássico...
It Came From Outer Space, lançado em maio de 1953, pela Universal, é uma daquelas ficções-científicas obrigatórias da década, não apenas pela relativa boa produção, mas pela novidade na representação dos alienígenas.
Com seu orçamento de 800 mil dólares e envolvimento de RayBradbury no roteiro (daí sua qualidade superior), Veio do Espaço ainda é B, porque horror e sci fi eram subgêneros “menores”, basta ver o elenco. Apesar disso, o filme em preto e branco já utilizava tecnologia 3D!
As narrativas de despersonalização ou desumanização foram marcos do cine cinquentista. Forasteiros do espaço apropriavam-se de corpos e mentes terráqueas pra conquistar nosso planeta, muito como os frios e ateus soviéticos supostamente faziam com inocentes cidadãos pra convertê-los ao comunismo. Era a era “Red Under the Bed”, pilhéria rimada mais ou menos traduzível como “comuna embaixo da cama”. 
It Came From Outer Space (ICFOS) tem ETs tomando mentes também, mas seu intuito é bem mais mundano. E foi feito antes que essa invasão de corpos e cucas virasse modinha. Embora poder-se-ia problematizar o roteiro com um par de perguntas, ICFOS se destaca da fornada paranoica da época, por colocar como causa dos problemas o medo destrutivo do ser humano pelo desconhecido e diferente. Nesse sentido, a narrativa funciona até hoje.
É essa outrofobia generalizada que provoca respostas letais, que o diretor Jack Arnold concretiza, quando o protagonista usa uma aranha do deserto como exemplo da alteridade que tememos ou temos nojo. Fãs de cine sci fi/catástrofe não deixarão de pensar que a Tarantula (1955), do mesmo Jack Arnold, está vingando a amiga esmagada em ICFOS.
Daria pra questionar, porque os extraterrestres – se são afinal tão mais inteligentes – não foram direto ao cara que criam o único capaz de compreendê-los. Pouparia um monte de problema, mas também um filme.
Os ataques feitos a partir do ponto de vista dos ETs, o barulho de sua respiração, a trilha-sonora irada de Teremin, a tecnologia 3D e a própria “feiura” dos extraterrestres devem ter causado medo pra caramba no escuro do cinema, há 60 anos.

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

CONTANDO A VIDA 277

PAPAI BOLSONARO: AMOR E DESPOTISMO. 

José Carlos Sebe Bom Meihy 

Para mim, juntamente com o “dia das mães” e “dos professores”, a celebração do “dia dos pais” é das mais comoventes, mais mesmo que o Natal, Páscoa ou meu próprio aniversário. E no embalo desta oportunidade próxima, me engalo todo para receber as homenagens cabíveis: exijo festa familiar, presentes, discursos, tudo enfim que o estatuto paterno confere. Em meu dicionário sentimental, a condição de genitor se deixa superar pela união da prole, pelos beijos, afetos explícitos, com direitos a abraços fartos. Pois bem, nesta ciranda introdutória devo render tributos a todos os pais do mundo. A todos. A todos, inclusive ao pai presidente/ ex-capitão Bolsonaro que, aliás, se tornou pai mesmo antes de sua eliminação das fileiras militares onde tentou, em protesto contra salários baixos “explodir bombas em várias unidades da Vila Militar, da Academia Militar das Agulhas Negras (...) e em vários quartéis”, com cuidado para que não houvesse feridos”, segundo registro absolutamente confiável. (http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/arquivos/DHBBBiblioGeral.pdf). Mas vou mais longe, reconheço nele um mérito exponencial: ser pai de capricho desmedido e, desbragadamente, sem limite algum, assumir os filhos, colocando em dúvida o próprio lema patrioteiro “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. A propósito, baseado nesta equação delirante e até herege - que anula a onipresença de Deus e determina-lhe novo lugar “acima de todos” - me imponho uma pergunta que não sabe calar e que clama resposta: onde ficariam os filhos? Juntos e misturados no “Brasil acima de tudo”, ou fora, apenas levemente abaixo “de Deus acima de todos”? “De todos?”. Elipses. 

Qualquer resposta a esse questionamento meio barroco teria que levar em conta o currículo progênie do presidente (ups, quase escrevi “do rei”, pensando no esquema dinástico). Fruto de três relacionamentos consequentes, o ex-capitão, que se orgulha de não precisar de aditivo, gerou três filhos do primeiro caso (01, 02, 03); um do segundo (04), e por fim, na comentada “fraquejada”, produziu uma filha (inumerada). A primeira das esposas foi dona Rogéria Nantes Nunes Braga que, além de companheira, contou com a ajuda do consorte para se eleger vereadora no Rio de Janeiro, em 1992. De acordo com a próxima consorte, Ana Cristina Valle, o amor à primeira vista foi lance fulminante que ocorreu “um pouquinho antes de ele se separar e eu me separar de meu marido”. Divorciado da primeira, então Bolsonaro partiu para uma segunda investida paternal, e sob o protocolo de “união estável”, que durou dez anos, nasceu Jair Renan. No ano de 2007, Bolsonaro se enamorou da atual esposa Michele de Paula Firmo Reinaldo, com quem se comprometeu casar nove dias após o primeiro contato. Incendiado de amor, dois meses depois firmaram compromisso civil, e, em 2013, finalmente, sob as bênçãos do obtuso pastor Silas Malafaia, foi celebrado o ato religioso que legitima a completude da prole, com a filha Laura. Total: quatro homens e, vacilo, a tal “fraquejada”. 

Mas não pensem que apesar de declarações ácidas e depois desmentidas pela esposa do meio - sobre o assombroso furto de joias - as relações familiares fugiram do padrão patriarcal do “rei” eleito com mais de 57 milhões de votos. A mesma Ana Cristina, esteve listada entre os beneficiários com cargos no gabinete do filho mais novo, vereador no Rio de Janeiro, Carlos (Carluxo para os íntimos, 03 para o pai). E não pensem que foi só ela, o filho Jair Renan também figura numa constelação ampliada por mais nove felizardos, todos parentes da ex-futura-primeira dama. Em favor das relações pacíficas entre ex-madrasta e enteado edil, ressalte-se o comando do bom senhor Bolsonaro que nega, com veemência, qualquer nepotismo. Nepotismo, imagine!... Que tal despotismo?! Como se não bastasse, tem mais: a soma de nove parentes ainda foi completada por outros três aparentados agora denunciados, todos. A favor da justiça, diga-se, a parentada está envolvida no inquérito sobre o enriquecimento do desaparecido amigo Queiroz. Não sejamos, contudo, prematuramente taxativos, pois a consagração do presidencial amor familiar vai ser absoluto se o extremoso pai conseguir coroar “acima de tudo” o filho do meio, Eduardo, escolhido embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Aí... 

Minha admiração ao presidente pai, creiam, vibra mais ainda quando levo em consideração as consequências que o esmerado senhor tem frente às opiniões de seus filhos mais famosos, os do primeiro casamento. Mesmo calamitosos em suas afirmações - seja sobre como fechar o Congresso, fazer sanduiches no estado do Maine como credencial diplomática, defender a pena de morte, abater a Amazônia, ser antifeminista, ou disparar agressões odiosas por fake news - cabe destaque a assunção pública e verbal desse amor incontido. Consideremos, como síntese analítica de todo esse fervor a frase pétrea “se eu puder dar o filé mignon para o meu filho, eu dou”. E tem dado mesmo, como tem distribuído para o público em geral cachos de bananas e bananadas polvilhadas com pó de normas éticas, direitos constitucionais e humanos. Tudo pelo bem do Brasil, claro. 

Mas por falar em dia dos pais, fritar hambúrguer e filé mignon, fico me perguntando se vai haver churrasco no dia dos pais palaciano. E minha questão tem sim fundamento, pois ampliando o currículo do Eduardo (02), o presidente disse que, além de fritador de hambúrgueres, o filho candidato a chanceler também entregava pizza. Por mais esta credencial, fico supondo alternativa: se lhe for negada a ida a Washington DC, o amor paternal considerará a Itália como novo destino? Itália, pizza... E intrigado me pergunto sobre o que a família brasileira tem aprendido como tanto exemplo de amor paternal? Nepotismo é menor que despotismo? Será? Enfim, bom dia dos pais àqueles que sabem dos limites da paternidade sadia e exercitam o amor como amor, sem desmandos.

terça-feira, 6 de agosto de 2019

TELINHA QUENTE 371

Roberto Rillo Bíscaro

Nessa temporada o detetive Andri volta a sua aldeia para desvendar outra teia de crimes. 

Para a resenha da primeira temporada da série islandesa, clique abaixo: 

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

CAIXA DE MÚSICA 375



Roberto Rillo Bíscaro

De quando em vez, aparece nova “nova Karen Carpenter”. Rumer é a mais cotada dos últimos anos. Tal procedimento comparativo é contraproducente e pro artista novo é lâmina de dois gumes: se por um lado gera alguma pauta em mídia ou grupos de discussão online, ajudando na divulgação; por outro, gesta expectativas irrazoáveis. Não haverá outra Karen e é assim que tem de ser. Não porque tenha sido gênia insubstituível, mas porque pessoas são diferentes. Simples. De todo modo, as comparações continuam e a trágica vocalista dos Carpenters tem outra “reencarnação” discutida em fóruns de fãs, onde a conheci.
Harriet é britânica, que se confessa influenciada pelos Carpenters e por caminhão de artistas românticos, easy listening e soft rock. Com site espartano em relação a dados biográficos, soube que Harriet abriu pra Michael Bolton, em sua última turnê pelo Reino Unido. Quem se lembra da sacarina derramada pelo norte-americano nos anos 80, já anteouve o tipo de som de Harriet.
Fui ao Spotify, onde a jovem nem tem 8 mil ouvintes mensais, e escolhi como introdução, a edição deluxe de seu álbum homônimo de estreia, lançado em 2016. A versão de luxo é de 17. São 20 faixas e, dentre as bônus, há covers de Backstreet Boys (As Long As You Love Me), Jon Secada (Just Another Day), George Michael (You Have Been Loved) e filme da Disney (The Beauty and the Beast). As duas faixas mais movimentadas sequer atingem o status de midtempo: Whoever You Are é pra ouvir no carro, ao som de FMs easy listening e Reach começa lenta pra se tornar versão meio diluída do tipo que o Swing Out Sister rememorava no fim dos anos 90.
O álbum é só pra quem ama baladas dramáticas e doídas, simples, sem aventuras, mas tudo muito bem cantado e feito. O timbre de Harriet coincide com o de Karen Carpenter, em seu registro mais grave, como prova a abertura, Afterglow. Isto posto, é bom deixar as comparações de lado e se o ouvinte quiser clone de Carpenter, que vá ouvir os álbuns originais.
Tem bastante material à Adele, como Broken for You ou Love Will Burn. Tem faixa que remete ao outrora popular Keane. Ouça o piano de abertura de First and Last e veja se um dueto com Tom Chaplin não caberia direitinho.
Harriet tem muito drama de dor de cotovelo e declarações de amor bombásticas, em baladas ao piano, ao violão e, em sua maioria, com sons mais orquestrais. Em meio a tudo isso, há o suave pop hall de Permission to Kiss, que dá vontade de sair dançando em calçadas nova-iorquinas ou londrinas, num mundo não muito depois do fim dos Beatles, quando Burt Bacharach mandava.
Tudo muito gostoso.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

PAPIRO VIRTUAL 140

Roberto Rillo Bíscaro

Após sofrer um AVC, um detetive aposentado da polícia sueca tenta desvendar um assassinato ocorrido décadas antes.

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

TELONA QUENTE 299

Um aspirante a escritor busca inspiração para seu livro. E manipula a vida de seus vizinhos com o intuito de escrever sobre eles.