sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

PAPIRO VIRTUAL 207

Erico Lopes Verissimo foi um dos escritores brasileiros mais populares do século XX

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

TELONA QUENTE 390

Crítica do filme Não Olhe para Cima (Netflix)

Dois astrônomos descobrem um cometa mortal vindo em direção à Terra e partem em um tour midiático para alertar a humanidade. Só que ninguém parece dar muita bola.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

CONTANDO A VIDA 371

PÓS-NATAL.

José Carlos Sebe Bom Meihy

Pois é, Millôr Fernandes dizia que o Natal é mais uma daquelas datas que mudam para continuar tudo do mesmo jeito. Perplexidades à parte, lembremos que antes, em 1901, Machado de Assis sentenciava, no célebre “Soneto de Natal”, a frase em torno da qual muitos adultos gravitam: “Mudaria o Natal ou mudei eu?”. O melancólico apelo machadiano remete às meditações de um velho que “ao relembrar os dias de pequeno” não mais encontra “as sensações de sua idade antiga”. A profundidade corrosiva contida neste desafio indagador sugere a passagem do tempo como alquebra da alegria e do encantamento. E o Natal, no presente sem alguma magia, seria atesado das ilusões que se fragmentam em progressões ameaçadoras de futuros melhores. E ainda reponta a frase fatal de Unamuno pontificando que o “sentido trágico da vida mede a distância entre o que fomos em criança e o que nos tornamos depois”, e conclui “quando as comemorações perdem as cores da meninice é porque envelhecemos sem volta”.

Com essa questão me atordoando, tropecei no óbvio: não basta mais resumir tudo a um “gosto X não gosto”, a um “mudou X mudei eu”, ou mesmo em aspirado “tomara que passe logo”. É preciso mais, muito mais, e não há como fugir de argumentações explicativas, afinal o Natal é a mesma data do calendário insistente, repete ano a ano o 25 de dezembro, mas em essência tudo é diferente. O Papai Noel se modernizou tanto e com sutileza perversa tomou o lugar do aludido Santo-menino-redentor. E nessa lida, o casebre edificou-se em Shoppings, e as oferendas dos Magos viraram mercadorias calculadas em cifrões inflacionados.

E que dizer das atualizações na imagem do que um dia foi o modesto “bom velhinho”. Remoçado, assumiu a fantasia da “terceira idade”, e pintado de afortunado, bem nutrido, foi incorporando o novo espírito do mundo capitalista. E quanta sutileza: há propaganda dele fumando Pall Mall, baforando charuto, tomando coca-cola. As feministas inventaram a Mamãe Noel; o movimento negro o fez mulato; os gays coloriram suas roupas. Tudo, é claro em nome da paz, da concórdia e da união, estas aliás, funcionando como mensagens pré-fabricadas e que viraram votos propalados à todes, não mais restrito aos “homens de boa vontade”.

O esvaziamento da celebração religiosa que marca(va) o nascimento de Cristo aponta também para o final do ano, condição que agrava os conteúdos comemorativos sintetizados em agendas consumistas. Espanta muito, por exemplo, constatar que o sisudo e poderoso grupo que dirige a Comunidade Europeia recentemente gastou sessões multiplicadas para discutir a troca do consagrado “Feliz Natal” por um politicamente correto “Boas festas”, isto em nome da diversidade inclusiva. Essas eventuais oficializações de nomenclatura, no entanto, se formulam inúteis e estão atrasadas, pois as alterações não decorrerão dos nomes, já se instalaram na atmosfera da modernidade.

É claro que tudo tem halos de finura que permite vestígios de memórias passadistas. Mas o empenho religioso que vigora apesar do declínio não se justifica em posturas individuais, verdadeiras exceções, posto que a indicação mítica nórdica do velhinho com suas renas já está estabelecida e enfeita vitrines e posts de redes sociais. Sabe, dói um pouco pensar que o cumprimento efusivo tem hora marcada e o que deveria funcionar como sentimento legítimo e autêntico se assume como se um despertador mecânico, preparado para alertar o momento exato da “noite feliz”. Como obrigação compulsória, de maneira pouco leal, vestimos roupas novas, nos abraçamos como se amanhã fosse um dia de triunfo. E com brindes saudamos o nascimento de um Cristo proscrito, como se lá fora não houvesse verdadeiros Cristos passando fome, sem abrigo, buscando emprego e carentes de abraços sociais.

E quem garante que o 31 de dezembro é dia de mudança? Quem tem esperança que ano eleitoral, com as campanhas que já se desenham, será promessa de virada? Pensando o Natal como marco deste 2021, pode-se supor o futuro como ameaça clara. Pessimista eu? Não. Nem realista sou. Tudo que proponho é que assumamos o “Pós-Natal”, e a partir da consciência de um tempo que já não é novo mudemos. Mudemos em conjunto. E então, que venha 2022. Vamos conversar mais no ano que vem...

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

TELINHA QUENTE 378

Das mentes de Steve Martin, Dan Fogelman e John Hoffman, Only Murders in the Building é uma série memorável de comédia, mistério e assassinato. A história gira em torno de três estranhos (Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez) que compartilham uma obsessão por histórias de crimes reais e que de repente se veem envolvidos em uma. Quando uma morte horrível acontece em seu exclusivo prédio de apartamentos do Upper West Side, em Nova York, os três suspeitam que seja um assassinato e usam seus conhecimentos em crimes para descobrir a verdade. Ao gravar um podcast para documentar o caso, os três descobrem os complexos segredos do edifício, que datam de muitos anos. Talvez o mais explosivo seja as mentiras que contam uns aos outros. Logo, o ameaçado trio percebe que pode haver um assassino vivendo entre eles e correm para decifrar a montanha de pistas antes que seja tarde demais.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

CAIXA DE MÚSICA 485

Com influências que passam por The Smiths, The Jesus and Mary Chain, The Cure, The Field Mice, o quinteto norte-americano Massages ressuscita um breve momento romântico no final dos anos 80, logo após o pós-punk e imediatamente antes do alt-rock.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

PAPIRO VIRTUAL 206

Rachel de Queiroz foi uma tradutora, romancista, escritora, jornalista, cronista prolífica e importante dramaturga brasileira. Autora de destaque na ficção social nordestina, foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras em 1977.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

TELONA QUENTE 389

Crítica do filme Natal em 8 Bits (HBO Max)

Natal em 8 Bits é uma viagem ao passado divertida e nostálgica. Ambientada em Chicago no fim da década de 1980, a história conta a tarefa hercúlea do pequeno Jake Doyle em busca do melhor e mais recente videogame para o Natal.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

CONTANDO A VIDA 370

 COCA COLA E CRÍTICA MUSICAL.


José Carlos Sebe Bom Meihy

para Paulo Pereira.

A história do refrigerante mais conhecido do mundo, a Coca Cola, se confunde com o trajeto da propaganda em nível global. E tudo começou em 1886, em uma farmácia na cidade de Atlanta, nos Estados Unidos. Incialmente como xarope, o produto foi sendo adaptado, ganhando gosto popular, até chegar ao pódio das empresas de maior sucesso de todos os tempos. Atualmente, em cerca de 200 países, sua presença na cultura global é irrefutável. Como símbolo reconhecido e esteticamente bem resolvido, a coca cola passou a se prestar também como identificação pop dos Estados Unidos, mas insinuando-se também como pretexto de crítica ao imperialismo ianque.

A coca cola chegou ao Brasil em 1941, compondo o alargamento americano promovido pela participação na Segunda Guerra Mundial. A estreia do produto em nossa terra deveu-se à satisfação dos soldados que saboreavam um produto típico de sua cultura. O cenário era o então chamado “corredor da vitória” que ia da cidade do Recife (porto de chegada) a Natal (principal posto de lotação dos pracinhas). Valendo-se de uma fábrica de água gaseificada preexistente na capital pernambucana, o próximo passo se deu no Rio, então capital federal.

Passada a fase da Guerra, como parte de um complexo programa de modernização composto principalmente pela divulgação da música, do cinema e da literatura estadunidenses, a coca cola integrava um pacote que trocava a velha tradição europeia pelas influências norte-americanas - isso, aliás, ocorria mundo afora como recurso de sedução cultural. Sutilmente, porém, reações despontavam, deixando transparecer críticas ao sistema capitalista que se impunha em miúdos comerciais como tênis, camisetas, chicletes, cigarros, batatas chips, incluindo a popularizada coca cola. Na contramão repontavam reações políticas que se insinuavam percorrendo um caminho de resistência pouco notada, vista sempre isoladamente.

Em termos de música popular, curiosamente pela primeira vez a marca apareceu em 1956, num xote de Luiz Gonzaga que compôs com Zé Dantas uma engraçada referência contida na gravação “Siri jogando bola” com a seguinte passagem “vi um jumento beber vinte coca cola/ Ficar cheio que nem bola/ E dar um arroto de lascar”. Pela ironia e pelo sucesso justificado na informalidade da música nordestina, houve reação expressa pela crítica classista, que levou o apresentador Flavio Cavalcante, em um dos mais importantes programas de televisão, a quebrar em cena o disco gravado pelo Gonzagão.

Demorou um pouco até que a coca cola voltasse à música. E veio forte, com a assinatura vibrante de Caetano Veloso que, no festival de 1967, fez o país vibrar com “Liberdade, liberdade”, narrando um vagante brasileiro “por entre fotos e nomes/ os olhos cheios de cores/ o peito cheio de amores vãos”. E progredindo o bardo dava conta de um brasileiro atônito, falando de sua saga desconexa “Ela pensa em casamento/ E eu nunca mais fui à escola/ Sem lenço e sem documento/ eu vou/ eu tomo uma coca cola/ Ela pensa em casamento”. A bricolagem factual embutia crítica a um certo desnorteio cultural desafiante de posicionamentos.

Nenhuma menção ao impacto da marca no Brasil pode deixar de saudar a “Geração coca cola” do grupo brasiliense “Legião Urbana”. O texto de Renato Russo, funcionou como espécie de consciência orientada contra o padrão norte-americanizado. Convém lembrar que falamos de um momento em que a abertura política já estava definida e que bandas assumiam a versão brasileira de protestos legitimados por variações do rock. Então “Paralamas do Sucesso”, “Capital Inicial” e “Titãs” faziam os jovens repetir esculachos políticos e críticas sociais. No radicalismo desta pauta, a Legião fazia o público delirar entoando, como se hino fosse, “quando nascemos fomos programados/ a receber o que vocês/ nos empurraram com os enlatados/ dos U.S.A./ de nove às seis/ desde pequenos nós comemos lixo/ comercial e industrial/ mas agora chegou nossa vez/ vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês/ somos os filhos da revolução/ somos burgueses sem religião/ somos o futuro da nação/ geração coca cola”. E o estridente estribilho bradava “somos os filhos da revolução/ somos burgueses sem religião/ somos o futuro da nação/ geração coca cola/ geração coca cola”.

Tanto grito revoltado possibilitou um debate envolvendo a coca cola e a nossa cultura. Em 1984, Lulu Santos compôs com parceiros “o último romântico” e o fez exatamente retomando o Caetano de “Liberdade, liberdade”, tentando avançar na meditação sobre o imperialismo. Dialogando com “Liberdade, liberdade”, agora em um balada chegada ao rock, um tanto conformado, desapontado mesmo, Lulu se expressa avaliando o processo “Faltava abandonar a velha escola/ tomar o mundo feito coca cola/ fazer da minha vida sempre/ o meu passeio público/ e ao mesmo tempo fazer dela/ o meu caminho só, único”. E concluía laconicamente se apresentando como “o último romântico”. Em síntese, a conclusão apontava a morte da crítica ao capitalismo e o triunfo inquestionado da marca como símbolo.

Mas a coca cola está aí, firme, presente, continuando sua missão metafórica sobre nós. Não convém, contudo, liquidar a esperança de desdobramentos críticos... Quem sabe, logo surgirá uma nova canção para nos lembrar que o combate continua. Tem que continuar. Quem sabe?... E se alguém discordar pode abrir uma coca cola e beber o dia de nossa virada que há de vir. Quem sabe o “último romântico” tenha aprendido algo da “geração coca cola” e entoe o “Liberdade, liberdade” que, aliás, começou num xote bem nordestino, confirmando que coca cola causa arroto.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

TELINHA QUENTE 377

Crítica da minissérie Da Terra à Lua (HBO Max)

Esta minissérie original da HBO conta a épica aventura da conquista da Lua. Da disputa com a URSS para colocar o primeiro homem na superfície lunar, passando pelos voos orbitais, à histórica aterrisagem da Apollo 11 e o dramático acidente com a Apollo 13, assim como o crescente desinteresse do público pelo programa lunar.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

CAIXA DE MÚSICA 484

Você conhece Ed Lincoln, o Rei dos Bailes, nos anos 60 e precursor do sambalanço e do samba-rock?

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

PAPIRO VIRTUAL 205

Graciliano Ramos de Oliveira foi um romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro do século XX, mais conhecido por sua obra Vidas Secas.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

TELONA QUENTE 388

Análise e Crítica do filme Ataque dos Cães (Netflix) + HISTÓRIA EXPLICADA

Um fazendeiro durão trava uma guerra de ameaças contra a nova esposa do irmão e seu filho adolescente, até que antigos segredos vêm à tona.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

CONTANDO A VIDA 369

ALZHEIMER.

José Carlos Sebe Bom Meihy


Algumas vezes tentei escrever sobre minhas experiências com a chamada “doença de alzheimer (ainda que o corretor insistisse no “A” maiúsculo optei pelo minúsculo, jeito de vingar-me do mal). Em cada aposta encarei abismos. Desisti, não sem me sentir medroso, pequeno e desvalido. É difícil escrever chorando... Tudo é tão triste...

Dia destes ouvi alguém perguntado em um círculo de amigos: como gostaria de morrer? Com pequenas variações escutei: “dormindo”, “de ataque fulminante”, “de um raio fatal”, enfim, sempre de algo instantâneo e sem sofrimento prévio. Houve um mais romântico que pontificou “depois de um bom banho de mar”, e até quebrando a solenidade outro tagarelou “bêbado”. Meditando sobre essa fala, me questionei a respeito da ausência de fatores variados, de doenças crônicas, por exemplo. Ninguém mencionou cânceres, complicações hepáticas, cardiopatias, males do pulmão, dos rins, dos ossos... No agridoce daquela conversa, houve também um certo que soltou a piada conhecida, que referia a eventual escolha entre alzheimer e parkinson e então, não teve como disfarçar o abatimento que, afinal, creditava risos ao esquecimento da bebida ou seu derramamento. Macabro, né? Macabro principalmente para quem vive o drama em família.

Pois é, em meu caso, padeço desta síndrome em escala familiar. Não me faltam motivos: tenho cinco tios (de 16 irmãos) pelo lado materno que sofreram com isso, minha mãe inclusive; meu irmão e minha irmã se somaram ao triste conjunto. Dói tanto recordar que minha mãe, a mulher mais lutadora que supus encontrar, um dia olhou para mim, depois de repetidos abandonos de si, e perguntou se eu era seu pai, como ela se chamava, onde estavam suas bonecas. E como era comovente ver aquela guerreira se tornar menina, menininha, inocente criança que só queria brincar. De vez em quando, mamãe chorava e eu vendo não havia como me controlar.

Com meu irmão não foi diferente, o negociante contumaz, o homem de negócios que sabia fazer contas como ninguém, se tornou um garoto intimidado que batia o pé pedindo doces, querendo ir para a praia e que só se acalmava quando ouvia música sertaneja. Um dia – dos mais difíceis de minha vida – ele foi passar a manhã na loja da família e saiu sem que percebêssemos perdendo-se na multidão. Era um sábado e no Mercado Municipal, aturdido, alguém conhecido o encontrou e por caridade deu carona até sua casa sem, contudo, nos avisar. Quase enlouquecemos e fomos parar na polícia suspeitando sequestro. Demorou para conhecermos seu destino e tudo apenas ficou claro quando ao dar a notícia para minha cunhada entendemos o acontecimento.

Todos se foram por doenças diferentes, pois aprende-se que o alzheimer faz sofrer, mas não mata. E anos de convívio não nos domesticam. Pouco se aprende com a intimidade forçada pela doença. E não há melhor alento que o exercício da paciência. Os paliativos existentes, além de extremamente caros, são de efeitos frustrantes, ainda que retardem progressos. Difícil garantir o que é mais cruel na progressão dessa saga malévola. Se é válido dizer que algum pálido consolo existe, em meu caso familiar, é que os episódios de reações violentas podem ser contornados com calmantes e, de certa, forma são passageiros. Mas para os acompanhantes de longas jornadas... Para os responsáveis cabe o espinho insistente da aceitação na chave compulsória.

O desgaste inerente ao caso desequilibra progressivamente as relações. Tudo é muito sofrido. Dói tanto perceber nos olhos dos acometidos o abandono do mundo. E o melhor que podemos é falar a língua deles, andar os passos deles, respeitar seus modos alienados, fazer-se doente por empréstimo. Há, diga-se, um ritmo nas mudanças de comportamento dos adoecidos. A cognição normal vai se esvaindo levemente. Um esquecimento aqui, uma repetição acola; de lapsos brandos tornam-se moderados, passam a não ser incomuns e tornam-se falhas graves, insanas, consequentes, incontroladas.

Quando chega o momento familiar, aquele instante fatal das decisões conjuntas, é preciso muita força. Muita. Quisera aprender as lições da dor de despedidas chorosas. Quisera ser conformado. Quisera crer em milagres, mas não. Ainda não aprendi sobre conformações. Será que alguém sabe?

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

TELINHA QUENTE 376

Crítica da primeira temporada de Merlí. Sapere Aude (HBO Max)


Poucas semanas após a morte de Merlí, os pais de Pol, seu aluno mais talentoso, o incentivam a ir para a universidade e seguir o caminho de seu professor. Embora ainda inseguro sobre o próprio futuro, Pol, aos poucos, vai fazendo novas amizades e também descobre entre os professores uma mulher irreverente e de língua afiada que promete se tornar sua nova referência.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

CAIXA DE MÚSICA 483

Oppenheimer Analysis foi formado em Londres, em 1982, por Andy Oppenheimer e Martin Lloyd. Seu primeiro encontro, entretanto, foi na Convenção Mundial de Ficção Científica, de 1979, em Brighton. Eles rapidamente se tornaram amigos, compartilhando o interesse pelo trabalho de David Bowie, música eletrônica e as primeiras bandas de synthpop, como Human League e Soft Cell. Eles também compartilhavam o amor por antigos filmes de ficção científica, quadrinhos dos anos 1950 e um fascínio pela propaganda pós-Segunda Guerra Mundial, pela política e estética da Guerra Fria e pelo impacto social da bomba atômica. Nos anos seguintes, Andy e Martin frequentaram a cena crescente dos clubes, incluindo o Studio 21 em Oxford Street, e se envolveram no desenvolvimento de subculturas de estilo Futurista e New Romantic. Durante este período, Martin gravou como Analysis, tanto sozinho, quanto com David Rome, do Drinking Electricity. Em 1982, Oppenheimer Analysis começou a escrever e gravar juntos no Feedback Studio em Battersea, e se apresentou várias vezes no The Bell, Islington, na World David Bowie Convenção em 1983, em Hammersmith, Starzone Birthday Party no Camden Palace, a Convenção Europeia de Ficção Científica de 1984, em Brighton e outros locais. Sua primeira demo e a fita cassete com doze músicas “New Mexico” foram vendidas em shows e por correspondência, e foram resenhadas na Melody Maker, Sounds e Soundmaker. Nos anos que se seguiram, Oppenheimer Analysis tornou-se conhecido entre os fãs de música eletrônica como dupla pioneira, que influenciou inúmeras outras bandas durante a era de clubes e gravações caseiras do início dos anos 1980 e além.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

PAPIRO VIRTUAL 204

Cecília Benevides de Carvalho Meireles foi uma jornalista, pintora, poeta, escritora e professora brasileira.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

TELONA QUENTE 387

Crítica do filme Spencer (2021)

Spencer fantasia o que poderia ter acontecido nos últimos dias do casamento da princesa Diana com o príncipe Charles. O relacionamento há muito esfriara. Embora houvesse muitos rumores de casos e de divórcio, a paz fora ordenada para as festividades de Natal, em Sandringham, casa de campo da Família Real. O evento é repleto de comida e bebida, tiro e caça. Diana conhece as regras do jogo de aparências. Mas, este ano, as coisas serão muito diferentes.

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

TELINHA QUENTE 375



Crítica da minissérie Da Terra à Lua (HBO Max)

Esta minissérie original da HBO conta a épica aventura da conquista da Lua. Da disputa com a URSS para colocar o primeiro homem na superfície lunar, passando pelos voos orbitais, à histórica aterrisagem da Apollo 11 e o dramático acidente com a Apollo 13, assim como o crescente desinteresse do público pelo programa lunar.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

CAIXA DE MÚSICA 482

Crítica do álbum Ch1. Vs.1 (2021), de Cynthia Erivo

Talento Cynthia Erivo tem de sobra: já faturou Grammy, Tony e foi indicado a Emmy e Oscar. Depois de interpretar Aretha Franklin na TV e atuar na Broadway no musical A Cor Púrpura, a britânica se lança com álbum de material inédito.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

PAPIRO VIRTUAL 203

Murilo Monteiro Mendes foi um poeta e prosador brasileiro, expoente do surrealismo no movimento modernista brasileiro.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

TELONA QUENTE 386

Crítica do filme Ventos da Liberdade (Amazon Prime)

No verão de 1979, duas famílias da Alemanha Oriental estão desesperadas para emigrar para o Ocidente. Para cruzar a fronteira, planejam usar um balão de ar quente, mas, a polícia descobre o plano e passa a persegui-los como traidores.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

CONTANDO A VIDA 368

DIREITO À MEMÓRIA, DONOS DA HISÓRIA.

José Carlos Sebe Bom Meihy


Das mais estranhas experiências que passamos é a aprendizagem, nos bancos escolares, da grafia de nosso nome. Claro que isso é um processo respeitável, mas, não sei porque deveríamos aprender em casa, com nossos pais. O mesmo se diz sobre a História, como disciplina. Pelos livros, mediada por professores, aos poucos vamos nos instruindo daquela grande História, os feitos gravados em páginas documentadas. Tudo é muito solene e distante, às vezes, profissional e frio demais.

O correr do tempo tem proposto alternativas e nesse quesito, a eletrônica tem possibilitado cortar caminhos. As redes sociais, os blogs e a febre dos stories acaba propondo diálogos com a tal grande História. em contraste, fala-se de registros de experiências retraçadas no cotidiano, fiadas em tecidos bordados na espontaneidade corriqueira. É aí que entra a mania de memória. Repararam como hoje tudo é “memória”? pois bem, esse fenômeno merece algum cuidado, pois parece que veio para ficar.

Ao longo de décadas recentes, ficam claras as preocupações de segmentos diversos atentos ao registro de experiências pessoais e coletivas. Todo ser humano nasce inscrito em complexas redes que afetam diretamente sua percepção de mundo. Comungada com atributos biológicos, tais eventos são filtrados por experiências individuais, sem perder as marcas da sociedade envolvente. É, portanto, pela condição pessoal que as circunstâncias experimentadas por todos é assinalada. Deste modo, toda experiência pessoal é coletiva e toda experiência coletiva é mediada por reações individuais.

Uma das manifestações mais surpreendentes remete ao direito de registro e análise de fenômenos que dizem respeito a todos. Em termos de ponderações, sobre o vivido, uma linha divisória separa o que é acadêmico do que não o é. Uma das presenças marcantes da possibilidade de variação de procedimentos remete exatamente às facilidades de produção de registros que se fazem corriqueiras graças às conquistas eletrônicas. Famílias, clubes, grupos de trabalho, associações de recreação, instituições em geral, se apresentam como produtoras de documentos e como agentes analíticos dos próprios feitos. Subjacente a isto, preside uma questão pouco considerada, mas de contornos práticos, éticos e até morais: quem tem direito de fazer a história pessoal e de outros? Há privilégios ou aptidões específicas para a vontade de historiar? Afinal, quem é quem no conjunto de possibilidades de produção de documentos e exercício do exame de projetos sobre registros pessoais e coletivos?

Mais do que a profissionalização das análises sociais, o desejo de lugar histórico dá palco à alternativas que permitem convívio entre pesquisas promovidas por especialistas e amadores, em qualquer campo. Democraticamente, a possibilidade é de todos, mas há de se respeitar os códigos comunicativos de cada situação, bem como habilidades sistêmicas treinadas. A recolha de elementos registrados tanto pode ser feita por qualquer interessado como por especialistas que se preparam para tanto. Há, contudo, critérios e exigências diferentes. Além da produção documental, fala-se também em exames analíticos que, afinal, passam pela mesma triagem.

Qualquer menção que demande história é produzida e elaborada na memória. Desta certeza pode-se aferir que a consciência é inerente a vida de quem guarda sensações. Como condição existencial a memória equivale à existência. A falibilidade da vida individual, contudo, tem transcendências que encadeiam a vida social. Os indivíduos morrem, inevitavelmente, mas suas experiências materializadas em registros comunicam, no coletivo, o sentido da vida comunitária. Neste sentido, pode-se dizer que há uma imortalidade da memória, ainda que haja transitoriedade na contribuição pessoal. No vai-e-vem progressivo das experiências grupais, o progresso dos mecanismos de registros corresponde à evolução das formas de constituição dos objetos portadores de significados.

A noção da intimidade indissociável entre o que se registra e como os registros são feitos, exige que se historie alguns passos decisivos na ordem dinâmica das matérias. Como marco divisor inexorável, a escrita se porta como estojo onde se arquivam as manifestações da memória materializada. Fala-se, portanto, de duas maneiras de transmissão dos registros de memória: a oralidade e a escrita. Ainda que presidam interações constantes e aceleradas, a radicalidade dessas matrizes requer cuidados: uma coisa é transmissão oral; outra transmissão escrita. Códigos diferentes, o oral se distingue do escrito desde suas propostas de registros. A memória de transmissão oral depende de processos – pessoais e coletivos – que exigem conexões emocionais. A memória de transmissão escrita se ordena segundo certa racionalidade. Entre uma e outra, o uso dos sentidos atua como fórmula variável. O tato, por exemplo, organiza as soluções escritas de maneira a processar a memória segundo modos diversos da fala.

É incerto o futuro dos estudos sobre a memória e sobre seus efeitos na produção da História. O que se mostra sagrado e democrático, contudo, é a nossa possibilidade de aproveitar a eletrônica e pensar nos registros que queremos deixar. Viva a História dos historiadores, mas viva também aquela que decorre dos nossos registros de memória.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

TELINHA QUENTE 374

Crítica da minissérie A Mais Pura Verdade (Netflix)


Após uma noite desastrosa com o irmão, um comediante famoso vê sua vida virar de cabeça para baixo, correndo o risco de perder tudo o que conquistou.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

CAIXA DE MÚSICA 481

Marcado pela sonoridade intimista do folk e country dos anos 70, o terceiro álbum de Azniv Korkejian tem tudo para agradar a fãs desde Fleetwood Mac e Joni Mitchell à Rumer.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

PAPIRO VIRTUAL 202

Oswald de Andrade foi poeta, escritor, ensaísta e dramaturgo. Um dos promotores da Semana de Arte Moderna, que ocorreu em 1922, na cidade de São Paulo, tornando-se um dos grandes nomes do modernismo literário brasileiro. Ficou conhecido pelo seu temperamento irreverente e combativo.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

TELONA QUENTE 385

Crítica do filme Identidade (Netflix) + UM POUCO DO CONTEXTO HISTÓRICO

Na Nova York dos anos 1920, uma mulher negra vê seu mundo virar de cabeça para baixo depois de se envolver com uma amiga de infância que finge ser branca.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

CONTANDO A VIDA 367

RACISMO: AS LEIS E O COMPORTAMENTO.

José Carlos Sebe Bom Meihy

Ledo engano pensar que a crescente onda contra o racismo no Brasil é fenômeno recente. Nada! A luta é antiga e cheia de nuanças que vão bem além de enquadramentos esquemáticos, querelas que se perdem em detalhes conceituais ou indicações de exceções. Hoje fala-se muito em referências, mas algumas delas poderiam ser recuperadas a partir de situações empalidecidas, nem sempre evocadas. E convém garantir de saída que o problema é não só do povo preto. Não mesmo, pois racismo é doença do tecido social. Todos estamos implicados e é tarefa coletiva apagar esta sombra que nos persegue historicamente.

O adjetivo “estrutural” tem qualificado o debate, mas ele não é suficiente para explicar atitudes que vem ganhando regramentos, denúncias e condenações. Isto, aliás, é quase nada. O caminho da consciência antirracista é manhoso e exige argumentos capazes de extrapolar o espírito das palavras. Precisamos estudar, pesquisar, apontar gargalos e assumir estratégias eficientes no combate ao vexaminoso comportamento perversamente colado na nossa formação desde o amanhecer colonial.

Com mais vigor, o combate ao racismo despontou no Brasil a partir dos anos de 1930. A ditadura do Estado Novo em 1937 tratou de mitigar conquistas, mas bastou a fase democrática se abrir depois de 1945 para que o combate retornasse, implicando inclusive discussão na Constituinte de 1946, ainda que as propostas não lograssem êxito. De toda forma, novas andanças sucederam, algumas até notadas internacionalmente, quando em 1948 o Brasil fez-se signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em termos práticos a Constituição de 1967 e a Emenda de 1969 deram contorno nacional definitivo ao problema. Nesse esforço a Constituição de 1988 se fez grandiosa e vem sendo melhorada progressivamente.

Todo este tortuoso trajeto teve momento fatal na Abolição dos escravos, recurso espetaculoso que pouco – ou nada – resultou em favor da inclusão dos cerca de 700 mil libertados, no 13 de maio de 1888. O vazio de programas legou a população liberada à própria sorte. Some-se a isso resultados da decadência do café, esgotamento das instituições civis, prejuízos acumulados pelas guerras do Paraguai e Canudos, deslocamentos populacionais. A iminência do fim do Império suscitou a Proclamação atabalhoada da República que, aliás, teve um militar, monarquista, como líder.

No ambiente confuso da mudança de regime, as urgências demandavam reordenamento das elites e a obsessão pelo poder empurrava os despossuídos, principalmente os negros, para as periferias onde estão, em maioria desproporcional até hoje. E os dados são irrefutáveis: 54% da população é negra segundo dados do IBGE; o número de encarcerados pretos ou pardos excede 67%; os favelados somam mais de 74%, os magistrados não perfazem 2%, e 6 em cada criança morta na primeira infância é negra.

Nem é preciso insistir na originalidade do comportamento cultural do nosso racismo. O disfarce sempre foi marca que nos mostrava como estrangeiro o autêntico preconceito. Assim como decantávamos nossa “tolerância” (palavrinha complicada, não?!) nos era fácil indicar que nos Estados Unidos, sim, havia racismo. A constatação das diferenças entre o entendimento distintivo do tratamento racial, contudo, pode ser mais bem avaliado quando são considerados momentos fundamentais da exposição pública do problema. E nada mais explícito que contrastar o combate ao racismo aqui e alhures.

Há um caso notável na experiência do nosso racismo que se presta a isso. Corria o ano de 1950, no mês de julho, numa noite particularmente fria, a dançarina norte-americana Katherine Dunham se apresentava no Teatro Municipal em São Paulo. Com sua equipe, fizera reserva no Hotel Esplanada, então o mais reputado da capital paulista. O espetáculo era aguardado, pois remetia a exibição incomum entre nós de danças africanas em espaço da elite requintada. Além disto, a apresentação era comandada pela mais aclamada ativista e respeitada antropóloga militante do movimento em favor do combate ao racismo nos Estados Unidos. Barrada no hotel por ser “de cor”, a atriz, que era convidada oficial da cidade, não perdeu a oportunidade para denunciar o caso. Chamando a impressa para colocar à público o vexame, denunciou o incômodo, taxado como “ofensivo à dignidade humana”. O Correio Paulistano deu destaque à notícia que, por sua vez, provocou alguém como Gilberto Freyre então deputado - o mesmo que caracterizou a “democracia racial” - a considerar o caso como ultrajante ao ponto de “amesquinhar-nos em sub-nação”.

Como rastilho de pólvora, o assunto mexeu com os brios legislativos ao ponto do também deputado Afonso Arinos apresentar projeto agravando o conceito de preconceito racial, elevando-o à categoria de contravenção penal, sujeito a pagamento de multa e/ou cumprir pena de prisão até um ano. O ato foi aprovado com o nome de Lei Afonso Arinos que, mesmo vigorando, jamais atingiu efeitos minimamente desejáveis. Daí em diante, leis se complementaram até o presente quando, finalmente, vimos aprovada no Senado Federal, dia 18 de novembro último, a proposta que equipara “injuria racial” (ofensa dirigida a uma pessoa em particular) à condição de “crime racial” (ataque que atinge a coletividade), com pena de dois a cinco anos de prisão e pagamento de multa.

Andamos? Esta é a pergunta que temos que fazer. Se a consideração remeter ao acatamento legal, até admitimos concordar, mas se forem consideradas as mudanças nos comportamentos culturais... Ainda o caminho é longo, mas sigamos imaginando que dias melhores virão e que os próprios negros são arautos da diminuição das diferenças insuportáveis.

terça-feira, 23 de novembro de 2021

TELINHA QUENTE 373

Crítica da primeira temporada de Enfermeiros – Uma Nova Era (Globoplay)

O ano é 1952 e a Dinamarca precisa urgentemente de enfermeiras. O Hospital Fredenslund, então, inicia um experimento polêmico - aceitará homens como estudantes de enfermagem.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

CAIXA DE MÚSICA 480

Crítica do álbum An Evening with Silk Sonic (2021) – COMO NÃO AMAR Bruno Mars e Anderson Paak?

Bruno Mars e Anderson Paak juntaram forças e vasto conhecimento de soul e funk dos anos70. O resultado é um álbum contagiante.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

PAPIRO VIRTUAL 201

Mário Raul de Morais Andrade foi um poeta, romancista, musicólogo, historiador de arte, crítico e fotógrafo brasileiro. Um dos fundadores do modernismo no país, ele praticamente criou a poesia brasileira moderna com a publicação de sua Pauliceia Desvairada em 1922.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

TELONA QUENTE 384

Crítica do filme 7 Prisioneiros (Netflix)

Um jovem humilde precisa escapar das garras de um traficante de pessoas. Será que ele vai conseguir se manter fiel aos seus princípios enquanto luta para sobreviver?

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

CONTANDO A VIDA 366

DESASSOSSEGADO COM FERNANDO PESSOA.

José Carlos Sebe Bom Meihy

Como as artes ajudam! Sempre. Salvam-nos pelo reencantamento do mundo, pela alternativa ao real, pela beleza sensibilizada. Vale perguntar o que seria de nosso agora sem o convívio com a música, filmes, novelas, leituras, pequenos clips que sejam. Não sou exatamente do tipo que relativiza tudo e se vale da lenga do copo meio cheio, meio vazio. Não mesmo. A carapuça de pessimista veste bem minha personalidade que, aliás, só não me envenena graças às catarses permitidas por devaneios estimulados. E choro pelo negacionismo que tudo anula, despreza, desalenta. E domestico a grandiosidade do perigo anunciado pela política aprendendo a esperar. Mas não é alheamento passivo. É aguardo instruído. Poetado. 

Em meio a um tecido de lamúrias contidas, um escrito de Fernando Pessoa soou-me como pretexto. O mais amado dos poetas portugueses contemporâneos, quase sempre evocado pelo seu lado mais tangível, acabou por provocar em mim um alívio filosófico motivador de certa alienação do bem. Dono de heterônimos (21, 72, 127?) ele abrigou um sem-número de outros “eus” guardados pelo denominador comum contido no “poeta fingidor”. Nas delícias de rimas enigmáticas, porém, esquecemo-nos de uma de suas dimensões mais lustrosas, esta sim, dona de dificuldades provocantes. Falo especificamente de um dos conjuntos mais inquietos da poética ocidental, exatamente do “Livro do desassossego”.

Ah, o “Livro do desassossego”!... Lembremos, são 500 entradas, não dispostas em ordem sequente e que, fragmentadas, oferecem articulação exigente da organização interpretativa do leitor. Foi pensando nesses cacos soltos que fiz uma ligação pessoal e oportuna. Creio que a primeira informação que desafiou essa minha travessia, quando ainda menino, foi causada pela prática que exercitou escrevendo cartas para si mesmo. Outro lance que me fisgou foi a dimensão da frase de Plutarco “navegar é preciso, viver não é preciso”. Guardo bem a sensação desconfortável sobre incerteza do verbo “precisar”: precisar como necessidade; precisar como exatidão. Desde então, aprendi a navegar no mar Pessoa exatamente sem exatidões.

É claro que da coleção de detalhes intrigantes, minha leitura desnorteada não poderia deixar o registro da demora da colocação pública do tal “Livro do desassossego”. Morto em 1935, apenas em 1962 alguns fragmentos foram lançados, sendo que se esperou até 1982 por uma edição integral. E como as entradas, como se diário fossem, são desconcertantes. Confesso que fiz uma pequena lista de ligações, mas me detive em um quesito que se ajusta perfeitamente ao meu ânimo atual. Reuni duas passagens que falam contra ativismos desesperados. A primeira delas leva o título de “Maneira de bem sonhar” e aconselha:

Adia tudo. Nunca se deve fazer hoje o que se pode deixar de fazer também amanhã.

Nem mesmo é necessário que se faça qualquer coisa, amanhã ou hoje. Nunca penses no que vais fazer. Não o faças. Vive a tua vida. Não sejas vivido por ela. Na verdade, e no erro, no gozo e no mal-estar, sê o teu próprio ser. Só poderás fazer isso sonhando porque a tua vida real, a tua vida humana é aquela que não é tua, mas dos outros... Despreza tudo, mas de modo que o desprezar te não incomode. Não te julgues superior ao desprezares. A arte do desprezo nobre está nisso.

 

Em outra passagem intitulada “A inacção consola de tudo” Pessoa completa a mensagem anterior e prossegue a lição:

Não agir dá-nos tudo. Imaginar é tudo, desde que não tenda para agir. Ninguém pode ser rei do mundo senão em sonho. E cada um de nós, se deveras se conhece, quer ser rei do mundo. Não ser, pensando, é o trono. Não querer, desejando, é a coroa. Temos o que abdicamos, porque o conservamos, sonhando, intacto eternamente à luz do sol que não há, ou da lua que não pode haver.

 Pois é, comecei falando da beleza da arte como válvula de tantas incertezas e crueldades que nos são cenários. Aconteceu de, pela poesia, pelas mãos de Pessoa, ler que devo adiar o meu desespero mutante do presente. O poeta mandou esperar. Resta obedecer. Deixemos para amanhã o que fatalmente vai acontecer. Vivamos a tal alienação do bem. Vivamos lendo desassossegadamente...  

terça-feira, 16 de novembro de 2021

TELINHA QUENTE 372

Crítica da minissérie Assassinato do Primeiro-Ministro (Netflix)

Um homem alega ter testemunhado o assassinato do primeiro-ministro da Suécia, Olof Palme, mas ele pode estar mais envolvido no crime do que se imagina.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

CAIXA DE MÚSICA 479

Roberto Rillo Bíscaro

Inspirado pelo Monte Paektu, "Seeking New Gods" mostra o vocalista do Super Furry Animals mitificando uma montanha sônica envolvente, de sua própria criação. Gravado durante curta e intensa temporada no deserto de Mojave, bem como em Bristol, e mixado pelo lendário produtor dos Beastie Boys, Mário Caldato.

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

PAPIRO VIRTUAL 200

Antero Tarquínio de Quental foi um escritor e poeta português do século XIX que teve um papel importante no movimento da Geração de 70.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

TELONA QUENTE 383

A Ghost Waits é uma comédia romântica de terror, dirigida por Adam Stovall. O filme, que é em preto e branco, gira em torno de um faz-tudo que se apaixona por um fantasma.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

CONTAND A VIDA 365

 AS ROSAS NÃO FALAM...


José Carlos Sebe Bom Meihy

Difícil dizer como as músicas nos afetam e nos envolvem. Não se conhece quem fique alheio aos sons melodiosos que tocam de maneira profunda nossos sentimentos, às vezes nos comovendo às lágrimas, sempre nos arrebatando. E quem não se extasia com ritmos de predileção, deixa-se flanar em devaneios, balbucia letras e até se movimenta em danças imaginárias. Quem não?... Mais ainda, qual é aquele que não guarda historinha ligada a alguma melodia, a um bailinho de outrora, ou a um risco amoroso, quiçá a um beijo? Drummond dizia que “não há saudade sem trilha sonora” e Caio Fernando Abreu repetia que “saudade só é saudade boa se vier acompanhada de alguma canção”. Eu tenho muitas – saudades e músicas. Algumas delas remetem ao nosso grande mestre e compositor Cartola. Entre outras, uma delas me toca mais que tantas, “As rosas não falam”.

Lembro-me de certa feita, ao me preparar para longa temporada no exterior, ter que selecionar alguns LPs (sim, sou daqueles velhos tempos), e logo de saída, entre tantas alternativas, separei uma gravação da Beth Carvalho no álbum “Mundo melhor”, de 1976. Curiosamente, à época da composição, no alvorecer da Abertura Política, cabia um romantismo esperançoso, intimista, capaz de provocar suspiros amorosos.

Talvez seja exagero, mas creio que poucas canções empatam com tanta coerência letra e música. Parece mágica. A cada palavra de “As rosas não falam” um som correspondente dimensiona a fineza apaixonada contida nas palavras da letra. Perfeição. Logicamente, não faltaram evocações justificadas na biografia do compositor sempre devotado à boemia e à paixão. E lendas foram criadas, muitas, algumas enlevadas e repetidas com pequenas variações.

Conta-se que um dia Cartola, depois de breve separação e frente a relutância da amada, ao retornar ao lar, ofereceu à sua companheira, dona Zica, umas mudas de roseiras a serem plantadas no jardinzinho de casa. Passados algum tempo, botões se abriram, e encantada a mulher, surpresa, chamou o companheiro para ver, e, diante de tanta beleza, ela teria questionado às próprias rosas sobre florescimento tão esplendoroso. Dizem que Carola olhando para a mulher teria dito “não sei, e não pergunte as rosas, pois as rosas não falam”. Mitificam ainda afirmando que em seguida Cartola pegou o violão e de vez só dedilhou a composição com a seguinte letra:

“Bate outra vez/ Com esperanças o meu coração/ Pois já vai terminando o verão/ Enfim... Volto ao jardim/ Com a certeza que devo chorar/ Pois bem sei que não queres voltar/ Para mim/ Queixo-me às rosas/ Que bobagem as rosas não falam/ Simplesmente as rosas exalam/ O perfume que roubam de ti, ai/ Devias vir/ Para ver os meus olhos tristonhos/ E, quem sabe, sonhavas meus sonhos/ Por fim...”

Pois bem, já morando em Nova York, um belo dia resolvi promover um jantar para agradecer amigos que tão bem me acolheram. Entre os convivas havia um crítico de música que ao ouvir o tal álbum, num gesto repentino disse algo próximo disto “Êpa, espera aí, esta canção não é brasileira, é um velho jazz norte-americano, intitulado “La rosita”, de autoria de Bem Wester e Coleman Hawkins. A cordialidade do momento não abrigava discussões, mas agasalhei dúvidas e no outro dia, logo cedo, corri à biblioteca da Universidade que guardava uma discografia exuberante e achei a referência. Com inusitada curiosidade ouvi. E fiquei atônito. Recomendo a todos que busquem https://www.youtube.com/watch?v=zLK2lbRi828 e meditem um pouco sobre a relação entre ambas. Recentemente, lembrei-me dessa história e obtive a confirmação dada por José Ramos Tinhorão: impossível separar as duas versões.

Mas, acima de debates sobre plágio ou outra conceituação pejorativa, cabe saudar o grande Agenor de Oliveira – nome de batismo de Cartola – ressaltando que sua reputação está acima do bem e do mal. Alguém que compôs algo como “Que Infeliz Sorte”, “Divina Dama”, “Quem Me Vê Sorrindo”, “O Sol Nascerá”, “Alvorada”, “Tive Sim”, “O Mundo É um Moinho”, “Acontece”, pode muito. Pode até ter ouvido uma canção e a recriado em linguagem própria. O que não vale é reduzir um compositor tão completo a uma situação que merece ser analisada exatamente na chave da memória. Da mesma memória que marca a subjetividade da música em nossas vidas. E de nada adianta perguntar às rosas. Juro!

terça-feira, 9 de novembro de 2021

TELINHA QUENTE 371

Crítica da segunda temporada de Evil - Contatos Sobrenaturais (Globoplay)

O dilema entre religião e ciência guiam a história da Dra. Kristen Bouchard (Katja Herbers), uma psicóloga cética que se junta a David Acosta (Mike Colter), um padre em formação, e ao empreiteiro Ben Shroff (Aasif Mandvi) para investigar uma série de mistérios envolvendo supostos milagres, possessões demoníacas e outras ocorrências. Juntos, buscam entender se há explicação científica ou se algo sobrenatural está em ação.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

CAIXA DE MÚSICA 478

Ocean to Ocean é o décimo-sexto álbum de estúdio da cantora e compositora americana Tori Amos, lançado em 29 de outubro de 2021. Em meio aos efeitos devastadores da pandemia e de perdas pessoais, Amos novamente abre o coração em letras por vezes brutalmente confessionais, como de costume.

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

PAPIRO VIRTUAL 199

António Castilho de Alcântara Machado d'Oliveira, mais conhecido como António de Alcântara Machado, foi um escritor modernista brasileiro. Segundo o professor e crítico literário João Ribeiro, "um dos maiores nomes da literatura contemporânea, na feição modernista que a caracteriza

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

TELONA QUENTE 382

Crítica do filme O Lobo Atrás da Porta (Netflix)

Clarinha, uma menina de 6 anos, é sequestrada na escola. Seus pais, Sylvia e Bernardo, buscam a ajuda da polícia para tê-la de volta.

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

CONTANDO A VIDA 364


(DE)CANTANDO O SACI.

José Carlos Sebe Bom Meihy


Lindo demais!... Sim, em tempos de tanta desvalia, de ódio detalhado em palavras e gestos obscenos, de negacionismos estridentes e agressões às artes, de combate à inteligência e ao bom senso, de luto e choro, em tempos assim é bom celebrar o dia do Saci. Catarse. Catarse-se. Catarseemo-nos todos, juntos. E com a memória permitida pela esperança, flanemos no devaneio de uma era em que nossa cultura se via feliz, criativa, marota. Resenhando o que fomos, na intimidade do melhor imaginário, prefiguremos lendas, outros mitos não o que agora se pretende. E então soltemos a imaginação constrangida para, no lugar, dar movimento ao popular que habita nossa autenticidade coletiva. E eis que o Saci pode nos levar para regiões anteriores. Como tornou-se bom o ninho das utopias amanhecidas!... Nessa viragem, o Saci ganha lugar-guia e faz-nos sonhadores. Sabe, fico meio bobo pensando na matreirice de suas aprontações, nas delícias do jeito safado que achou para sempre incomodar nossa alma de vocação conformada. E então lanço me solto em busca de razões que explicam o seu e o nosso jeito brasileiro de ver as coisas.

Reza a tradição que há três pistas identificadoras da origem do Saci: indígena, europeia e africana - ou de todas misturadas, filtrando nossa cultura. Se nativa, vinda do Pantanal guarani; se europeia, tanto de raiz nórdica (pelo barrete) ou da herança portuguesa (da brasa nas mãos como teatralizou “o judeu” Antonio José da Silva no “Obras do diabinho da mão furada’”); se africana, colorida na pele tonalizada. E haja tradição oral. De todas as estratégias, porém, uma é mais poderosa pela argúcia sutil. Paradoxos, pois pelas músicas pode-se pensar na conquista de nossas almas. Ah, o cancioneiro sobre o Saci!...

Pode-se pensar que são três os caminhos da sedução musical sacicizada: o erudito, o popular e o infantil. A música, diga-se, foi importante instrumento na reserva de memória afeita ao mais autêntico ethos brasileiro. Em 1912, por exemplo, Villa-Lobos compôs o “Saci" como parte de peça inspirada em nosso imaginário; isto, diga-se uma década antes da Semana de Arte Moderna. Na mesma chave erudita e em continuidade, Francisco Mignone produzia um artefato com o mesmo mote. Juntas estas, entre outras produções “clássicas”, espelhavam um projeto mitológico coerente com o que se fazia mundo afora. Na mesma linha, recentemente, em 1922, Edmundo Villani-Cortes compôs para piano uma espécie de ópera em frações: "Primeira folha do diário do saci" e "Terceira folha do diário de um saci" (para flauta) e "Sétima folha do diário de um saci" (para contrabaixo).

O grande legado musical sobre o Saci, contudo, se deu na passagem do erudito instrumental para o popular cantado, e, isso se inaugurou em 1909 com Chiquinha Gonzaga que cantou com a dupla Os Geraldos "Saci-Pererê". Em 1913, a polca "Saci" de J.B. Nascimento, foi tocada pelo Sexteto da Casa. Como toada, em 1918, Gastão Formenti compôs "Saci-Pererê", de autoria de Joubert de Carvalho. E daí para a frente várias outras se perfilaram em diferentes ritmos nacionais: marchas, sambas, baiões. Talvez, alguns destaques ilustrem a popularidade e recepção do tema pelo público urbano que passava, gradativamente, a consumir gravações: Zé Pagão & Nhô Rosa cantaram "Saci-Pererê", de Ivani, em 1949; Inhana fez enorme sucesso com o baião "Saci", de Antônio Bruno e Ernesto Ianhaen, em 1956; a dupla Torrinha & Canhotinho, fez "Saci-Pererê", em 1959; mas quem “estourou” mesmo foi Araci de Almeida com "Saci-Pererê", marcha de Henrique de Almeida e Rubi, gravada em 1960.

Atravessando o tempo, em 1961 apareceu uma novidade vocalizada por Demetriuso "Rock do Saci", de J. Marascalco e Richard Penniman. O limite dessa saga, contudo, se deu em 1972, com o Tom Jobim na “A águas de março”, lançada em 1973, interpretada por Elis Regina. Grupos e populares passaram pelo tema que, dentre outros, destacam-se o Secos & Molhados, Falamansa, Cheiro de amor, bem como Kleiton e Kledir no grupo Almôndegas que aliás, colocou a canção como tema da telenovela “Saramandaia” em 1975.

Este breve itinerário não poderia deixar de lado a intenção pedagógica, inconsciente, da apropriação do Saci para crianças, e nesta rota nada mais foi eficiente do que a tomada do tema assumidos pela televisão. Enredos dramatizados e musicados dimensionaram abordagens como a composição gravada por Guto Graça Mello que atraiu cantores reputados como Jorge Benjor e Carlinhos Brown. E as variações se multiplicaram com Boca Livre granvando "Saci" de Paulo Jobim e Ronaldo Bastos, 1980); Ruy Maurity com "Sacirerê" de Maurity e Zé Jorge, de 1984; Gilberto Gil com "Saci-Pererê" de 1980; Bia Bedran com "Quintal" de 1992; Mônica Salmaso com "Saci" de Guinga e Paulo César Pinheiro de 1998; Gal Costa o festejou em "Grande Final" de Moraes Moreira de 2004; A Cor do Som com "Dança, Saci" de Mu Carvalho, em 2006; Flávio Paiva em "A festa do Saci" de Paiva e Orlângelo Leal, de 2007.

Enfim... Enfim, eis aí o Saci nos envolteando, permitindo memória perturbadora do que viramos, e, num pulo redentor convidando-nos para desengarrafá-lo solto no ar brasileiro que o quer livre, leve a sábio do próprio destino. Que assim seja, pois é com a recordação do que fomos que continuaremos a ser o que queremos. Que revivamos o saci que somos e não o perfil sem graça e sem tradição, este Brasil sem cultura, pobre, burro, sem memória. Bom dia do Saci.

terça-feira, 2 de novembro de 2021

TELINHA QUENTE 370

Um jogador sem rumo e seus dois amigos se encontram em uma Tóquio paralela, onde são forçados a competir em uma série de jogos sádicos para sobreviver.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

DEMANDA ALBINA


Publicado: Sexta, 22 de Outubro de 2021, 14h58

A mesa diretora do Conselho Nacional de Saúde (CNS) dialogou, nesta quinta-feira (21/10), com representantes do Ministério da Saúde e de movimentos sociais sobre a criação e implementação da Política Nacional de Saúde Integral das Pessoas com Albinismo.

O albinismo é uma condição genética que faz com que as pessoas nasçam sem melanina, a proteína que dá a coloração de olhos, cabelos e pele, o que pode provocar problemas visuais, mais sensibilidade para efeitos do sol (como queimaduras) e lesões e neoplasias na pele.

Atualmente, apesar do déficit de informações sobre o número de albinos no Brasil, estima-se que essa população seja de aproximadamente 21 mil pessoas, segundo informações da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps) do Ministério da Saúde. Apesar disso, em julho de 2020, os registros da Atenção Básica do Sistema Único de Saúde só contabilizavam 1.711 atendimentos.

A justificativa é que a porta de entrada para 95% das pessoas com albinismo no Sistema Único de Saúde (SUS) não é a Atenção Básica, mas sim a Atenção Especializada, o que significa que as pessoas com albinismo acessam o SUS já a partir das complicações de saúde, com diagnósticos de doenças crônicas como o câncer, por exemplo.

“Na inexistência de uma política pública a maioria das pessoas com albinismo busca a rede de saúde já na alta complexidade para ser mutilada”, afirma Joselito Pereira da Luz, diretor da Associação das Pessoas com Albinismo na Bahia (Apalba) e representante do Coletivo Nacional de Pessoas com Albinismo.

Durante a reunião da mesa diretora, o coordenador de Garantia da Equidade do Departamento de Saúde da Família (Desf) do Ministério da Saúde, Marcus Vinícius Barbosa Peixinho, apresentou as ações da pasta em atenção à esta população.

Entre os destaques, está a previsão de incluir o tema nos processos de formação e educação permanente dos trabalhadores da saúde e organizar uma linha de cuidado que promova atenção integral às pessoas com albinismo, articulando as ações de promoção, prevenção e assistência.

Em abril de 2021, o Coletivo Nacional de Pessoas com Albinismo encaminhou ao Ministério da Saúde uma proposta com as diretrizes necessárias para a construção desta política pública. “Nossa luta foi juntar as iniciativas isoladas, coletivas ou individuais para chegarmos até os gestores públicos e fazê-los cumprir um papel negligenciado há tanto tempo”, afirma Joselito.

Para o conselheiro nacional de Saúde Moysés Toniolo, que coordena a Comissão Intersetorial de Atenção à Saúde de Pessoas com Patologias (Ciaspp) no CNS, a expectativa é de chegar a um consenso após finalizar a proposta com as demandas do movimento social e das comissões do CNS. O tema também será analisado em reunião da Ciaspp e da Comissão Intersetorial de Políticas de Promoção da Equidade (Cippe) para contribuições ao texto.

“Já apresentamos uma proposta de política pública elaborada pelo movimento coletivo que o Ministério da Saúde está de acordo. Isso é muito importante e será um excelente avanço para as políticas de inclusão e equidade no SUS”, avalia Moysés ao informar que o tema também será analisado em reunião da Ciaspp e da Comissão Intersetorial de Políticas de Promoção da Equidade (Cippe) para finalizar o texto.

O albinismo acomete todas as raças em todo o mundo, independentemente do sexo, etnia ou condição social. No Brasil, a estimativa de estudos é que o albinismo seja mais comum em regiões com maior incidência de afrodescendentes.

Ascom CNS, com informações de Agência Brasil

Foto: Monusco/Abel Kavanagh
http://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/2110-em-reuniao-com-ministerio-da-saude-cns-demanda-criacao-de-politica-nacional-para-albinos

FOFO ENCONTRO ALBINO

Família tem encontro inesperado com animal albino raro e fofo em floresta

Animal albino raro encontrado na floresta. (Foto: Reprodução/Neil Kelley)

Em um dia de passeio por uma estrada que fica isolada na floresta do Maine, em Portland, nos Estados Unidos, Neil Kelley e sua família perceberam algo inusitado em uma árvore próxima. Um animal exótico e muito fofo do qual não conseguiam evitar olhar.

“Esta criatura peluda branca não se misturou com os arredores”, disse Kelley em entrevista ao site The Dodo. “Seria difícil perder de vista. Não sabíamos o que era até pesquisarmos.”
O animal raro foi encontrado em uma floresta no Maine, em Portland, nos Estados Unidos. (Foto: Reprodução/Neil Kelley)

Porém, na época, os integrantes da família Kelleys não perceberam que o animal conspícuo era uma espécie rara de porco espinho que a maioria das pessoas nunca teriam a chance de encontrar.

Segundo o Departamento de Pesca e Vida Selvagem do interior do Maine, apenas 1 em 10.000 porcos-espinhos nasce albino. O que torna quase impossível se deparar com um pela floresta. E, para a sorte da família, ele parecia bem à vontade em ser notado.
"Ele não se assustou. Estava muito calmo e equilibrado", disse Kelley.

Porco espinho em uma árvore próximo da família. (Foto: Reprodução/Neil Kelley)

Após alguns minutos o animal exótico todo branco decidiu que era hora de descer e ir em busca de novas aventuras. Kelley e sua família observaram enquanto o porco espinho desaparecia tranquilamente, talvez para nunca mais ser visto por novos indivíduos.

"Foi no limite de uma área arborizada muito isolada", disse Kelley, acrescentando que o encontro é algo que ele e sua família não esquecerão tão cedo. "Ficamos surpresos".