quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O TESTE DO MIGUEL NAUFEL


Nosso cronista albino relata um teste que fez durante uma viagem a São Paulo.

O Teste
Minha luta pela aposentadoria continua. Agora, o processo está no IMESC, um departamento da policia federal. Se o INSS recusa uma perícia, o INESC  pode periciar e definir a situação juridicamente; se o parecer do INESC for positivo o INSS tem que aceitar.
Então, estive em Sampa pra dar os documentos ao meu amigo advogado.
Saí de Mococa as 7 da manhã. Estou mais velho e o calor, a claridade o mormaço do dia me cansam. Não tenho mais a mesma disposição física. Isso também me deixa inseguro para caminhar em grandes centros. 
Cheguei em Sampa as 12h e logo que desembarquei no terminal Tietê, na plataforma 22, equipei-me com chapéu, óculos escuros e uma bengala, adquirida no projeto Vida Iluminada, da UNIMED de Mococa, onde trabalhei como voluntário.
É uma bengala pra cegos, daquelas que se dobram e desdobram. Logo que comecei a caminhar em direção às escadas rolantes, alguém se aproximou e perguntou se eu queria ajuda, ao mesmo tempo que segurou meu cotovelo e me direcionou ao primeiro degrau da escada rolante que me levaria ao segundo piso da rodoviária.
Na realidade, caminho bem, não preciso de ajuda, mas quis fazer um teste. Ao chegar no segundo piso, comecei a caminhar em direção ao metrô  e logo alguém me perguntou se gostaria de ajuda. Agradeci e continuei indo até o guichê para comprar o bilhete, pois teria que ir até a estação Santa Cruz.
Na fila, disseram-me que o guichê da esquerda estava vazio e eu poderia ir comprar meu bilhete. Assim que embarquei, percebi que não conseguia ler as placas indicativas dos nomes das estações. Pior, não conseguia entender a voz que indicava o ponto da próxima estação.
As placas das estações eram azuis com letras brancas bem grandes... Agora são brancas escritas com letras verdes pequenas. Fui perguntando às pessoas ate chegar ao ponto onde desembarcaria. Teria que seguir o corredor do lado esquerdo e sair em uma determinada rua.
Novamente, perguntaram-me se precisava de ajuda. Dessa vez disse que sim e a pessoa me levou até a saída. Com um pouco de calma, informei-me a respeito da direção que devia tomar e caminhei na direção correta. Em uma esquina, com um semáforo, outra pessoa me ajudou a atravessar a rua e de pergunta em pergunta cheguei ao escritório de meu amigo.
Voltei para a rodoviária sempre sendo ajudado pelas pessoas que me perguntavam se precisava de ajuda.
Resultado de meu teste: as pessoas se importam com deficientes de maneira geral. Mas, e o governo?
 De volta ao terminal rodoviário, informei-me sobre qual plataforma chegaria o ônibus do Rio de Janeiro, pois me encontraria com a Miriam às 16h. Iríamos a uma reunião de albinos na casa da Andreza Cavalli, que retornava de Portugal. Mas, isso fica pra outra história...

 Miguel José Naufel

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