quarta-feira, 23 de novembro de 2011

PRECONCEITO AO QUADRADO

África do Sul nega Asilo a Congolês Albino Gay
Um refugiado albino gay da República Democrática do Congo teve seu pedido de asilo negado na África do Sul, seguindo uma crescente onda de recusas de asilo político a membros da comunidade LGBT.
Charles Ngoy teve seu pedido negado, em parte porque o Congo, devido a sua colonização belga e não britânica,  não tem leis antissodomia (embora legislação semelhante à da Uganda – onde gays podem ser mortos – tenha sido proposta).   
Mesmo assim, os gays no Congo sofrem por discriminação e rejeição como em qualquer outro lugar da África.  
Quanto aos albinos, esses sofrem discriminação e marginalização em suas comunidades, de acordo com o programa de Desenvolvimento das nações Unidas.
“eles têm problemas para conseguir trabalho ou acesso a cuidados médicos adequados, para arrumar casamento e entrar na escola”, relata a organização.
“Crianças albinas não se sentem amadas por seus pais e irmãos. Albinas são sujeitas á discriminação por outras mulheres. As que dâo a luz a filhos albinos são frequentemente rejeitadas ou ridicularizadas.”  
Um relatório do Comitê Canadense de Imigração e Refugiados afirma que, em geral, a sociedade prefere criminalizar “atos contra a natureza”. A homossexualidade é tabu na RDC. Não há locais públicos de frequência homossexual na capital do país, Kinshasa.

Junior Mayema, refugiado gay congolês, contou á TV sul-africana que fugiu do país após a mãe ter tentado injetar gasolina nele. Ele era perseguido, evitado e ameaçado. 
Charles Ngoy revelou:”jamais fui preso por minha orientação sexual, mas tenho enfrentado muito preconceito da família e amigos. Por isso, não tenho uma vida fácil. Além disso, sofro perseguição dupla por ser albino... No Congo, se você é albino, mas não for protegido pela família, então tudo fica muito difícil, pois nem todo mundo lá gosta de albinos”.   
David Von Durgsdorff, do grupo Passop, que luta pelos direitos de refugiados, disse: ”O caso de Charles não é exceção, mas a regra. Estamos assistindo ao crescimento de casos assim e nos preocupamos muito. Homossexuais de muitas partes da África, que têm fortes motivos para procurarem asilo, têm sido rejeitados.
“O caso de Charles apresenta perigo duplo no Congo, por ele ser albino e gay. Nós o ajudamos a recorrer da decisão a continuaremos a seguir de perto este e outros casos. 
Charles passou a maior parte de sua vida em Kinshasa. Seus pais se divorciaram quando ele tinha menos de um ano. A causa principal da separação foi porque seu avô materno tinha problemas com o albinismo do neto.  
Ele jamais teve qualquer vivência familiar. Viveu com seu pai a maior parte do tempo escolar, mas não se sentia amado. Sua madrasta não o aceitou como membro da família e tratava-o horrivelmente.  
Aos 9 anos, Charles começou a desenvolver sentimentos gays, os quais se intensificaram e, durante, sua adolescência, fizeram com que se sentisse cada vez mais atraído por homens. Ele era muito cuidadoso e mantinha sua homossexualidade em segredo, pois sabia muito bem que era inaceitável ser gay na tradi8ção congolesa. Por isso, ele tentou reprimir sua orientação sexual, porém, essa tornou-se forte demais. Aos 18 anos, ele começou a ter relacionamentos passageiros e namorados.      
A despeito dessas primeiras experiências, ele continuava a viver nas sombras, pois não podia compartilhar seu segredo. Ele já era constantemente perseguido e muito vulnerável e amedrontado por ser albino. Além disso, ele se esforçava muito não apenas pela sociedade, mas também pela família. Devido ao medo de ser mais marginalizado e perseguido ainda, ele escondeu sua homossexualidade.    
Esconder sua homossexualidade significava vigiar constantemente o modo como andava, falava ou o que fazia, além de suprimir seu caráter, tudo por medo de ser descoberto. “Você pode ser espancado e ostracizado se descobrirem que você é gay”, contou.  
Até hoje, ninguém em sua família sabe que ele é gay.
Embora ele tenha tido um namorado e um emprego como administrador de uma escola, ele não tinha paz ou segurança em sua vida. Ao perceber que jamais seria feliz no Congo, decidiu que abandonar o país seria sua única alternativa.
Ele chegou na África do Sul há 2 semanas. Esse período tem sido muito duro para ele: ele tentou conseguir o status de refugiado, mas não foi rejeitado.
Suas primeiras impressões são que os sul-africanos também o julgam por ser albino, além de serem também homofóbicos. Mas, pelo menos existe segurança e leis necessárias que garantem aos gays viverem uma vida aberta sem necessitarem passar pela vida escondendo sua identidade.
Ngoy afirma que recorrerá da decisão.

2 comentários:

  1. Querido, no velado Brasil as coisas não são extremas, mas mesmo assim longe de serem perfeitas. Nas entrevistas de emprego, por orientação de RH, perguntam indiretamente e deduzem. Vc é/foi casado? Se a resposta for não, automaticamente vc fica de fora da lista. Pode não haver tamanha perseguição, mas ela existe.

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  2. isto sim é matéria de primeira pagina de jornais .Miguel

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