domingo, 29 de abril de 2012

DISCRIMINAÇÃO EM ANGOLA


Angola: Albinismo sinônimo de discriminação

Crenças e superstições estão na base da maioria parte dos tensões sociais por que passam os albinos no contexto africano.
Por exemplo, na Tanzânia, há relatos de que os albinos possuem poderes mágicos, o que origina  situações de mortes, torturas e pretensa comercialização de órgãos humanos de indivíduos desse grupo desde já marginalizados socialmente. 

Outros relatos chegam-nos de países como Burundi, Ruanda e República Democrática do Congo, onde muitos albinos são hostilizados, linchados  e mortos sob o olhar silencioso das autoridades públicas e cumplicidade da sociedade.

Entretanto, em Angola o preconceito e a discriminação contra indivíduos desse grupo social são cada vez mais acentuados. Recentemente, um jovem albino,  foi expulso num estádio de futebol por alegado pacto com forças ocultas. Há quem acreditasse que a sua presença  no local favoreceria a vitória de uma  determinada equipa em detrimento da outra.

A Federação Angolana de Futebol (FAF) prometeu pronunciar-se publicamente sobre o episódio. De momento, ainda não se registou qualquer posição pública das autoridades na responsabilização criminal de tais agrupamentos desportivos e seus principais dirigentes.  É prática corrente no futebol a nível mundial a condenação de qualquer ato discriminatório.

Diante de tais acontecimentos, a nossa reportagem saiu à rua para contactar alguns cidadãos angolanos visados.  E Yolanda é uma destas pessoas, a jovem conta-nos que a metade da infância viveu quase que escondida das outras crianças. Na escola era  frequentemente alvo de  insultos e  ameaças por partes dos seus colegas. 

Hoje aos 25 anos, Yolanda disse que a maior parte das vezes é tratada nas ruas   de Luanda por “quilombo”, um termo pejorativo usado para designar as pessoas pertencentes a esse grupo social. 

Ao que tudo indica, nenhum albino escapa  a este  tipo de insultos e hostilidades. Guilherme, outro cidadão angolano com quem conversamos, recorda que recentemente, depois de muitos anos,  reviveu na igreja um episódio desagradável de discriminação. 

De acordo com Guilherme, muitas vezes a discriminação por meio de estereótipos surgem no próprio seio familiar.   

No entanto, Guilherme Santos disse-nos que de maneira geral encontra maior  protecção e apoio dos familiares e amigos. Guilherme falou ainda do preconceito construído psicologicamente que ainda persiste na sociedade angolana. 

Guilherme lançou alguns desafios que podem ser ultrapassados se todos estiverem envolvidos em dar apoio psico-social aos familiares de pessoas com estes casos e disse acreditar ser possível acabar com a exclusão social dos albinos particularmente em Angola.

Actualmente, Guilherme Santos é presidente da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), cargo que para ele prova que os albinos são tão capazes como qualquer outra pessoa. 

No entanto, Yolanda também luta para demonstarar à sociedade às suas capacidades. Aos 25 anos, Yolanda tem uma filha, à qual receava que apresentasse também  ausência completa ou parcial de melanina na pele.

Viúva e órfã de pai, Yolanda tem passado por imensas dificuldades, como a falta de emprego e dinheiro para terminar a formação de licenciatura em serviço social.

Optimista, Yolanda Alfredo, disse não associar a falta de emprego e, consequentemente, de dinheiro ao facto de ser albina, mas sim porque o país não oferece oportunidades de trabalho aos jovens de maneira geral. 

O albinismo é causado por uma insuficiência de melanina na pigmentação. A discriminação contra albinos é um problema social actual em África.  Neste contexto, Angola enfrenta igualmente o desafio da discriminação desse grupo social ante o silêncio da sociedade e das autoridades. 

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