terça-feira, 18 de dezembro de 2012

TELINHA QUENTE 63

Roberto Rillo Bíscaro

Certamente remanescem fãs do velho Arquivo X, sucesso noventista. Avancei ainda mais fundo no túnel do tempo e vi os 20 episódios de Kolchak: the night stalker, inspiração pras aventuras de Mulder e Scully. Fracasso de audiência, a série durou poucos meses, entre 1974-5.
Decidi vê-la porque envolve casos policiais com tonalidades de horror e/ou ficção científica. Carl Kolchak é um repórter de aparência meio desleixada, que usa a mesma roupa e chapéu nos 20 episódios. Além da impressão de cheiro de cecê, fica parecendo personagem de desenho, sempre igual. Como ele narra as aventuras, fica a impressão dum detetive noir degradado.
Todos os casos são desacreditados pelas autoridades devido ao aspecto de sobrenaturalidade.  Armaduras medievais ou motoqueiro sem cabeça querendo vingança; demônios astecas estripando corações; Jack, o Estripador; vampiro; bruxa; autômatos humanizados e mais uma fauna variada. Claro que não falta um episódio com cães possuídos pelo demo, um dos fetiches setentistas.

O padrão dos finais também jamais se altera: as evidências/provas são destruídas, perdidas ou danificadas e Kolchak nunca prova a veracidade do que investigava.
Bem ao estilo da época, a estrutura é empedrada: o chefe nunca acredita em Kolchak (como ele mantém o emprego?), as personagens são imutáveis: Kolchak não tem vida privada.
A falta de grana da produção e o lengalenga de certas situações talvez afastem as gerações mais jovens, acostumadas  à sofisticação e ao cinismo pós-moderno.
A atuação de Darren McGavin compensa em parte esses defeitos e diferenças. O ator empresta charme e malandragem a Kolchak (não confundir com Kojak, o detetive careca que chupava pirulito, interpretado por Telly Savalas).
Pra quem via TV há 35 anos, pode divertir tentar descobrir caras e nomes familiares no elenco flutuante de cada episódio. Identifiquei o Bosley, das Panteras e o segundo ator a interpretar Digger Barnes, em DALLAS.
A memória afetiva da década, da textura das imagens, dos valores de produção e da fisionomia vagamente familiar de atores desconhecidos agradou a este 40tão. Delícia ver uma série onde David Bowie é citado como celeb da crista da onda!
Quanto a Arquivo X, quem sabe não lhe dê uma chance daqui a uns 20 anos?
Ou semana que vem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário