sábado, 14 de março de 2009

1986

Roberto Rillo Bíscaro

1986 foi um ano importantíssimo na minha vida. Não apenas porque foi quando Peter Gabriel lançou o So e Genesis, o Invisible Touch. Não, houve mais coisas que aconteceram, coisas muito mais importantes.
1986 foi o ano em que comecei a trabalhar. Tinha 19 anos. Passei num concurso para escriturário na prefeitura em 1985 e no início de 86 fui chamado. Como meu irmão era vereador á época não faltava gente que dizia que eu conseguira o emprego por influência dele. Eu nunca liguei pra esse tipo de comentário. “Porque eu sou uma pessoa” que nunca deu importância ao que falam sobre mim. Se não afeta meus ganhos econômicos, que falem o que quiserem! Ouvi muito, mas muito desaforo mesmo por conta do albinismo, então acabei desenvolvendo uma blindagem de titânio pralguns tipos de comentários. (outra tática de sobrevivência albina procês!)
Comecei trabalhando no departamento de pessoal. Fiquei um mês lá; o emprego mais chato de minha vida! Logo pintou uma vaga na Biblioteca Municipal. Havia planos de que ela começasse a abrir de noite, mas não havia quem topasse. Opa, tava pra mim! Trabalhar numa biblioteca e ainda não ter que acordar cedo? Candidatei-me na hora e me transferiram na hora também. Devem ter dado graças a Deus de eu ter saído do Depto. Pessoal. Eu sei que eu dei! Fiquei 4 anos na biblioteca.
1986 foi o ano que me matriculei no curso de inglês. Sempre adorara a língua porque ouvia muita música. Tive uma professora fantástica no ginasial (a Dona Miriam, fabulosa!) e sempre fui muito bem na escola. Daí, quando comecei a ganhar meu próprio dindim, iniciei o curso. Lembro-me de que tive que preencher uma ficha onde perguntavam por que eu queria aprender inglês. Escrevi “para traduzir músicas do Phil Collins”. No curso tive a sorte e a felicidade de ter um professor norte-americano e também de ter caído nas graças dele (mas eu fiz por merecer!). Em 2 anos já lecionava na escola e, juntamente com o Jayme, tornei-me o aluno favorito dele de todos os tempos.
1986 me veio à lembrança porque achei um vídeo que mostra cenas de Penápolis àquela época. Quanta coisa mudou! Lojas e bancos que fecharam ou mudaram de fachada. A rodoviária horrível que mudou de lugar também.
Mas, qual a surpresa... O vídeo abre mostrando a R. S. Francisco, onde podemos ver um Opala subindo em direção à igreja matriz. Era o Opala do pai do Jayme!!!!! Meu Deus, se aquele Opala falasse.... Quanta gente não andou nele, quanta bagunça. Bem, paremos por aqui.... Se algum dia famoso eu ficar, quando a fama estiver diminuindo, escrevo uma auto-biografia escandalosa. É sempre bom ter cartas na manga, né?
Adorei ver os carros da época. Em certo sentido, parei ali porque hoje em dia não sei nome de carro nenhum. Não, não é exagero. Pra mim parecem todos uma coisa só. Não estou dizendo que sejam mais feios ou que o mundo está em decadência. Nada dessas bobagens. Só não sei o nome dos carros, só isso. E os que me conhecem sabem perfeitamente bem que quando algo não me interessa eu sou autista. Assumido e sem culpa.
Na época, eu não suportava a primeira canção que toca no vídeo, Take My Breath Away, do Berlim. 2 décadas depois, constatei que cantei a letra todinha enquanto via o vídeo! Coisa de véio...
Outra coisa de que me lembro perfeitamente é dos rostos daqueles meninos engraxates na estação rodoviária. Pelo menos de 2 ou 3 deles. É como se os estivesse vendo na época. Às vezes, eles subiam até a biblioteca ou vinham mais pro centro.
Um amigo repassou o vídeo pra irmã, a qual, por sua vez, espalhou proutros amigos. Uma geração acima da minha. Fiquei sabendo que teve gente que chegou a chorar,
Não chorei, mas quem garante que um dia eu também não chore, né?

Um comentário:

  1. Amém que aquele Opala não fala, senão a gente tava f......... hahahahahahahaha

    Nóis tá velho, mas aproveitamos muitooooooo!

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