terça-feira, 28 de junho de 2011

VIOLINO ÀS ESCURAS

Violinista cego é convidado a tocar com maestro João Carlos Martins

Apresentação ainda não tem data, mas deve acontecer no segundo semestre deste ano

Hélder Rafael
O violinista e deficiente visual Rittlher Martins, de 22 anos, foi convidado pelo maestro João Carlos Martins para participar de um concerto em São Paulo. O convite foi feito durante a apresentação do musicista ao lado do maestro em uma palestra em Campo Grande, na quinta-feira, dia 16. O concerto ainda não tem data marcada, mas deve acontecer até o fim do ano, segundo Martins.
Um problema genético fez com que Rittlher perdesse totalmente a visão aos 9 anos, mas isso não o impediu de iniciar os estudos de música. Filho de pais musicistas, o jovem conta que a paixão pelos sons nasceu na infância: "eu identificava a música da natureza, a voz do vento soprando na copa das árvores, a arrebentação do mar. Já cego, veio o desejo de tocar violino, porque eu me identificava com o timbre do instrumento", diz. Nas primeiras aulas, aos 12 anos, Rittlher já demonstrava aos professores facilidade para o aprendizado. Em pouco tempo, ele já conseguia interpretar as composições.
Em vez de ser um empecilho, a cegueira serviu como estímulo para o violinista. "As pessoas se motivam vendo a minha capacidade de lidar com o problema. Eu tenho o privilégio de transmitir essa força", afirma. Atualmente ele participa de várias atividades no Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos (Ismac), em Campo Grande.
Rittlher conta que se identificou com a história de vida de João Carlos Martins. "Ele tem uma determinação incrível, porque depois de adquirir tanta habilidade, perdê-la e recuperá-la é algo muito difícil. O maestro transmite alegria e felicidade e serve de espelho para qualquer um", diz o jovem.
O violinista está empolgado com as possibilidades que podem surgir a partir desse convite e sonha com uma carreira internacional. "O ser humano é do tamanho do seu sonho. Acredito que estou a poucos passos de alcançar algo que era quase inatingível para um jovem de cidade pequena e família humilde", diz Rittlher.

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