domingo, 6 de março de 2011

CONTANDO A VIDA 24

Enfrentei problemas com o computador e a conexão de internet. A pane começou na terça á tarde e apenas foi resolvida há poucos instantes. Peço desculpa aos leitores a ao Professor Sebe, cuja crônica pré-carnavalesca só pode ser publicada hoje, em edição especial.
No texto, nosso cronista passa um pito e pede aos foliões apertados que controlem os esguichos. Mangueira no Carná, só a escola de samba!

ALERTA AOS MIJÕES...
José Carlos Sebe Bom Meihy

Carnaval, verão, cerveja... Combinados, esses elementos se tornam fatais para quantos saem às ruas no tempo das folias momísticas. Atrás de blocos, em alas de escolas de samba ou até mesmo para passeios, muitos gostam de estar, à esmo, horas por aí. Seja para brincar ou não, porém, o espetáculo dado por quantos usam o espaço público como banheiro de suas casas é grotesco, vexatório e agressivo. E afeta a todos, posto que os mijões não avaliam e nem respeitam espaços. Sem mostras de respeito, vão se ajeitando em qualquer canto como se não houvesse restrição. Além de cheirar muito mal e provocar afrontas, causam estragos que vão de riscos de saúde a danos aos monumentos, carros, postes e portas de estabelecimentos. Nada é respeitado. Nada.
Longe de falsos moralismos, é válido supor permissividades na festa que inverte o cotidiano e sugere mudanças da rotina, mas há limites e não deixa de ser desabonador a dimensão de macheza gratuita dada pelos homens, adultos ou não. A falta de acatamento atinge raias do insuportável e a polícia parece não dar conta de exércitos de pessoas que nos dias comuns jamais fariam o mesmo. Em 2010, a situação chegou a tal descalabro que ordens de prisão foram usadas para reprimir os incontidos no Rio de Janeiro. De nada adiantou tal investida, por ser simplesmente impossível prender tanta gente. Os mais otimistas dizem que a solução dos banheiros químicos é boa saída, mas há dúvidas, pois ainda que os cerca de 4 mil propostos no carnaval passado aumentem para 13 mil, conforme tem sido anunciado, sabe-se que o “emporcalhamento” se tornou prática assumida e generalizada. Há alguns que até entendem o fato como “tradição cultural”, delegando a origem à prática africana a origem/escravocrata.

Faz-se necessário pensar em campanhas educativas, mas isso resultaria possível a curto prazo? De toda forma, vale tentar e insistir. Escolas, famílias, clubes e mesmo agremiações carnavalescas devem abordar o tema de maneira a torná-lo crítico. Que fique claro: a licenciosidade que justifica o carnaval não delega poderes que ponham em risco a saúde e e dignidade. Tentativas variadas de soluções têm sido tentadas, é verdade, mas os efeitos ainda clamam por resultados mínimos. Há um esforço digno, coerente com o sentido do carnaval, de nota: de forma pândega, recentemente o criativo autor de marchinhas carnavalescas João Roberto Kelly, nos brindou com uma letra hilária, dando um pito nos praticantes do mau hábito. Para este ano, lançou a “marcha do xixi”. Maneira sutil de chamar atenção para o problema, apropriadamente diz a letra “tá com vontade de fazer xixi?/ não faz por aqui/ Nosso bloco a gente vê/ É cheiroso, é maneiro/ tô falando pra você/ lugar de mijão é no banheiro”. Esperemos que faça sucesso. Recomendo que todos aprendam e transformem a marchinha em hino de guerra.
É legítimo considerar a dificuldade de quantos, fora de casa por horas, correm atrás de locais para alívios. Nessa ordem, entende-se o limite imposto por donos de bares e restaurantes que restringem o uso irrestrito para não fregueses. Sem poder conter ou evitar afluências, o problema atingiu tal gravidade que desafiou a indústria. Alguns “inventores” puseram a imaginação à prova na busca de soluções. Uma empresa respondeu com a colocação de um produto que promete ser “salvador da pátria”. Fernanda Brites, empresária atenta e esperta, patenteou um invento “revolucionário”. Os apertados agora poderão comprar nas farmácias, por menos de R$ 4,00, um saquinho com gel especial. O engenho aberto mede uns 30 centímetros e ativa cristais de gel, extraídos de celulose vegetal, contidos em seu interior. Com o elegante nome de “toilette descartável” o produto está disposto ao longo dos percursos gerais do carnaval das grandes cidades. É importante assinalar que não é apenas para uso masculino, pois as mulheres também podem se valer deles. Segundo as indicações o produto absorve a urina, transformando-a em matéria pastosa densa. Item importante: 98% do odor é eliminado. Não bastasse tanto avanço, o “toilette descartável” vem em recipiente plástico com zíper, facilitando o descarte.
Vejamos o que vai acontecer. A expectativa é grande e nesse sentido juntando música, diálogo educativo, repressão policial, banheiros químicos multiplicados, quem sabe não teremos oportunidade de justificar que o carnaval é mesmo a alegria do povo.

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