sexta-feira, 10 de julho de 2009

O GATO LIMA DUARTE

O veterano ator Lima Duarte era um gato há quase 50 anos. Também era jacaré, cachorro e hiena chorona. Lima dublou diversos desenhos animados que fizeram parte da infância de algumas gerações criadas pela babá-eletrônica.

Quando decidi assistir à única temporada do desenho Manda-Chuva, decidi que o veria em português porque as vozes dadas às personagens em nosso idioma são pra mim as definitivas. Sequer me interessei em saber como eram no original. Talvez qualquer hora procure algum trecho no You Tube. Taí, vou procurar assim que acabar de escrever este post.

O desenho chamado originalmente Top Cat foi produzido entre 1961-2 pra passar no horário-nobre. Acho que pra tentar repetir o sucesso dos Flintstones. Mas não conseguiu e não houve segunda temporada. E não conseguiu porque os roteiros dos Flintstones eram infinitamente superiores e mais criativos.

Em alguns países fora dos EUA, como aqui e no México, porém, Manda Chuva virou hit e passou durante muitos e muitos anos na TV aberta. Talvez ainda passe nalgum canal à cabo, mas não sei dizer porque não assino nenhum pacote. Acontece que virar hit fora da matriz não adianta quase nada, então a série animada foi cancelada do mesmo jeito.

Talvez no Brasil, um dos motivos pro sucesso do desenho seja a adoração nacional pela figura do malandro, e o gato amarelo é bem malandrinho, sempre tentando algum estratagema pra ficar rico. Ser malandro é bom, mas melhor é ficar rico porque malandros continuam geralmente pobres. Por isso, sempre preferi as personagens ricas mesmo, tipo o casal Jonathan e Jennifer do Casal 20 ou o JR de DALLAS ou mesmo os adolescentes podres de rico do desenho Uma Turma da Pesada.

Talvez por isso, o Manda é a personagem mais chata do desenho pra mim! Nem bonitinho eu o acho. Prefiro os outros gatinhos que são liiiiiiindinhos! O Manda é muito falastrão e acabava me enchendo às vezes.

Os episódios duram cerca de 25 minutos e vários dos roteiros são prolixos, ficam enchendo lingüiça. Um dos episódios, por exemplo, gasta vários minutos com o Manda Chuva se exibindo pra turma pra provar que é ás em arremesso de ferradura. Só depois disso é que a história realmente começa e não tem ligação alguma com o trecho inicial. Dá pra perceber que os caras precisavam fazer um desenho com duração X e não tinham material, daí encheram lingüiça.

Apesar da dublagem brasileira ser ótima, algumas soluções nem sempre me agradaram, como o abrasileiramento dos nomes das cidades, personagens históricos etc. A história se passa em Nova York, mas na versão brasileira não se decidiam se era em Sampa ou Brasília. Por vezes também há aquela sensação esquisita de falarem o nome duma coisa brasileira e aparecer uma tabuleta falando outra. Não posso negar, porém, que o gatinho com sotaque nordestino é uma graça. Enfim, o que mais gosto no manda é a dublagem que me remete à infância, quando minha irmã me chamava de Batatinha, aquele gatinho azulzinho mais pequenininho de todos. Outra coisa que me divertiu foi o uso de gírias há muito esquecidas como “morou” e “gaita”.

Respeito a importância que o desenho do Manda tem pra várias gerações, mas se já não era meu predileto na época, agora eu só poderia gostar se tirassem o protagonista! Mas, não a voz do Lima Duarte! Abaixo, há uma entrevista com ele falando sobre a época de dublador, do Manda etc.

http://www.hannabarbera.com.br/entrevis/lima.htm

Tão impactante o desenho no Brasil que os Secos & Molhados, lá nos idos de 73/74, usaram o Guarda Belo (que eu adoro, especialmente a voz!) como metáfora da repressão. Vejam só:

Nenhum comentário:

Postar um comentário