segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O OPALA LÚCIO FLÁVIO

Mais uma saborosa reminiscência de nosso colaborador albino mais assíduo, Miguel Naufel.

O Opala Lúcio Flávio
Na década de setenta, o cinema nacional lançou um filme que tinha o titulo: Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia. Era a história de um famoso ladrão de bancos. Em algumas cenas, o ator principal aparecia de chapéu e óculos escuros no banco de passageiro de um carro, tendo a seu lado um companheiro enorme de gordo, também de chapéu e óculos escuros, que dirigia o carro. Era o ladrão Lúcio Flávio e seu companheiro fugindo de mais um roubo a banco, dentro de um Opala ano setenta de cor branca, quatro portas com pneus radiais de faixas brancas. Sempre que os policiais avistavam o Chevrolet Opala gritavam: olhem o Lúcio Flávio! E todos os policiais corriam para deter o Opala.
Minha baixa visão não me permitia ler as legendas; então eu não era muito ligado a cinema e meu companheiro inseparável, Chicão, dizia: Eu não vou no cinema porque aquele trem passa muito depressa. Aquele trem a que Chicão se referia, era com relação á legenda.
Ah, mas quando se tratava de filmes nacionais era diferente... Principalmente, quando era filme policial; não perdíamos nenhum! O filme Lúcio Flávio marcou nossa adolescência. Sempre que víamos um Opala de cor branca, quatro portas, brincávamos: olha o Lúcio Flávio aí! Alguns anos depois de assistirmos ao filme, em um domingo pela manhã fui despertado, como em todos os domingos, pelos gritos do Chicão: Migué, Migué, Migué! Pus meus óculos de lentes verde-escuras para me proteger da claridade e abri a janela do meu quarto, a qual se abria para a rua. Deparei-me com uma cena que nunca mais esqueci: o Chicão estava parado no meio da rua, bem abaixo de minha janela, de chapéu e óculos escuros, com a mão direita apoiada na capota de um Opala de cor branca, quatro portas. Gritou: olha o nosso Lúcio Flávio aqui! Sai até a rua, me aproximei do carro e não acreditei: era igualzinho ao do filme!
Ate hoje não sei onde Chicão comprou aquele carro. Vivemos anos felizes rodando pela cidade e redondezas, dentro do Lúcio Flávio. Éramos muito conhecidos, eu de chapéu e óculos escuros para me proteger do sol e da claridade; Chicão, com todo o seu tamanho, de chapéu e óculos escuros dirigindo o Opala Lúcio Flávio. Um Opala branco, quatro portas, era fácil de enxergar... Também, era o carro do Chicão, né?!


(Pra continuar no clima “memórias”, vamos relembrar as Lembranças da Kátia... Adoro!)

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