segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

LITTLE DORRIT

Roberto Rillo Bíscaro

Charles Dickens escreveu Little Dorrit em 1857. Um dos romances da maturidade do autor, assim como Bleak House. LIttle Dorrit foi duramente criticado por seu tom sombrio, em uma intrincada trama folhetinesca onde constam críticas contra a burocracia, a ganância, a hipocrisia. No fim, tudo se ajeita, mas antes das coisas se acertarem, muita descrição deprimente e tons sombrios são empregados.

O novelo dickensiano é difícil de ser sumarizado, mas o ponto central da história é o segredo envolvendo as famílias de Arthur Clennam e de Amy Dorrit, a pequena Dorrit do título. A menina cresceu num presídio para onde iam aqueles em débito porque seu pai fora enviado para lá, quando Amy ainda era bebê. Arthur a conhece e Amy se apaixona por ele, mas há um segredo envolvendo os pais de Arthur e Little Dorrit. A intriga é composta por espiões franceses (ah, como os ingleses adoram um vilão francês...), bancarrotas, suicídio, chantagem, casamento por conveniência e mais.

Semana passada, vi a adaptação pra TV, em 14 capítulos, feita pela BBC, em 2008. Boa adaptação, mas não sei se eram necessários 14 capítulos, ou pelo menos, não do modo como a ação foi disposta. Nos primeiros seis ou sete capítulos a ação corre lenta e cheia de detalhes, para acelerar muito nos capítulos finais. Isso causa sensação de descompasso.

Little Dorrit, a personagem, é uma daquelas personagens-título que na verdade são falsos protagonistas. Protagonista é quem faz a ação caminhar, e isso a personagem pouco faz. Ela sofre muito mais ações do que pratica. Há um capítulo em que a mocinha sequer aparece e, não faz falta! Com uma personagem assim, a atriz precisava dum milagre pra torná-la interessante. Não acontece. A jovem Amy é muito chatinha, a coisa mais insossa da minissérie. Boazinha demais, certinha demais, obedientinha demais. Um pé no saco demais!

Dickens era exímio construtor de tipos e reprodutor de diferentes registros de fala. Nesse ponto, o elenco disponível da BBC dá um show. As interpretações são de alto nível e a riqueza de sotaques, dicções e inflexões é tremenda. Pra quem segue as produções do canal britânico, o elenco está cheio de rostos familiares.

Little Dorrit, a minissérie, não foi capaz de me fazer cair de joelhos como a fabulosa adapatção de Bleak House (ver postagem BISCOITO FINO, de 21/04), cujo roteiro é irretocável. Aliás, vi Bleak House 2 vezes já. Agora, terei que ver uma terceira...

Como achei a Any Dorrit da minissérie chata demais, vou pôr vídeo da Amy Winehouse, ok?

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