domingo, 6 de dezembro de 2009

3 BANDAS

Deu vontade de falar sobre algumas bandas que estou ouvindo atualmente. Embora a maioria esmagadora dos vídeos ilustrativos das postagens seja de canções antigas, também escuto alguma coisa de bandas contemporâneas.

Quase não ouço o que rola nas paradas de sucesso. Exceto por algum período nos anos 80, elas nunca me interessaram muito. Mesmo assim, minhas paradas favoritas de então eram as de álbuns e compactos independentes.

Agora, com a internet, posso escolher mais o que ouvir e ver. Adoro essa possibilidade. E a aproveito ao máximo! Parte de meu tempo livre é gasta procurando artistas novos. A oferta é farta e sempre descubro coisas bem legais.

No meu mp3 player e no meu HD estão rolando 3 bandas quase sem parar. Todas têm forte ligação com a década de 80, mas são bandas deste século XXI.

Outro dia, vasculhando o You Tube cheguei a uma banda chamada Cut Off Your Hands. Gostei do nome e cliquei no vídeo da canção Turn Cold. Nossa, parecia que os Smiths tinham lançado algum single nos anos 80 que eu não tivesse comprado. Imediatamente, me veio á cabeça o Morrissey cantando This Charming Man. Camisa aberta, colar de contas, topetão, girando aquele ramalhete de flores nas mãos, cantando numa sala repleta de flores pelo chão. Turn Cold é bem isso, uma canção pop ligeira, deliciosa, com um riff de guitarra contagiante, totalmente Johnny Marr, guitarrista dos Smiths.

Resolvi conferir o álbum You and I (2008), dos meninos neo-zelandeses. Quando vi o nome dos produtores, não pude deixar de dizer “Bingo!” Um é o Stephen Street, produtor de alguns trabalhos dos Smiths e do Morrissey. Outro é o Bernard Butler, ex-guitarrista do Suede! Pensei que seria um álbum de Smiths na veia ou pelo menos, com muitas canções levadas por guitarrinhas deliciosas, afinal, o ídolo máximo do Butler é o Johnny Marr...

Entretanto, falta coesão no trabalho e não tenho dúvidas de que a culpa é dos produtores. A primeira faixa parecia uma coisa assim meio Keane, pelo menos os vocais me lembram o do Tom Chaplin. Daí, a segunda canção parece um single perdido do The Cure, com os vocais chorados do Robert Smith, mas numa melodia alegrinha. E, claro, há as 2 ou 3 canções que são puro Smiths, como a dilicinha Still Fond. Algumas faixas são bem gostosas e o álbum melhora do meio pro fim, mas ainda assim os meninos merecem coisa melhor. De qualquer modo, faixas como Turn Cold e Still Fond não param de tocar no meu PC...

Essa semana, tive que sair uma manhã pra fazer diversas coisas. Aproveitei um dia chuvoso e botei o mp3 player. Estava no correio quando começa uma bateria seca com uma levada tão familiar a quem passou a juventude escutando pós-punk inglês. Daí entrou a guitarra e o baixo exatamente como Joy Division, Gang of Four, The Aux Pairs, Pylon. Começaram os vocais e parecia que eu estava na virada da década de 70 pra de 80. Só que eu não conhecia o que era. Eu fiquei , tipo, “gente o que é isso?” Se estava no meu mp3 fora eu quem escolhera colocar ali, mas não fazia idéia. Mais pro final da primeira canção entra uma voz feminina. Parecia a Siouxsie, mas não era. Eu tenho tudo da Siouxsie, oras bolas! A voz feminina continuou pelo resto do álbum e, juntamente com o baixo, são as forças que comandam o som.. Parecia a vocalista do Throwing Muses, mas não era. Eu havia deixado os óculos de leitura emcasa e o visor do mp3 é horrível de ler, especialmente na claridade da rua. Tive que esperar até chegar em casa.

Vim encantado com aquela banda “80s” que não conhecia. Pensei que pudesse ser alguma das garimpadas que faço e às vezes ainda resultam em bandas da época que não conhecia. Cheguei em casa e vi que não era nada disso. Era o álbum Mosaic (2007), da banda australiana Love of Diagrams. Eu havia esquecido completamente que deixara de lado pra ouvir.

O álbum é de uma concentração incrível, as faixas apresentam total coesão sônica estilistica. Não é à toa que a faixa de abertura se chame Form and Function. Pra quem curte o som urgente, nervoso, anguloso, meio marcial, com alguma microfonia e clima onírico de vez em quando Love of Diagrams é ótima pedida.. Aquela guitarra meio “serrada” e o baixo, ah, o baixo por vezes sobre uma guitarrinha distorcida. Que delícia! O vocal de Antonia Sellbach é um bálsamo pra nós órfãos do XMall Deutschland e grupos afins, que ficaram idiotamente conhecidos como “dark” no Brasil dos anos 80...
Mosaic é intenso e retrô até os ossos.

Imagine você ouvindo uma canção bem anos 60 com vocais meio sonolentos, numa rádio fora de sintonia em um hangar, enquanto alguém esmurra uma turbina de avião ligada. O som de A Place to Bury Strangers é mais ou menos isso. Camadas e camadas de guitarras distorcidas e lotadas de tudo quanto é efeito que se puder imaginar.

Os meninos são de Nova York e as influências são inúmeras: surf rock (Deathbeat), New Order (In Your Heart) e de modo geral, Sonic Youth, Jesus and Mary Chain e o pessoal da cena shoegazer inglesa do fim dos anos 80/início dos 90, como My Bloody Valentine, Ride, Lush e todas aquelas bandas de nomes curtos da época. A bateria lembra o Dr. Avalanche, bateria eletrônica do Sisters of Mercy. Enfim, é uma hecatombe sônica, mas tem apelo pop, os meninos não são bobos, não! A produção de Exploding Head (2009) tá bem mais polida do que a do primeiro álbum, mais barulhento ainda. No caso do APTBS, porém, a produção aparou umas arestas e permitiu que algumas naunces pudessem se destacar.

Em nota curiosa: passei a dica dessa banda prum par de alunos adolescentes semana passada e eles ficaram passados! Acharam pesado demais pra eles e o máximo que um “coroa” gostasse de coisas assim... Yes, meninos, sou um coroa moderninho, graças a Deus! Moderninho retrô!!!


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