segunda-feira, 14 de novembro de 2011

CAIXA DE MÚSICA 50

A Invasão Saxônica

Roberto Rillo Bíscaro

 Os anos 80 foram a década do saxofone na música pop. Ele esteve nos maiores sucessos radiofônicos daqueles dez anos maravilhosos, aqui e acolá. Compilei uma lista com canções estrangeiras que me lembrei que têm sax. Nenhum álbum solo de Phil Collins nos anos 80 escapa de ter canção com sax. One More Night (1985) tocou mais do que We Are The World. Paula Toller elegeu Your Latest Trick uma das melhores faixas de 1985. A versão tocada nas rádios dispensava a introdução e começava já no solo de sax. George Michael era o crooner de outra baladaça cuja introdução era ignorada. Até porque o próprio vídeo de Careless Whispers (1984) dispensa a introdução. Na época, eu não gostava muito, mas The Heat Is On (1985) é uma das marcas registradas da década. Glenn Frey era membro do Eagle (lembram de Hotel California?) Rainha do cool, Sade tem saxofonista como membro fundador e residente da banda. Smooth Operator (1984) tem um dos riffs mais marcantes da década. O camaleão David Bowie não ficaria de fora dessa onda e em 1983 cometeu a impiedosamente dançante e chique Modern Love. Inglaterra, ilha dos milagres pop... Quando se ouve o album Pelican West (1982), percebe-se a semelhança com o sax do Kid Abelha e os Abóboras Selvagens. O Men At Work era uma espécie de The Police B vindo da Austrália, e voou alto nas paradas com seu álbum de 1982. Nos anos 80, os vídeos do Duran Duran eram glamurosos. Hoje, são índices do exagero daqueles anos (amo!). Em Rio (1982), o saxofonista numa balsa torna a garota Rio ainda mais sexy. Rivais New Romantic do Duran Duran, o Spandau Ballet conquistou o mundo em 1983 com a estilosa romântica True. Em 85, 3 duranies elaboraram o projeto paralelo Arcadia, cujo single inaugural – Election Day – inclui um solo que deixa tudo ainda mais sexy. Loosho pesado! Em 1982, a dupla norte-americana Hall & Oates usou um sax pra enfeitar Maneater, sobre uma devoradora de corações. Os australianos do INXS injetaram sensualidade na desesperada Never Tear Us Apart (1987) com um apimentado solo saxofônico. Em 1985, a pernalta Tina Turner e o racista Mel Gibson trabalharam num dos filmes da série Mad Max. We Don’t Need Another Hero tocou à exaustão... Pobre de quem acha que Bryan Ferry resume-se à Slave to Love. Ele é ultrajantemente cool e tem vasto e importante material. Em 1985, lançou Boys and Girls, que encerra com a malemolente Windswept e seu discreto sax final. Um tesouro. Em 1982, à frente do muito influente Roxy Music, Ferry mostrara aos meninos New Romantic que no jogo deles, o veterano era capitão do time. Basta checar Avalon, aula de porte e postura. E quem diria que o alternativo The Cure, em meio aos gritinhos e sussurros da dançante Close To Me (1985), colocaria uma versão no single com naipe de metais, que tem sax? 1985 foi um grande ano! Em 1986, Andy Mackay tocou o discreto sax em Love Comes Quickly, da dupla synthpop Pet Shop Boys. Em 1987, o havaiano Glenn Medeiros estourou nas paradas globais com a megassacarinada Nothing’s Gonna Change My Love For You, que abria com um sax meloso, mas não explodia em solo no fim da canção. Paul Weller e Mick Talbot deram banhos de estilo com o saleroso Style Council. Em 86, gravaram Have You Ever Had It Blue com um naipe de metais onde se destaca um sax muito quente. Pheeno. Vanesa Paradis, atual Sra. Johnny Depp, era lolita em 1986, quando cravou o sucesso Joe Le Taxi com sua vozinha de ninfeta e sax fetichento. Pura perversão. (Ano seguinte, Angélica gravaria a versão em português, pra mim, a definitiva) Parte da trilha sonora do sucesso A Garota de Rosa Choque, em 1986 o OMD conquistou seu maior sucesso nas paradas ianques com a sem-graça If You Leave, depois de haver produzido canções tão melhores. Vai entender... Até o sax é sem sal. Sou grato de estar na Terra quando os escoceses do Waterboys lançaram a magnífica The Whole of the Moon e sua explosão lírica e instrumental com um solo de sax quase no final. Messiânica. Desconhecidos no Brasil, na época, o Everything But The Girl fazia parte da New Bossa oitentista inglesa, prestigiosa nos círculos univertsitários. Em 84, lançaram Eden, paraíso de sambinhas, jazz e sophistipop. Sir Paul McCartney estragou música do seu próprio grupo, acrescentando sax e muzakando The Long and Winding Road, em 1984. De terror! It’s a Miracle (1983), sucesso do Culture Club, tem sax brejeiro como Boy George. Até funk oitentista usava sax. Confira este arraso do Inner Life, com a diva Jocelyn Brown demolindo! E você, lembra dalguma outra canção saxofonada? Se sim, escreva-me. Oportunamente, postarei sobre a saxodécada aqui no Brasil.

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