quinta-feira, 21 de maio de 2009

CÉLULAS-TRONCO E VISÃO

Pra que o leitor se situe melhor, a cidade de Biriguí (terra do Reynaldo Gianechinni), fica no estado de São Paulo, a uns 30 minutos de carro de Penápolis, donde escrevo este blog.

Células-tronco podem devolver a visão
Folha da Região20/05/2009
Universitária Fernanda Fernandes, que tem retinose pigmentar, foi a primeira a receber o implante de células retiradas da própria medula óssea
Comentário SACI: Matéria do dia 11/05/09
O uso de células-tronco para recuperar a visão surge como uma esperança para os portadores da retinose pigmentar -- doença genética que causa a perda gradual da função retiniana, provocando a cegueira irreversível. Uma pesquisa inédita no Brasil teve início na semana passada com a universitária Fernanda Fernandes, de 22 anos, moradora de Birigüi, a primeira a receber o implante de células retiradas da própria medula óssea. Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia apontam que cerca de 40 mil pessoas sofrem com a doença no País.
O procedimento realizado na birigüiense pela Clínica e Centro de Pesquisa Rubens Siqueira, com sede em São José do Rio Preto, teve autorização do Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), órgão que regulamenta os estudos realizados em humanos. "Escolhemos a retinose pigmentar como proposta da nossa pesquisa porque não há qualquer tratamento eficaz comprovado contra a doença. Caso haja sucesso nos resultados, será possível que o tratamento com células-tronco possa ser aplicado também no combate a outras doenças de fundo de olho, como a retinopatia diabética e a degeneração macular relacionada à idade", disse o oftalmologista Rubens Siqueira, que lidera o estudo no interior paulista. Os portadores da doença perdem em média até 7,7% do seu campo visual por ano.
Procedimento: A maratona de Fernanda, que cursa o quarto ano de psicologia numa universidade de Araçatuba, começou no dia 29 do mês passado, quando foi submetida a uma bateria de exames laboratoriais e clínicos. Seis dias após receber a notícia que estava apta para o procedimento, a voluntária seguiu para o Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo), em Ribeirão Preto, para que fossem colhidos nove mililitros de conteúdo da medula óssea através de punção na altura da bacia. Conforme o oftalmologista, todo o material retirado foi processado em laboratório para que as células-tronco fossem separadas e, depois, injetadas apenas no olho esquerdo da voluntária. Por ser considerado um estudo, não se coloca em risco os dois olhos.
Cerca de um milhão de células teriam sido implantadas no vítreo do globo ocular da paciente, espécie de líqüido gelatinoso que fica sobre a retina. O procedimento realizado na última quarta-feira não levou mais que 20 minutos. A anestesia foi local. "A expectativa é que as células-tronco retiradas da medula óssea da paciente liberem substâncias que estimulem o funcionamento da retina e, conseqüentemente, resultem na recuperação da visão. Como as células foram colhidas da própria universitária, não há risco de rejeição", explica Siqueira. Segundo ele, caso sejam recuperados pelo menos 20% da visão, Fernanda poderá usar lentes especiais, o que representará um avanço significativo. Hoje, ela tem apenas percepção de luz, ou seja, menos de 5% de visão. Para realizar seus estudos, ela depende de um programa de computador para deficientes visuais, capaz de ler os textos e verbalizar as sílabas digitadas pela estudante.
Riscos: A paciente assinou um termo de consentimento. Esse documento detalha todo o procedimento realizado, incluindo os riscos, como infecção ocular, hemorragia e deslocamento da retina. Fernanda não apresentou qualquer complicação. A voluntária receberá acompanhamento mensal para que se possa averiguar a evolução da técnica. A expectativa é que os primeiros resultados sejam obtidos em um ano.
O autor do estudo afirma também que não está propondo um milagre nem a cura da doença. "Não queremos criar falsas expectativas, mas a nossa esperança é que as células-tronco possibilitem algum avanço na melhora visual dos portadores da retinose pigmentar", disse, ao explicar que o objetivo, por enquanto, é estudar a segurança da técnica, como também o comportamento das células-tronco em relação ao aspecto funcional da retina. "Apesar de os resultados promissores que conseguimos em laboratório, não sabemos se as células vão realmente recuperar a visão da paciente. Se não trouxer essa melhora, o estudo poderá resultar em informações importantes para ajudar no tratamento da própria retinose pigmentar e de outras doenças de fundo de olho", conclui.

'Minha esperança é enxergar as belezas de Deus'

Caçula de uma família composta por cinco irmãos, Fernanda Fernandes, de 22 anos, precisou se adaptar ainda na infância a um mundo cheio de obstáculos. A retinose pigmentar foi diagnosticada aos cinco anos de idade, quando ela passava por acompanhamento oftalmológico por conta do estrabismo e do nistagmo, duas anomalias também presentes em seus olhos. "Estou muito feliz por participar desse estudo, ser a primeira do País a receber o implante de células-tronco. A oportunidade significa uma esperança em minha vida, mesmo que não haja garantia de sucesso. Minha esperança é enxergar as belezas de Deus, como a natureza e o sorriso das pessoas que amo", disse ela, que aos 10 anos de idade tinha apenas 10% da visão. Quando completou 15 anos, a doença havia evoluído e ela tinha apenas percepção de luz.
Segundo ela, o primeiro desafio foi se adaptar a um mundo adverso, onde a discussão sobre a acessibilidade era simplesmente ignorada ou ficava em segundo plano: "A iniciativa teve que partir de mim, por isso procurei me matricular num curso de alfabetização em braile, depois no de locomoção e mobilidade para uso de bengala", lembra a jovem. "Hoje, estou no quarto ano de psicologia e consigo cumprir minhas atividades sozinhas."
Atualmente, além de uma estudante dedicada, Fernanda é presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, e busca a aprovação da Lei de Acessibilidade em Birigüi.
Expectativa: O pai dela, Felício Fernandes, bastante emocionado, disse esperar com ansiedade os resultados do implante de células-tronco: "A espera para se conseguir algum indício de melhora é de um ano. Tenho fé que minha filha conseguirá mais uma vitória. Meu sonho é que ela volte a enxergar, mesmo que seja pouco, mas que possa ver as cores", declarou.

(Encontrado em http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=25529)


3 comentários:

  1. Olá!
    Sou Josiane, tenho uma prima que nasceu de 6 meses e teve descolamento de retina,quero saber se ela pode realizar o implante de células tronco,e quanto que custa,como posso estar entrando em contato com vcs..?

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  2. Olá, gostaria de maiores informações sobre o tratamento de células tronco no descolamento de retina para quem tem citomegalovírus. Poderia me ajudar ???
    Paula

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  3. Olá! Sou joanita,o meu meu esposo fez uma cirurgia para a retirada de tumor de hipofise, e o nervo ótico foi lesionado , o oftalmo disse que c/ o tratamento de células troncos conseguirá reverter esse quadro .Queria que vocês me dessem maior informações desse assunto , por favor entre em contato comigo .joanita.reis.oliveira@hotmail.com

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