terça-feira, 14 de maio de 2019

TELINHA QUENTE 360


Roberto Rillo Bíscaro

Trançar caminhos de personagens aparentemente desconectadas não é novidade, desde, pelo menos, o sucesso crítico de Vidas Cruzadas, de Robert Altman. Em 2015, Paris estendeu esse conceito em minissérie.
A meia dúzia de capítulos aristotelicamente se passa em 24 horas, em diversos pontos da capital francesa, onde gente tão díspar como o Primeiro-Ministro, uma líder sindical, uma ex-drogada que vendeu o filho e muita gente mais, age e sofre ações que têm efeitos sobre as vidas umas das outras. Mesmo que não se encontrem, as personagens em Paris estão interconectadas.
A ideia é passar visão mais realista dos dramas ocorrentes na idealizada Cidade Luz. O drama e os diálogos de Paris realmente não edulcoram muito as coisas, embora alguns destinos de personagens deixem a desejar, especialmente o diálogo final entre a empregada grávida e o patrão Procurador Geral. Mas isso nem é O problema; a questão é que a avalanche de coincidências é tão volumosa que qualquer sonho de realismo se derrete. No fundo, Paris é tão fantasiosa quanto algumas ficções-cientificas. Mas, é muito gostosa e sensível de se ver.
Dentre toda a fauna urbana apresentada, louvor é devido à excelente representação positiva da transgênero Alexia. Concebida como o coração de Paris – provavelmente numa alusão ao caráter camaleônico da cidade – não dá pra não torcer para que, pelo menos pra ela, esse dia acabe bem.

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