sábado, 25 de junho de 2016

ALBINISMO EM ANGOLA II

A consciencialização sobre o albinismo

Guilherme Santos | 
21 de Junho, 2016

No nosso país, as comemorações do Dia de Consciencialização Sobre o Albinismo, assinalado a 13 do corrente mês, comparado ao ano anterior, foi muito mais mediatizado por vários meios de comunicação social.

A abordagem sobre esta data e sobre o assunto foi materialmente mais visível por meio do Jornal de Angola, que teve um espaço de divulgação de informação, de conhecimento e de opinião de interesse público relevante para a sociedade angolana, em que estão inseridos muitos albinos e albinas que são objectivamente observáveis.
O albinismo não afecta a capacidade de o indivíduo desenvolver-se intelectual e socialmente, podendo a pessoa ter uma vida completamente normal, tanto no campo pessoal, quanto profissional. 
Para que o indivíduo albino possa ter uma vida normal e saudável faz-se necessário apenas que sejam tomados os devidos cuidados com a pele e que a ele seja proporcionado o acesso a recursos ópticos que o ajudem na sua deficiência visual, bem como suporte psicológico adequado que tome em conta as diferentes fases do seu desenvolvimento físico, emocional, moral e intelectual. 
O êxito mediático do dia 13 de Junho deste ano, em Angola, poderia ser um ponto de partida para se fazer a “fuga para frente”, engajando neste desafio os diversos e deferentes actores envolvidos no assunto albinismo, a saber: os próprios albinos e albinas adultos, que são “os donos do problema”.
Constam ainda as famílias que integram pessoas com albinismo, as organizações e grupos sociais sobre albinismo, as instituições públicas e privadas que têm a ver de forma directa com o albinismo – por exemplo, casas de óptica, educação escolar, saúde, assistência social e emprego – as instituições académicas e centros de pesquisa, assim como instituições afins que aos diferentes níveis, concebem, formulam, definem, interpretam e executam as políticas públicas sociais, as organizações e agências internacionais multilaterais e bilaterais, com vocação social, e outras. 
A meu ver, Angola poderia ser um país director e líder na abordagem sobre albinismo, mormente no que diz respeito ao cadastramento de pessoas com albinismo pesquisas, estudos e debate público, políticas públicas explícitas em relação ao albinismo, respostas concretas e abrangentes aos problemas de cancro da pele nos albinos e albinas que provocam mortes prematuras e evitáveis, por via duma abordagem de prevenção, protecção e promoção, acções que cultivam o auto-conceito que reforça a auto-estima e a participação, definição de estratégia comunicacional, educacional e legal que promove uma consciência pública positiva sobre o albinismo, com vista a ajudar a sociedade a ir superando os preconceitos, os tabus e as crenças menos boas sobre o albinismo.  
Os desafios são enormes, mas o potencial para se ir ultrapassando os problemas que enfrentam as pessoas com albinismo é inestimável na nossa sociedade, porquanto Angola é um país com níveis razoáveis de tolerância em relação ao albinismo em comparação com outros países da região. Este capital social de solidariedade, de voluntariedade e de sensibilidade face ao albinismo pode ajudar a alavancar uma abordagem estrutural sobre o assunto em referência. Ainda vamos a tempo!

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