terça-feira, 25 de novembro de 2014

TELINHA QUENTE 142




Roberto Rillo Bíscaro

Não tenho restrições quanto a narrativas lentas, às vezes até prefiro, porque saboreio mais personagens e trama. Um dos fortes da dinamarquesa Forbrydelsen foi a falta de pressa e a interconexão do pessoal com o político e o policial. Mas, tudo tem que ser dosado; quando o equilíbrio desanda, o bolo embatuma, como na sueca Graven (2004).
A descoberta duma cova com 5 esqueletos – 2 infantis – ameaça sacudir a pacífica (jura?) Suécia. Na surdina, um grupo é montado pra descobrir de quem são os corpos, os autores do crime e os porquês. A investigação leva a uma rede de terrorismo e suposto contraterrorismo no cenário de ódio aos árabes acirrado pelo 11 de Setembro. Quase tudo no bucólico, belo e silencioso cenário rural sueco.
O time de expertos não poderia ser mais antagônico, com contas do passado a acertar ou problemas potencialmente conflitantes. Até aí tudo bem, mas gastar o primeiro dos 8 capítulos apenas pra nos mostrar como o grupo é arregimentado e sem nos revelar o mote da minissérie não contribui pra que nos interessemos pelo caso.
A equipe é colocada num barco – forçado hein, fião? – pra que as tensões fermentem, mas nunca consegui me importar com a maioria deles. Tão diferente da bem menos pretensiosa Arne Dahl, onde dá vontade de abraçar o Viggo Norlander. Segmentos extremamente longos de Graven são dedicados ao relacionamento e aos problemas de convivência da equipe, dando a impressão dum reality show.
E pra que levantar tantos conflitos e problemas pessoais se no final nada é resolvido? A parte detetivesca, sim, mas a pessoal, não.
Resultado: tudo comprometido numa série que não sabia pronde caminhar. A trama policial é emperrada a todo momento pelas picuinhas individuais, desperdiçadas e incapazes de criar empatia.
A Cova merece ir pra cova.

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