domingo, 23 de novembro de 2014

A SUPERAÇÃO DE SEU PAULO

Infarto, AVC e cegueira. Conheça a história de superação de "Seu" Paulo


Após conseguir sobreviver a infarto, que inutilizou parte do coração, homem sofreu diversos outros problemas de saúde e sobreviveu. Leia a incrível história de esporte e vida de Seu Paulo



Um sobrevivente. Um bem humorado sobrevivente. Talvez essa seja a melhor definição para Paulo Roberto Lima. Aos 60 anos, tem em seu histórico, um infarto, um AVC – Ataque Vascular Cerebral, uma arritmia grave e dois deslocamentos de retina. Um problema em dos olhos, lhe tirou a visão do lado esquerdo. A história do “Seu Paulo” é de impressionar. Aos 34 anos, sofreu um infarto do miocárdio, que paralisou um lado do seu coração para sempre. Ficou em coma por oito dias. Conseguiu sobreviver e ganhou um diagnóstico fatalista: com muita sorte conseguiria sobreviver por mais 10 anos, foi o que os médicos lhe disseram. Além disso, não podia mais trabalhar, teve que se aposentar por invalidez com pouco mais de três décadas de vida. 
Ao questionar aos médicos o “por quê” daquele problema tão precoce, os especialistas foram taxativos: “Além da genética, o cigarro e o sedentarismo te levaram a este quadro irreversível”. Seu Paulo fumava, no mínimo, uma carteira de cigarro por dia e era atleta de fim de semana. “No sábado ou domingo, levava a família para a praia e aproveitava para praticar algo, como corrida e frescobol, mas era somente isso”, explicou. “Por recomendação médica comecei a caminhar. Sou carioca e decidi voltar para o Rio de Janeiro. Mas com o tempo a caminhada já não era o suficiente, o corpo pedia mais e comecei a trotar, ensaiar uma corridinhas”, contou.
Seu Paulo destaca que sempre teve acompanhamento médico, principalmente por saber da gravidade do seu infarto. Ao buscar autorização para correr, os médicos permitiram com a condição de que deveria utilizar um tipo de controlador cardíaco para aferir os seus batimentos. “Com o tempo fiquei tão íntimo do meu coração, que já sentia detalhadamente todos os meus batimentos e aos poucos aposentei o controlador”. 
O atleta amador teve autorização médica para pedalar
Mas parecia que a felicidade não tinha vindo para ficar - Em 1994, cinco anos após o infarto, quando se preparava para mais uma meia-maratona, ocorreu uma outra fatalidade. Ele teve um deslocamento de retina, o que o levou a cegueira do olho esquerdo. Mais um desafio na vida do então rapaz que se tornou um apaixonado atleta amador. Agora, somente com uma visão precisava reaprender a contar somente com um olho. “Nesse caso, foi uma readaptação complicada. Você perde a visão periférica e por conta disso caí no buraco, na rua, torcia o pé. Foi uma readaptação difícil”, disse. 
Mas conseguiu. Superada essa dificuldade, voltou à Salvador e continuou correndo. Corria do Costa Azul à Piatã e voltava. No total são cerca de 16 quilômetros. Seu Paulo praticamente participava de todas maratonas da cidade, acompanhava todo o calendário, quando em 2013, voltou ao Rio para comemorar o seu aniversário e no meio do Estádio do Maracanã, onde foi assistir ao jogo do Botafogo, seu time de coração, sofre outro deslocamento de retina, agora no olho direito. Sob orientação do filho, voltou à Salvador, onde teve que ser submetido a uma intervenção via gás para corrigir o problema. Com o tratamento, ele foi alertado pelo médico de que teria que ficar em repouso absoluto por cerca de 4 meses. “Fiquei de cama, pois a cirurgia à gás da qual fui submetido, fazia com que eu ficasse sem a visão durante esse tempo, logo não poderia me movimentar. Fiquei cego, mesmo que temporariamente, agora dos dois olhos e com isso tive que parar de treinar”, conta. 
Ele retornou - Após os quatro meses de repouso absoluto, ele pediu permissão para voltar ao treino. “A recomendação médica era que eu caminhasse ou corresse levemente somente na areia para reduzir a possibilidade de lesões e foi o que fiz”.  Após fazer os exercícios sob orientação, de fevereiro a abril deste ano, Seu Paulo já estava a todo vapor, se preparando para uma meia-maratona que seria realizada no Rio de Janeiro. Mas em abril, outro obstáculo, quase inacreditável. No auge da sua preparação, um AVC o pegou de surpresa. “Foi bem estranho, não sentia o lado esquerdo do corpo, não era somente dormência, eu estava com o lado totalmente ausente. Foi uma sensação horrível”, revela. 

Ficou internado por uma semana. Explica que teve sorte, pois o seu acidente vascular, atingiu o lado esquerdo cérebro de forma leve e ouviu do médico que ele conseguiria voltar à ativa em breve. Após sair da emergência, foi a um novo cardiologista e se submeteu a uma bateria de exames e em junho, já estava de volta, treinando para a meia-maratona que ocorreria em outubro, aqui em Salvador, já que a do Rio não daria mais tempo. E em um desses dias, antes de iniciar o treino, ainda aquecendo, sentiu o coração disparar. 
Paulo participou de praticamente todas as maratonas da cidade
Um novo problema - “Senti meu coração batendo em todos os lugares do meu corpo. Mesmo assim, consegui com a ajuda de um amigo, me controlar e cheguei em casa, mas o coração continuava acelerado”. Mais uma vez, ele foi parar em uma emergência e diagnosticado com uma arritmia grave. O coração de Seu Paulo batia à 220, quando o normal é entre 50 e 60 batimentos. Mesmo assim, ele conseguiu chegar bem humorado ao hospital, levado pelo filho, o que impressionou o cardiologista Djalma Duarte. A tentativa do médico foi inicialmente controlar a velocidade desses batimentos com medicamentos, do contrário teriam que tomar uma decisão cujo resultado era incerto: parar o coração do Seu Paulo completamente para depois reanimá-lo. O problema é que corria o risco de não conseguir fazer com que Seu Paulo voltasse. Em seu facebook, o médico que o tratou relatou a experiência, bem como o bom humor do seu paciente. 
Engraçado que o bom humor de "seu" Paulo acabou me contagiando e eu, confesso, me envolvi emocionalmente. Pensava: "não posso perder esse paciente". Sabia que, se acontecesse um desfecho fatal para ele eu iria ficar muito triste. Além do quê, o seu filho, sempre demonstrando muito amor pelo pai, também me transmitiu aquele sentimento de "estamos nas suas mãos", que acaba nos colocando em uma situação delicada sentimentalmente.
Foram cerca de 60 minutos de manobras medicamentosas para tentar reverter o quadro, já que o paciente encontrava-se com dados vitais dentro dos limites considerados normais, apesar da velocidade de "formula um" que o seu coração imprimia. Resolvi então por dar um choque para reverter ao ritmo normal, expliquei ao filho e ele retrucou dizendo que eu iria fazer um "restart". Respondi "isso mesmo".
Voltou mais uma vez - Como se por obra divina e competência médica, Seu Paulo voltou são e salvo. “Foi como se eu tivesse adormecido e acordado. Não senti nada. O doutor Djalma Duarte me disse que levei um choque no coração, mas não lembro de nada”, explicou entre risos. Após sair do estado de emergência, o paciente foi orientado a buscar um médico especialista em arritma, um arritmologista, e assim foi identificado que ele precisava fazer uma cirurgia e implantar um aparelho que controlaria as batidas do coração, chamado Cardiodesfribilador implantável (CDI), que trata e monitora os ritmos anormais do coração. A cirurgia foi feita em 3 de outubro deste ano e 20 dias depois, Seu Paulo já estava caminhando e agora, aos poucos, já tem autorização para dar umas pedalas. Seu Paulo faz questão de ressaltar que todos os procedimentos médicos foram feitos no serviço de saúde pública. "Depois que aposentei, não tive mais condições de pagar um plano de saúde, então fui presenteado com profissionais competentes, receptivos a dispostos a me ajudar, a maioria, do serviço público de saúde".
 
Hoje, aos 60 anos, 26 anos após a primeira fatalidade, o atleta amador Paulo Roberto Lima, ainda tem esperanças de voltar a correr, mas guarda na memória a consideração de um dos médicos, na sua última experiência emergencial. “O médico me disse, - Seu Paulo, o senhor só está aqui hoje porque é um atleta”, revelou. Alegria de viver e exercícios regulares. Será que essa seria a fórmula de Seu Paulo? Fica com certeza a reflexão, o estímulo e a lição de vida.

Então, rumo à atividade física!
http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/infarto-avc-e-cegueira-conheca-a-historia-de-superacao-de-seu-paulo/?cHash=e6bf5df51545f4d62be707737bf6d6bd

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