terça-feira, 11 de novembro de 2014

TELINHA QUENTE 140




Roberto Rillo Bíscaro

Quem matou...?, pergunta recorrente a espectadores de séries, filmes e novelas voltou a cair na boca do povo ano passado, quando a britânica iTV exibiu os 8 capítulos de Broadchurch. Sucesso de público e crítica, a série ganhou releitura norte-americana, chamada Gracepoint.
Uma turística e pacata cidade costeira é sacudida pelo assassinato do garoto Danny Latimer. A investigação desenterrará uma coleção de segredos, apontando pra noção de que de perto ninguém é normal e todos temos esqueletos no armário. Interesses econômicos, mídia predatória travestida de informativa e o precipitado julgamento popular, sempre pronto a crer na primeira bobagem publicada, interferem e atuam na investigação, fazendo de Broadchurch programa absorvente na maior parte do tempo.
O cardiopata detetive-inspetor Alec Hardy reúne todos os chavões da criação do policial atormentado e forasteiro. Sua parceira, a sargento Ellie Miller, é parte da comunidade e serve como contraponto iluminado a seu superior. Juntamente com personagens também atormentados, Broadchurch oferece panorama de como todas as vidas podem ser destruídas num piscar de olhos.
A construção do roteiro, que insiste na reverberação dos problemas gerais nas vidas das personagens, permite a descoberta do culpado, no meu caso, lá pelo quinto episódio. No princípio usei o critério de suspeitar do menos óbvio, mas uma pergunta feita no sexto capítulo ofereceu-me a confirmação. Um dado físico também, mas não contarei pra não atrapalhar o prazer da decifração.
Descobrir o(a) culpado(a) tão cedo não ofusca a qualidade de Broadchurch, porque, a autoria do assassinato tem relevância não no nível superficial da clássica trama whodunit, mas na posição de outra personagem.
A iTV anunciou nova temporada e indicou a ausência de crime; a ênfase recairia nos efeitos da morte de Danny em Broadchurch. Se bem bolada, pode resultar numa série dramática que ressalte de verdade a conclusão da primeira. 

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