quinta-feira, 13 de novembro de 2014

TELONA QUENTE 104





Roberto Rillo Bíscaro

Andei vendo um meme no Facebook referindo-se a uma boneca assassina ao estilo do oitentista Chucky. Fã de slasher films fiquei curioso. Semana passada li que Annabelle (2014) era o filme de horror mais visto no país nos últimos x anos. Baixei-o e também Invocação do Mal, que de raspão tem a boneca.
Filme de marionete ou boneco/a possuído/a pelo demo não é novidade. Até Sir Anthony Hopkins tem um no CV. Mas esse é ruim como poucos! Sem sustos (a não ser que se considere barulho daqui e dali susto), essa história de boneca que pretende incorporar numa criança faz Child’s Play, do Chucky, parecer um clássico. Annabelle não anda ou fala, é tudo obra do demônio mesmo que faz truques meia boca e não mata ninguém; coisa sem graça! Claro que não sendo slasher Annabelle não pode ser criticado como tal, mas mesmo como película de possessão demoníaca é ruim.  
A ambientação no fim dos anos 60 e a personagem central se chamar Mia e alugar apartamento constituem sacrilégio maior que qualquer coisa que pudesse aparecer na película. Imagine invocar o clássico O Bebê de Rosemary tão em vão assim!
Estudiosos afro-americanos apontaram o estratagema narrativo inconscientemente racista usado em filmes de diversos gêneros, que consiste em uma personagem negra dar a vida pra salvar o(s) branco(s). Annabelle é tão pavoroso que sequer escapa desse truque barato.
Ah, Chucky, você precisa ensinar uns truques pra essa bonequinha! E se ela não aprender você já sabe o que fazer. 


Invocação do Mal (The Conjuring, 2013), de casa mal-assombrada que tem Annabelle como coadjuvante bem periférica, é muito mais interessante, pelo menos durante os 2/3s iniciais.
Dizem presente quase todos os clichês de filme de casa afantasmada– falta balanço se movendo sozinho e canção-tema com vozinha de criança e/ou pianinho (amo!). Uma família se muda pruma mansão isolada e logo começam os fenômenos paranormais. Pedem ajuda prum casal de caça-fantasmas – que têm Annabelle como souvenir – e daí o capeta arma barraco de vez.
Ambientado no início dos 70’s, década em que o Cão possuía até cachorro, Invocação do Mal não pode ser desconectado d’O Exorcista. E é precisamente quando tenta superar os efeitos especiais e a chanchada da possessão  tinhosa do clássico de 1974 que o filme atual perde seu charme.

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