quarta-feira, 14 de outubro de 2009

AS RETICÊNCIAS DE... SONIA RACY

Até agora a reação dos órgãos de imprensa e das pessoas e instituições em geral tem sido absolutamente favorável ao Projeto de Lei 683/2009, que prevê distribuição grátis de protetor solar e óculos para albinos residentes no estado de São Paulo. Visando a atender a uma minoria reconhecidamente ignorada até então, o Projeto de Lei tem despertado simpatia geral. Ou quase.

Dia 30 de setembro, a coluna Direto da Fonte publicou nota que me deixou um pouco cismado. A coluna em questão é de alguém chamada Sônia Racy e é publicada no jornal Estado de São Paulo.

A nota consta de uma sentença apenas:

Guarda-Sol
Carlos Giannazi, do PSOL, mandou projeto à Assembléia que obriga o Estado a distribuir gratuitamente protetor solar para os...albinos.


O laconismo e as reticências da nota me soaram muito mal. Estou convencido de que quem escreveu isso não conhece a realidade que muitos albinos enfrentam. E... jornalista que se preza, checa os fatos antes. Ou não?

Trata-se apenas de uma sentença totalmente descontextualizada. Não há justificativa alguma para o Projeto de Lei, não há o fato de os albinos terem que usar protetor solar várias vezes ao dia e o produto custar caro.

Reticências geralmente são usadas quando queremos expressar dúvida ou ironia. Desse modo, as reticências antes da palavra “albinos” me caíram muito mal. Parece-me que quem redigiu a sentença – algo defeituosa, diga-se de passagem – quis ser irônico.

Com receio de me descobrir paranóico, resolvi escrever um email aos responsáveis pela coluna pedindo alguma explicação. Fiz isso há quase duas semanas e até agora nada de me responderem.

No endereço http://www.estadao.com.br/diretodafonte/expediente.php encontrei os nomes e emails dos colaboradores:
Expediente

COLABORAÇÃODoris Bicudo doris.bicudo@grupoestado.com.br Gabriel Manzano Filhogabriel.manzanofilho@grupoestado.com.br Pedro Venceslaupedro.venceslau@grupoestado.com.br Marilia Neusteinmarilia.neustein@grupoestado.com.br PRODUÇÃOElaine Friedenreichelaine.fried@grupoestado.com.br

A moça que dá nome à coluna não tem email divulgado. Ela deve ser ...importante demais pra isso.

Mandei vários links pros...doutos jornalistas, mas nenhum se mostrou interessado em me responder. Devem ser...ocupados demais.

Mas, acho que seria bem simpático da parte deles, não concordam? De repente, fui eu quem entendeu errado e as reticências são apenas o jeitinho que quem escreveu a notinha encontrou pra disfarçar a falta de vírgula depois da palavra “Assembléia”, porque, do jeito que está estruturada a frase parece que o projeto foi enviado “à Assembleia que obriga o Estado etc etc etc”. Entenderam a sutileza??? Se já houvesse alguma Assembléia que obriga o Estado....” não haveria sequer a necessidade dum projeto de lei, sorte nossa se fosse assim, né?

Certos estavam Picasso e Manuel Bandeira: um dizia que pra fazer aqueles quadros que parecem “rabiscos” é preciso ser um grande pintor acadêmico e Bandeira dizia que pra versejar branca e livremente com segurança é preciso ser craque na métrica.

Com pontuação é a mesma coisa: quer brincar com ela? Então, tem que saber pontuar muito bem! Tem que saber escrever muito bem. Quem escreveu a notinha me provou que não é escritor brilhante. Vai ver que é por isso que a frase é curta!!!!!

(Deu uma baita vontade de ouvir uma das coisas mais maravilhosas que já saíram das Ilhas Britânicas, os meus adorados The Smiths e a ferina Bigmouth Strikes Again.)

2 comentários:

  1. Muito esquisitas mesmo essas reticências, Roberto...
    Agora somos dois cismados... :)

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  2. A formação acadêmica brasiliera já deixa muito a desejar, com raras e honrosas exceções, imagine uma criatura que nem dessa formação precise para se auto intitular profissional da área... Só uma coisa justifica o 'texto' dessa criatura: ignorância quanto a realidade da causa albina. Nem leve em consideração...

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