sexta-feira, 5 de junho de 2009

SOROCABA

Peça com portadores de Down começa temporada no Sesi
Cruzeiro do Sul04/06/2009
Agenda para assistir ao espetáculo 'Adeus Fadas e Bruxas', que reflete sobre a infância, está lotada até junho

Levados pelos pais Camila, Felipe, Gustavo e Mateus correm para o camarim onde vão se trocar. Antes, porém, abraçam e beijam o diretor Júnior Mosco. Fui adotado, comenta, comovido com a demonstração de carinho.
Desde ontem, e até o final do ano pelo menos, a cena se repetirá todas as terças-feiras, durante a temporada de Adeus Fadas e Bruxas, montagem do Núcleo de Artes Cênicas (NAC) do Sesi de Sorocaba que terá sessões semanais às 15h. O trabalho é voltado às escolas das redes pública e privada que precisam fazer o agendamento previamente.
Com idades entre 18 e 22 anos, os jovens são portadores da Síndrome de Down, estrearam como atores no espetáculo e dividem a cena com outros 22 alunos do NAC. Detalhe: o que menos conta na história de cada um é a anomalia.
Ninguém da turma quer receber tratamento diferenciado. Tanto assim que todos participaram ativamente do processo de produção, ajudaram a montar o cenário, sugeriram falas, opinaram sobre a luz...
Eles não são melhores nem piores do que ninguém; são iguais, garante Júnior Mosko, que também adaptou o texto do dramaturgo Ronaldo Ciambroni. Ele recusa o rótulo de inclusão social do projeto: Só se pode incluir quem está excluído; eles nunca foram excluídos.
No palco, os estreantes incorporam príncipes, princesas, duendes, feiticeiros, animais que habitam a floresta. A ação de Adeus Fadas... é ambientada em Encantalha, lugar que a sinopse diz ficar em meio ao mundo da imaginação.
O recanto, porém, corre o risco de ser esquecido pelas crianças que estariam por perder a ilusão, perto de deixar de acreditar no faz de conta. Sem entender o porquê do abandono, os habitantes se reúnem para descobrir a causa do fenômeno e designam três emissários para descobrir o que se passa.
O espetáculo coloca em discussão questões como a perda dos referenciais da infância e a importância dos livros na formação dos pequenos. É uma fábula com forte apelo didático, descreve Júnior Mosko.

Estreia

Proposta artística à parte, a produção de Adeus Fadas e Bruxas serviu, de quebra, para que os próprios pais dos alunos participantes ficassem surpresos com o desempenho dos filhos.
O Mais Cruzeiro acompanhou ontem a correria da primeira apresentação aberta ao público (a peça teve pré-estreia na quinta-feira) e conversou com as mães de três dos atores que portam a Síndrome de Down.
Todas, é claro, viram os rebentos em ação e mal conseguem conter a felicidade. Sueli Alvarenga, mãe de Camila, diz que ficou impressionada, sobretudo, com a receptividade do público: Muita gente se emocionou, nós sentimos a vibração da plateia. Isso prova que não há limite quando se tem força de vontade.
Neusa Hildebrand, ao lado de Gustavo, destacou que o projeto teve como diferencial não tratar os atores como diferentes: Desde sempre, eles foram considerados iguais aos outros. Aprendemos muito e acho até que temos muito o que aprender.
Leila Soares da Rocha, mãe de Felipe, diz que, agora, a produção ganhou um problema: muita gente quer assistir à peça. O que já nos pediram para agendar uma sessão não está escrito. Fiquei feliz por saber que meu filho tem o lugar que merece. É gratificante saber que ele e os demais encontraram o seu espaço, ressaltou.
Para assistir ao espetáculo, que tem sessões às terças-feiras, é preciso manter contato pelo telefone (15) 3224-4090. A agenda está lotada até o mês de junho. Como em julho os alunos estarão em férias, a peça retoma a temporada a partir de agosto. A direção do teatro do Sesi estuda ampliar os horários, mas, por enquanto, não definiu como isso se dará.

Serviço:

Adeus Fadas e Bruxas
Comédia musical de Ronaldo Ciambroni, com os alunos do Núcleo de Artes Cênicas do Sesi Sorocaba
Adaptação e direção: Júnior Mosko
O espetáculo é apresentado todas as terças-feiras, às 15h, no Teatro Popular do Sesi, à rua Gustavo Teixeira, s/nº - Mangal
Outras informações pelo telefone (15) 3224-4090

(Encontrado em http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=25655)


Um comentário:

  1. FUI ver e adorei o espetaculo
    quem não foi vai vale muito apena

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