sexta-feira, 19 de junho de 2009

TODDY

Roberto Rillo Bíscaro

Todd Solondz é um diretor de cine norte-americano que costuma tratar de temas meio desagradáveis, como pedofilia, além de apresentar personagens bastante desagradáveis também, feios, sem quaisquer qualidades redentoras.

Seu primeiro filme é praticamente um clone de Woody Allen, mas com alguma diferença. Ao invés de filmar nos cartões postais de Manhattan, Solondz optou por locações menos fashion.

Mas o bom dele mesmo vem depois disso, em filmes como Welcome to the Dollhouse (1995), que apresenta uma menina feia e brega sendo maltratada por gente também feia e brega. Também há Happiness (1998), que, de feliz, nada tem.

Em 2004, Solondz lançou Palindrome, ma complicada história que se inicia precisamente no funeral da anti-heroininha brega de Dollhouse. Aviva – a Palindrômica, como diria Rubem Fonseca – só tem uma ambição na vida: fazer bebês. Embora desinteressada por sexo, perde a virgindade pro primo, é forçada pela mãe a fazer aborto e por tudo isso, acaba fugindo de casa, numa longa odisséia na qual Aviva é interpretada por várias atrizes diferentes e encontra e pratica muita violência e breguice.

Uma das paradas de Aviva é na casa de Mama Sunshine, uma daquelas pessoas de igreja irritante e estupidamente “pra cima”. Mama Sunshine cuida dum grupo de garotos e garotas abandonados ou “especiais”, constituindo a Sunshine Family. Acontece que a tal Family é também um grupo gospel, modelado a partir daquelas boy bands tipo Backstreet Boys e afins.

Um dos momentos mais mordazes do filme é quando o grupo executa Nobody Jesus But You. Notem a menininha tecladista: é albina.
Uma vez que o diretor não poupa muita gente de sua metralhadora giratória, não é o caso de constatar aqui tratamento injusto a nós albinos. O contexto da obra de Solondz é bem diferente de filmes preconceituosos, como o tal Código da Vinci, que apenas reforçam o estereótipo do albinismo como traço negativo. Solondz critica a hipocrisia e a estupidez da sociedade e não apenas usa albinismo como mero exotismo. Na verdade, o que Solondz critica nessa cena é precisamente o uso do diferente como “exótico”.

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