domingo, 28 de junho de 2009

MICHAEL FAWCET/FARRAH JACKSON



Tenho 42 anos. Cresci consumindo produtos culturais da indústria do entretenimento norte-americana. Muito das lembranças do meu passado constituem-se do que vi na TV, ouvi no rádio, das modas que vivi. Acredito que muitos leitores se identificarão comigo. Minha mãe, por exemplo, se lembra da infância na fazenda na década de 30. Eu me lembro de ouvir os álbuns da Gal Costa incessantetemente aos 6 anos de idade, de assistir Guzula e Super Dinamo, de ter ido ao cinema 4 vezes nas 2 semanas em que Flashdance ficou em cartaz aqui em Penápolis.

Sempre leio comentários saudosistas de gente que diz como as coisas eram tão inocentes naquela época. Não, não eram. Nós éramos mais inocentes, o que é bem diferente.

Quinta-feira foi um dia duro para a memória de muitos 40tões como eu. Perdemos 2 referências da infância/adolescência; Farrah Fawcet e Michael Jackson.

Passei a segunda metade dos anos 70 assistindo ao seriado As Panteras. Ainda sei de cor o nome das panteras originais: Jill Munroe, Kelly Garret e SAbrina Duncan. A música-tema do seriado tá sempre na minha boca em forma de assobio. Lembro dos lanches que minha mãe fazia e me trazia na bandeja enquanto assistia aos episódios. A primeira vez que ouvi falar em forno de microondas - 2 décadas antes de ter um - foi num episódio das Panteras.

Farrah Fawcet foi a mais famosa de todas elas, embora tenha participado apenas da primeira temporada, se não me engano. Sou sufcientemente "velho" pra lembrar quando ela repicou o cabelo e metade do planeta também o fez. No Brasil, o corte chamava-se, claro, "corte panteras".

Não segui a carreira de nenhuma das atrizes. Devo ter visto um ou 2 filmes feitos pra TV com uma ou outra e só. Com a Farrah, vi o excelente The Apostle, mas o motivo foi o projeto ter sido concebido, dirigdo e estrelado pelo meu amado Robert Duvall. Fiquei mais velho e, de vez em quando, um pouquinho mais exigente.

Mas, como a memória dos tempos de infância é forte, não? Certa vez, enquanto descia de carro uma das colinas de Los Angeles eu podia jurar que já conhecia o lugar devido a uma perseguição de carro vista nas Panteras! Cheguei a comentar com o amigo norte-americano que estava na direção. Certamente nao devia ser o mesmo lugar ou se fosse podia estar bem diferente depois de 20 anos, mas o fato de ele estar correndo um pouco talvez tenha ativado essa memória.

E qual nao foi minha surpresa, voltando para quinta-feira da semana passada, quando um amigo me enviou mensagem dizendo que Michael Jackson estava morto! Eu mal tinha digerido a morte da Farrah (a qual já estava anunciadíssima porque o câncer era fatal e eu vinha acompanhando nos tablóides ingleses), ainda estava no You Tube vendo uns vídeo-tributos a ela, quando tive que assimilar outra perda de fonte de lembranças, dessa vez muito mais poderosa do que a da Fawcet.

Sempre amei música e um dos primeiros álbuns que tive foi a trilha sonora duma novela da Globo chamada CArinhoso, a qual trazia uma música do Michael. Desde criancinha, ainda em Sampa, eu asistia ao desenho dos Jackson Five. Eu devia ter uns 6, 7 anos de idade e já tinha MIchael nos ouvidos. Jackson foi presença constante em minhas escutadas de rádio AM nos anos 70.

Na adolescência, porém, veio Thriller. Quem viveu a primeira metade dos anos 80 não podia escapar do tsunami que foi aquilo. Wacko Jacko era onipresente e onitocante. A gente tentatva imitar os passos de dança, as meias brancas viraram moda, os programs de TV tinham concursos de imitadores. O programa do Barros de Alencar, na TV Record, tinha a Maica Jeca, uma garota que ficou durante semanas imitando....

Michael foi o primeiro ídolo de meu sobrinho mais velho, que devia ter uns 6 anos na época do Thriller, a mesma idade que eu tinha quando comecei a ouvir Michael. Tanto eu quanto o sobrinho - e acho que muita gente - nao deu muita bola pra MIchael nos anos 90. Uma ou outra canção agradava, mas a gente ouvia mesmo as antigas. Eu fui pras bandas inglesas, pro rock progressivo (mas jamais abandonei a Motown, tenho quase tudo dos Jackson Five). O sobrinho pro heavy metal, pro som podreira. Eu mantive algumas (muitas) canções soltas do Michael e sempre cantarolo One Day in Your Life e também nao sou capaz de ouvir Beat It sem querer sair pulando. O sobrinho manteve o cd do Thriller.

Após confirmar a notícia da morte de Jacko, fui ao You Tube ver alguns vídeos. Em poucos segundos estava chorando em frente ao pc. Chorei por Michael, chorei pelas lembranças da adolescência. Chorei pelo sobrinho, que deixou esse mundo pouco mais de um ano antes da morte de seu primeiro ídolo.

Choro agora ao terminar este post.

A alegria de então é parte da dor de agora....


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