domingo, 5 de abril de 2009

MATADOR COLOMBIANO

Vi Satanás. Não se assustem, é só um filme e nem é de terror, quer dizer, no fundo é, mas o filme não é de terror, deu pra entender? Produção colombiana de 2007, a película narra 3 histórias paralelas, que, ao final, se encontram num clímax marcante.

Tem a história do padre que quebra seu voto de castidade e larga a batina pra ficar com a amada e no fim a leva a um restaurante. Tem a história da moça que trabalha no mercadão, mas larga tudo pra aplicar golpe boa-noite-cinderela em homens, até que é estuprada e vinga-se dos estupradores e decide voltar a ter um emprego convencional, num restaurante. E tem a história do ex-combatente do Vietnã que leciona inglês, mas que está prestes a pirar e acaba pirando mesmo e matando uma porrada de gente. Adivinha onde? Num restaurante! Exato, é no fim que as 3 histórias se encontram. Também é no fim do filme que ficamos sabendo que incidente parecido realmente aconteceu em Bogotá em 1986. Um ex-combatente colombiano no Vietnã surtou e matou quase 30 pessoas, sendo que 20 delas num restaurante.

Se a história já é por si só chocante, o roteirista não perdeu a chance de tentar chocar ainda mais nas histórias paralelas: estupro anal e vaginal, padre chutando mendigo e heresia (tem uma moça numa cela que é filmada de trás enquanto urina e lê a bíblia e depois limpa a vagina com uma página arrancada do livro.) Eu acho essas tentativas de chocar meio infantis, mas tudo bem, deve atrair bilheteria e mídia.

Além dessa necessidade pueril de precisar chocar a todo custo, também me incomoda o fato de atribuirem tudo aos tais demônios internos, ao tal Satanás. Como se todos tívessemos um diabinho dentro. OK, mas o que causou o surto do professor de inglês não foi nenhuma força transcendental, e sim o trauma de guerra, iniciada por homens e não por deuses ou capetas!

A gente não pode esquecer que em termos narrativos, morte é símbolo de punição. Personagem ruim morre, não é assim? Então a moça morre porque além de aplicar o boa noite cinderela, ainda causou a morte de seus estupradores. Mas e o pobre do padre, morreu por que? Por que quebrou o voto de castidade e largou a batina? Ué, mas o filme não quer chocar a igreja com a cena da Bíblia e agora pune um transgressor de suas normas?

Enfim, o roteiro - que é baseado num livro - deixa muitas questões que poderiam facilmente implodi-lo. Assim como o final do filme, o roteiro atira pra tudo quanto é lado e no final acaba sendo mais moralista do que supõe.


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