terça-feira, 17 de março de 2015

TELINHA QUENTE 155


Roberto Rillo Bíscaro

Rumores deram a entender que a segunda temporada de Broadchurch concentrar-se-ia nos efeitos comunitários da revelação do assassino do pequeno Daniel Latimer. A ITV exibiu os 8 novos capítulos entre janeiro e fevereiro. Costumo ver séries após o término da temporada. Apesar de falhas e implausibilidades, devorei Broadchurch em 2 sentadas, tão viciantes o enredo, a tensão, a dolorida amargura, o clima despudoradamente Nordic Noir da música, vestuário, tomadas e ambientação.
Ao ser ouvido pelo juiz, o confesso assassino declara inocência e inicia-se julgamento com advogado de defesa tentando livrar quem sabemos culpados. Mas o júri não viu a primeira temporada, portanto desconhece os detalhes. A apresentação de circunstâncias dúbias torna essa parte da série fascinante. Dá raiva perceber a manipulação, mas a todo instante temos que lembrar que nossa posição e a dos jurados é diferente. Difícil simpatizar com a advogada (que sotaque lindo e claro o da atriz Marianne Jean-Baptiste), que também tem seus problemas e fantasmas.
Pena que uma das fraquezas da temporada seja em algumas sub-sub-tramas que não (de)colam, como no caso do filho presidiário da doutora advogada ‘do mal’. Quem se importa? Ou na advogada ‘do bem’ (nem vou comentar sobre a que gostamos ser branca e que odiamos negra...), que tem acidente de carro e não vai ao hospital, daí achamos que isso terá consequências, mas não, do nada é revelado que ela tem uma doença degenerativa nos olhos. Tá, mas pra quê o acidente? E donde saiu aquela tentativa de romance lésbico? Pra preencher cota?
Pra dar serviço aos detetives Hardy e Miller e não transformar o show em drama de tribunal, um caso não resolvido que atormentava Hardy desde a temporada um vem à tona e compõe competentemente a parte policial da trama, com um final que ainda que meio implausível é abissalmente triste e chocante. Broadchurch é Nordic Noir no sentido de “quanto mais miserável as vidas, melhor” E nós telespectadores amamos, senão como explicar os altos índices de audiência de sofisticadas séries dinamarquesas e dos cidades alertas?
Essa bifurcação de tramas garante nossa prisão diante da tela, porque temos 2 grandes mistérios pra resolver. Como na temporada prévia, os sinais pra parcialmente desvendá-los estão dados. Em um dos níveis basta raciocinar sobre qual resultado geraria mais conflito pruma possível temporada terceira, por sinal, anunciada pela ITV. 

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