terça-feira, 3 de março de 2015

TELINHA QUENTE 153




Roberto Rillo Bíscaro

Vi El Poder de las Tinieblas, adaptação da TVE espanhola em 1980 pra obra teatral de Leon Tolstoi. Mais famoso por romances como Anna Karenina e Guerra e Paz, ele escreveu essa peça em meados dos 80’s do século XIX, após sua conversão ao cristianismo, daí seu caráter moralizador. Como não conhecia sua faceta dramática e The Power of Darkness podia ser baixada de graça no Kindle através da Amazon (essa pós-modernidade multilingual globalizada tem hora que é tudo, né gentchy?), li os 5 atos desse distópico retrato do campesinato russo.
O Poder das Trevas se passa em uma família remediada do campo russo, descrito como atrasado, empesteado pela bebida (esse flagelo do século denunciada em tantas obras de diversos países), falta de religiosidade e pelas viperinas mulheres, porque a peça Naturalista é exemplo do desserviço que a mancada de Eva causou a suas descendentes.
Anysia é casada com o velho Peter (42 anos descrito assim, imagine a mim com 48!), com quase os 2 pés na sepultura. Ela cobiça Nikita, um empregado, que tem a mesma idade e gostos. Mancomunada com a sogra pretendida, Anysia fará o diabo pra (man)ter seu macho, também cobiçado por Akoulína, filha do primeiro casamento de Peter Ignatitch.
Na fatia da vida campesina criada por Tolstoi, as mulheres são bestas estúpidas que por falta de educação dedicam-se a infernizar a vida dos pobres homens, sempre fracos física e/ou emocionalmente, com problemas de expressão, mas com potencial pro arrependimento ou mesmo genuinamente bons (mas apalermados).
Antoine, o papa do teatro naturalista, encenou O Poder das Trevas em seu Teatro Livre parisiense. O texto dramaticamente pesado, exagerado e moralista caía como luva pro teatro de denúncia ambicionado, mas sua sucessão de brigas, cenas inebriadas e assassinatos provavelmente estava muitos tons acima do permitido pela TV espanhola, ainda de ressaca do franquismo.
A versão da TVE se passa basicamente num mesmo local, onde não se nota tanto a pobreza. Também parece transcorrer tudo duma enfiada só; a passagem de tempo se percebe melhor no texto e consequentemente no teatro porque o abrir e fechar das cortinas convenciona ao público que tempo pode ter transcorrido. O texto apresenta personagens pequenos e “desnecessários” que não aparecem na TV, concentrada nos motores da trama.
Na versão televisiva as mulheres dão menos baixaria e o comportamento pateticamente agressivo de Nikita é diminuído, além da atitude geral ser desetilizada. Talvez melhor assim porque a versão da TVE dura quase 2 horas, imagine com tudo o que se passa e além disso, apartes – poucos mas existentes – já não caiam bem na 2ª metade do século XX
 Vi El Poder de las Tinieblas, adaptação da TVE espanhola em 1980 pra obra teatral de Leon Tolstoi. Mais famoso por romances como Anna Karenina e Guerra e Paz, ele escreveu essa peça em meados dos 80’s do século XIX, após sua conversão ao cristianismo, daí seu caráter moralizador. Como não conhecia sua faceta dramática e The Power of Darkness podia ser baixada de graça no Kindle através da Amazon (essa pós-modernidade multilingual globalizada tem hora que é tudo, né gentchy?), li os 5 atos desse distópico retrato do campesinato russo.
O ato IV tem 2 versões, a mais comumente encenada é aquela onde o grande crime é muito mais sentido por uma garotinha do que mostrado. A versão da TVE é diferente de ambas do texto da Amazon.
The Power of Darkness, se você lê em inglês, é preciosa pra perceber traços formais do Naturalismo. El Poder de las Tinieblas é competente adaptação que despe a obra de sua denúncia social pra focar no aspecto psicológico-religioso.
Ler/ver as 2 ainda te permite treinar idiomas. Tudo ao alcance fácil do Youtube e do Google.   

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