segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

CAIXA DE MÚSICA 153


Roberto Rillo Bíscaro

Divas negras gritonas nunca são demais. Por isso, ainda festejo ter conhecido K. Michelle, logo após ter resenhado o excelente álbum novo de Mary J. Blige.
Gostosa e viciada em aparecer na mídia, K. Michelle é embalada no papel de presente da pós-modernidade superexposta em reality shows e Twitter. Mas ao contrário de muitos pares autotunadas, sabe cantar, confira no recém-lançado Anybody Wanna Buy a Heart?
A produção é contemporânea; retrô não tem espaço a não ser residual, como no clima jazz de inferninho da faixa de abertura, Judge Me, com seu naipe de metais apimentado. Já que crossover é mandatório, God I Get It fecha o álbum em estilo country; ué, se Lionel Ritchie abocanhou bem essa fatia de mercado, por que não botar uma botinha nesse terreno?
Anybody Wanna Buy a Heart é composto de baladas e Rhythm and Blues contemporâneo, sem faixas dançáveis; as mais ligeiras são a patinante Going Under e a segunda parte de Build a Man Intro/Build a Man.
Algumas letras retratam eu-líricos que financiariam casas de veraneio a analistas. Em Cry, como vingança ao namorado infiel, Michelle afirma que deixará alguém beijar seu corpo, gravar e fazer o namorado chorar, afinal, “não é amor, é só vingança”. Paris Hilton e Emily Thorne teriam frêmitos de prazer. Em Drake Would Love, em resposta a pouco caso alheio, a letra idealiza o rapper canadense Drake em níveis de adoração adolescente. Dá um pouco de medo, mas a canção é boa.
O álbum inteiro é bom. 

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