terça-feira, 27 de maio de 2014

TELINHA QUENTE 122

Roberto Rillo Bíscaro

Terminei as terceiras temporadas das despirocadas Revenge e Scandal; quantas emoções baratas, como gosto!

A primeira temporada de Revenge restaurou minha fé nas soaps com DNA anos 80, tipo Dynasty. A vingança de Emily Thorne infestou os (b)milionários Hamptons com tanta inverossimilhança glamurosa, que me levava a gargalhadas lacrimejantes. Mesmo sem a finesse de Alexis, Victoria Grayson entrou pro panteão das vilãs ricas, enfim, tudo ia bem em meu paraíso folhetinesco até ... Até inventarem uma porção de conspirações corporativas na segunda temporada e desviarem o foco da vingança, diluindo a trama.
A queda na audiência determinou que a terceira temporada retomasse o formato inicial, abandonando as megaconspirações e deixando Emily fazer a cruz rubra sobre os rostos de quem destruía em retribuição ao mal feito a seu bondoso e injustiçado pai (embora só conheçamos David Clark através da memória infantil de Emily).
Ainda que a mágica da temporada de estreia tenha irremediavelmente evaporado, Revenge voltou aos trilhos. Os primeiros episódios tiveram que reparar estragos e Victoria e Conrad perderam um pouco de poder de fogo. Onde já se viu arruinar os Graysons; como farão pra infernizar Emily e gerar ação dramática!? Tirar a fortuna de Nolan Ross também foi estupidez: ele é o principal aliado (capacho) de Emily. (Em termos pessoais amei, porque inimigo dos Graysons é meu desafeto!)
Madeline Stowe foi tão bem sucedida em sua caracterização que o roteiro enfatizava ser Victoria a responsável pela destruição de David (não é bem assim). Seguindo o modelo Dynasty, a temporada se europeíza com um núcleo francês, que, claro, tem a ver com a queda de David Clark e também se envolverá com Daniel e Victoria.
Revenge voltou furiosa; do meio pro final o poder de Victoria se aquilata e ela apronta muito, Emily prova que é macho e é até cauterizada sem anestesia com um ferro de mexer brasas em lareira (calma, não vemos isso), tem túmulo sendo aberto, enfim, o show fica cada vez mais rocambolesco e termina gótico e demente.
Além de não recuperar o público perdido pelo deslize da segunda temporada e pelo desgaste natural da empurração com a barriga típica do folhetim – mesmo que mães continuem surgindo do passado – o novelão corre o risco de overdosar o público. Aconteceu com vovó Dynasty num incidente conhecido como The Moldavian Massacre. Amanda, filha de Blake e Alexis casar-se-ia com o príncipe da Moldávia (não é tudo!?), mas um grupo terrorista invade a cerimônia e mata metade das  personagens. O golpe foi sentido de forma tão baixa pelo público, que o show despencou do primeiro lugar na audiência na temporada seguinte.


Com Scandal deu-se o contrário de Revenge: a segundatemporada foi mola propulsora da série, que pode até se querer thriller político, mas é novelão. A terceira temporada foi bem mais nivelada do que Revenge, por isso Scandal assumiu o comando de meu coração. Cyrus e Mellie, amo demais vocês!
B613, instituição supragovernamental, acima da CIA e do próprio presidente, foi tema de toda a temporada. Como Scandal tem a Casa Branca como epicentro, deu muito mais certo do que em Revenge. O Poder, como concebido pela criadora de Scandal, eclipsou bastante do protagonismo de Olivia Pope, que chorou e se martirizou muito. Tendo muito menos tempo pra consertar problemas de clientes, Olivia e seus Gladiadores dedicaram-se a limpar as sujeiras presidenciais, da mãe terrorista de Olivia (porque ela fazia tudo aquilo, não sabemos. Eis a seriedade política de Scandal) e tentar conter seu poderoso pai, chefão da B613, que ao final tem as atividades validadas.
Incrivelmente violenta e com um final apoteoticamente melancólico, Scandal reitera a relação política = corrupção e que não há nada a fazer se não aceitar o jogo. Se em termos ideológicos é conservadora, em termos de conflito é uma delícia!
Nossa, será que a temporada toda está no U2B?

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