terça-feira, 6 de maio de 2014

TELINHA QUENTE 119

 
Roberto Rillo Bíscaro

Tentando capitalizar o renascimento das prime time soaps (novelas exibidas em horário nobre) com nomes bombásticos ao estilo de Revenge, a ABC lançou Betrayal (Traição), em setembro de 2013. Baseada numa série holandesa, o show me interessou, porque se centrava num clã rico e malvado. A despeito da baixa audiência, vi os 13 episódios da primeira temporada. A exemplo da decepcionante Deception, entendi o desinteresse do público.  

Sara é uma fotógrafa classe-média que conhece Jack, advogado filho adotivo do poderoso Tatcher Karsten. Jack é casado com a filha biológica do empresário e é seu braço direito. Ele “dá um jeitinho nas coisas” (Olivia Pope gritando?). Sara é casada com um ambicioso promotor público. Na noite em que Sara e Jack transam pela primeira vez, o cunhado de Tatcher é assassinado. Adivinhem quem será o promotor cuidando do caso e sedento por destruir os Karsten?  

Personagens de soap operas têm que ser exageradas; “larger than life”, costumam dizer em inglês. Confira JR Ewing, Alexis Morel Carrington Colby Dexter ou Victoria Grayson. Tramas e comportamentos são tão estapafúrdios que tudo precisa ser excessivo pra gente viciar.

Betrayal traiu o público ao apresentar um par romântico desinteressante, conflitos mornos (imagine o lesbianismo da filha não ser usado contra ela, pelo menos por um tempo; queremos drama!) e ausência de ostentação. Mesmo odiando Victoria Grayson, quem não curte/inveja seus modelos Dolce & Gabana? Quem não se projeta na quase ilimitada liberdade de ação de Emily Thorne? Soap é escapismo, golpes baixos, conflitos em potência enésima e se tem gente rica, glamour! Betrayal falha miseravelmente em todos os quesitos. Muito tempo desperdiçado com Drew e Sara lendo historinha pro Oliver. Se eu quisesse isso, escolheria algum programa do Lifetime!

James Cromwell (A Sete Palmos, American Horror Story) foi decisivo pra eu dar chance a Betrayal. Tatcher Karsten é patriarca vilanesco que faz tudo pela família, inclusive usá-la de tudo quanto é jeito, com a desculpa de querer apenas o seu bem. Tenteando uma conexão com a Chicago dos gangsteres alcapônicos, o roteiro põe Tatcher cometendo altas brutalidades. Mas, JR, Alexis ou Vicky Grayson quase sempre MANDAM fazer o serviço sujo. Ou coagem alguém pra fazê-lo. Em Betrayal, nem do vilão gostei!
O capítulo final resolve os ínfimos mistérios e dá destinos às personagens. A ausência de cliffhanger é forte indício de inexistência de segunda temporada. Não creio que muita gente sentirá saudades de Betrayal. 

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