quinta-feira, 22 de maio de 2014

TELONA QUENTE 87

Roberto Rillo Bíscaro

A Guerra Fria retornará, agora contra a China. A escalada dos gastos militares resultará em recessão inédita no Ocidente. Os militares pesquisam pra desenvolverem androides dizimadores de inimigos amarelos.
O Reino Unido tem vasto complexo de laboratórios subterrâneos, onde o Dr. Vincent tenta recuperar cérebros danificados. Seus superiores almejam resultados bélicos, mas o gênio sonha em descobrir a cura pra filha, cujo cérebro é danificado.
Este é o background da ficção-científica britânica The Machine (2014), escrita/dirigida por Caradog W. James, com inexpressivos recursos financeiros, mas resultado artístico expressivo, garantindo bom futuro ao galês.
A norte-americana Ava é contratada, mas logo morre por ser enxerida. Vincent transforma-a numa Máquina. A replicante, porém, começa a sentir e se importar demais, tornando-se estorvo pro chefão militar, que quer eliminá-la.
Bebendo muito na fonte de Blade Runner – visual escuro e trilha sonora a la Vangelis, superanos 80 – The Machine levanta discussões sobre se a inteligência artificial é vida com o mesmo valor da humana e, se é ética/segura a criação de robôs. O filme nunca aprofunda tópico algum e o epílogo recorre a tiroteio típico dessas sci fi de ação que infestam canais pagos e produtoras de baixo orçamento. Nesse terço final, onde se optou por mais ação e menos cérebro, percebem-se as limitações orçamentárias.  
Mesmo com falhas, a produção é elegante e a cinematografia e roteiro prestam homenagens a diversos clássicos do gênero. Os efeitos especiais – exceto os das cenas de confronto – são convincentes e criativos.
A ex-bailarina da Lady Gaga, Caity Lotz, tem vozinha meio não-convincente pruma cyborg potencialmente assassina e Dennis Lawson – o adorável Mr. Jarndyce, de Bleak House – está anódino como vilão.
A despeito desses senões, The Machine tem 2/3 decentes e um diretor no qual é bom ficar ligado.

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