segunda-feira, 19 de maio de 2014

CAIXA DE MÚSICA 126



Italo Prog – III

Roberto Rillo Bíscaro

A Itália é curiosa. Quando algum gênero musical cai em suas graças, os italianos copiam e maximizam tanto alguns aspectos, que obrigam a criação de subgêneros prefixados com ítalo. Já escrevi sobre Italo Disco.Com o rock progressivo não foi distinto. Nos anos 70, mormente na primeira metade, a Bota empipocou-se de bandas geralmente inspiradas em modelos britânicos, mas injetando certa “italianidade” nos vocais dramáticos (muitos muito ruins), instrumentação épica, enfim, o exagero.A quase totalidade dessa produção periga ser esquecida, embora esteja cada vez mais disponível, por exemplo, com álbuns completos no Youtube.Estou numa fase de Italo prog e compartilho mais impressões com vocês.

Maxophone é outro daqueles que gravou apenas um álbum e desintegrou-se por falta de interesse do público. A gravadora cria no potencial da banda a ponto de lançar uma edição com vocais em inglês, além da italiana. Mas talvez 1975 já fosse tarde pruma banda prog com influências de jazz estourar, daí o LP homônimo levou-os a lugar nenhum. Pena, porque Maxophone tem canções com arranjos intricados, constante mudança de tempo numa mesma canção, rica instrumentação. C'è Un Paese Al Mondo, por exemplo, abre o álbum com referências ao Genesis fase-Gabriel, jazz e jazz-rock, tudo com muita desenvoltura, sem forçar barra e sem virar clone de ninguém. Ao longo de seus 40 minutos, Maxophone vai pra Idade Média, tece madrigais, vibra com prog rock, suinga com jazz rock, lembra a voz de Peter Gabriel e merece ser conhecido. Fãs de Genesis e Gentle Giant curtirão.

A versão em inglês também está disponível:

Osanna é bem conceituada entre fãs de rock progressivo, especialmente os apreciadores de guitarras e flautas mais agressivas, que abundam em Palepoli (1973). Pensando em termos de LP, Palepoli tem praticamente uma faixa por lado, porque Stanza Città é apenas vinheta que retoma a introdução marroquina/tunisiana de Oro Caído, que é a da qual gosto com sua versatilidade entre momentos rock e suaves, com um final meio experimental. Os 21 minutos de Animale Senza Respiro têm muitos trechos psicodélicos, experimentais, que tiram a fluidez das melodias e chateiam tudo. Led Zeppelin, King Crimson, Van der Graaf Generator, Jethro Tull. Osanna bebeu daí sem copiar ninguém pra criar um álbum respeitado, o qual curto pela metade. Campo di Marte é outra banda que lançou apenas um álbum e desapareceu. De 1973, o disco homônimo é em boa parte instrumental, com grande riqueza de instrumentos; até trompa tem. Dividido em 7 “tempos”, percebe-se desejo de estabelecer um álbum conceitual sobre a guerra, usando paisagens sonoras pra retratar tempos de paz, batalhas, tristeza, esperança etc. Usando a imaginação conseguimos mesmo imaginar cenas criadas pela música, que se não é fundamental é bem competente. Momentos vigorosos como o “tempo” de abertura intercalam-se com momentos pastorais ou eclesiásticos, jazzísticos, fusion, às vezes num mesmo “tempo”. Pros que querem referencial mais conhecido, alguns momentos lembram o holandês Focus.

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