terça-feira, 27 de julho de 2010

NIVER DA LEI DE COTAS

Iniciativa comemorou 19 anos com conquistas mas muito por ser feito

Quem já ingressou no mercado de trabalho garante que a oportunidade era a única barreira

Ana Carla Poliseli


A lei que garante vagas às pessoas com algum tipo de deficiência nas empresas com 100 ou mais empregados, a Lei 8.213/91 – conhecida como Lei de Cotas, completa 19 anos hoje (sábado, 24). Quem trabalha com os que deviam ser beneficiados pela lei na cidade garante que ainda há muito a ser feito, mas que as conquistas estão aparecendo, principalmente nos últimos anos. Quem já ingressou no mercado de trabalho garante que a oportunidade era a única barreira.
Segundo Rossana Eliza Zanetti Hodniuk, diretora da escola municipal Espaço Aberto, que lida com pessoas com deficiência auditiva, todo o trabalho de inserção no mercado de trabalho começou pela capacidade deles. “Percebemos que tinham condições, eles podem trabalhar como qualquer um. A lei é claro ajuda, mas independente dessa cota, eles podem ser inseridos normalmente no mercado”, explica a diretora.
Ela lembrou que pensar em inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho vai além de pensar em cotas, leis ou qualquer outra forma ou fórmula que garanta direitos. “Quando começam a trabalhar existe toda uma gratificação pessoal por estarem produzindo. Eles percebem que são como os demais, a auto estima deles muda, se tornam mais independentes”, completa.

Quando existe a oportunidade
A história de Jean de Andrade Oliveira, 31 anos parece confirmar o que Rossana comentou. Deficiente auditivo, durante muitos anos, ele trabalhou apenas com bicos até que foi contratado por uma empresa que conserta automóveis e pneus. “Antes fazia serviços de pintura, funilaria, mas nunca fui registrado. Agora está bem melhor, tenho garantia de que todo mês eu vou receber”, diz.
Jean trabalha há 10 anos na mesma empresa e segundo seu empregador, Ovídio Santos Moreira é um funcionário perfeito. “Quando o conheci, foi uma história engraçada. Ele estava sempre por ali e eu escrevi em um papel: quer trabalhar comigo? Se quiser, esteja amanhã às 7h aqui. No outro dia, antes desse horário ele já estava. Se pudesse ter mais uns três como ele estaria feliz. Ele desenvolve o serviço perfeitamente”, relata.
Para ele, o que faz a diferença não é a deficiência. “Tive outros dois funcionários com deficiência e nenhum era como ele. Assim como contrato pessoas sem nenhuma necessidade especial e eles também dão problema. Vai da pessoa, não poderia nunca dizer que é por ser deficiente”, diz.
Jean é casado e tem filhos, sua mulher, assim como ele possui deficiência auditiva. “Ela é costureira e nestes anos que acompanho a vida deles percebo que o amor que tem, e o cuidado que dedicam ao filho, não é muito fácil encontrar. Tem carteira de motorista, ou seja, construiu um vida normal”, explica.
Segundo Jean, não existem barreiras que não podem ser superadas. “O relacionamento com os colegas é bom, trabalho, tenho família, não vejo dificuldades”, completa.

Ainda não é realidade
Infelizmente, a história de Jean, não é muito comum. O pedagogo e professor, Geovani Rosa da Costa, também possui deficiência auditiva e trabalha como instrutor na escola Espaço Aberto. “Comecei a trabalhar partindo da necessidade de um surdo para ensinar libras. Com o trabalho, é fácil perceber que os alunos vão tendo crescimento, assim como eu. Antes surdo não possuía a língua dos sinais, a Libra, era obrigado a aprender a falar, hoje tem reconhecimento, mas ainda falta muito”, diz. Seu filho, Fábio, ajuda o pai nas lições. “Ele é bilíngüe, fala a língua dos sinais e o português, já cresce como tradutor”, brinca.
O principal problema segundo quem trabalha com isso é a falta de compreensão da família. “Muitas famílias, consideram o deficiente limitado e não querem encaixar este no mercado de trabalho. Até porque existe um benefício de um salário mínimo que eles recebem e muitos têm medo de que se não der certo no emprego, eles percam também o benefício”, explicou Rossana. Segundo ela, isso é uma pena, pois a diferença entre quem trabalha e que vive de benefícios é imensa. “Você percebe nitidamente, como quem está no mercado de trabalho pensa diferente, sente que é parte da sociedade”, diz.

Pedidos
Mais do que a inserção no mercado de trabalho, Geovani explica que os deficientes precisam sentir que são parte dessa sociedade. “Ainda falta muito, os ônibus que temos direito ao passe livre é difícil conseguir. Os médicos não têm interprete no caso dos deficientes auditivos, nós precisamos comprar, comer, passear, viajar, tirar carteira de motorista, enfim, não podemos mais ser tratados como estrangeiros no nosso país. As mudanças estão acontecendo, mas nós temos pressa.”

(Encontrado em http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=29515)

Um comentário:

  1. Compro pão em um supermercado, no caixa do supermercado trabalha uma menina deficiente alditiva. Ela é linda se chama Michele. Mas sempre que me ve abaicha a cabeça e evita de me encarar .Como tenho baixa visão não consigo decifrar a linguagem dos sinais. é uma pena ela fica entimidada eu ja percebi ..que pena ho ho ho

    Miguel J. Naufel

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