domingo, 13 de setembro de 2009

JANE, MAS NÃO AUSTEN...

Desde a criação deste blog postei diversos textos sobre a escritora britânica Jane Austen. Hoje vou falar sobre outra Jane, cujo sobrenome é Eyre, não Austen. Essa Jane jamais existiu em carne e osso como Austen, a não ser que consideremos sua existência encarnada em atrizes que a interpretaram em diversas adaptações da historia de Eyre ao longo dos anos.

Jane Eyre, romance da britânica Charlote Bronte, foi publicado em 1847 e é um clássico da literatura inglesa. Pertencente ao Romantismo, o livro apresenta toques de Realismo, mas é em sua essência Romântico. A ausência de um narrador “militante”, as coincidências algo forçadas e o final feliz são apenas alguns dos elementos que indicam a filiação Romântica da obra.

Jane Eyre, a personagem, é uma órfã criada pela tia que a detesta e a trata perversamente. Mandada pruma escola onde sofria humilhações, castigos físicos e passava fome, a menina cresce uma moça instruída, porem destituída de beleza física. Jane, entretanto, é extremamente independente e abandona a posição de professora na insalubre escola onde estudara pra se tornar preceptora duma menina francesa, na lúgubre Thornfield Hall, vasta propriedade de Mr. Rochester que se apaixona por Jane.

A história tem todos aqueles elementos de novelão que adoro: casamento desfeito à beira do altar, herança inesperada, parentes perdidos que se encontram através da coincidência mais improvável (mas não impossível...) e até mesmo um exemplo de “telepatia”. A cena onde Rochester pede a mão de Jane em casamento nunca falha em me comover; creio que foi um dos 2 ou 3 livros que me umedeceu os olhos.

Terminei de ver a adaptação do romance em formato de minissérie em 4 capítulos, feita pela BBC, em 2006. No começo, senti certa resistência. Em apenas 15 minutos, Jane já estava em Thornifeld Hall. O sofrimento vivido na escola passou praticamente em branco, embora seja mencionado algumas vezes. Também não gostei da pouca criatividade encontrada pra indicar a transição da Jane menina pra Jane adulta. A pequena Jane começa a desenhar e a câmera focaliza o desenho; quando vemos novamente a desenhista já era a Jane moça.

Aos poucos, a minissérie vai crescendo e a cena do pedido de casamento é estupendamente enternecedora. Assisti a algumas outras adaptações do romance pra telona e pra telinha e jamais vira uma Eyre tão bem interpretada, como essa da atriz Ruth Wilson. Ela deu uma profundidade psicológica à personagem que nenhuma outra atriz jamais dera. Sem ser excepcionalmente linda – a personagem, inclusive, é descrita como sem atrativos – a fisionomia de Wilson vai conquistando a gente a ponto de logo estarmos amando Jane também. Se bem que sou parcial quando se trata da personagem Jane Eyre: identifico-me demais com ela.

Mr. Rochester tivera a sorte de haver sido magistralmente interpretado anteriormente. Até agora, meu favorito é o de Orson Welles. Essa versão contou com outra ótima interpretação da enigmática, perturbada e áspera personagem. Toby Stephens é daquele tipo de ator inglês formado em Shakespeare. Não precisaria dizer mais nada, né? Mesmo assim, quero dizer. Ele é filho da atriz Maggie Smith, sobre a qual eu poderia escrever páginas de elogios e ainda assim não dizer o bastante.

A interpretação está soberba, mas Toby é bem apessoado demais pra ser Mr. Rochester! OK, ele não é nenhum Giannechini ou Dr. Albee, mas está longe de ser feio e maduro como descrito no livro. Estou louco pra ver a versão de 1970, também pra TV, na qual Rochester foi interpretado pelo George C. Scott. Ele sim tem mais jeito de Rochester porque era daqueles sujeitos com cara quadrada, longe d e símbolo sexual. Casualmente, consegui essa versão há um par de dias e não vejo a hora de assistir. Scott tem tudo par ser meu Rochester favorito porque é um de meus atores favoritos.

Que ótimo seria se pudéssemos brincar com o tempo e fazer uma Jane Eyre com Ruth Wilson e George C. Scott. Eu certamente manteria uma cópia pra mim!

(Abaixo, a cena onde Rochester propõe casamento a Jane. Ruth Wilson está sublime nessa cena! Ela ganhou um devoto. A moça me fez chorar enquanto via a minissérie e de novo me umedeceu os olhos no You Tube.)

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